É o próprio Jonas que pede que o atirem para fora do barco: «Pegai em
mim e lançai-me ao mar», disse (Jn 1,12) — o que designa a Paixão
voluntária do Senhor. [...] Mas eis que surge um monstro das
profundezas, eis que se aproxima um grande peixe que vai realizar e
manifestar plenamente a ressurreição do Senhor, ou melhor, engendrar
esse mistério. Eis o monstro, imagem terrível do inferno, que, quando
abre a garganta faminta para o profeta, prova e assimila o poder do seu
Criador e, ao devorá-lo, se compromete na verdade a nunca mais devorar
ninguém. A temível morada das suas entranhas prepara a morada para o
Visitante que virá do alto; de tal maneira que aquilo que fora causa de
desgraça se torna a barca impensável para uma travessia necessária,
retendo o passageiro e expulsando-o três dias depois na margem. Assim
era dado aos pagãos o que tinha sido arrancado aos inimigos de Cristo. E
aos que pediram um sinal, o Senhor achou por bem dar-lhes apenas esse
símbolo, pelo qual compreenderiam que a glória que esperavam receber de
Cristo devia ser também dada aos pagãos. [...]
Pela malícia dos Seus inimigos, Cristo foi mergulhado nas profundezas do
caos da morada dos mortos; durante três dias, percorreu todos os
recantos desta morada (1Pe 3,19). E quando ressuscitou, ao mesmo tempo
que destruiu a maldade dos Seus inimigos, fez brilhar a Sua própria
grandeza e o Seu triunfo sobre a morte.
É portanto justo que os habitantes de Nínive se elevem no dia do juízo
para condenar esta geração, pois eles converteram-se pela proclamação de
um só profeta naufragado, estrangeiro, desconhecido; enquanto as
pessoas desta geração, depois de tantas obras admiráveis e de tantos
milagres, com todo o brilho da ressurreição, não se tornaram crentes nem
se converteram.
in evangelhoquotidiano.org