Quem lhe perguntava pelo número dos que se salvariam Jesus lhes responde sobre o como da salvação e os adverte que esta não é algo que se obtém automaticamente. Imaginamos uma multidão junto a uma porta estreita. Uns passaram por ela, outros não. Se não se faz um esforço sério de despojamento e desprendimento não é possível entrar por ela poder-se-á ficar excluído da salvação. Jesus convida-nos a uma revisão séria da orientação do coração e a esforçarmo-nos por viver uma vida nova sem egoísmos nem apegos, dando primazia a Deus e aos irmãos. Esse é o nosso passaporte para entrar no Reino.
A porta do Reino é estreita e nos enfrenta com a nossa própria consciência, despidos de todo o aparato institucional, religioso ou mágico que pretenda oferecer-nos ou vender-nos a salvação. A porta da perdição, no entanto, é ampla e espaçosa.
Para entrar pela porta da salvação não basta ter pertencido ao Povo de Deus, ter sido baptizados, ter recebido a cinza ou ter ensinado, se a Palavra fôr anunciada com um testemunho de caridade. Necessitamos de entrar pela porta da conversão pessoal, pois nem a comunidade, nem a prática de umas obrigações religiosas são um salvo-conduto. Por isso o Senhor diz: "Há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão os últimos."
O Reino é um dom dos que gozam e lutam por ele. Crer possui-lo, pensar que temos a exclusividade e que somos depositários dele, colocando à margem os outros, é viver não somente desorientados mas fora da dinâmica do Reino.
in "El Domingo", San Pablo, Bogotá 2013, Trad. Port. Ambasciatore Romano