domingo, 14 de agosto de 2016

No XX Domingo do Tempo Comum

“Eu vim trazer o fogo à terra”. Ao ler Evangelho pensava como conseguimos ainda ter uma noção de vida cristã muito romanceada. Quando penso no fogo penso em todos os cristãos que hoje de uma forma ou de outra são perseguidos. Ainda pensamos que os cristãos são perseguidos em países longínquos e que nada se passa à nossa volta. Provavelmente temos cristãos perseguidos mesmo no interior da nossa própria sociedade e até quem sabe dentro da nossa própria Igreja. Em boa verdade, o Evangelho de Jesus é revolucionário, porque nos fala do mais frágil que há em nós que é a nossa capacidade de amar. Somos engolidos hoje por uma mensagem distorcida acerca do amor que nos leva para um amor erótico, concupiscente e isto porque vivemos hoje numa carência muito grande de Amor. Queremos ser amados a todo o custo, mas não nos deixamos amar, porque temos de medo de ser amados. A própria palavra “amar” nos causa vergonha e nos deixa constrangidos e isto porque estamos mergulhados em preconceitos e com a cabeça cheia de mitos e não conseguimos distinguir mais nada, porque os nossos mundos são a preto e branco. Amar vai muito além da genitalidade sexual. Fico espantado como uma sociedade tão livre, vive tão presa a coisas velhas. Será necessário falar de Amor, de sexualidade, de genitalidade, de moral, de ética, de valores... Mas ainda todos temos medo falar disso. Ainda é tabu... Se não conseguimos compreender o porquê de um homem ter dado a sua vida numa Cruz (que mal fez Ele...?), também não conseguimos perceber nada acerca do Amor. Afinal, somos todos meros aprendizes e maus alunos. O fogo de que Jesus fala não é o fogo da guerra é o fogo do Amor que deve abrasar o Mundo, é disso que precisamos e ansiamos.

jjmiguel