quinta-feira, 31 de março de 2011

Do tempo para a actualidade

"É necessário ainda prover de modo especial a que em nenhum tempo falte trabalho ao operário; e que haja um fundo de reserva destinado a fazer face, não somente aos acidentes súbditos e fortuitos inseparáveis do trabalho industrial, mas ainda à doença, à velhice e aos reveses da fortuna.

Estas leis, contanto que sejam aceites de boa vontade, bastam para assegurar aos fracos a subsistência e um certo bem-estar, mas as corporações católicas são chamadas ainda a prestar os seus bons serviços à prosperidade geral.

Pelo passado podemos sem temeridade julgar o futuro. Uma época cede o lugar a outra; mas o curso das coisas apresenta maravilhosas semelhanças, preparadas por essa Providência que tudo dirige e faz convergir para o fim que Deus se propôs ao criar a humanidade. Sabemos que nas primeiras idades da Igreja lhe imputavam como crime a indigência dos seus membros, condenados a viver de esmolas ou do trabalho: Mas, despidos como estavam de riquezas e de poder, souberam conciliar o favor dos ricos e a protecção dos poderosos. Viam-nos diligentes, laboriosos, modelos de justiça e principalmente de caridade. Com o espetáculo de uma vida tão perfeita e de costumes tão puros, todos os preconceitos se dissiparam, o sarcasmo caiu e as ficções duma superstição inveterada desvaneceram-se pouco a pouco ante a verdade cristã.

A sorte da classe operária, tal é a questão de que hoje se trata, será resolvida pela razão ou sem ela e não pode ser indiferente às nações quer o seja dum modo ou doutro. Os operários cristãos resolvê-la-ão facilmente pela razão, se, unidos em sociedades e obedecendo a uma direcção prudente, entrarem no caminho em que os seus antepassados encontraram o seu bem e o dos povos."

Leão pp. XIII

in Cart. Enc. RERUM NOVARUM, nº 35, 15 de Maio de 1891

quarta-feira, 30 de março de 2011

Na espuma dos dias...

Portugal continua no limbo...

Desde os cortes das agências de 'rating', que ainda não se percebeu de onde vieram, nem para onde vão, dada a importância que se lhe dá, até às 'briguinhas tolas' entre PS e PSD... O PS acusa a oposição de não aprovar o PEC, sendo o único argumento que tem na manga. Qual disco de vinil riscado... Como se não bastasse, foi buscar um reforço brasileiro, para dizer que o FMI não é solução - como se já não soubéssemos!

O PSD descarta para o PS o estado a que o Estado chegou. Mas pelos vistos, a alternativa do PSD parece ser exactamente o mesmo PEC que o próprio chumbou. No centro deste Jardim-Escola estão uns milhões de portugueses que assistem, completamente alienados, a estes jogos de poder pelo Poder...

E já nem o futebol escapa a isto, a julgar pelos acontecimentos no Reino do Leão, assim como o triste e deplorável e triste caso Carlos Queiroz. Ainda a Casa Pia vai sendo o 'arzinho' fresco, neste clima árido e irrespirável...

terça-feira, 29 de março de 2011

De Roma...

"Dentre os numerosos âmbitos de compromisso, o Sínodo recomendou vivamente a promoção da reconciliação e da paz. No contexto actual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo «é a nossa paz» (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão. Muitos testemunhos no Sínodo comprovaram os graves e sangrentos conflitos e as tensões presentes no nosso planeta. Às vezes tais hostilidades parecem assumir o aspecto de conflito inter-religioso. Quero uma vez mais reafirmar que a religião nunca pode justificar a intolerância ou as guerras. Não se pode usar a violência em nome de Deus! Toda a religião devia impelir para um uso correcto da razão e promover valores éticos que edifiquem a convivência civil. Fiéis à obra de reconciliação realizada por Deus em Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, os católicos e todos os homens de boa vontade empenhem-se por dar exemplos de reconciliação para se construir uma sociedade justa e pacífica. Nunca esqueçamos que«onde as palavras humanas se tornam impçotentes, porque prevalece o trágico clamor da violência e das armas, a força profética da Palavra de Deus não esmorece e repete-nos que a paz é possível e que devemos, nós mesmos, ser instrumentos de reconciliação e de paz»."


