Para começar bem a semana, dedicar este poema, que vem
directamente do album dos Xutos e Pontapés:
Pé ante pé na noite fechada
Fareja a presa a hiena esfomeada
Dos olhos escapa um brilho cruel
Matar a fome é o seu papel
O comboio de chibos avança com o trigo
E trazendo armas prontas fixas no seu tejadilho
Uma cor de sangue o sol derrama
Enquanto Nasce
Enquanto Nasce o horror
Na terra Africana
Num fechar e olhos cercam a aldeia
Todos à caça na sua alcateia
As gentes fogem ainda estremunhadas
Rapidamente são apanhadas
Não há quem lhes escape
Não há quem resista
São os Senhores da Guerra
Essa raça maldita
Procuram prazer num jogo mortal
Ficamos sem saber
Quem é o homem, quem é o animal
Quem é quem
Nesta selva sangrenta
Quem é quem
Neste dia violento
Quem é quem
Deixando um rasto com um toque de dor
Quem é quem
Por aqui passaram os filhos do ditador
Filhos sem pai de uma mãe esfomeada
A lei do mais forte é lhes sempre aplicada
As malas foram as suas primeiras letras
As facas do mato as suas canetas
Com elas escrevem uma história de terror
Com brasas, cobre e gritos de dor
Quem é quem
Pergunta a hiena
Fervendo o sangue
A correr nesta arena
Quem é quem
Nesta selva sangrenta
E a milícia de sangue sedenta
Quem é quem
Neste dia violento
Mulheres e crianças são o seu movimento
Quem é quem
Deixando um rasto com um toque de dor
Quem é quem
Por aqui passaram os filhos do ditador
Quem é quem
Quem é quem
"Xutos e Pontapés"