Neste domingo damos inicio a um novo tempo na liturgia: o Advento. Os cristãos começam um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Este é um tempo de esperança e ao mesmo tempo de conversão. De esperança, porque é nesta esperança em que vive o cristão, de conversão porque é mais uma oportunidade que Deus nos concede para possamos sinal de graça e de vida. Nestes tempos vemos tantos e tantos cristãos de braços caídos. Não nos refugiemos exclusivamente nesta ideia de "crise". Um tempo de crise, é um tempo de julgamento, de perspectivar o que não está bem, para que possamos melhorar. Daqui advém a esperança cristã. O cristão não é um profeta da desgraça, mas um profeta da graça e da vida junto de todos os seus irmãos crentes e não-crentes. Em bom rigor, o mundo não precisa de profetismo da desgraça. Por outro lado este é um tempo de conversão, um tempo que Deus nos concede a graça para que possamos mudar de vida, na construção de um mundo mais fraterno, mais tolerante na construção da Paz e de uma Civilização de Amor. Todos nós só poderemos celebrar este Natal de 2015 se soubermos ser construtores da paz, da esperança, da caridade em todos os nossos ambientes. Mas não só nos nossos ambientes, mesmo junto daqueles que todos os dias se cruzam connosco, na rua, no autocarro, no metro, na escola, no local de trabalho, e nós nem nos olhos os olhamos, porque andamos tão cheios de nós, tão centrados nos nossos problemas que nos esquecemos que mesmo ao nosso lado existe um rosto que necessita de um sorriso, de uma mão que precisa de outra mão. Que sentido faz celebrar o Natal se não contemplarmos o Nascimento de Jesus em Belém, e a importância que este acontecimento teve para o nosso Mundo? O Natal da gruta de Belém necessita urgente mente de ser actualizado, e são os cristãos que terão mais responsabilidade por actualizá-lo. Porém, não façamos deste tempo de mais um tempo de "caridadezinha". Este tempo que antecede o Natal tem sido, neste últimos anos, aproveitado, pelas mais diversas formas para olharmos para os mais frágeis da nossa sociedade como os "coitadinhos". Tenhamos a capacidade deste tempo de Advento irmos mais além que essas campanhas que só alimentam e sustentam o protagonismo de alguns e sejamos capazes de ir mesmo ao encontro do irmão e ser assim sinal deste Verbo que encarnou e habitou entre nós. Sejamos neste Advento este sinal de esperança e conversão na vida do Outro, para que o Verbo encarne e habite no coração de cada homem e mulher de boa vontade.
jjmiguel, ar
FOTO: snpcultura.org