Benedictus, pp XVI


in Ex. Apost. "Verbum Domini", Ed. Paulus, 2010, pág. 166

segunda-feira, 28 de março de 2011

Uma questão de desígnio nacional

Pedro Passos Coelho, o grande líder e exemplo para a Juventude Social-Democrata é hoje o líder do PSD. Essa imagem ainda não foi descolada. E seria necessário... O que é hoje o PSD? Hoje o PSD é uma reminiscência do PSD de Francisco Sá Carneiro. O que diria Sá Carneiro do seu PSD de hoje? O PSD sempre foi o partido da Paz, do Pão, do Povo e da Liberdade. Uma das linhas que sempre norteou o partido foi sem dúvida, primeiro Portugal, depois o PSD. É o que compõe o seu ideário geral. Quero acreditar que o PSD ainda pensa no designio nacional em primeiro lugar, tal como o seu fundador. Mas será que isto está claro? Se de facto o PSD quer sublevar o desígnio nacional acima dos interesses político-partidários que o faça quanto antes. Porque o mundo pode desabar-lhe em cima...

sábado, 26 de março de 2011

Cultura de Responsabilidade

Os estudantes do Ensino Superior vieram para a rua. Alguém deu conta...?
O estado do Ensino Superior em Portugal não é de agora...
Há muito tempo que se sabia que havia estudantes a passar fome para se manter na Universidade, que as bolsas de estudo não eram entregues a tempo e a horas, ou então, nem sequer eram entregues. Assim como também se sabia que havia estudantes a abandonar o Ensino Superior. Assim como também TODOS sabemos que outras coisas estão mal no Ensino Superior e somos coniventes com elas...
O que não se compreende, é que havendo um número substancial de pessoas a frequentar o Ensino Superior se vê um grupinho de pessoas às portas das faculdades de 70, 80 pessoas a lutarem e a manifestarem-se. A esses, muita força! E resistir é a palavra de ordem...
Mas onde estão os outros?
Talvez na ressaca da noitada anterior, enquanto a Família, e um País inteiro, trabalham para se manter na Universidade.
É a cultura da responsabilidade e da cidadania....

sexta-feira, 25 de março de 2011

Palavras necessárias

Portugal vive dias quentes, de temperaturas altíssimas ao nível político, depois da demissão do Primeiro-Ministro.
Tudo evitável se houvesse entendimento entre PS e PSD. Mas esta bipolaridade quase doentia em Portugal é bloqueio ao desenvolvimento do país. Faz de Portugal um país quase ingovernavel. Esta dicotomia entre Esquerda e Direita e Direita e Esquerda. Um equilibrio cada vez mais longe...
Já muito foi escrito pelo papel e pela voz sobre esta matéria.
Este bipolarismo provém de 1820 com a divisão ideológica entre D. Miguel e D. Pedro IV. É este o problema pendente que Portugal tem para resolver. E permanece na História.
Uma velha dicotomia, entre Miguelistas e Liberalistas, Cartistas e Vintistas, Monarquia e República, Fascismo e Comunismo; actualmente, Esquerda e Direita. E que permanece...
A solução para esta questão passa por dois eixos: ou o conflito civil, como aconteceu no séc. XIX, (e foi pena não ter morto logo a questão) ou a negociação e o diálogo que poderão levar ao amis assustador para a sociedade portuguesa: o Bloco Central.
Na verdade, para Portugal o mais viável seria um Governo de Bloco Central, mas a perturbação de bipolarismo deste país é tremenda e não deixa o país progredir e desenvolver-se.
Por outro lado, Portugal tem outro problema na sua personalidade e este ainda é mais profundo, e que vem desde o seu nascimento - a sua identidade.
Portugal nunca foi um país que nasceu, porque quis nascer. Em boa verdade, um país que não nasceu da vontade popular, mas da vontade de um adolescente que queria provar à sua mãe que queria e era capaz de ser Rei. Quem vivia neste território nos sécs. XI/XII nunca se deu conta que estava prestes a ter um Rei e a ser Reino. E assim foi desde 1143 até 1974...
O Povo Português nunca foi visto nem achado em matérias de Poder, nem de Política, em nenhum tempo da sua História. Na verdade, esta é uma ideia que continua e perdura na mentalidade do Povo ainda hoje. Por isso, entende-se que 1974 e a ideia de participação do Povo na "res publica" seja algo muito estranho na mentalidade popular.
Além disso, a ideia de que somos um povo de miséria, pobre, de "coitadinhos de nós" está bem presente. O que denota um sinal de falta de identidade e sinal que sempre fomos um Povo de "súbditos de Sua Majestade."
Percebemos agora a ideia presente no Fado, o nosso embaixador no mundo. Não é por acaso...
Percebemos agora uma ideia messiânica de que virá um D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro para nos salvar, e que o Estado Novo foi exímio nesta ideia, e que se mantém neste Regime.
Percebemos agora porque somos tão submissos ao Poder e àqueles que são mais fortes que nós. Notai a subserviência de José Sócrates e Pedro Passos Coelho à Chanceler alemã (autênticos súbditos)
Portugal não tem que ser, não tem que ter. Portugal é...
Nesta linha como se pode pedir o diálogo entre Direita e Esquerda? Como se pode pedir ao Povo para assumir o seu destino? Há a tentação de pensar: "os políticos que decidam!" Mas não!
Portugal só será Portugal quando assumir nas suas mãos o seu destino. E essa resposta está na cabeça de cada português...

