terça-feira, 31 de maio de 2011

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3 Carta de São João (3Jo)
Carta de S. Judas (Jd)

Apocalipse de S. João




in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, pág. 22

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Madre Maria Clara do Menino Jesus: um testemunho para os nossos dias

«A Santidade é a identidade do cristão»

1. Reunimo-nos hoje, aqui, para celebrarmos a proclamação da santidade de uma cristã, nascida e baptizada na nossa cidade de Lisboa, a Madre Maria Clara do Menino Jesus. Esta proclamação, feita com a autoridade apostólica de Sua Santidade Bento XVI, aqui representado por Sua Eminência o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, lembra a todos os cristãos da Igreja de Lisboa, de modo particular às Irmãs da Congregação que fundou, que a santidade é a meta da vocação cristã; ela exprime a identidade profunda do cristão.

Esta proclamação garante-nos, com a autoridade apostólica da Igreja, que Madre Maria Clara, no termo da sua peregrinação terrena, ouviu de Cristo, a porta de todo o caminho de santidade, aquele convite que o próprio Jesus anunciou: “Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt. 25,34).

2. A santidade é uma experiência humana que só Deus conhece. Na oração eucarística, a Igreja repete continuamente: “Vós, Senhor, sois verdadeiramente Santo, sois a fonte de toda a santidade”. Ser Santo é viver a vida numa progressiva identificação com Cristo que nos introduz no mistério do amor trinitário. Só mergulhando nesse mistério insondável do amor divino, se pode viver santamente a vida. Esse mergulhar no mistério de Deus, transforma toda a nossa vida. É por isso que Deus Pai, depois de nos unirmos ao seu Filho Jesus Cristo, no baptismo, nos comunica o dom do Espírito Santo. Receber o Espírito Santo é aceitar e desejar que a voragem do amor divino transforme toda a nossa vida. Se Cristo é a porta da santidade, o Espírito Santo é a força que a realiza. Ser Santo é deixar que toda a nossa vida seja obra do Espírito Santo.

A santidade de um cristão é uma realidade tão densa como o mistério de Deus. Só Deus conhece como ela se exprimiu em cada um. O que foi a vida de santidade desta cristã, só Deus o conhece. Como o amor de Deus a envolveu e se transformou em força para amar. Os momentos mais fortes viveu-os, certamente, no silêncio da sua adoração e é, também, no silêncio adorante, que acolhemos o dom desta vida santa, fecunda para toda a Igreja, porque no amor de um santo exprime-se a fecundidade de amor com que Deus continua a amar o mundo, no seu Filho Jesus Cristo.

3. Mas se a santidade de um cristão é um segredo que só Deus conhece, ela é sempre, na Igreja, um sinal do Reino de Deus, do Povo do Senhor, que Ele santifica com o seu amor. A santidade de cada cristão edifica a Igreja, contribui para que ela seja a “Santa Igreja de Deus”. A maneira como um santo vive é sempre uma interpelação à fidelidade e à santidade. Como Jesus disse aos discípulos, “pelos frutos se conhece a árvore”. Um Santo é, pela sua vida, um testemunho de que o Reino de Deus é possível. A santidade de um cristão chega até nós através do seu testemunho de vida, que nos abre para o mistério da santidade vivida no silêncio de Deus.

Não há dois santos iguais. Sendo uma resposta pessoal a um apelo contínuo do amor, envolve a história pessoal de cada um, os dons pessoais com que foi criado, a sua resposta aos apelos concretos das circunstâncias, do tempo e da história. Um Santo exprime sempre a actualidade do amor de Deus na história dos homens e nas circunstâncias concretas de cada tempo. Como diz São Paulo, são muitos e variados os dons, um só é o Espírito que os unifica a todos na construção do Reino de Deus.

Nesta variedade da santidade pessoal há coordenadas comuns que levam todos os caminhos humanos de fidelidade a cruzarem-se em Cristo, o primeiro Homem a viver plenamente a santidade de Deus. Todos os caminhos de santidade supõem sempre um seguimento de Cristo, a identificação com Ele, a imitação de Cristo. “Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fil. 2,5), foi o desafio de Paulo aos Filipenses. E só na intimidade com Ele, que nos oferece em cada Eucaristia, podemos penetrar no insondável desses sentimentos. Ele que, sendo Deus, se humilhou à condição de servo, para fazer dos escravos, filhos.

