«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem» (Mt 5,43-44). Claro que no Carmelo não se encontram inimigos
mas, enfim, há simpatias; sentimo-nos mais atraídas por esta irmã,
enquanto aquela nos levaria até a fazer um desvio para não deparar com
ela. Assim, sem mesmo o saber, ela torna-se objeto de perseguição. Pois
bem, Jesus diz-me que é preciso amar essa irmã, rezar por ela, mesmo que
a sua conduta me leve a crer que ela não gosta de mim: «Se amais os que
vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles
que os amam.»
E não basta amar, é preciso demonstrá-lo. Ficamos naturalmente felizes
por dar um presente a um amigo, gostamos muito de fazer surpresas, mas a
caridade não é isso, pois os pecadores também o fazem. Eis que Jesus
continua a ensinar-me: «Dá a todo aquele que te pede, e a quem se
apoderar do que é teu, não lho reclames». Dar a todas as que pedem é
menos doce que oferecer-se a si mesma num movimento amoroso. [...] Se é
difícil dar a quem nos pede, ainda o é mais deixar alguém apoderar-se do
que é nosso sem o reclamar. Oh minha Mãe, digo que é difícil, mas
deveria antes dizer que parece ser difícil, pois o jugo do Senhor é leve
e suave (Mt 11,30). Quando o aceitamos, sentimos logo a sua doçura e
clamamos como o salmista: «Correrei pelo caminho dos Teus mandamentos,
porque deste largas ao meu coração» (Sl 118,32). Não há como a caridade
para dilatar o meu coração, oh Jesus. Desde que essa doce chama o
consome, corro com alegria no caminho do Vosso mandamento novo (Jo
13,34).
in evangelhoquotidiano.org