quinta-feira, 24 de março de 2011

A mudança (in)evitável

O PEC IV foi chumbado...
José Sócrates demite-se...
O Governo caiu....
As facas do Poder são afiadas!
Toda esta situação deixa qualquer pessoa apreensiva.
Na verdade, o problema não é de Governo, de Política, de Economia ou de Sociedade. O problema é de modelo de Regime.
Em geral, o que está por detrás da demissão de Sócrates, e consequente queda do Governo, vai muito mais além do que uma simples queda de Executivo.
Por detrás da demissão de José Socrates, está uma sociedade que vai desde os agentes políticos aos cidadãos sem ideias, sem modelos, sem referências, sem identidade...
Uma sociedade que busca encontrar-se a si própria, sem saber começar por onde.
Deste modo, qualquer que seja o partido, homem ou mulher que neste momento seja Governo, não tem alternativas.
Por detrás da demissão de José Sócrates, está uma sociedade e um Regime que terá que ser repensado. Porque tudo o que começa acaba...
A Monarquia acabou...
A Primeira República acabou...
A Segunda República acabou...
A Terceira República, obviamente terá de acabar...
A demissão de José Sócrates é um sinal de mudança. Uma mudança que não passa certamente por um novo Governo, ou por Eleições. Mas por uma mudança de Regime...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Uma utopia...

Em tempos académicos, assisti a uma acérrima discussão entre professor e aluno, acerca da Federação Europeia.
Passado este tempo, veio-me à memória aquele episódio, depois de perceber as divergências entre os estados-membros, sobre o envolvimento da NATO no conflito da Líbia.
Se em matéria de política interna a Europa diverge, em matéria de política externa as diferenças são clarividentes.
Depois do inicio do sonho europeu parece cada vez mais utópico que se possa vir a realizar uma Europa a uma só voz. E este é um dilema que os federalistas europeus tentam esconder a todo o custo. Uma desunião dentro da União.
O conflito líbio poderá ser o factor precipitante para aquilo que já se espera há muito tempo: a dificuldade de implementar os Estados Unidos da Europa...

terça-feira, 22 de março de 2011

Voltaram...

A carnificina dos Senhores da Guerra já começou...
Como eles adoram! O que não se faz em nome da segurança do Povo Líbio!
Como se pode falar em segurança de civis numa guerra em plena cidade de Trípoli. Não se entende...
Uns Senhores que gostam tanto de falar em democracia, liberdade, moral e ética. Aqui está a democracia, a liberdade, a moral e a ética da qual eles gostam de falar.
Além disso, se o Cor. Kadhafi é um ditador, estes Senhores também não são melhores. Aliás todos temos telhados de vidro. Que tal falar da prisão Guantanamo, da proibição do uso da burka, ou da violência contra o povo iraquiano. Tudo com o alto patrocínio destes Senhores da Democracia!
Por outro lado, não nos podemos esquecer que foram estes Senhores que armaram a Líbia, e noutros tempos até ajudaram à ascensão de Kadhafi.
Com guerra ou sem ela o mundo no ínicio da Primavera de 2011 é um autêntico barril de pólvora a implodir.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Afiam-se facas na Rua de S. Caetano e no Largo Adelino Amaro da Costa

