“Não
sabeis o que estás a pedir”. A mãe dos filhos de Zebedeu achava que Jesus lhes
podia dar poder e domínio. Ela queria que Jesus os sentasse um à sua direita e
outro à sua esquerda no seu reino. O Reino de Deus não é uma lógica de poder,
nem de domínio, assim como o Reino de Deus não é uma questão de títulos
nobiliárquicos, de graus académicos, nem de títulos eclesiásticos. Em bom
rigor, o Reino de Deus não é um questão de comida e de bebida. O Reino de Deus
é serviço, é humildade, respeito pelo Outro, tolerância para com o Outro, que
muitas vezes nem sequer conhecemos. Porém, o nosso olhar umbilical não nos
permite olhar nos olhos do Outro, e não nos permite conhecê-lo. Vivemos numa
arrogância infantil, numa sociedade que em muito terá que crescer e amadurecer
e perceber que o sofrimento faz parte integrante da vida e não é para esconder.
A Cruz não é para esconder, porque ela é sinal da nossa maior glória. Nós não
controlamos nada, porque não somos donos de nada. Entender um Cristianismo só
pela via da Ressurreição e deixar para trás a Paixão e a Morte, é reduzir o
Cristianismo a nada. A vida cristã faz-se desta triologia: Paixão, Morte e
Ressurreição. O problema é que parece que só queremos numa eterna Ressurreição.
Porém para que essa eterna ressurreição aconteça é necessário a Paixão e a
Morte e para isso crescer na fé também faz parte da nossa vida de todos os
dias. Se isto for esquecido a História da nossa vida tratará de realizar os
justos julgamentos...
jjmiguel