[Nas relações entre católicos e ortodoxos] a investigação teológica, que
tem de se confrontar com questões complexas ede encontrar soluções não
limitadas, é um compromisso sério, do qual nãonos podemos eximir. Se é
verdade que o Senhor chama vigorosamente os Seus discípulos a construir a
unidade na caridade e na verdade; se é verdade que o apelo ecuménico
constitui um convite urgente a reconstruir, na reconciliação e na paz, a
unidade entre todos os cristãos, gravemente prejudicada; se é verdade que
não podemos ignorar o facto de que a divisão torna menos eficaz a
sacrossanta causa da pregação do Evangelho a todas as criaturas (cf. Mc
16,15), como nos podemos subtrair à tarefa de examinar com clareza e boa
vontade as nossas diferenças, enfrentando-ascom a íntima convicção que
elas devem ser resolvidas?
A unidade que buscamos não é absorção nem fusão, mas respeito pela
plenitude multiforme da Igreja que, em conformidade com a vontade do seu
Fundador, Jesus Cristo, deve ser sempre una, santa, católica e apostólica.
Este apelo encontrou a plena ressonância na intangível profissão de fé de
todos os cristãos, o Símbolo elaborado pelos Padres dos concílios
ecuménicos de Niceia e de Constantinopla.
O Concílio Vaticano II reconheceu com lucidez o tesouro que o Oriente
possui e do qual o Ocidente «auriu muitas coisas»; [...] exortou a não
esquecer os sofrimentos que o Oriente padeceu para conservar a sua fé;
[...] encorajou a considerar o Oriente e o Ocidente como elementos que,em
conjunto, compõem o rosto esplendoroso do Pantocrátor, cuja mão abençoa
toda a Oikoumene. O Concílio foi ainda mais além, afirmando: «Não é, pois,
de admirar que alguns aspectos do mistério revelado sejam concebidos de
modo mais apto e postos sob melhor luz por uns do que por outros, de
maneira que pode dizer-se que essas fórmulas teológicas muito mais se
completam do que se opõem» (Unitatis redintegratio, 17).
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