Todas as relações começam por um movimento de atracção mútua. Esta atracção pode ter origem numa fascinação tão intensa que leva a um estado de paixão ou numa amizade que se vai tornando especial. A paixão é uma emoção muito forte que distorce a visão da realidade: não conhecemos o outro como realmente é mas como o imaginamos e idealizamos. Por isso esta fase necessita de ser superada e, de facto, a paixão assolapada geralmente não dura muito tempo. Depois da paixão se atenuar ou da amizade se aprofundar, a atracção pode passar a basear-se no efectivo conhecimento do outro e na apreciação positiva ou negativa das suas características de personalidade, da sua maneira de ser, de agir e de reagir, do seu temperamento e carácter. Quando tudo corre bem, cresce a estima e o respeito pelo outro, cuja companhia se prefere à de qualquer outra pessoa. A dada altura o outro pode tornar-se de tal forma amável (merecedor de estima e de respeito) que é eleito, escolhido, seleccionado como aquela pessoa com quem se quer partilhar a vida. A atracção torna-se então vontade intencional e deliberada de partilhar a vida com alguém que nos inspira estima e respeito.
in JORNAL DA FAMÍLIA, Fev. 2014
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