quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O disfarce da dívida

Por estes dias, a Madeira vive dias quentes, não só pelo pleito eleitoral de 09 de Outubro próximo, mas também pelo buraco da dívida só agora detectado.

No centro deste tornado, existem vários factos que acho curioso analisar...

O facto de ninguém saber de nada antes da bomba explodir.

O facto de ser agora com eleições à porta.

O facto de a imprensa estar a ser utilizada para este combate (o que é proveitoso para a mesma).

O facto do Dr. Jardim não ser o único que neste país deveria ser chamado a contas. Ou todos já se esqueceram que há por aí alguém refugiado em Paris, e que ninguém lhe pede contas. E muitos mais...

Falamos da dívida da Madeira... E as restantes dívidas e mais dívidas que este país contém e que estão escondidas. Por estarem escondidas ninguém fala delas.

Que tema interessante para disfarçar, por exemplo, os 533.000 desempregados inscritos...

Que tema interessante para disfarçar a pobreza extrema a que este país vai estando remetido...

Que tema interessante para disfarçar que este país neste momento tem de se mobilizar em torno do que realmente interessa: sair deste marasmo a que foi votado...

E não se espere pela governança, tem de partir da vontade de todos (Homens e Mulheres que fazem os dias desta Nação), como foi a Primavera Árabe.


josé miguel

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Falando da Praxe Académica...

Em tempo de inicio de mais um ano lectivo seria útil relembrar a definição de Praxe.

A Praxe tem em vista a integração dos caloiros no novo mundo, numa nova vida, num novo ciclo que se abre na sua vida. E só com este fim é destinada a praxe.

Porém, se a praxe fôr um método de desintegração e abandono deste novo percurso para todos aqueles que agora começam... É tudo, mas não lhe chamem praxe!

Ao circular pelas ruas de algumas cidades do país, nestes próximos dias, vemos que por vezes a praxe é mais desintegração do que integração. E isto, porque ainda paira sobre a nossa sociedade o nevoeiro de uma sociedade que confunde autoridade com autoritarismo, medo com respeito, liberdade com libertinagem.

No entanto, os caloiros de hoje, não são os caloiros de à 10 anos. E, se da parte de quem praxa os novos caloiros, existe abusos, TAMBÉM EXISTE ABUSOS DA PARTE DE QUEM É PRAXADO PELOS VETERANOS, ou seja, dos caloiros. Também eles, faltam ao respeito e à educação de quem muitas vezes tem idade para ser irmão (ã) mais velho (a) deles...

Porque se existe autoritarismo na Praxe, por parte de quem praxa, também existe uma enorme falta de educação e respeito pelas pessoas que lá estão.

Mas, esta é uma matéria que não é denunciada pela Imprensa...

Tinha curiosidade de ver na nossa Imprensa este título: CALOIRO FALTOU AO RESPEITO A VETERANOS, POR ISSO FOI REPREENDIDO!

Mas, notícias a este nível não tem interesse...



josé miguel

sábado, 17 de setembro de 2011

O que significa "Deus é Amor"?

Se Deus é o amor, não há criatura que não seja sustentada e envolvida por um infinito desejo de bem. Deus não só declara que é o amor, mas também o demontra: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos." (Jo 15, 13) [218, 221]


Nenhuma outra Religião afirma o que diz o Cristianismo: "Deus é amor." (1Jo 4, 8.16) A fé assenta nesta expressão, embora a experiência da dor e da maldade no mundo faça muitos duvidar de que Deus seja realmente amoroso. Já no Antigo Testamento Deus comunica ao Seu Povo, pela boca do profeta Isaías: "Visto que és precioso e honrado aos meus olhos e Eu te amei, assim por ti dei nações inteiras. Não temas, pois, porque Eu estou contigo." (Is 43, 5) E fá-lo dizer: "Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei." (Is 49, 15) Que o discurso do Amor divino não consiste em palavras vazias demonstra-o Jesus na cruz, onde Ele entrega a Sua vida pelos Seus amigos.


