«Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha
Igreja. [...] Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na
terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será
desligado no Céu.» As três metáforas às quais Jesus recorre são em si
muito claras: Pedro será o fundamento rochoso sobre o qual se apoiará o
edifício da Igreja; ele terá as chaves do Reino dos céus para abrir ou
fechar a quem melhor julgar; por fim, ele poderá ligar ou desligar, no
sentido em que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário
para a vida da Igreja, que é e permanece de Cristo. É sempre a Igreja
de Cristo, e não de Pedro. Deste modo, é descrito com imagens [...] o
que a reflexão posterior qualificará com a designação de «primado de
jurisdição».
Esta posição de preeminência que Jesus decidiu
conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição: Jesus
encarrega as mulheres de irem anunciar a Pedro; [...] será Pedro a
primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (cf Lc 24,34; 1 Cor
15,5). [...] Depois, o facto de vários textos-chave relativos a Pedro
poderem ser relacionados com o contexto da Última Ceia, na qual Cristo
confere a Pedro o ministério de confirmar os irmãos (cf Lc 22,31ss.),
mostra que a Igreja, que nasce do memorial pascal celebrado na
Eucaristia, tem no ministério confiado a Pedro um dos seus elementos
constitutivos.
Esta contextualização [...] indica também o
sentido último deste primado: Pedro deve ser, ao longo dos tempos, o
guardião da comunhão com Cristo; deve conduzir à comunhão com Cristo;
deve preocupar-se por que a rede não se rompa e assim possa perdurar a
comunhão universal. Só juntos podemos estar com Cristo, que é o Senhor
de todos. A responsabilidade de Pedro é, assim, garantir a comunhão com
Cristo, pela caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade
na vida de todos os dias.
in evangelhoquotidiano.org