A aliança, o pacto, são gestos humanos que traduzem confiança, promessa,
fidelidade, obrigação. A primeira leitura nos fala da aliança de Deus
com Abraão. O Senhor gratuitamente propôs aliança com Abraão e ele
confiou plenamente em Deus, embora muitas vezes as circunstâncias lhe
pudessem levar ao contrário.
Deus é fiel e mesmo que rompamos nosso pacto, o Senhor se mantém fiel.
No
Evangelho, Jesus, como de costume, vai rezar. Nessa oração, fica mais
claro qual é sua missão. São Lucas diz que durante a oração seu rosto
mudou de aspecto. Isso sinaliza que o Senhor estava muito unido ao Pai e
nos recorda Moisés quando se encontrava com Deus. Todo encontro com
Deus deixa sinais visíveis nas pessoas. Podemos experienciar isso quando
rezamos de verdade, quando nos abrimos ao Senhor e não colocamos
resistências. Sentimo-nos mais integrados, mais felizes, mais
esperançosos e generosos. Sabemos perdoar e desejamos o bem para todos.
Nessa
oração, especialmente, Jesus teve consciência de sua missão. Quando
São Lucas escreve que Moisés e Elias conversam sobre a paixão de Jesus,
está nos dizendo que é nesse momento que Jesus se conscientiza de sua
missão, de que deveria passar pelo sofrimento para cumprir sua vocação
redentora.
Também o sono dos discípulos é muito simbólico. Eles terão
sono também no horto, quando Jesus está se preparando para sofrer. Sono
aí significa desconhecimento do que está acontecendo e reação ao
sofrimento.
Poderemos fazer, neste momento, uma reflexão: se Jesus
aceitou a cruz, aceitou sofrer por todos nós, haverá outro caminho para
os homens resolverem seus problemas que não seja através desta, através
do sacrifício pelo outro? Será que nossos problemas familiares, nossos
problemas de relacionamento, nossos problemas econômicos e sociais não
deverão ser solucionados através da cruz, isto é, através da renúncia,
da entrega generosa de nossa vida? Só através do caminho da cruz
conquistaremos a vida! Verdadeiramente a cruz é a árvore da Vida, de
onde pendeu Jesus!
A segunda leitura nos ajuda a entendermos que é na
cruz que está a vida. Viver egoisticamente não leva à felicidade. Esta
consiste em fazer morrer dentro de nós o egoísmo, em não nos apoiarmos
apenas no cumprimento da Lei, em sacrificarmos o mundo e a nós mesmos
pelo amor de Cristo e dos irmãos.
Deveremos ver na cruz o grande
sinal da aliança de Deus com os homens. É nela que está nossa salvação,
nosso futuro, nossa felicidade eterna. A cruz de Jesus deverá iluminar
nossa vida e ser o crivo por onde passam todas as nossas decisões, seja
qual for nosso estado de vida, se religioso, sacerdotal ou leigo. Será
através da cruz que cumpriremos nossa missão e nos encontraremos com
Deus. De fato, pende da cruz a redenção da criação, a salvação do mundo e
de cada um de nós.
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