Muitas vezes não nos damos conta de como somos interiormente cegos.
Muitas vezes agimos mal e desculpamo-nos pior. Às vezes somos movidos
pela paixão e julgamos ser por zelo. Repreendemos coisas pequenas nos
outros e passamos sobre as nossas, bem maiores. Depressa sentimos e
pesamos o que aguentamos dos outros, mas não nos damos conta de quanto
eles sofrem por nós. Aquele que pesasse bem e rectamente as suas acções,
não haveria nada que julgasse duramente nos outros.
O homem
que vive pelo espírito prefere o cuidado de si mesmo a todos os
cuidados; e quem se vigia atentamente facilmente se cala sobre os
outros. Nunca serás interior e piedoso se não te calares sobre os outros
e olhares especialmente para ti. [...] A alma que ama a Deus despreza
todas as coisas que Lhe estão abaixo. Só Deus eterno e imenso, enchendo
tudo, é consolação da alma e verdadeira alegria do coração. [...]
Repousarás
calmamente se o teu coração de nada te acusar. Não te alegres senão
quando fizeres o bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria, nem
experimentam paz interior; porque «não há paz para os pecadores» (Is
48,22). [...] Facilmente estará contente e em paz aquele cuja
consciência está limpa. Não és mais santo porque te louvam nem mais
pecador porque te injuriam. És aquilo que és; e tudo o que disserem de
ti não te fará maior do que és aos olhos de Deus. Se atenderes ao que és
interiormente, não te preocuparás com o que os homens dirão de ti. «O
homem vê a cara, mas Deus o coração» (1Sm 16,7).
in evangelhoquotidiano.org