Tempo de férias...
Um tempo em que fazemos aquilo que não fazemos durante o ano de treabalho e de actividades. O mês de Agosto é sempre um tempo onde visitamos a família, ou todas aqueles que não temos tempo para visitar durante o ano laboral. Seria bom que visitassemos também aqueles que nem família têm e que pura e simplesmente estão sozinhos. Estar com estes devia ser um dever e uma obrigação para este tempo de paragem e descanso. dar alento a quem vive esse vírus que fustiga a sociedade do séc. XXI, e que ninguém quer ver - a Solidão.
A Solidão é hoje uma doença que mata sem precedentes muitos da nossa sociedade. E não mata só fisicamente, mata também enquanto espirito. Quantos e quantas estão mortos no espirito por esse flagelo que é a Solidão. Vivem fisicamente e estão mortos no espirito. A nossa presença poderá ser vida.
A nível político vivemos um tempo dificil em que vemos os governos fragilizados. Qual é hoje o governo de uma nação que não se encontra fragilizado e sem rumo? Pura e simplesmente, hoje um Governo, se resume a "tapar buracos"... Esperamos um D. Sebastião que teima em não chegar, quando esse D. Sebastião está em cada um de nós. É tempo de fazer ecoar dentro de nós, sociedade civil, as palavras de John F. Kennedy: "Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que podes fazer pelo teu país".
Durante este tempo de férias (para quem as tem) e neste contexto político, social e económico seria bom ouvir a canção que deu inicio à Revolução de Abril: "E depois do adeus..." de Paulo de Carvalho. Para quem vive à espera que o Governo faça alguma coisa por eles, desengane-se porque o Governo não irá fazer nada. Se alguém quer melhorar a sua vida, tome a iniciativa da sua vida e não a desperdice. A resposta para os problemas do País está nas pequenas coisas.
A taxa de desemprego continua a subir. Pede-se ao Governo que intervenha, numa atitude do "mais fácil", mas o Governo não tem resposta. Nem este Governo, nem nenhum que possa vir tem essa resposta. Porque o problema não está no Governo, nem muito menos na Política, nem na Economia. O problema está na Sociedade. Mas essa continua de olhos vendados para o problema real. Ou será que não quer ver? Os tempos em que o Governo resolvia tudo já lá vai, é um modelo esgotado, decadente. A resposta a esse flagelo tem de vir de cada um de nós... Como? Perguntar-me-ão... Na verdade é uma resposta que não pode ser dada por uma só cabeça. Mas o problema tem de ser enfrentado em uníssono e não a várias vozes, e muito menos com gritaria e histeria na Imprensa, como temos vindo a assistir. Afinal, a Revolução do Proletariado também começou a estar esgotada. As manifestações e as greves são úteis, e são um direito inalienável, mas tem de se pensar em novas formas de luta, em novas formas de demonstrar o descontentamento social perante esta situação. A verdadeira Revolução terá os seus frutos, quando deixarmos essas imitações baratas de outros tempos. Uma mudança faz-se no presente e não em comparações baratas com o passado.
Neste sentido, a Igreja e o Cristianismo tem uma palavra a dizer. O Cristianismo na sua essência é revolucionário e quando vivido a bem, na sua doutrina é uma possível resposta aos problemas da sociedade, quando esta se encontrar aberta a querer vivê-lo, sobretudo em matérias de Liberdade, Fraternidade e Igualdade - três grandes pedras basilares de 1789...
Porém, temnos hoje os Cristãos remetidos e refugiados no cenáculo, tal como em dia de Pentecostes. Na verdade, não é na Sacristia, nem muito menos em grupos restritos e fechados que podemos fazer vingar a vida cristã nesta sociedade. É no mundo, na vida quotidiana, uns com os outros, em cada ambiente. E seria bom pensar, hoje, o que são as nossas relações humanas...
Existe hoje, uma tendência para silenciar Jesus Cristo e os Cristãos. Que raio de Liberdade Religiosa é esta... Um dado que já não é novo. Imaginemos o que seria o Mundo se descobrisse e vivesse na sua essência a Doutrina Cristã. Acho que haveria por aí muitos que se iriam sentir muito bem...
No entanto, compreende-se este silenciar ao olhar para este relativismo e o secularismo em que a Sociedade foi literalmente mergulhada (propositadamente?) durante o século XX e que se prolonga no nosso tempo.
Quisemos e queremos viver sem Deus. Renegamos o Sagrado, temos vergonha de tudo ao que o Sagrado diz respeito. No entanto, acabamos por buscar e ansiar pelo Sagrado nas nossas vidas, quando procuramos outro tipo de resposta que não passa pela Religião. Porém, teimamos viver sem Deus... Um paradoxo na nossa Sociedade. Aliás, esta é uma Sociedade de paradoxos, de brancos e pretos. Seria necessário pensar em cinzento...
Fé, Esperança e Caridade, três palavras que deveriam proliferar neste Verão de 2012...
josé miguel