segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Vinde comigo e eu farei de vós pescadores de homens


Iniciamos este caminho de Advento. Caminharemos juntos neste percurso especial e por isso queria de alguma forma marcar este tempo de uma forma muito especial. Durante estes dias pensava como poderia eu oferecer algo especial para este tempo tão rico e tão cheio de esperança e vida que é o Advento e por isso durante estes dias e até ao dia em que iremos recordar e actualizar o Nascimento de Jesus em Belém, irei-vos propor algumas pequenas linhas de textos dos primeiros padres da Igreja que são sugeridas pelo site www.evangelhoquotidiano.org. Porém aqui só irei publicar a aquele excerto que considero importante e que quero partilhar convosco. Por isso e deste modo aqui vos deixo nesta segunda-feira, o primeiro excerto... que vos possa servir neste vosso caminho espiritual até ao Natal.

"Que pescaria admirável a do Salvador! Admirai a fé e a obediência dos discípulos. Como sabeis, a pesca exige uma atenção ininterrupta. Ora, no meio da labuta, eles ouvem o chamamento de Jesus e não hesitam um instante, dizendo por exemplo: "Deixa-nos ir a casa falar com a nossa família." Não, deixam tudo e seguem-nO, como Eliseu fez com Elias (1Rs 19, 20). Esta é a obediência que Cristo nos pede: sem a menor hesitação, mesmo que necessidades aparentemente mais urgentes nos pressionem. Foi por isso que quando um jovem que queria segui-lO Lhe pediu para ir primeiro sepultar o pai, Ele não lho permitiu (Mt 8, 21) Seguir Jesus, obedecer à sua palavra, é um dever que tem prioridade sobre todos os outros."

De São João Crisóstomo, presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla

domingo, 29 de novembro de 2015

No I Domingo do Tempo de Advento


Neste domingo damos inicio a um novo tempo na liturgia: o Advento. Os cristãos começam um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Este é um tempo de esperança e ao mesmo tempo de conversão. De esperança, porque é nesta esperança em que vive o cristão, de conversão porque é mais uma oportunidade que Deus nos concede para possamos sinal de graça e de vida. Nestes tempos vemos tantos e tantos cristãos de braços caídos. Não nos refugiemos exclusivamente nesta ideia de "crise". Um tempo de crise, é um tempo de julgamento, de perspectivar o que não está bem, para que possamos melhorar. Daqui advém a esperança cristã. O cristão não é um profeta da desgraça, mas um profeta da graça e da vida junto de todos os seus irmãos crentes e não-crentes. Em bom rigor, o mundo não precisa de profetismo da desgraça. Por outro lado este é um tempo de conversão, um tempo que Deus nos concede a graça para que possamos mudar de vida, na construção de um mundo mais fraterno, mais tolerante na construção da Paz e de uma Civilização de Amor. Todos nós só poderemos celebrar este Natal de 2015 se soubermos ser construtores da paz, da esperança, da caridade em todos os nossos ambientes. Mas não só nos nossos ambientes, mesmo junto daqueles que todos os dias se cruzam connosco, na rua, no autocarro, no metro, na escola, no local de trabalho, e nós nem nos olhos os olhamos, porque andamos tão cheios de nós, tão centrados nos nossos problemas que nos esquecemos que mesmo ao nosso lado existe um rosto que necessita de um sorriso, de uma mão que precisa de outra mão. Que sentido faz celebrar o Natal se não contemplarmos o Nascimento de Jesus em Belém, e a importância que este acontecimento teve para o nosso Mundo? O Natal da gruta de Belém necessita urgente mente de ser actualizado, e são os cristãos que terão mais responsabilidade por actualizá-lo. Porém, não façamos deste tempo de mais um tempo de "caridadezinha". Este tempo que antecede o Natal tem sido, neste últimos anos, aproveitado, pelas mais diversas formas para olharmos para os mais frágeis da nossa sociedade como os "coitadinhos". Tenhamos a capacidade deste tempo de Advento irmos mais além que essas campanhas que só alimentam e sustentam o protagonismo de alguns e sejamos capazes de ir mesmo ao encontro do irmão e ser assim sinal deste Verbo que encarnou e habitou entre nós. Sejamos neste Advento este sinal de esperança e conversão na vida do Outro, para que o Verbo encarne e habite no coração de cada homem e mulher de boa vontade.

jjmiguel, ar
FOTO: snpcultura.org

sábado, 28 de novembro de 2015

Velai, pois, orando continuamente

"Tende cuidado convosco..." é a exortação do Nosso Mestre e Senhor. Somos muito frequentemente levados a menosprezar a oração quando tudo no caminho parece ser em linha recta. Mas cuidado, não nos surpreenda uma curva. Para não sermos surpreendidos é necessário este caminho espiritual com Ele na nossa vida. E esse caminho só se fará a partir do momento em que façamos Dele o centro gravitacional de toda a nossa vida. Ele conhece-nos e sabe bem do que precisamos. Deus não nos conhece pela aparência, mas penetra-nos com o seu olhar, por isso nada Lhe podemos esconder. Por isso tantos e tantas têm dificuldades em olhar Deus de frente, porque Ele nos confronta com a nossa verdade, diante Dele ficamos despojados e isso causa-nos confronto pessoal e leva-nos para o problema da culpa, porém só o poderemos superar pelo arrependimento do coração para que se possa fazer graça, paz e vida dentro de nós. Aceitar e amar, como Ele nos ama... Não tenhamos medo Dele, Ele ama-nos como somos, assim mesmo, como somos com todas as nossas fragilidades e qualidades. Muitos dos nossos problemas estariam resolvidos a partir do momento em que descobríssemos o poder do Amor de Deus em nós. Coragem, ainda que tudo à tua volta possa ruir, Deus ama-te!!!
Que este seja a motivação para um tempo de Advento que muito em breve começa...

jjmiguel, ar
FOTO: blog.marciafernandes.com.br

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Não passará esta geração sem que tudo se cumpra.

