Se há semanas sobre o estado das coisas da República esta que passou foi uma delas.
Discutiu-se na Assembleia da República antes das férias parlamentares o Estado da Nação.
Não vou comentar o debate em si próprio pois para mim não passou de mais um debate parlamentar que outra coisa. Muita propaganda governativa de um Governo que está mais que descredibilizado perante a opinião pública. Não só se descredibiliza como descredibiliza a política e todos os políticos (que já estão descredibilizados).
Um debate onde se tratou de tudo menos dos verdadeiros problemas do país.
O PSD lá parece que ressuscitou para fazer oposição. Mas ainda continua muito aquém daquilo que pretende (vencer as eleições de 2009)
Mas, política politiqueira à parte, será mesmo importante neste momento fazer um apanhado global de alguns sectores do nosso Portugal.
Começo pela Educação onde reina o facilitismo, tanto ao nível disciplinar como na transmissão de conhecimentos. Nada que choque, num país em que o Ensino Superior já se sabe como anda. E o ciclo vicioso continua...
Na Saúde é a dicotomia público/privado que leva à ruptura do SNS, já para não falar da anarquia que existe entre a classe médica.
Nas Finanças só se pensa no déficit, déficit, déficit, déficit... com as taxas de juro a aumentar e o custo de vida cada vez mais caro.
Na Segurança Social há um ataque às instituições de solidariedade social, sobretudo nas instituições religiosas. O que se espera de Governos de esquerda? Na verdade até terão alguma razão para o fazer se analisarmos no terreno algumas instituições e o que se pratica por lá. Não esquecendo as pensões que daqui a 50 anos serão inexistentes para as gerações mais novas.
A Agricultura e as Pescas são os parentes pobres. Não se cultiva as terras, não se incentiva a cultivar e poucas pessoas já por lá querem trabalhar. Todos querem ser doutores. O problema é que um país não se faz com doutores e ciência somente.
A Economia está baseada na economia privada, com alguns investimentos de empresas estrangeiras (as nossas empresas até são o parente pobre). Enquanto que o Estado é mais um accionista que outra coisa. Não percebo para que existe Estado senão intervem? Além disso são créditos e mais créditos que deixam as famílias endividadas até à medula. Os salários são baixos e não acompanham, nem a média europeia, nem o custo de vida (cada vez mais caro). A par disto o BCE continua os seus aumentos nos juros (com razão?). Os combustíveis são cada vez mais caros (aumentam quase todos os dias). A semana passada o petróleo estava cotado a 147 dólares. A semana que vem será que chega aos 150 dólares? A ver vamos...
Nas Obras Públicas, volta novamente a dicotomia público/privado que se degladiam pelas obras do TGV, Aeroporto, auto-estradas e barragens. Sinceramente num país tão pequeno não perecebo como se fala em tanta obra. Um dia o país será betão e alcatrão (em nome do desenvolvimento). No entanto, tudo fica na mesma. Para além da megalomania que aí anda da candidatura ibérica para o Mundial 2013 de futebol.
Na Cultura, nem se fala. O que ainda vai salvando o nosso património ainda são algumas organizações internacionais e algum mecenato (senão alguns monumentos já estavam pedra sobre pedra). Noutros sectores (música, pintura, teatro, dança) haja Gulbenkian e mecenato.
Na Ciência, os nossos investigadores emigram.
Na malfadada Justiça são casos e casos pendentes onde reina a política de interesses.
Na Administração Interna os polícias não têm autoridade (nem lhes é dada), e quando é dada são comparados aos bufos e aos PIDE’s (que frustração política que aqui anda). Formação na polícia não há (isso é para intelectuais) e reina a anarquia.
Afinal, para que serve o Governo e as suas instituições?
Só mais dois apontamentos. Primeiro, vive-se num país em que as corporações reinam (tenham nome de sindicatos ou não). Parece que o Oliveirinha tinha razão (neste aspecto). Segundo a soberania europeia parece comprometer a nossa soberania nacional e identitária e isso não podemos ficar inertes. Cada vez mais vivemos sob a dependência de Bruxelas ou de outros que queiram mandar em nós (ao que parece a nossa história está repleta de casos semelhantes).
Além disso, a dicotomia Esquerda/Direita parece que cada vez mais é um entrave ao nosso desenvolvimento político, económico e social. Isto tem de acabar... Se somos um regime democrático, tudo está em discussão e tudo deve ser solucionado com o máximo de respeito democrático em nome do país e dos seus cidadãos.
A rotatividade terá também de acabar. Até porque desde 1974 ainda não houve partidos em Portugal que não foram Governo...
Ai Portugal, Portugal... do que é que estás à espera...? D’ el-Rey D. Sebastião?