Em boa verdade, tinha razão o Dr. Francisco Louçã, quando à tempos dizia: "A Direita começou a afiar as facas para tentar a disputa do poder."
Uma vergonha...
No centro desta disputa estão 600 mil desempregados, "novos-pobres", e um sem fim de gente que vive um desnorte, sem avistar o Norte, nas suas vidas.
Mas isso não importa...
O que importa é derrubar o Eng. Sócrates e o seu Governo...
Ficamos à espera das alternativas...
Na Rua de S. Caetano diz-se mata!
No Largo Adelino Amaro da Costa diz-se esfola!
A mesa da História receberá este banquete, vamos ver se fará a digestão!

domingo, 20 de março de 2011

Sangue novo

Numa sociedade em que não se olha para o futuro do seu sangue novo, fica a questão de qual será o futuro dessa sociedade.
Na verdade, enquanto a sociedade não olhar para cada jovem como aquele que poderá ser um futuro advogado, médico, mecânico, agricultor, etc... será sempre uma sociedade falida.
Os jovens precisam de liberdade, de regras e mais um não sei o quê...
Mas o que os jovens mais precisam é de carinho, atenção aos seus problemas e amor.
A questão é saber se esse carinho, essa ateñção e amor pelos mais jovens circulam nesta sociedade. Se os mais velhos são tratados como são, então como estão a ser tratados os jovens?
No centro de uma grande crise familiar e de uma grande crise social, que respostas podem esperar as gerações mais novas. Numa sociedade em que nada se identifica com o nada...
Por outro lado numa sociedade envelhecida, e que não assume essa velhice, que hipóteses existem dessa mesma sociedade se renovar...

sábado, 19 de março de 2011

Geração à Rasca/Corporativismo/Boys/Fermento

Há precisamente uma semana, Portugal, enfrentava 300 mil pessoas nas ruas...
Volvida uma semana, vemos os resultados. Já ninguém se lembra, como já seria de esperar, e como também já deu para perceber que o que importa não é o desemprego ou a precariedade, ou a pobreza. O que importa mesmo é a queda do Governo a todo custo, o resto pouco importa.
Esse resto são as pessoas, o Povo, e desse ninguém se lembra. O que importa é assegurar "os boys". Esses já estão escolhidos...
Uma sociedade que não se renova com sangue novo tem duas opções: ou fica estanque, ou o tempo se encarrega de a fazer desaparecer...
Senão, notai, desde 1974 que se vê sempre as mesmas caras, as mesmas pessoas, os mesmo discursos...
E para o pessoal da "Geração à Rasca", esta é a verdadeira REVOLUÇÃO em Portugal: Resistir ao corporativismo partidário dos boys e defender o que é nosso.
Na verdade, quando o corporativismo começar a ser desmantelado em Portugal, então se pode acreditar numa verdadeira Revolução.
O contrário é fermento ao cimo da terra...

sexta-feira, 18 de março de 2011

A peça de teatro continua...

O Primeiro-Ministro ameaça com a demissão caso seu quarto PEC não seja aprovado. Parece uma birra de criança, mas não é...
Por seu turno o PSD afirma que a peça de teatro chegou ao fim.
Se chega ao fim ou não, o futuro o irá ditar, porque de teatros, circos e danças de tango estamos cheios.
Não se percebe ainda qual a finalidade de fazer cair um Governo que foi eleito pelo eleitorado português para QUATRO anos.
Como também não se percebe qual as alternativas que o PSD oferece ao eleitorado caso venha a ser Governo.
E o teatro continua...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Geração Desenrascada (um pedido de esclarecimento)

Parvos são aqueles que não respeitam o nosso esforço, que não respeitam a nossa qualidade. Parvos são todos aqueles que não respeitam os nossos canudos.
A manifestação agendada para o dia 12 de Março deixou-me expectante (por saber como se vai desenrolar e se fará os seus participantes tomar mais atitudes que nos ajudem a melhorar o país) e orgulhosa (por ter resultado de um acto espontâneo, de cidadania). Faço parte da «geração à rasca», que já foi denominada como «rasca», mas que com este gesto revelou que se em parte não o conseguiu até agora está, pelo menos nos seus planos, desenrascar-se.

