Diz o povo que "quem tudo quer tudo perde", é este o provérbio que me vem à memória ao ler a parábola de Jesus proposta para hoje. Vivemos hoje um tempo entre o ter e o ser. A ganância e a competição tomou conta das nossas vidas, mesmo no interior das nossas comunidades cristãs. Vivemos entulhados em muitos pântanos que nos fazem querer mais e mais, em busca de uma falsa felicidade. É o resultado de uma sociedade de consumo que nos virou para a imagem e que nos desfoca das realidades supremas da nossa vida. Porém uma outra perspectiva que ontem ouvia numa homilia. Dizia então o sacerdote que presidia à Eucaristia: "A lógica da vida dos cristãos, não é a lógica das cadeiras..." A vida dos cristãos toda ela está centrada na dádiva do Amor, do serviço, de ir ao encontro dos outros, de deixar cair a nossa ganância, a nossa avidez pelo poder porque tudo recebemos de Graça e de Graça damos. Como expressão máxima de toda está dádiva está o desvelamento e a revelação deste Amor e desta Graça de Deus ao Mundo - a Cruz. Diz-nos São Mateus, que o "véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo" (Mt. 27, 51) como sinal desta revelação de Vida e de Amor à humanidade. Um cristão viver sem esta centralidade não pode viver no seu dia-a-dia a vida de e em Jesus Cristo. Virai-vos e fixai com os vossos olhos a Cruz e que tenhais a vida e vida em abundância... Foi o próprio Jesus que o disse no Evangelho do Apóstolo: "Quando for erguido da terra, atrairei todos a mim..." (Jo. 12, 32)
jjmiguel