“Nós
falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o
nosso testemunho.” As palavras são de Jesus. Por mais que possamos falar
simples acerca das coisas do Céu, o mundo não entende. A pergunta que muitas
vezes faço para mim é se o mundo não quer entender, ou faz para não querer
entender. Frequentemente vou tendo conhecimento de situações que me interrogam
se de facto o que vimos, o que ouvimos, o que tocámos, o que contemplámos
acerca do Verbo da Vida nós de facto O aceitamos. O cristianismo é na verdade, subversivo,
louco e revolucionário. Nós cristãos seguimos um assassino que foi morto numa
Cruz e que ao terceiro dia ressuscitou. Notai que isto mais parece uma dessas
histórias de filme, ou novela. Mas, como cristãos, sabemos que essa foi a
realidade. Então porque é que ainda colocamos em causa? Muitas vezes, fecho os
olhos e coloco-me na pele dos apóstolos que tinham diante de si, Jesus, o Deus
feito homem. Eles que contemplaram, que tocaram, que viram e ouviram. E, em boa verdade, eles também não entendiam, por mais que Jesus explicasse de forma simples. Nós não
ouvimos, não vimos, não contemplámos, não tocámos e ainda assim acreditamos. Mas acreditamos no quê e em quem afinal...? Num Jesus da política, da história, um revolucionário ou um visionário? Acreditamos que Aquele que foi elevado da terra entrou na nossa História,
fez-se homem, agiu de misericórdia para connosco. O que nos falta para
acreditar? Vivemos de sinais, de milagres, de fenómenos, mas não conseguimos
contemplar a beleza do grande milagre que é a vida. A vida como dom de
gratuidade. Damos de graça o que de graça recebemos. Oh admirável mistério...
jjmiguel