Não se trata de uma manifestação política, nem obrigatoriamente contra todos os políticos (embora tenha a triste sensação que uns e outros se aproveitarão da situação), mas de uma manifestação que pretende mostrar que a «geração rasca» de há dez/quinze anos, provou que as más-línguas estavam erradas e deu origem à geração mais qualificada de sempre. Uma geração que não consegue crescer por inúmeros factores, uns da sua responsabilidade obviamente, outros alheios a si, e nem todos justificados pela crise. Uma geração que, pelo menos agora, resolveu fazer uso da sua formação e utilizar uma ferramenta cívica que pode não mudar o mundo, mas que serve para mostrar que não somos os únicos «parvos» na situação actual. Numa reportagem ouvi um dos jovens dizer «parvos são vocês que não nos aproveitam». Subscrevo totalmente e neste caso esta expressão nem sequer é um insulto. Trata-se apenas da constatação de um facto.

Temos jovens preparados, com experiência a menos para uns empregos e com qualificações a mais para outros, jovens preparados que não conseguem contratos, que têm baixos salários. Jovens preparados com vontade de trabalhar, de crescer, de se tornar independentes e que, por isso, muitas vezes acabam por ter de aceitar trabalhos em condições que não correspondem à sua formação e à sua preparação. Jovens que, trabalhando honestamente, em condições precárias, com baixos salários, num esforço claro para conquistarem a sua vida, ouvem muitas vezes uma expressão desdenhosa que mata e magoa de «tantos anos a estudar e não conseguiste melhor? Tens o canudo para ficar debaixo do braço!»Nem só de canudos vive o homem, é verdade, não é por sermos «doutores» que somos melhores que ninguém, mas também não temos culpa de ter estudado, de nos termos qualificado e com toda a certeza não o conseguimos por sermos parvos.

Felizmente não estou «à rasca» mas conto estar presente na manifestação, em apoio à minha geração (e mesmo correndo o risco de que «degenere» por aproveitamento político), porque os parvos não somos nós. Parvos são aqueles que não nos dão valor, aqueles que não respeitam as nossas horas de sono perdidas a estudar, as tabletes de chocolate comidas para vencer o cansaço, as pilhas de nervos nos exames, nas apresentações, e os quilómetros de conhecimento que pusemos cá dentro. Parvos são aqueles que não respeitam o nosso esforço, que não respeitam a nossa qualidade. Parvos são todos aqueles que não respeitam os nossos canudos.

P.S. – Apercebi-me nos últimos dias que foram marcadas várias manifestações na mesma data e a mesma zona da manifestação da «geração à rasca». Quero deixar aqui claro que, mantendo a minha opinião sobre a manifestação da «geração à rasca», não tomarei parte em nenhuma manifestação para a demissão do governo, da classe política e afins. Uma vez que a situação não fica clara, com estas colagens de várias manifestações, não me encontrarei junto dos membros da minha geração. A minha concordância é com um movimento espontâneo, cívico, de jovens adultos, que pretendem passar a mensagem de que estão qualificados e preparados para ajudar o país e que esperam que o país se prepare para os tratar como válidos. Não me revejo, em absoluto, em qualquer manifestação cujos objectivos não me parecem claros nem merecedores de credibilidade, muito pelo contrário, parecem-me perigosos.

Rita Bruno, in "Família Cristã", 04/03/2011

Uma questão de fé...

Durante o passado fim-de-semana assistimos quase "em directo" ao Apocalipse em terras nipónicas.
Ao ver as imagens perguntava-me se Deus estaria presente naquela tragédia. Como tantos outros certamente se perguntavam...
Mas que pergunta...
Deus está presente em cada homem e mulher, basta cada um abrir o seu espírito a Ele.
Diariamente somos confrontados com esta pergunta: Onde se encontra Deus? Num mundo em que as palavras tragédia, crise, conflito, guerra são uma contante...
No entanto, a resposta será uma pergunta inevitável: onde se encontra Deus na vida do Homem? Porque em boa verdade, rejeitamos e negamos a Sua presença na nossa vida! Pura e simplesmente não O queremos ter presente na nossa vida. É coisa que não interessa...
Na verdade, se não aceitamos Deus presente na nossa vida, como queremos que a sua presença seja uma constante na vida do mundo?
Porém, notai, Deus é como um amigo, que todos os dias nos bate à porta, e que todos os dias nós Lhe fechamos a porta, no entanto, Ele continua à porta. Basta abrir!
Deus seja a consolação, a paz e a força do Povo Japonês neste momento...

quarta-feira, 16 de março de 2011

É fascinante...

