quinta-feira, 21 de julho de 2016

Quinta-feira da XVI Semana do Tempo Comum

“Felizes os vossos olhos porque vêem”. Um dia acusaram-me de viver na “superficialidade da vida” e de ser um “cata-vento”. Pois bem, deixo a resposta, exactamente com a mesma frase que sempre me disseram: “Quando alguém faz uma critica a outro, fala de si próprio”. Falamos sem conhecer, e por isso quem fala em viver na superficialidade da vida e de cata-ventos a ele próprio se acusa. Conhecer significa passar a ponte, significa ir mais mais além do que livrinhos doutrinas e estudozinhos de um “copiar/colar” que nada nos querem dizer. Há mais vida para além das letras, para além das palavras. Jesus falou em parábolas, e nem assim nós O entendemos e continuamos sem entender, porque não queremos ver, porque vivemos enterrados nas nossas cegueiras pelas nossas ambições, pelos nossos orgulhos, pelo nosso centralismo umbilical. Os tempos do absolutismo de Luís XV, em que “L’ État, c’ est moi”, acabaram em 1789. As pessoas não são máquinas. Nem tudo é imagem, nem teatralidade, muito menos a vida é um teatro em que possamos representar um papel. A vida é bem real, e só quem não a experimenta, não sabe do que fala. Falar dos outros, ou das coisas sem as conhecermos é em última instância um exercício infantil de muito pouca maturidade. Jesus falou em parábolas e felizes daqueles que conseguem caminhar para para lá das parábolas para entrar na realidade escura e fria que é muitas vezes a sua vida. Por vezes, é preferível viver pelas parábolas... E em última instância ficamos pelas parábolas, porque quem vive na “superficialidade da vida” e como “cata-ventos” não entende, nem mesmo as parábolas. A sua vida é imagem e não passa de ser uma parábola.


jjmiguel