“Saí de
Deus e vim ao Mundo.” Felizes os olhos que viram, felizes os ouvidos que
ouviram, felizes os que contemplaram diante de si Deus feito homem. Felizes,
nós, que não ouvimos, não vimos, não contemplamos, mas que continuamos a
acreditar Naquele que era a Palavra e o pensamento e que permaneceu diante de
nós. Connosco fez parte da nossa história, fez parte dos nossos espaços,
connosco convivei e nos transmitiu uma mensagem muito importante sintetizada
numa palavra: o Amor. Vivemos sedentos de Amor, de Paz, de Justiça e de
Alegria. Palavras que traduzem aquilo que é o Reino de Deus que deve começar no
coração de cada um de nós já aqui neste mundo delimitado por tempos e espaços,
para que nos possamos aproximar de um mundo onde não existe tempo, onde não
existe espaço e onde só o Amor permanece. Ao contacto com Jesus tudo retoma a
vida. Conheço alguns casos da vida mergulhados completamente em densas trevas e
que ao toque com a vida de Jesus tudo tomou nova cor e a Luz irradiou de uma vez
por todas as trevas. O Amor salva, meus caros e minhas caras! Não necessitamos
de profetas das desgraças, mas necessitamos de profetas que nos falem das
coisas do interior, porque Deus bem nos conhece por dentro e por fora. No
entanto, o mal terá que ser denunciado, para que possa se possa ser superado
com o bem. Não foi isso que aconteceu em Sexta-feira Santa? Não tinha que Jesus
morrer e ressuscitar, para que o mal fosse banido de uma vez para sempre e o
Amor tivesse a última palavra, porque só o Amor tem a última palavra no que diz
respeito à vida e à sua dignidade. A Cruz ainda nos escandaliza, porque não nos
queremos confrontar até onde pode ir o homem na arte do mal. Mas a Cruz não nos
pode escandalizar, porque ela terá de ser erguida para que possamos limpar os
nossos lugares existenciais pantanosos e aí fazer emergir um jardim onde reine
a Vida e o Amor, e assim contruir uma nova civilização – a Civilização do Amor.
jjmiguel