Depois de 2008, aí está novamente a revolta, que faz parar o país, e colocar Governo e cidadãos com os cabelos em pé - a Greve dos Camionistas.
As corridas aos supermercados...
As corridas às bombas de combustível...
Mas é incrível, que desta vez nem o BE, nem o PCP, nada digam sobre esta matéria. O preconceito ideológico deixa-os cegos, porque afinal, a greve, não parte da iniciativa do proletariado, mas do patronato.
Na verdade, é fascinante a fidelidade dos trabalhadores, deste sector, ao seu patrão.
Assim como é fascinante a imposição da greve a quem não está para participar nela. E depois ainda querem que se acredite em direitos, liberdades e garantias.
Além disso, fico na expectativa de um dia ver os camionistas portugueses a pararem por sua iniciativa, em defesa dos seus direitos e deveres e não por vontade de outros...

terça-feira, 15 de março de 2011

E agora?

No passado sábado mobilizaram-se 300 mil pessoas. Uma questão de números.
Na verdade, o objectivo foi conseguido: tentar sensibilizar e mobilizar o país para a "situação".
Laico ou não, apartidário ou não, tudo foi processado e conspirado através do mundo virtual. Talvez uma imitação caseira do que tem sido as revoluções no Médio Oriente.
No entanto há perguntas que terão de ser feitas e são inúmeras. Mas há uma que eu gostaria de deixar: realizou-se a manifestação, e agora? Qual o futuro desta mobilização?
Porém, já se percebeu que o Governo PS está atravessar o seu Inverno, até à sua hibernação final.
E já se avista uma Primavera quente...

segunda-feira, 14 de março de 2011

A recriação da História

Depois do discurso do PR, na Assembleia da República, em dia de tomada de posse, ficou no ar uma certa conflitualidade entre Belém e S. Bento. No entanto, ficamos pelo "parece que..."
Não deixa de ser oportuno que para a imprensa, e para outras estruturas, que um conflito entre Sócrates e Cavaco seja bastante positivo e rentável.
Na verdade, já percebemos que a linguagem política, em Portugal está a mudar. E até já sabemos o senhor que se segue. Mas não se sofra ilusões...
Porém, continuo a acreditar que as relações entre Governo e Presidente da República são de autêntica cooperação estratégica e institucional. Não se retirem frases de contexto para gerar gritaria... Isso é baixaria pura!
Nesta festa, a cereja em cima do bolo seria mesmo um fim-de-semana de José Sócrates em Pulo do Lobo/Mértola. Uma boa recriação histórica...
Deixem a História seguir o seu rumo, ela fará os seus julgamentos!

domingo, 13 de março de 2011

Um sinal

Desde o inicio do ano que temos sido sobressaltados com o efeito dominó revolucionário no Norte de África e Médio Oriente.
Seria inevitável que tal não acontecesse, a grandes senhores que estão no poder à mais de trinta anos.
E aqui fica fica um sinal de uma sociedade em que a voz da juventude fala mais alto.
Aqui está o poder de uma sociedade que se mobiliza, não em praças públicas ou em assembleias plenárias, mas uma sociedade que faz a revolução a partir de um teclado de computador.
No entanto, esperemos que estes regimes totalitários sejam substituidos de facto por regimes democráticos e livres. Que por detrás de toda esta revolta não esteja o fantasma religioso, mais uma vez a dominar a política.
A ver vamos...

sábado, 12 de março de 2011

O 09 de Março

O Prof. Aníbal Cavaco Silva, tomou posse no passado dia 09 de Março, como Presidente da República.
O momento marcante deste dia foi o seu discurso em plena Assembleia da República, com um verdadeiro "sobressalto cívico".
Quer gostemos ou não, o Presidente foi cirúrgico, e cortou a bisturi a verdadeira realidade do país.
Na verdade, o Presidente tem de ser isento politicamente, mas um Presidente não pode calar a voz dos cidadãos. Foi eleito pelos cidadãos e deve falar em nome dos cidadãos, dentro e fora do país.
Para quem acha que o discurso do Presidente não foi isento, ou não vive neste país, ou não conhece a realidade do país, ou então gosta que o país viva em Carnaval o tempo todo.
O Sol não pode ser tapado com a peneira, e a verdade é que não temos tempo actualmente para discursos do politicamente correcto, e de discursos tecnocratas que em nada mobilizam as pessoas para os reais problemas dramáticos deste país.
Por outro lado, se o Presidente só no segundo mandato é que acordou para os problemas do país, também o país parece que só agora é que acordou para os seus problemas.
Só nos resta aguardar para ver se de facto o dia 09 de Março marca o novo ciclo político em Portugal.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Geração Desenrascada

Parvos são aqueles que não respeitam o nosso esforço, que não respeitam a nossa qualidade. Parvos são todos aqueles que não respeitam os nossos canudos.
Amanifestação agendada para o dia 12 de Março deixou-me expectante e orgulhosa. Faço parte da «geração à rasca», que já foi denominada como «rasca», mas que com este gesto revelou que se em parte não o conseguiu até agora está, pelo menos nos seus planos, desenrascar-se.