A verdade da sua relação filial com o Pai inspira todos os seus sentimentos durante a sua missão humana. A sua fidelidade à missão exige que a sua vontade humana se conforme sempre à vontade do Pai; sem deixarem de ser duas vontades, exprimem-se como se fosse uma só. E essa vontade tem um objectivo, o de que todos os homens se salvem. A vida torna-se, inevitavelmente, um dom pelos outros.

Um outro sentimento de Jesus é a sua predilecção pelos pobres e aflitos, com os quais se identifica. O Santo é chamado a amar os pobres e aflitos como se fossem o próprio Cristo. Essa atitude, vitória sobre todos os egoísmos, triunfo da gratuidade do amor, guardada no silêncio de Deus, tornar-se-á explícita no juízo final: “Em verdade vos digo, o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes” (Mt. 25, 45). O Santo torna-se, assim, no concreto da vida das pessoas, “o rosto da ternura e da misericórdia de Deus”.

4. Acabo de usar a expressão com que a actual Superiora Geral das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, definiu Madre Clara: ela fez sentir a ternura de Deus. Libânia do Carmo, que tomou em religião o nome de Clara do Menino Jesus, nasceu num tempo singular e sentiu os desafios de ser cristã e de ser Igreja, numa sociedade cultural e politicamente a afastar-se do ideal cristão. As crises sociais e as epidemias da peste indicaram-lhe os pobres como destinatários do seu amor. Mas não esqueçamos a sua ousadia missionária e a sua firmeza, mostrada perante todas as dificuldades com que se foi deparando. E as que encontrou no seio da sua própria família religiosa não foram, certamente, as mais fáceis. Mas não desistir é apanágio dos santos.

Fundou uma Congregação Religiosa. Na segunda metade do séc. XIX, em Portugal, foi ousadia notável. Não copiou nenhuma já existente, pois queria responder ao momento que então se vivia. Percebeu que a mulher que quer ser santa é chamada a ser uma explosão do amor de Deus, aquele amor que transforma o mundo.

Às Irmãs da Congregação que fundou, ela lança um desafio: sejam hoje o que a circunstância concreta do sofrimento humano exige de vós. E a todas as nossas jovens, que pertenceis à mesma Igreja de Madre Clara, ela lança um desafio: se quereis ser santas, deixai que a vossa vida seja uma explosão do amor de Deus. Respondei aos desafios do momento presente; transformai as formas antigas, inventai formas novas, se for preciso. Escutai a voz do amor, o que o mesmo é dizer, escutai Jesus Cristo, deixai-vos transformar pelo Espírito Santo e digamos com esperança: bem-aventurada Madre Clara, intercedei por nós.

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa

sábado, 28 de maio de 2011

Como se lê a Bíblia correctamente?

A Sagrada Escritura lê-se correctamente se for lida em atitude orante, ou seja, com a ajuda do Espírito Santo, sob cujo influxo ela surgiu. Ela contém a Palavra de Deus, isto é, a decisiva mensagem de Deus para nós. [109-119, 137]

A Bíblia é como uma longa carta de Deus dirigida a cada um de nós. Por isso, temos de acolher as Sagradas Escrituras com grande amor e respeito. Primeiro, devemos realmente ler a carta de Deus, isto é, não isolar pormenores sem atender ao todo. Depois, devemos orientar esse todo para o seu coração e mistério, ou seja, para Jesus Cristo, de quem fala toda a Bíblia, mesmo o Antigo Testamento. Portanto, devemos ler as Sagradas Escrituras na mesma fé viva da Igreja em que elaas surgiram.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como pode a Sagrada Escritura ser "Verdade", se nem tudo o que nela se encontra está correcto?

A Bíblia não transmite precisão histórica nem conhecimentos científico-naturais. Também os autores eram filhos do seu tempo. Eles partilhavam as concepções culturais do seu ambiente, em cujos erros, por vezes, estavam presos. Não obstante, tudo o que o ser humano precisa de saber sobre Deus e sobre o caminho da sua redenção encontra-se com infalível segurança na Sagrada Escritura. [106-107, 109]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

É verdadeira a Sagrada Escritura?

