Na minha ignorância, surpreendia-me que a profunda sabedoria de Deus não
tivesse impedido o início do pecado, porque se o tivesse feito, pensava
eu, tudo estaria bem. [...] Jesus respondeu-me: «O pecado é inelutável,
mas tudo acabará em bem, tudo acabará em bem, todas as coisas,
quaisquer que sejam, acabarão em bem».
Com esta pequena palavra «pecado», Nosso Senhor apresentou-me ao
espírito tudo o que não é bom: o desprezo ignóbil e as provações
extremas que sofreu por nós ao longo da Sua vida e na Sua morte; todos
os sofrimentos e as dores, corporais e espirituais, de todas as Suas
criaturas. [...] Eu contemplei todos os sofrimentos que existiram ou
existirão, e compreendi que a Paixão de Cristo era o maior, o mais
doloroso de todos, e que a todos ultrapassa. [...] Mas não vi o pecado.
Sei, pela fé, que ele não tem substância nem qualquer espécie de ser; só
o poderemos reconhecer pelo sofrimento que causa. Percebi que este
sofrimento é temporário: ele purifica-nos, leva-nos a conhecer-nos a nós
mesmos e a gritar por misericórdia. A Paixão de Nosso Senhor
fortifica-nos contra o pecado e o sofrimento: esta é a Sua santa
vontade. No Seu terno amor por todos aqueles que serão salvos, Nosso
Senhor reconforta-os pronta e suavemente, como se lhes dissesse: «É
verdade que o pecado é a causa de todas estas dores, mas tudo acabará em
bem: todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem». Ele
disse-me estas palavras com grande ternura, sem a mínima censura. [...]
Nestas palavras vi um mistério profundo e maravilhoso, oculto em Deus.
Ele desvendará e far-nos-á conhecer esse mistério plenamente no céu.
Quando o conhecermos, entenderemos por que razão permitiu a vinda do
pecado a este mundo. E ao ver isto, regozijar-nos-emos por toda a
eternidade.
in evangelhoquotidiano.org