“Lançai
as redes para a pesca.” Este é o convite de Jesus. A Palavra convida a irmos
mais além, a irmos mais longe e a não ficarmos estancados nos nossos espaço de
conforto. Na verdade, ficar nos nossos espaços de conforto é muitas vezes uma
grande tentação, porém Jesus Cristo convida a irmos e a sairmos das sacristias
velhas e bulorentas. Escrevo no dia em que se sucedeu um sismo no centro de
Itália. Penso em todas as vítimas, mas também nas suas famílias. Sinceramente,
comovi-me ao ver um sacerdote sozinho diante da sua comunidade em sofrimento e
a chorar por não saber o que fazer. Não basta só rezar. Os apóstolos de Jesus
Cristo devem ir ter com o povo que sofre e perguntar-lhes o que é preciso fazer
e dar-lhes a mão. Certamente que Pedro, o primeiro de entre o Colégio dos
Apóstolos, deslocar-se-ia a estas comunidades que sofrem e que agonizam. Rezar
é importante, mas dar a mão muito mais. Ir às periferias é isto mesmo. Estar
presente com os que sofrem não só com o corpo, mas também com o coração, olhar
nos olhos, abraçar e perguntar: “o que é preciso, irmão?” Por mais que choque
não lamentemos os mortos, mas cuidemos dos vivos. Bem sei que a revolta é
grande perante estas calamidades, e também sei que a pergunta “onde está
Deus?” surge ao nosso espírito, mas não nos podemos ficar pelas dúvidas. Nestes
momentos são horas de acção, são horas de lançarmos as redes e pensar no que
podemos e devemos fazer. Deixo uma palavra de força e coragem às comunidades de
Accumoli, Amatrice e Rieti, na Itália: não vos deixeis corroer pelo sofrimento
destas horas, mas antes perante a dor da destruição, seja um momento de acção e
de solidariedade entre todos, porque todos são membros desta Casa Comum e para
que todos possam reconstruir o que foi destruído.
jjmiguel