«Recebestes o Espírito de adopção filial, pelo qual exclamamos: ‘Abbá, Pai’» (Rom 8, 14-17)
Somos convidados neste Domingo a contemplar o mistério da Santíssima Trindade. Enquanto crentes somos confrontados com este admirável e magnânime mistério da nossa Fé, que na oração do "Credo" professamos acreditar. O que é a Santíssima Trindade? Na verdade, uma comunidade de amor no Pai, no Filho e no Espírito Santo. E em bom rigor, é pelo amor que podemos procurar entender este mistério que reune o Amor do Pai, o Amor do Filho e o Amor do Espírito Santo.
A leitura do livro do Deuteronómio é uma retrospectiva pela História de como Deus não abandona o seu Povo, nesta história que é de Salvação e de Vida. Porque Ele é amor e porque nos ama, Ele quer-nos para si. Porém, dá-nos a liberdade, porque o amor é liberdade. Por isso as sombras da nossa vida são opções que fazemos, porque somos livres. Procuramos uma liberdade, sem Deus, quando este Deus é a Liberdade. Mas que Liberdade buscamos?
Diz-nos o Evangelho de hoje: Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu
estou sempre convosco até ao fim dos tempos (Mt 28, 16-20). Um convite a ser testemunho de Jesus Cristo. Ser neste mundo, neste tempo, sinal de Deus juntos de todos os irmãos, crentes e não-crentes! Sem medo, de falar de Jesus Cristo! Os Cristãos não podem continuar encerrados em quatro paredes. É na Praça Pública que se fala de Jesus Cristo. Para isso temos de lhe abrir o coração!
Quantas vezes Jesus Cristo não passa na nossa vida e nós, simplesmente, o rejeitamos? Quantas vezes está ao nosso lado e nós teimamos em lhe fechar o coração? Há dias ouvia esta frase: "A Igreja abriu-se ao Mundo, mas o Mundo fechou-se à Igreja!" A Igreja (ainda com as suas sombras, e as suas luzes) é a voz de Cristo que clama neste Mundo, mas teimamos em querer calar esta voz. Porquê? Porque teimamos fechar o coração à realidade de Deus, quando no fundo do nosso ser precisamos de Deus, como do pão para a boca...? Fechamos-Lhe a porta, mas gritamos por Deus! Porquê? Porém, a garantia é nos dada pelo próprio Jesus: Eu
estou sempre convosco até ao fim dos tempos (Mt 28, 16-20). Não tenhamos medo!
O apóstolo São Paulo, confronta-nos neste dia: Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o
Espírito de adopção filial, pelo qual exclamamos: «Abbá, Pai» (Rom 8, 14-17) Qual é o pai que abandona o seu filho? Assistimos, hoje, ao derrube da instituição familiar, à desarticulação desta comunidade basilar da Sociedade! Tudo se faz para o derrube institucional da Família. E os efeitos aí estão traduzidos pela perda desse património imaterial da Humanidade que é o Amor. Temos medo, até, de falar do Amor. A crise de que tanto falamos, não está na economia ou na política. A crise de que tanto falamos está no déficit de Amor. Uma sociedade que tem déficit de Amor, como pode subsistir? É tempo de proclamar o Amor como Património Imaterial da Humanidade.
Deixar Jesus Cristo falar é determinante na vida do Homem. Vivemos com muita histeria à nossa volta... Seria tempo de fazer silêncio e deixar que Jesus Cristo fale-nos. O que nos tem Ele para nos dizer? Fica no ar, um certo abafar a voz de Cristo, que quer falar ao Homem... Afinal, quem anda com medo que Jesus Cristo fale ao Homem de hoje? Deixai Jesus Cristo falar...
josé miguel