“Vós
todos sois irmãos”. Quando leio estas palavras de Jesus no Evangelho remeto o
meu pensamento para algum farisaísmo que existe na nossa Igreja. Não será que
nós não temos muitas vezes este tipo de comportamentos que Jesus aponta aos
escribas e fariseus? Eu penso que sim... Quando é que vamos entender que somos
todos irmãos em Jesus Cristo, que não existem escravos, ou homens-livres,
judeus ou gregos, cristãos ou muçulmanos, budistas e hinduístas, pretos ou
amarelos, vermelhos ou caucasianos, porque todos somos filhos do mesmo Pai.
Filhos amados pelo mesmo Pai, porque esse mesmo Pai nos chamou à sua obra Criadora.
Vivemos muito de mestres, doutores, títulos e mais títulos mas tudo isso é
justificado pelo Mestre dos mestres, Doutor dos doutores, por Aquele que possuí
todos os títulos. Nada disto é nosso. A Igreja não é nossa, é de Deus, e não a
podemos monopolizar como bem queremos, mas nos deixarmos guiar pelo sopro do
Espírito Santo. Bem sei, que há muitos de nós que colocam em causa este sopro
do Espírito Santo, sobretudo quando existem no interior da Igreja decisões
importantes a tomar, mas é assim que deverá ser sentido e não de outra maneira.
Por isso somos convidados hoje, a ter ideias claras: do que é a Igreja, em que
Igreja acreditamos... Neste momento já chega de tanta crítica à Igreja, mesmo
vindo do seu interior. Os problemas estão identificados e neste momento acho
que não vale a pena continuarmos no discurso que os católicos são assim, ou de
outra maneira, que os padres deviam fazer assim, ou de outra maneira... A quem
passa a vida com criticas internas no seio da Igreja, exigiria soluções para
essas críticas, a começar por mim próprio. Queremos todos que a Igreja mude,
mas mudar o quê, se nada fazemos para mudar. Esta já não é a hora de apontar
dedos, é hora de agir em conformidade com aquilo que nos diz a Doutrina e o
Magistério da Igreja desde o Concílio Vaticano II. Entendo muito bem a
emergência de alguns grupos que vivem o saudosismo do Concílio de Trento, mas
seria necessário continuar o que nos disse o Concílio Vaticano II e pelo que
conheço o “escancarar das portas” não foi a perda da dignidade pelo Sagrado e a
perda de identidade cristã, bem pelo contrário. Chega de verborreias, é necessária
acção, para que a Igreja possa continuar no mundo a sua verdadeira missão:
levar a Boa Notícia do Evangelho a todos os confins da Terra...
jjmiguel