YOUCAT, nº 33, 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Espiritualidade sem religião?

Tinha razão o grande Vinicius de Moraes quando escreveu: "A vida é feita de encontros, mas há tanto desencontro na vida!" Cada dia é uma confirmação desta frase, uma certificação desta tese, um sufrágio desta percepção.

Sonhamos com a paz e vamo-nos atolando no lamacento estendal da guerra. Queremos desenvolvimento e deparamos com a crise. Ansiamos por justiça e afundamo-nos permanentemente na injustiça. Enfim, somos o que não queremos. E não conseguimos ser o que desejamos.

Este desencontro afecta as pessoas e não deixa de lado as instituições. É, por exemplo, sumamente curioso verificar como há uma crescente procura de espiritualidade fora do âmbito religioso. É legítimo, sem dúvida. Mas convenhamos que é também um pouco estranho. É legítimo porque a liberdade impõe que se respeite as opções de cada um e as referências de cada qual. A estranheza, porém, fará a sua aparição: é que as religiões estão em condições priviligiadas para saciarem esta sede e satisfazerem esta busca.

Cada uma a seu modo, as religiões estão habilitadas para assegurar um encontro da pessoa consigo mesmo. Porque é que não o estão a fazer? Nietzsche sentia que "o Homem é o ser mais distante de si mesmo" e Karl Ranner anotava a convicção de que "só Deus é a resposta total à total interrogação do Homem."

Como entender, então, este falhanço? Como enquadrar este equívoco? Não será caso para fazer uma avaliação? Não será oportuno apurar a fiabilidade das religiões? Será que elas estão a corresponder ao que lhes é pedido?

Uma religião existe não apenas para transmitir ensinamentos. Ela existe sobretudo para melhorar a vida das pessoas. Tal melhoramento pode incluir, como é óbvio, a transmissão de conteúdos doutrinais e preceitos éticos. Só que tudo isso se insere numa oferta de sentido que tem de ser percebida. Será que estamos a conseguir? Muitas vezes, a nossa vivência religiosa limita-se ao ritualismo, descuidadndo-se a vivência, o sabor e o compromisso. Tornamo-nos quase autómatos na repetição do que nos ensinaram e abdicamos de valorizar o que dizemos.

É evidente que o problema não está nas fórmulas nem nos ritos. Estes encerram uma sabedoria enorme e uma pertinência imensa. O problema está na ligeireza com que os encaramos e no modo como (não) extraímos todo o potencial que têm.

O que é mais perturbador é saber e sentir que transportamos um potencial extraordinário e não tiramos dele qualquer partido. Deus é mistério de simplicidade, jovialidade, candura, amor, simpatia, acolhimento e estima. Infelizmente, os nossos relacionamentos ainda estão muito pautados pela frieza, pelo ressentimento, pela arrogância e pela prepotência.

Urge, pois, revisitar as nossas raízes. Há virtualidades inauditas no Evangelho que professamos e no património espiritual que nos está confiado. É tempo de redescobrir a beleza do gesto, a importância da atitude, o calor do cumprimento. É hora de nos alegrarmos com o sorriso da criança. De irmos ao encontro do idoso e de lhe oferecermos o melhor presente: o presente da presença!

É pena que, às vezes, nos pareçamos com o palhaço da estória de Kierkegaard e que Joseph Ratzinger inclui no seu livro Introdução ao Cristianismo. O acampamento do circo estava a arder, o palhaço, já revestido para o espetáculo, veio à aldeia pedir ajuda. Só que toda a gente olhou para ele e ninguém o levou a sério. Até pensaram que era um número de circo bem conseguido!

É fundamental que nós, crentes, reganhemos credibilidade para o anúncio. É pelo testemunho de vida que atrairemos os outros para Jesus Cristo!


TEIXEIRA, João António Pinheiro, "Paixão de Deus pelos Homens", Lisboa, Ed. Paulus, 2011, págs. 128-130

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Do Evangelho Segundo S. João

"Naquele tempo, junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!»
Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua."


