domingo, 10 de julho de 2016

No XV Domingo do Tempo Comum

“Vai e faz tu também o mesmo”. Da Palavra do Evangelho deste domingo retiro dois pequenos pensamentos para estes dias. O primeiro pensamento é o Amor. O Amor pressupõe uma relação. Uma relação com o meu Outro. Temos nós de facto noção real deste sentimento que é divino e que permanece no coração do Homem? Às vezes sou tentado a olhar para os animais e a ver que estes nos dão sérias lições de Amor. Sinceramente, nós somos piores que os animais, porque os animais, não tendo uso da razão intelectual comportam-se e amam-se segundo os seus instintos melhor que o Homem. Entendo por isso, quando existem comentários e até dedicações um pouco mais efusivas de nós para com os animais, porque ao fim e ao cabo andamos todos à procura do mesmo: de Amor. Só o Amor dá sentido à nossa vida. Daqui sai o segundo pensamento: as nossas relações sociais. Hoje não temos relações sociais. Temos relações sociais de protocolo e nada mais. Não aprofundamos relações porque temos medo, desconfiamos, não nos abrimos à realidade do Outro, não entramos no mundo do Outro, porque o Outro também não se abre porque também tem medo de nós. Estamos mergulhados no medo de amar. O homem do inicio do III milénio tem medo do Amor, tem medo de amar, porque está cheio de estereótipos e preconceitos maquiavélicos na sua cabeça. Hoje somos capazes de amar mais um relógio do que uma pessoa. Triste mundo que ama o “ter” e que deixa de amar o “ser”. Não foi por acaso que o Papa Francisco convocou o Ano Jubilar da Misericórdia, porque o Santo Padre sabia bem o que estava a convocar e o problema é que esta misericórdia não pode ser uma misericórdia mundana, mas vinculada à vida de Jesus Cristo. Se assim não for é mais um Ano de Misericórdia e mais umas palavrinhas bonitas que “fica bem” dizer. O Ano da Misericórdia não pode ser um ano de protocolo, mas um ano desta experiência de misericórdia.


jjmiguel