"Um crente que se nutre unicamente de oração comum arrisca-se a fazer esta última uma experiência apenas de pertença ao grupo, ou ainda uma espécie de exibição perante os outros...
Pois bem, hoje é precisamente a oração pessoal a mais abandonada, e esta situação pode, a longo prazo, esvaziar também a verdade da própria oração litúrgica. Se na pastoral são dedicados muitos esforços à iniciação litúrgica, infelizmente eles não são acompanhados por uma adequada transmissão de oração pessoal, que deveria ser ensinada desde a infância. Com efeito, quem não recebe de pequenino uma iniciação à oração pessoal da parte dos pais ou dos educadores, dificilmente poderá alimentar-se dela na idade madura, de modo a aumentar a fé no Deus vivo, presente na vida quotidiana. Soam como advertência ainda actual as palavras de Martin Buber: «Se acreditar significa falar d' Ele na terceira pessoa, não creio em Deus. Se acreditar n' Ele significa poder falar-lhe, então acredito em Deus.» Hoje os cristãos sabem falar de Deus, mas sabem também, como nas gerações cristãs passadas, falar com Deus?"
in BIANCHI, Enzo, "Porque rezar, Como rezar", Lisboa, Ed. Paulus, 2011, págs. 61 e 62