Construir um amor autêntico é empresa bem difícil e é um dever do noivado realizar-lhe ao menos os pressupostos essenciais. Ora acontece que, com base na experiência de sempre, uma tal operação construtiva do noivado vem sempre perturbada, quando se insinua entre os dois a ânsia da relação sexual: a tirania da própria natureza das emoções eróticas afrouxam e em certos casos bloqueiam o crescimento no autêntico amor: os dois espíritos não são já capazes de comunicar entre si; a procura afectuosa dos dois, ainda em plena formação, e portanto num estado de precária fragilidade, facilmente se subverte pelo avassalamento do prazer físico instaurando-se aquele processo de involução, que acaba por desnaturar e estragar toda a obra de amor até então construída.
De Paulo Sardi, teólogo