“Mas não
será logo o fim.” A liturgia encaminha-nos para o fim de um ano liturgico que
acontecerá no próximo domingo com a Solenidade de Cristo-Rei. Jesus dá-nos
conta neste evangelho de guerras, de fenómenos, de perseguições aos cristãos,
porém não será o fim. E de facto não é o fim. Há muitas correntes
fundamentalistas que fazem a previsão do final de todas as coisas, que profetizam
o fim do mundo. Bem como outros que profetizaram o fim da História. A História não
acaba e o mundo muito menos. Acaso um artista poderá destruir a sua obra? Acaso Deus, Criador de todas as todas coisas quer acabar com o que criou? E nós, homens e mulheres, que nos foi dada a incumbência de gerir esta casa comum, como a temos gerido? Somos
racionais demais para pensarmos que a vida se confina a este mundo. A vida é
muito mais do que podemos ver e querer abarcar todo o mistério é um acto de
pura ignorância e ao mesmo tempo de arrogância. Um acto de ignorância porque
quanto mais se quer conhecer, menos se conhece; e de arrogância porque não
aceitamos que toda a nossa vida é mistério. O Homem não gosta do mistério, mas
viver o mistério é inevitávelmente viver a vida hoje na sua plenitude, o amanhã
será sempre um mistério. Não aceito também a expressão “carpe diem” de Horácio,
mas aceito que a nossa vida terá de ser um caminho em ordem à procura da nossa
plena felicidade. Para isso não podemos viver agarrados a profecias de morte,
mas antes a profecias que sejam anúncio da vida e para a vida. Acaso não
teremos melhor profeta que Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida para o Pai?
jjmiguel