Não se trata de uma manifestação política, nem obrigatoriamente contra todos os políticos, mas de uma manifestação que pretende mostrar que a «geração rasca» de há dez/quinze anos, provou que as más-línguas estavam erradas e deu origem à geração mais qualificada de sempre. Uma geração que não consegue crescer por inúmeros factores, uns da sua responsabilidade obviamente, outros alheios a si, e nem todos justificados pela crise. Uma geração que, pelo menos agora, resolveu fazer uso da sua formação e utilizar uma ferramenta cívica que pode não mudar o mundo, mas que serve para mostrar que não somos os únicos «parvos» na situação actual. Numa reportagem ouvi um dos jovens dizer «parvos são vocês que não nos aproveitam». Subscrevo totalmente e neste caso esta expressão nem sequer é um insulto. Trata-se apenas da constatação de um facto.

Temos jovens preparados, com experiência a menos para uns empregos e com qualificações a mais para outros, jovens preparados que não conseguem contratos, que têm baixos salários. Jovens preparados com vontade de trabalhar, de crescer, de se tornar independentes e que, por isso, muitas vezes acabam por ter excesso de humildade e aceitam trabalhos em condições que não correspondem à sua formação e à sua preparação. Jovens que, trabalhando honestamente, em condições precárias, com baixos salários, num esforço claro para conquistarem a sua vida, ouvem muitas vezes uma expressão desdenhosa que mata e magoa de «tantos anos a estudar e não conseguiste melhor? Tens o canudo para ficar debaixo do braço!»

Nem só de canudos vive o homem, é verdade, não é por sermos «doutores» que somos melhores que ninguém, mas também não temos culpa de ter estudado, de nos termos qualificado e com toda a certeza não o conseguimos por sermos parvos.

Felizmente não estou «à rasca» mas conto estar presente na manifestação, em apoio à minha geração, porque os parvos não somos nós. Parvos são aqueles que não nos dão valor, aqueles que não respeitam as nossas horas de sono perdidas a estudar, as tabletes de chocolate comidas para vencer o cansaço, as pilhas de nervos nos exames, nas apresentações, e os quilómetros de conhecimento que pusemos cá dentro. Parvos são aqueles que não respeitam o nosso esforço, que não respeitam a nossa qualidade. Parvos são todos aqueles que não respeitam os nossos canudos.

Rita Bruno, in "Família Cristã", 04/03/2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Não havia necessidade...

O Primeiro-Ministro foi ontem a Berlim...
Noutros tempos alguém diria: "Afinal para que serviu a II Grande Guerra?"
E percebemos a justificação desta subordinação europeia ao Império Alemão - Pura Economia!
Para além disto, é de lamentar todo aquele tempo de antena dado pela RTP no seu serviço informativo do Telejornal.
Onde fica a isenção jornalística da RTP?
Fez lembrar outros tempos...
E não havia necessidade!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Uma pseudo-revolta...

Com uma manifestação marcada para dia 12 de Março, está toda uma geração à rasca...
E ao que parece anda tudo muito aflito com esta "pseudo-revolta..."
Tudo isto gerou-me uma nostalgia de outros tempos.
O tempo em que vi nas ruas de Lisboa 13000 estudantes.
O tempo em que vi numa Associação Académica 50 estudantes reunidos e preocupados com o seu futuro, enquanto outros 100, 200 ou 300 festejavam com celebrações bem regadas com "Sagres" ou "SuperBock"...
O tempo em que vi RGA's com 15 estudantes (e algumas até menos)
O tempo em que vi as Associações Académicas serem engolidas pelas máquinas partidárias
O tempo em que havia uns que eram os "revolucionários", os outros, aqueles que pura e simplesmente aproveitavam os dias de greve, para ir para casa, ou para ir passear...
E esta é a "geração à rasca" que agora acorda...
Será que ainda vai a tempo?