"Os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade de Deus, porque são inspirados, ou seja, foram escritos por inspiração do Espírito Santo e têm Deus por autor." (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, nº 11) [103-107]

A Bíblia não caiu do céu feita, nem Deus a ditou a autómatas, isto é, escritores inconscientes. Antes, "para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de pessoas na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo que Ele queria" (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, nº 11). Para que determinados textos fossem reconhecidos como Escritura Sagrada, tiveram de ser aceites pela Igreja Universal. Teve de existir, portanto, um consenso nas comunidades: "Sim, é o próprio Deus que nos fala por este texto, isto é mesmo inspirado pelo Espírito Santo!" Desde o século IV, estes escritos protocristãos estão fixados no cânone das sagradas escrituras, tal como foram realmente inspirados pelo Espírito Santo.

in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, pág. 20

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pode a Igreja enganar-se em questões de fé?

A totalidade dos crentes não pode errar na fé, porque Jesus prometeu aos Seus discípulos mandar-lhes o Espírito da Verdade e conservá-los na Verdade (Jo 14, 17). [65-66, 73]


Tal como os discípulos acreditavam em Jesus de todo o coração, também um cristão pode confiar totalmente na Igreja se procurar o caminho da Vida. Efectivamente, se o próprio Jesus fez dos Seus Apóstolos participantes na missão de ensinar, a Igreja tem uma função educativa e não se pode calar. É certo que alguns membros da Igreja se podem enganar e até cometer erros graves, mas a Igreja, como um todo, nunca se poderá desviar da Verdade de Deus. A Igreja transporta, através do tempo, uma Verdade viva, que é maior que ela mesma. fala-se de depositum fidei, o tesouro da fé, que deve ser preservado. Caso alguma verdade seja publicamente questionada ou deturpada, a Igreja é desafiada a trazer novamente à luz "aquilo em que se creu por toda a parte, em todos os tempos e por todos os crentes." (S. Vicente de Lérins)


in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, pág. 20

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pensar o papel da Mulher na Igreja

"Lançando luz sobre o apostolado da mulher em união e sob a direcção do apostolado sacerdotal.

Deixei-me guiar pelo que sempre me dizia o meu director espiritual: "Antes de iniciar alguma obra, assegura-te um grupo proporcional de almas que rezem e, se necessário, se imolem para essas obras; se quiseres que sejam vitais."

Vós tendes uma missão fundamental e vital, escondidda como as raízes, mas que alimenta o tronco, os ramos, as flores, as folhas, os frutos.

Jesus-Sacerdote e Maria sua Mãe estão sempre unidos na economia da redenção, e por isso ficam sempre unidos na economia da graça: Maria permanece até ao fim dos séculos a medianeira e a distribuidora da graça.

Maria deu-nos Jesus, o Divino Mestre, sacerdote e hóstia: Jesus é a flor da Virgem Mãe.

Da vossa oração "enviai bons operários para a vossa messe" devem surgir muitos sacerdotes para a Pia Sociedade de S. Paulo e para a Igreja. Fazei, por isso, um apostolado de vida interior, desejos, oração, sofrimento, como Maria. Com o vosso trabalho, a procura de ofertas, o serviço aos aspirantes ao sacerdócio, o zelo exercido de acordo com a vossa condição, dais muita ajuda às vocações. Queria ter muitas de vós! E que cada uma frutificasse para a Pia Sociedade de S. Paulo e para a Igreja um alter Christus, um sacerdote.

O sacerdote depois deve viver e operar.

Jesus cumpriu a sua missão; e Maria cumpriu na casa de Nazaré a tarefa dela em relação a Jesus; depois, durante a vida pública, a paixão e morte de Jesus, ainda a sua tarefa de oração. Depois da morte e ressurreição de Jesus, cumpria ainda a sua tarefa tanto em relação ao Cristo, como em relação ao seu corpo místico, que é a Igreja.

Continuareis, portanto, o vosso trabalho, a vossa oração pelo sacerdote activo, pelo sacerdote doente, pelo sacerdote defunto; e tereis uma participação especial nos frutos das missas, orações e apostolado do sacerdote.

