Não sei se em 1890 face à crise económica e a inércia dos Governos monárquicos quando os republicanos intensificaram a sua luta pelo poder, imaginaram que em 2010, cem anos depois, teriam razões para celebrar.
Em 5 de Outubro de 1910, com a mudança de regime, ainda que enfrentando dificuldades económicas e sociais, o regime republicano começa pouco a pouco a somar vitórias. Todos sabem que os republicanos mais do que querer aniquilar a monarquia, desejaram estrangular a Igreja. E o processo começou com a laicização da sociedade criando a separação Estado/Igreja defendendo a liberdade de consciência para cada cidadão que poderá livremente praticar a religião que entender.
Pelo caminho, no decorrer de todo o percurso republicano, foram somando pequenas vitórias, que o Episcopado português denunciou devido à "atrocidade, tirania, humilhação, confiscação de bens e o sarcasmo; condenações sem processo e punições sem culpa". Neste ambiente de opressão e espoliação incidindo sobretudo no clero e na Igreja, ludibriaram o clero reduzindo-o a funcionários de associações culturais a troco de uma pequena pensão.
Só em 1918, Sidónio Pais criou condições para o diálogo entre a Santa Sé e o Estado Português.
Estamos em 2010 e, depois de 1974, foram passo a passo somando pequenas vitórias republicanas dificultando a escola católica, criando obstáculos à aula de Educação Religiosa, limitando os Capelães nos hospitais e estabelecimentos prisionais, cortando verbas ao serviço de saúde prestado por Misericórdias e Ordens Religiosas...
E porque há que celebrar o centenário republicano e afirmar que a Igreja foi encerrada na Sacristia, foi aprovada a lei do divórcio, do aborto e, ultimamente, do casamento homossexual.
A justiça foi manipulada e a verdade de hoje não é a mesma de amanhã...
Pode dizer-se que os republicanos e maçonaria só precisam vencer mais uma etapa que é a eleição de um Presidente das suas alas, que é o processo que já está em marcha.
Para celebrar tudo isto já está lançado um programa por todo o País que conta com a oferta de dez milhões de euros por parte da Ministra da Cultura para a realização de cerca de 500 projectos e iniciativas a divulgar por todo o País e que consta de música, dança, teatro, exposições, cinema, animação de rua... para cantar "Viva a República"."
S.
in Jornal "a defesa", nº 4448, 20/01/2010, pág. 1