Cidade do Vaticano - Hoje a liturgia nos fala
sobre a liberdade do coração de Deus. Vivemos em um mundo onde nos são
exigidas carteirinhas, passaportes, enfim, tudo aquilo que registra
nossa pertença a alguma associação, a algum país e sem a apresentação
desse registro ficamos na rua, sem possibilidade alguma de ingressar no
local desejado.
Muitos
pensam desse modo em relação à religião e, pior ainda, também em
relação a Deus. Queremos enquadrar não apenas as pessoas, mas também
Deus.
Tanto o Livro dos Números quanto o Evangelho de Marcos comentam
esse modo de ser existente naqueles que foram chamados a ficar ao lado
de Deus, a participar de sua intimidade, e que se aborrecem porque
outras pessoas, que não são do grupo dos seguidores, de repente, estão
na intimidade do Senhor.
Em Números encontramos o caso de dois homens
que não haviam acompanhado o grupo dos escolhidos para receber o dom de
profetizar, começaram a fazê-lo no acampamento. Um jovem, preocupado
com o fato, foi avisar Moisés, imediatamente. O grande líder respondeu:
“Quem dera que todo povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe
concedesse o seu espírito!”
Em São Marcos encontramos João dizendo a
Jesus que ele e seus companheiros havia encontrando um homem que estava
expulsando demônios, e que o haviam proibido de fazê-lo, por não ser do
grupo dos discípulos. Agindo do mesmo modo como Moisés, o Senhor
discorda desse gesto e diz: “Não o impeçais... Porque quem não é contra
nós é por nós.”
O Espírito de Deus - que sopra onde e quando quer - é
dado a todos, pois cada um dos seres humanos foi criado em um
particular gesto de carinho de Deus, o Pai de todos. Do mesmo modo, a
redenção de Jesus foi feita em nome de todos e para todos. Deus é livre
para se revelar a quem quiser, e manifestar de modo especial o seu amor.
Como
nos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo tocou a inteligência e o
coração de um pagão, e o fez desejar o Batismo. Nesse relato da
conversão do etíope, vemos o papel importantíssimo do Diácono Filipe ao
obedecer à inspiração de Deus e se aproximar do pagão.
Que em nossa vida sejamos facilitadores do amor de Deus e não coloquemos empecilhos à ação do Espírito Santo!
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