Jo 19, 25-27

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A resposta foi dada à 120 anos

A propósito do 27º Encontro da Pastoral Social, promovido pela Comissão Episcopal de Pastoral Social e a realizar-se em Fátima, remete o pensamento para o 120º aniversário da publicação da Encíclica "Rerum Novarum" do Papa Leão XIII.


Mas o que tem de extraordinário este texto?


Em boa verdade, é uma pedra no charco, à época em que é escrito, para não dizer um autêntico tornado, dentro da Igreja, como fora dela.


A Igreja responde à emergência de um Socialismo, que rejeita Deus da Sociedade, e a uma Sociedade que carece de uma política social equitativa e igualitária, mergulhada numa ideia em que só pela luta de classes é possível a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade.


Porém, é pela "Rerum Novarum" que a Igreja diz que é possível a Liberdade com Deus, a Fraternidade com Deus, a Igualdade com Deus. E aqui está a Revolução, aqui está a luta...


É possível o direito e o dever na propriedade


É possível o direito e o dever no trabalho


É possível o direito e o dever no salário


É possível o direito e o dever no patronato


É possível o direito e o dever no Estado


É possível o Homem ser homem com direitos e deveres.


É possível a vida...


Estavam assim lançadas as armas para a Doutrina Social da Igreja. Uma mesma Igreja que anos antes tinha condenado todas as ideias do Liberalismo, através da "Syllabus errorum" de Pio IX. É nestes momentos em que se vê e se sente que a Igreja não está atrasada no tempo, antes pelo contrário, com um avanço extraordinário, capaz de supreender. Simplesmente o seu "modus operandi" não é o da Sociedade... E mal vai a barca de Pedro, quando esta barca não fôr resposta aos problemas da Sociedade, como foi em 1891, e como é agora actualmente. Porque, ao fim de contas, a Igreja é de Deus...


Apesar, de muitos defenderem que o objectivo final da "Rerum Novarum" era um aproximar da Igreja às novas ideias que emergiam na época, para não perder influência política, económica ou social. Na verdade, enganam-se redondamente. Porque afinal quem faz afirmações destas, não sabe, não conhece o que fala. Se a Igreja pensasse dessa forma a esta hora seria uma instituição desfeita em escombros.


Hoje, ler e analisar, "Rerum Novarum", é um imperativo que se coloca a qualquer governante, ou a qualquer cidadão mais preocupado com estas questões.


Muitas são as comparações temporais que possamos fazer com a sociedade de 1891, algumas semelhantes, e por isso é hora, não de reescrever uma "Rerum Novarum", mas de construir a sociedade da "Rerum Novarum", porque os alicerces estão lançados.




Aqui fica o link para quem tomar a liberdade de ler:


http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html


josé miguel

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O que significa "Deus é a Verdade"?

"Deus é Luz e n' Ele não há trevas." (1Jo 1, 5) A Sua Palavra é a Verdade (Pr 8, 7; 2Sm 7, 28), e a Sua Lei é a Verdade (Sl 119, 142). O próprio Jesus responde pela Verdade de Deus quando, diante de Pilatos, confessa: "Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da Verdade." (Jo 18, 37) [214-217]


Deus não pode ser submetido a um processo de demonstração, a ciência não pode fazer d´Ele um objecto comensurável. E, no entanto, Deus deixa-Se submeter a um tipo especial de demonstração: que Deus é a Verdade sabemo-lo por via da absoluta credibilidade de Jesus. Ele é "o Caminho, a Verdade e a Vida." (Jo 14, 6). Isso pode descobrir e experimentar quem a Ele se abandona. Se Deus não fosse "verdadeiro", a fé e a razão não poderiam entrar em diálogo. É possível, porém, um entendimento entre elas, porque Deus é a Verdade e a Verdade é divina.


YOUCAT, nº 32, 2011