Nunca falei sobre este assunto aqui, mas acho que é o momento exacto para o fazer.
Ontem numa reportagem realizada pela RTP, sobre o terço utilizado pelo Cristiano Ronaldo e a negociata louca que circula por aí. Algumas ideias que me surgiram:
1 - Cristiano Ronaldo é uma imagem de um tempo, de um regime, de uma geração... Acontece o seguinte: é que ao contrário de uma Amália ou de um Eusébio (imagens do Estado Novo), foram imagens que foram emergindo e ninguém as escolheu. Assim como ninguém fez a imposição destas. Na verdade, foram utilizadas pelo Regime da época, mas emergiram do Povo, foram escolhidas pelo Povo, que o Regime acabou por aproveitar. Ninguém, rigorosamente ninguém as impôs e fez delas negócios milionários...
2 - Toda esta questão em torno de Cristiano Ronaldo, é só por si um exemplo da crise identitária que a se assiste na nossa sociedade. Na verdade, uma sociedade que não tem referências identitárias, que não se identifica com nada e que não se quer comprometer com nada. Como não se quer comprometer com nada e não tem identidade, procede à criação e imposição de imagens artificiais, feitas à sua medida. Se não há, faz-se...
3 - Quanto à questão do Terço: algumas palavras... Afinal que religião e que fé é que esta gente professa? É sempre bom dizer: "Sou católico não praticante..." (percebo bem o que está por detrás disto: Nada de compromissos...) Tal e qual como a história de uns amigos que agora se candidatam como "independentes" por um partido político, por exemplo: "Sou Independente pelo PSD, pelo PS, pelo PCP, pelo BE, pelo CDS/PP..." Não seria preferível serem coerentes e dizer: "Eu não tenho religião, não tenho partido...", do que andar com desculpas (sim, porque são desculpas). Não seria preferível assumir na nossa sociedade que existe uma falha. Que a Geração de Abril falhou na passagem de testemunho às novas gerações? FALHOU! Assumam isto...
4 - Ainda nesta questão do Terço, faz-me lembrar uma passagem do Evangelho (na Bíblia) que deixo a citação para quem quiser consultar, ora vejam lá: Jo 2, 13-17
Deixem de inventar, e deixem o Povo escolher os seus ídolos!!!