"Teologicamente falando não há nenhum obstáculo fundamental ao sacerdócio feminino."
(D. José da Cruz Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa)
À poucos dias estas palavras do Cardeal-Patriarca de Lisboa colocaram e lançaram o debate para a esfera pública o tema da Ordenação Sacerdotal de Mulheres na Igreja Católica.
Um tema interessante que terá todo o interesse em ser discutido, mas não levianamente, como se assiste em blogs e redes sociais.
Para quem não sabe, a mulher e o homem exercem na Igreja, tal como na sociedade, um sacerdócio, não precisam de títulos, nem de letras atrás ou à frente do nome.
O problema da Ordenação Sacerdotal das Mulheres não é um problema de Teologia, como disse e muito bem Sua Eminência. Assim como, também não é um problema de tradição, nem de hierarquia como alguns dissertam por aí. A Igreja e a Religião não é Política, nem Economia...
O verdadeiro problema para este debate ter-se-á que fazer a partir da raíz. E na raíz do problema (coisa que ninguém discute) está a vivência do ser Cristão.
Antes de se discutir, a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, responda-se primeiro à pergunta: o que é ser Cristão hoje? Como é que eu vivo Jesus Cristo e os seus ensinamentos na minha vida quotidiana?
Ser Cristão, ou Cristã, é ser sacerdote de Cristo...
Neste sentido, a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, não é uma questão de títulos, ou de profissionalismo. É uma questão de viver. Porque, em boa verdade, o ser padre não é uma questão de imagem social, nem de carreira política, nem muito menos de meritocracia.
Além disso, tenho pena que algumas mulheres tenham a opinião, que para se ser Mulher tem de se ser Superior ao Homem, ou ao invés, deve ser escrava do Homem. Falta de identidade! A Mulher não tem que ser Superior, nem Inferior, em nada! A Mulher tem de ser aquilo que ela é...
Por isso, porque é assim tão importante para a Mulher ser Padre, se ela já exerce o seu Sacerdócio na Igreja, assim como o Homem...? A Igreja não são títulos, nem meritocracia!
Na verdade, enquanto Cristãos, se há alguma coisa que devemos e podemos exigir à Igreja é a nossa formação, a fim de sermos Bons Cristãos. Mas isso não se vê ninguém exigir.
O que interessa ser-se diácono, sacerdote, bispo, freira, frade, cardeal se não se é Bom Cristão. Se não se vive Jesus Cristo e os seus ensinamentos nas nossas vidas!
O que interessa tanto para as mulheres serem padres, se elas têm um sacerdócio tanto ou mais importante, no interior da Igreja, do que padres ou bispos. Porque, em boa verdade, "o Reino de Deus não é uma questão de comida ou de bebida."
O que está em discussão, não é a Ordenação Sacerdotal das Mulheres, é antes de mais o saber de como devemos ser Cristãos, como podemos dar testemunho de Jesus Cristo no Mundo e na Vida quotidiana.
Redescobrir a identidade cristã é um déficit neste inicio do Terceiro Milénio, que terá de ser colmatado.
josé miguel