"A tua fé te salvou." Assim disse Jesus ao cego que lhe suplicava que tivesse compaixão dele. As pessoas que vinham com Jesus repreendiam o cego para que ele parasse de gritar, mas ele continuou. E Jesus vendo a fé do cego, curou-o da cegueira. Duas ideias que retiro do texto evangélico: primeira é que a fé salva, a fé é vida e não a morte. Ficámos todos chocados com os últimos acontecimentos de Paris e de facto não se pode ficar indiferente, mas não se pode colocar as culpas em Deus. Deus não é morte, nem guerra, pelo contrário, Deus é Vida e Paz. Como pode Ele querer a desgraça do Homem, sendo o Homem imagem e semelhança de Deus? Por isso é condenável os actos hediondos e bárbaros cometidos em Paris na noite de sexta-feira. Não acredito que o Islão defenda o que aconteceu, até pelo que sei o Islão é uma religião tolerante, e que respeita tudo e todos, como todas as outras religiões mundiais. A segunda ideia é o nosso preconceito perante o Outro. Vivemos de ideias e pensamentos pré-concebidas e isto porque vivemos na espuma. Vivemos na superficialidade da Vida ofuscando-nos da profundidade da Vida e não nos deixando ver que na nossa diferença, somos todos iguais e que nesta casa comum que é o nosso Mundo todos temos espaço. Daí não se justifica que a partir de agora julguemos todo o povo muçulmano pelo que aconteceu em Paris, porque não é a Religião que tem de acabar, é o fanatismo louco que existe, seja no campo religioso, assim como no campo político-cultural. Cada vez mais a humanidade, neste contexto de globalização, deve ver neste momento uma oportunidade única para a abertura à Liberdade, Igualdade e Fraternidade de todos os povos, culturas e religiões, em ordem ao combate do fundamentalismo e fanatismo louco de que gozam todas as religiões e ideologias político-culturais. Na verdade, o diálogo inter-religioso, não devem ser só palavras bonitas, mas antes ser levado à prática e esta é a hora para que possamos construir a Nova Jerusalém, a Civilização do Amor na nossa Casa Comum.
jjmiguel
FOTO: expresso.pt