Esta novidade radical que a Eucaristia introduz na vida do homem
revelou-se à consciência cristã desde o princípio; prontamente os fiéis
compreenderam a influência profunda que a celebração eucarística exercia
sobre o seu estilo de vida. Santo Inácio de Antioquia exprimia esta
verdade designando os cristãos como «aqueles que chegaram à nova
esperança», e apresentava-os como aqueles que vivem «segundo o domingo».
Esta expressão do grande mártir antioqueno põe claramente em evidência a
ligação entre a realidade eucarística e a vida cristã no seu dia-a-dia.
O costume característico que os cristãos têm de se reunir no primeiro
dia depois do sábado para celebrar a ressurreição de Cristo — conforme a
narração do mártir São Justino — é também o dado que define a forma da
vida renovada pelo encontro com Cristo.
Mas a expressão de
Santo Inácio — «viver segundo o domingo» — sublinha também o valor
paradigmático que este dia santo tem para os restantes dias da semana.
De facto, o domingo não se distingue com base na simples suspensão das
actividades habituais, como se fosse uma espécie de parêntesis dentro do
ritmo normal dos dias; os cristãos sempre sentiram este dia como o
primeiro da semana, porque nele se faz memória da novidade radical
trazida por Cristo. Por isso, o domingo é o dia em que o cristão
reencontra a forma eucarística própria da sua existência, segundo a qual
é chamado a viver constantemente; «viver segundo o domingo» significa
viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar a própria
existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a Sua vitória se
manifeste plenamente a todos os homens através duma conduta intimamente
renovada.
in evangelhoquotidiano.org