domingo, 19 de junho de 2016

No XII Domingo do Tempo Comum

“E vós quem dizeis que Eu sou?” Jesus faz uma pergunta a todos nós. Quem é para nós este Jesus Cristo do qual vos falamos e que tem feito escrever e pensar tantos e tantas nestes três milénios de história do Homem. Assistimos hoje pela ciência e pela arte a vários rostos que nos são dados do Jesus Nazareno. Porém, há um rosto em Jesus que não podemos banalizar que é o rosto do próprio Deus. Em Jesus está presente o próprio Deus. Nos primeiros séculos os cristãos confrontaram-se com a pergunta se de facto Jesus era ou não o rosto de Deus e/ou se Jesus era mesmo o próprio Deus humanado. A verdade é que em Jesus Cristo se operou uma revolução divina. As divindades até então que faziam a crença e a cultura daqueles povos viviam lá no Alto inalcançável, que os homens e as mulheres nunca poderiam alcançar. Também assim o foi no Judaísmo. O Deus do Judaísmo era então o Deus inacessível. Em Jesus Cristo este muro foi derrubado e o véu do templo rasgou-se ao meio para que pudéssemos ver e contemplar na Cruz o Deus feito homem e que tinha dado a vida por Amor pela humanidade inteira. Por isso a vida cristã é uma vida de Cruz. Uma Cruz que não é de sangue, nem de sofrimento, mas de dádiva. Dar-se por Amor. Dar-se para dar vida. É por isso que Jesus nos diz: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.” Todos os dias na nossa relação com os outros somos chamados a morrer para nós em detrimento do Outro. Um Amor que não é submisso, mas que se entrega. São Paulo fala na submissão das mulheres aos maridos (frase muito contestada), mas a submissão, é a submissão da entrega a um Amor, por seu turno São Paulo também nos diz que os maridos devem amar as suas esposas tal como Cristo amou a Igreja. Significa então que o Amor não é submissão a nada, nem a ninguém, mas antes entrega e dádiva de si mesmo ao Outro e por isso se exige respeito e tolerância pelo Outro. Como é que dois seres que se amam, um dia acabam por andar à “paulada” um ao outro? Significa que então algo vai mal nas nossa relações humanas actualmente. “Amem e façam o que quiserem”, diz-nos Santo Agostinho de Hipona.


jjmiguel