Jesus Cristo não só está presente no mundo pelo seu corpo místico; mas está presente fisicamente, vere, realiter, substantialiter no sacrário. Da missa, da presença real, da comunhão viva deriva todo bem na Igreja, nas almas; toda a água, como nascente que se expande, toda a linfa que sobe nos sacramentos e sacramentais. As almas devem chegar a esta fonte, à união com Jesus; o restante é meio. Devemos impetrar tudo, com a alma eucarística de Maria, de Jesus, Divino Mestre, presente na Hóstia Santa.

Eis a vossa tarefa junto ao sacrário.

Lâmpadas vivas diante de Jesus eucarístico;

Vítimas com Jesus: as imolações são parte do vosso apostolado;

Servas de honra do sacrário e do seu divino Morador;

Anjos da Eucaristia que recebem e repartem;

Almas que têm fome e sede do pão eucarístico e da água da sua graça;

Corações que partilham com o Esposo eucarístico os desejos, as finalidades, os abandonos para todos, mas especialmente para a pessoa mais querida do seu coração: o sacerdote.

As confidentes primeiras de Jesus Hóstia, para escutar toda a sua palavra de vida e meditá-la, como Maria, no vosso coração.

O Divino Mestre olhe para vós com olhos de predilecção; ensine-vos os seus caminhos; infunda em vós a alegria da vocação; viva em vós ne plenitude da sua virtude.

Tende fé, não duvideis; este Jesus é infinitamente fiel às suas promessas.

Maria falou de Jesus aos apóstolos e aos evangelistas: dela, dizem os Padres, São Lucas aprendeu o que, depois, contou da vida privada de Jesus: a anunciação, a visita a Santa Isabel, o nascimento, o acontecimento do encontro no templo, a submissão e o progresso na idade, sabedoria e graça de Jesus em Nazaré.

Eis por que vos está reservado também um apostolado litúrgico-eucarístico: Ao ter a alma repleta de Jesus-Hóstia, como poderíeis cumprimir no coração e oculatr sempre a vossa fé, a vossa esperança, o vosso amor? Expressá-los-eis, manifestarei e difundireis de acordo com a vossa vocação. A maneira vós a concretizastes no conjunto daquelas iniciativas que com palavra sintética já é chamado domus Dei."

Pe. Tiago Alberione, in Abundantes Divitiae Gratiae Suae, [280-290]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sermão de São Gregório de Nissa, bispo

Começou o reino da vida e foi dissolvido o império da morte. Apareceu um novo nascimento, uma vida nova, um novo modo de viver; a nossa própria natureza foi transformada. Qual é este novo nascimento? O que não procede do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus.

Como pode ser isto? Escuta-me com atenção; explicá-lo-ei em poucas palavras.

Este novo ser é concebido pela fé; é dado à luz pela regeneração do Baptismo; é sua mãe a Igreja, que o amamenta com sua doutrina e tradições. O seu alimento é o pão celeste; a sua idade perfeita é a santidade; o seu matrimónio é a familiaridade com a sabedoria; os seus filhos são a esperança; a sua casa é o reino; a sua herança e riqueza são as delícias do Paraíso; o seu fim não é a morte, mas aquela vida feliz e eterna que está preparada para os que dela são dignos.

Este é o dia que o Senhor fez, dia muito diferente daqueles que foram estabelecidos desde o ínicio da criação do mundo e que são medidos pelo curso do tempo. Este dia é o ínicio de uma nova criação, porque nele forma Deus um novo céu e uma nova terra, como diz o Profeta. Que céu é este? O firmamento da fé em Cristo. E que terra? O coração bom de que fala o Senhor, a terra que absorve a água das chuvas e produz fruto abundante.

O sol desta nova criação é uma vida sem mancha; as estrelas são as virtudes; a atmosfera é um procedimento digno: o mar é o abismo das riquezas da sabedoria e da ciência; as ervas e as sementes são a boa doutrina e a Escritura divina, onde o rebanho, isto é, o povo de Deus, encontra a sua pastagem e alimento; as árvores frutíferas são a observância dos mandamentos.

Neste dia é criado o verdadeiro homem à imagem e semelhança de Deus. Não é, porventura, um novo mundo que começa para ti neste dia que o Senhor fez? Não diz o Profeta que esse dia e essa noite não têm semelhantes entre os outros dias e noites?

Mas ainda não explicámos o dom mais excelente que recebemos neste dia de graça. Ele destruiu as dores da morte e deu à luz o Primogénito de entre os mortos.

