De Santa Teresa do Menino Jesus, religiosa carmelita e doutora da Igreja
A Irmã Maria da Eucaristia queria acender as velas para uma procissão e,
como não tinha fósforos, vendo a lamparina que arde diante das
relíquias, dela se aproxima mas oh!, encontra-a quase apagada, não lhe
restando senão uma pálida luzinha no pavio carbonizado. Apesar disso,
consegue acender a sua vela e, a partir dela, as da comunidade toda que,
daí a pouco, tinha todas as velas acesas. Foi, pois, esta pequena
lamparina, quase extinta, que produziu outras chamas seguras, as quais,
por sua vez, puderam produzir uma infinidade doutras e, até, incendiar o
universo. No entanto, se quiséssemos determinar a origem desse
incêndio, seria preciso reportar-nos sempre àquela minúscula lamparina.
Como poderiam então as outras chamas, sabendo disso, gloriar-se de ter
causado tamanho incêndio, uma vez que apenas foram acesas por contágio
da pequena centelha? [...]
O mesmo se passa com a comunhão dos santos. Sem o sabermos, muitas vezes
as graças e as luzes que recebemos ficam a dever-se a uma alma
escondida, porque o Deus de bondade quer que os santos comuniquem uns
aos outros a graça através da oração, para poderem depois dedicar uns
aos outros um grande amor no Céu, um amor muito maior do que o de
qualquer família da terra, mesmo a mais perfeita. Quantas vezes pensei
que todas as graças que recebi se ficaram a dever à oração que uma
qualquer boa alma tenha feito por mim ao Deus de amor, e que só no Céu
conhecerei. Sim, uma pequena centelha basta para fazer nascer grandes
clarões em toda a Igreja, como doutores e mártires, que ocuparão no Céu
um lugar bem acima do dela; mas nem por isso se pode concluir que a
glória deles não será também a dela, porque no Céu não haverá olhares
indiferentes ─ todos reconhecerão que se devem mutuamente as graças que
lhes mereceram essa coroa de glória.
in evangelhoquotidiano.org