Norberto foi um dos mais eficazes colaboradores na reforma gregoriana.
Queria, primeiramente, que o clero fosse convenientemente preparado,
dedicado a um ideal de vida genuinamente evangélica e apostólica, casto e
pobre, que possuísse «ao mesmo tempo a veste e o ornamento do homem
novo: aquela por meio do hábito religioso, este pela dignidade do
sacerdócio», e que procurasse sempre «seguir as sagradas Escrituras e
ter Cristo por guia». Três coisas costumava recomendar-lhe: «decoro no
altar e nos ofícios divinos; emenda das faltas e negligências no
capítulo conventual; solicitude e hospitalidade para com os pobres».
Ao
lado dos sacerdotes, que no mosteiro faziam as vezes dos Apóstolos,
colocou, a exemplo da Igreja primitiva, tão grande multidão de fiéis,
leigos, homens e mulheres, que muitos afirmavam ninguém ter conseguido
para Cristo, desde os tempos dos Apóstolos, tão grande número de
imitadores na vida de perfeição e em tão breve tempo.
Tendo sido
nomeado arcebispo, chamou os seus irmãos da sua Ordem para converter à
fé a região dos Vénedos, e procurou reformar o clero da sua diocese,
apesar da oposição e agitação do povo.
A sua maior preocupação foi
consolidar e aumentar a harmonia entre a Sé Apostólica e o Império,
salvaguardada porém a liberdade quanto às nomeações eclesiásticas. A
este respeito escreveu-lhe o papa Inocêncio II: «A Sé Apostólica
congratula-se muito sinceramente pela tua dedicação»; e o imperador
nomeou-o chanceler do Império.
Tudo conseguiu movido pela fé mais
intrépida. Dizia-se: «Em Norberto brilha a fé, como em Bernardo de
Claraval a caridade». Distinguia-se, além disso, pela afabilidade no
trato: «sendo grande entre os grandes e pequeno entre os pequenos, para
com todos se mostrava amável». Enfim, era dotado de grande eloquência:
contemplando e meditando assiduamente as realidades divinas, pregava com
o maior desassombro «a palavra de Deus cheia de fogo, que queimava os
vícios, estimulava as virtudes e enriquecia as almas bem dispostas com a
sua sabedorias».
(As palavras colocadas entre aspas são tiradas da Vida de S. Norberto,
escrita por um cónego regrante Premonstratense: PL 170, 1262. 1269.
1294. 1295; Carta Apostólica de Inocêncio II dirigida a S. Norberto, de 7
de Junho de 1133, com selo de chumbo: Acta Sanctorum, 21, no Apêndice,
p. 50)
in Liturgia das Horas