Eu subo para o meu Pai e vosso Pai, diz o Senhor, para o meu Deus e vosso Deus. Oh ditoso e admirável anúncio! Aquele, que sendo Filho Unigénito de Deus, por nós Se fez homem para nos tornar seus irmãos, apresenta-se como homem diante do seu verdadeiro Pai. a fim de levar consigo todos os novos membros da sua família.

Oratio 1 In Christi resurrectionem, PG 46, 603-606.626-627

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Como sabemos o que pertence à verdadeira fé?

Encontramos a verdadeira fé na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja. [76, 80-82, 85-87, 97, 100]

O Novo Testamento surgiu da fé da Igreja. Escritura e Tradição pertencem mutuamente. A transmissão da fé não ocorre primordialmente através de textos. Santo Hilário de Poitiers, bispo da Igreja antiga dizia: "A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais que em pergaminho." Já os discípulos e os Apóstolos tiveram a experiência da Vida Nova antes de mais através da comunhão, que continuou de outra maneira após a ressurreição. Os primeiros cristãos eram "assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações" (Act 2, 42). Eles eram unidos entre si, mas tinham espaço para os outros. É isto que constitui a fé até hoje: os cristãos convidam outras pessoas para descobrirem a comunhão com Deus, a qual, desde os tempos dos Apóstolos, se manteve genuína na Igreja Católica.

in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, pág. 19

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Porque transmitimos a fé?

Transmitimos a fé porque Jesus ordenou-nos: "Ide, fazei discípulos de todas as nações!" (Mt 28, 19) [91]


Nenhum cristão autêntico deixa a transmissão da fé apenas ao cuidado dos especialistas (catequistas, párocos, missionários). Somos cristãos para os outros. Isto significa que cada cristão autêntico deseja que Deus chegue também aos outros. Ele diz para si: "O Senhor precisa de mim! Sou baptizado, confirmado e responsável para que as pessoas à minha volta façam a experiência de Deus e cheguem ao conhecimento da Verdade." (1Tm 2, 4). Madre Teresa utilizou uma boa metáfora: "É frequente observares fios eléctricos ao longo da estrada. Se a corrente não passa por eles, não há luz. O fio é o que somos tu e eu. A corrente eléctrica é Deus. Temos o poder de a deixar passar através de nós e, assim, fornecer ao mundo a Luz, que é Jesus, ou de recusarmos que Ele sirva de nós, permitindo, com isso, que a escuridão se alastre."

in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág. 18

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ficou tudo dito com Jesus Cristo ou prosseguirá a revelação depois d' Ele?

Em Jesus Cristo foi o próprio Deus que veio ao Mundo. Ele é a última palavra de Deus. Ouvindo-O, toda a pessoa humana, em todos os tempos, pode saber quem é Deus e o que é necessário para a suja salvação. [66-67]


No Evangelho de Jesus Cristo está perfeita e completamente disponível a Revelação de Deus. Para que ela nos seja clara, o Espírito Santo introduz-nos na Verdade cada vez mais profundamente. A Luz de Deus penetra na vida de algumas pessoas de um modo tão forte, que elas vêem o "céu aberto"(Act. 7, 56). Foi assim que surgiram os grandes lugares de peregrinação, como Guadalupe, no México, Lourdes, em França, ou Fátima, em Portugal. As "revelações privadas" dos videntes não podem aperfeiçoar o Evangelho de Jesus Cristo; embora não sejam universalmente vinculativas, podem ajudar-nos a entendê-lo melhor, desde que a sua verdade seja examinada pela Igreja.


in YOUCAT, Lisboa, Ed. Paulus, 2011, pág 18

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que nos mostra Deus quando nos envia o Seu Filho?

Em Jesus Cristo, Deus mostra-nos toda a profundidade do Seu misericordioso amor. [65-66, 73]

Através de Jesus Cristo, torna-Se visível o Deus invisível. Ele torna-se como nós. Isto mostra-nos até que ponto vai o amor de Deus: Ele carrega todo o nosso peso. Ele percorre connosco todos os caminhos. Ele vive a nossa solidão, o nosso sofrimento, o nosso medo da morte. Ele apresenta-Se onde não podemos avançar, para nos abrir a porta para a Vida.

in "YOUCAT", Lisboa, Ed. Paulus, pág. 17

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Como Se revela Deus no Antigo Testamento?

