Jacob gostava mais de José que dos seus outros filhos, porque ele era o filho da sua velhice; e mandou fazer-lhe uma túnica de mangas compridas. Os irmãos, vendo que o pai o preferia a todos eles, começaram a odiá-lo e não eram capazes de lhe falar com bons modos. Um dia foram para Siquém apascentar os rebanhos do pai. Jacob disse a José: "Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. Vem cá, pois quero mandar-te ir ter com eles." José partiu à procura dos irmãos e encontrou-os em Dotain. Eles viram-no ao longe e, antes que chegasse perto, combinaram entre si a sua morte. Disseram uns aos outros: "Aí vem o homem dos sonhos. Vamos matá-lo e atirá-lo a uma cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos então que vão dar os seus sonhos." Mas Rúben ouviu isto e, querendo livrá-lo das suas mãos, disse: "Não lhe tiremos a vida." Para o livrar das suas mãos e entregá-lo ao pai, Rúben disse aos irmãos: "Não derrameis sangue. Lançai-o nesta cisterna do deserto, mas não levanteis a mão contra ele." Quando José chegou junto dos irmãos, eles tiraram-lhe a túnica de mangas compridas que trazia, sem água. Depois sentaram-se para comer. Mas, erguendo os olhos, viram uma caverna de ismaelitas que vinha de Galaad. Traziam camelos carregados de goma de tragacanto, resina aromática e láudano, que levavam para o Egipto. Então Judá disse aos irmãos: "Que interesse haveria em matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue? Vamos vendê-lo aos ismaelitas, mas não lhe ponhamos as mãos, porque é nosso irmão, da mesma carne que nós." Os irmãos concordaram. Passando por ali uns negociantes de Madiã, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egipto.
Do Livro do Génesis
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