“E vós
quem dizeis que Eu sou?” Jesus faz uma pergunta a todos nós. Quem é para nós
este Jesus Cristo do qual vos falamos e que tem feito escrever e pensar tantos
e tantas nestes três milénios de história do Homem. Assistimos hoje pela
ciência e pela arte a vários rostos que nos são dados do Jesus Nazareno. Porém,
há um rosto em Jesus que não podemos banalizar que é o rosto do próprio Deus.
Em Jesus está presente o próprio Deus. Nos primeiros séculos os cristãos
confrontaram-se com a pergunta se de facto Jesus era ou não o rosto de Deus
e/ou se Jesus era mesmo o próprio Deus humanado. A verdade é que em Jesus
Cristo se operou uma revolução divina. As divindades até então que faziam a
crença e a cultura daqueles povos viviam lá no Alto inalcançável, que os homens
e as mulheres nunca poderiam alcançar. Também assim o foi no Judaísmo. O Deus
do Judaísmo era então o Deus inacessível. Em Jesus Cristo este muro foi
derrubado e o véu do templo rasgou-se ao meio para que pudéssemos ver e contemplar na Cruz o Deus feito homem e que tinha dado a vida por Amor pela
humanidade inteira. Por isso a vida cristã é uma vida de Cruz. Uma Cruz que não
é de sangue, nem de sofrimento, mas de dádiva. Dar-se por Amor. Dar-se para dar
vida. É por isso que Jesus nos diz: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.” Todos os dias na nossa relação
com os outros somos chamados a morrer para nós em detrimento do Outro. Um Amor
que não é submisso, mas que se entrega. São Paulo fala na submissão das
mulheres aos maridos (frase muito contestada), mas a submissão, é a submissão
da entrega a um Amor, por seu turno São Paulo também nos diz que os maridos
devem amar as suas esposas tal como Cristo amou a Igreja. Significa então que o
Amor não é submissão a nada, nem a ninguém, mas antes entrega e dádiva de si
mesmo ao Outro e por isso se exige respeito e tolerância pelo Outro. Como é que
dois seres que se amam, um dia acabam por andar à “paulada” um ao outro?
Significa que então algo vai mal nas nossa relações humanas actualmente. “Amem
e façam o que quiserem”, diz-nos Santo Agostinho de Hipona.
jjmiguel