Deus mostra-se, no Antigo Testamento, como Aquele que criou o mundo por amor e permanece fiel ao ser humano, mesmo que este, pelo pecado, O renegue. [54-64, 70-72]


Deus deixa-Se experimentar na história. Com Noé faz uma Aliença para salvar todos os seres vivos. Chama Abraão para fazer dele o "pai de um grande número de nações" (Gn 17, 5) e nele abençoar "todas as nações da terra" (Gn 12, 3). O Povo de Israel, descendente de Abraão, torna-se Sua especial propriedade. A Moisés apresenta-se nominalmente: O seu nome misterioso, muitas vezes pronunciado "IAWEH", significa "Eu sou Aquele que sou" (Ex 3, 14). Ele liberta Israel da escravidão no Egipto, faz uma Aliança no Sinai e, através de Moisés, entrega-Lhe a Lei. Repetidas vezes, Deus envia profetas ao Seu povo, para o chamar à conversão e à renovação da Aliança. Os profetas anunciam que Deus fará uma nova e eterna Aliança, que realizará uma radical renovação e definitiva redenção. Esta Aliança estará aberta a toda a humanidade.


in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, pág. 17

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Porque teve Deus de Se revelar, para sabermos como Ele é?

O ser humano pode descobrir pela razão que Deus existe, mas não como Deus é realmente. Portanto, como Deus gosta de ser conhecido, revelou-Se. [50-53, 68-69]


Deus teve de Se revelar a nós. Ele fê-lo por amor.

Tal como, no amor humano, só se pode conhecer algo de uma pessoa amada quando ela nos abre os seu coração, também só conhecemos os mais íntimos pensamentos de Deus porque Ele, eterno e misterioso, Se abriu a nós por amor. Desde a Criação, passando pelo patriarcas e pelos profetas, até à definitiva Reveleção no Seu Fulho Jesus Cristo, Deus comunicou continuamente com a Humanidade. Em Jesus, Ele verteu-nos o coração e tornou-nos claro o Seu Ser mais íntimo.


in YOUCAT, Ed. Paulus, Lisboa, 2011, págs. 16 e 17

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ad Oratio

"Um crente que se nutre unicamente de oração comum arrisca-se a fazer esta última uma experiência apenas de pertença ao grupo, ou ainda uma espécie de exibição perante os outros...

Pois bem, hoje é precisamente a oração pessoal a mais abandonada, e esta situação pode, a longo prazo, esvaziar também a verdade da própria oração litúrgica. Se na pastoral são dedicados muitos esforços à iniciação litúrgica, infelizmente eles não são acompanhados por uma adequada transmissão de oração pessoal, que deveria ser ensinada desde a infância. Com efeito, quem não recebe de pequenino uma iniciação à oração pessoal da parte dos pais ou dos educadores, dificilmente poderá alimentar-se dela na idade madura, de modo a aumentar a fé no Deus vivo, presente na vida quotidiana. Soam como advertência ainda actual as palavras de Martin Buber: «Se acreditar significa falar d' Ele na terceira pessoa, não creio em Deus. Se acreditar n' Ele significa poder falar-lhe, então acredito em Deus.» Hoje os cristãos sabem falar de Deus, mas sabem também, como nas gerações cristãs passadas, falar com Deus?"

in BIANCHI, Enzo, "Porque rezar, Como rezar", Lisboa, Ed. Paulus, 2011, págs. 61 e 62

terça-feira, 3 de maio de 2011

Pode Deus de alguma forma abarcar-Se em conceitos? Pode falar-se razoavelmente d' Ele?

Embora nós, seres humanos, sejamos limitados e a infinita grandeza de Deus nunca se ajuste aos conceitos humanos, podemos, no entanto, falar acertadamente sobre Deus. [39-43, 48]

Para fazermos afirmações sobre Deus, utilizamos imagens imperfeitas e noções limitadas. Cada dito sobre Deus situa-se, portanto, sob a condição de que a nossa linguagem não está à altura da grandeza de Deus.
Assim, temos continuamente de purificar e melhorar o nosso discurso sobre Deus.

segunda-feira, 2 de maio de 2011