"Sucederam-se entre 980 e 1030 umas tantas calamidades que pareciam vir dar razão ao texto de S. João (Ap 20, 7-9). Houve chuvas diluvianas, Invernos particularmente rigorosos, pragas de gafanhotos que acarretaram grandes fomes.
Uma grande parte da Europa é assolada pela fome, em 1032-1033, passando as pessoas a alimentar-se de raízes e de ervas, chegando, em alguns casos, a verificar-se antropofagia. Por outro lado, há populações inteiras dizimadas por epidemias. A tudo isto se juntavam fenómenos nos céus: passagens de cometas, eclipses do Sol, queda de meteoritos... E os próprios acontecimentos políticos pareciam estar de acordo com a profecia apocalíptica: Almançor destruiu Santiago de Compostela e, no Oriente, um Califa inicia uma política anticristã, mandando arrasar o Santo Sepulcro.
O medo espalhou-se pela Europa e em muitas terras formavam-se longas procissões de penitentes e flagelantes. Muitos vendiam tudo quanto possuíam e distribuíam o produto pelos pobres, em contraste com os incrédulos e os mais cínicos que se entregavam a grandes bacanais..."
in VERDETE, Carlos, "História da Igreja", vol I, Lisboa, Editora Paulus, 2009, págs. 219 e 220