“Bendito
é o fruto do teu ventre”. A Igreja hoje chama-nos a contemplar o dogma da
Assunção da Virgem Santa Maria. Os cristãos acreditam que a Virgem Maria foi
elevada ao Céu em corpo e alma pelo próprio Deus. Deus que em vida a perservou
sem mancha, também na hora da morte, Deus persevou a sua alma das trevas da
morte. Na verdade, não podia ser de outra maneira, Maria foi uma mulher como
nós, o que nela se gerou é fruto do Espírito de Deus. No nosso corpo estão as
nossas memórias profundas. Maria viveu uma vida em graça e Deus a quis
perservar nessa graça na hora da morte. Deus humilhou-se nascendo de uma
mulher, restituindo a dignidade à mulher. A mulher é o centro do acolhimento e
o centro da expectativa. À mulher foi dada a graça de poder gerar a vida.
Admirável sacerdócio... Haverá sacerdócio mais sublime do que gerar vida?
Vivemos hoje muitas confusões... “mas sem confusão, nem separação”: o homem é
para a mulher e a mulher para o homem e esta é a ordem natural da Natureza. O
homem é chamado pelo matrimónio a ser “pai” e a mulher a ser “mãe”, pelos
“filhos” que são resultado de uma união abrasada pelo Amor entre os dois. “O
homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles erão uma só carne.” Mc
10, 7-8. Qual é a dúvida afinal? A dúvida é que existe uma demissão do
verdadeiro papel do homem e do verdadeiro papel da mulher. A mulher deve amar o
seu marido, e o marido deve amar a esposa. Qual é a dúvida? Desse Amor nascem
os filhos e que são educados no Amor. Qual é a dúvida? O homem deve ajudar a
mulher nas suas tarefas domésticas, mas não é escravo da mulher, nem “dona de
casa”; bem como a mulher pode conduzir o carro; mas não é a motorista, nem a
empregada da casa. O que assistimos hoje é a desvirtualização de todas estes
conceitos e todas funções sociais que estão a cavar uma mina nesta sociedade
até ao seu desabamento. Lembrar que Maria foi uma como nós, que acolheu no seu
ventre o Filho de Deus e nela a Palavra se fez vida e habitou entre nós. Maria
soube ser mulher, numa sociedade que pura e simplesmente excluía as mulheres.
Se a morte de Jesus foi um escândalo para judeus e gregos, o nascimento não foi
melhor. Como poderia uma mulher dar à luz o Filho de Deus? Deus passa toda a
lógica humana e nem tudo na vida é ciência e um mais um pode não ser dois...
Somos por isso chamados a contemplar e a meditar diante destes mistérios da
nossa fé, porque se soubéssemos tudo não seriam mistérios e os mistérios de
Deus não se esgotam.
jjmiguel