Todos os dias somos como que mergulhados numa imprensa em pleno ataque de gritos. Mergulhados por uma imprensa que na maior parte das vezes já não tem mais informação porque se esgotou, pelos grandes recursos que existem ao nível da informação. Muito frequentemente, nem sabemos muito bem o que escolher para escutar uma boa notícia, ou para ter um pouco de Paz. Ora no centro desta gritaria falta-nos escutar esta Palavra e seria muito bom que ela fosse também notícia nestes meios de informação. Porém, todos ficamos escandalizados quando se profere o nome de Deus nos meios de comunicação social. Mas muito mais perverso que isso será querer associar o nome de Deus àquilo que Deus não é. Não se pode fazer uma guerra em nome de Deus. Mas poder-me-ão perguntar: "Mas nós cristãos, não o fizemos já no passado?" Sim, é verdade! Recordo-me das Cruzadas, da Inquisição principalmente. E isto foi senão mais do mesmo do que vemos hoje no mundo islâmico. Porém, convém dizer que quando aconteceram as Cruzadas, bem como a Inquisição teremos que falar de uma Religião que se misturava perfeitamente com a Política. Não esqueçamos que em muitos casos casos o Direito Canónico regulava o Direito Civil e vice-versa. Ora não será isto que estará a acontecer hoje no mundo islâmico? Na verdade, não foi por acaso que o Nosso Mestre e Senhor disse: a Deus o que é de Deus e a César o que é de César! Desta forma, seria útil que de uma vez por todas que a ideia de um Estado Laico fosse colocada em prática, porém sem fins anti-religiosos. Porém, tudo passará, e temos que continuar esta bom combate em ordem à construção de uma Nova Jerusalém com os alicerces no Amor, na Paz e na Concórdia...

jjmiguel, ar

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça

O mundo vive momentos de tempestade, mas ao mesmo tempo momentos interessantes que deverão ser vividos com toda a nossa vida. O que estamos a ver, a ouvir para um dia podermos contar, ou deixarmos escrito, e assim se completará a História. Jesus nas palavras de hoje referia-se à destruição da cidade de Jerusalém pelo Império Romano. Também hoje assistimos ao cair de velhos e arcaicos modelos culturais e ideológicos que todos já conhecemos. Porém não é o momento de baixarmos os braços, antes porém é altura dos Cristãos se erguerem e abrasar o mundo com um testemunho de vida em Jesus Cristo. Na verdade, é impressionante algumas imagens que nos vão chegando de África, América Latina, do Médio Oriente. Imagens de testemunho de que Jesus Cristo vive no Mundo. Refiro-me, a todos aqueles e aquelas que dão o seu sangue pelo nome de Jesus Cristo e não em nome de uma Guerra Santa. Na verdade, Jesus Cristo veio trazer o fogo à terra, mas não foi o fogo do conflito, da injúria, do orgulho e da tristeza. Jesus Cristo antes pelo contrário veio trazer o fogo da Paz, do Amor e da Esperança na vida do Homem e esse é o verdadeiro sentido da religião. Quando a religião já não é esta Paz, este Amor, esta Esperança, esta Vida, então não falamos de religião mas de uma outra coisa. Por isso, considero que tudo o que está a acontecer no que se refere a uma Igreja que é perseguida em diversos países, ao desvirtuamento do Islão, ao anti-semitismo por parte ainda de alguma extrema-direita, ou à perseguição aos monges budistas no Tibete. Tudo isto, não é um ataque a uma religião em específico, é um feroz ataque à Religião em si mesma, de um Ser Humano que quer afastar de uma vez por todas Deus da sua vida e substituir-se ao próprio Deus. É por isso urgente a Espiritualidade! É urgente a Teologia! É urgente que os líderes religiosos e as religiões se unam na conquista de um mundo renovado e que o religue para a origem de toda Vida e Vida em si mesma. 

jjmiguel, ar
FOTO: agencia.ecclesia.pt

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pela vossa constância é que sereis salvos.


Jesus Cristo mostra-nos o futuro de quem deixa tudo para O seguir. Mas quem é que disse que seguir Jesus Cristo seria fácil? Temos muitas vezes umas singelas ideias de romantismo no que diz respeito a este caminho de seguimento de Jesus Cristo. Porém, centro-me nas últimas palavras de Jesus no evangelho apontado para o dia de hoje: "pela vossa constância é que sereis salvos." Todos temos a tentação de quando este caminho se torna em curvas de abandoná-lo. Mas o que seria um caminho sem curvas? Jesus diz-nos para que não tenhamos medo, pois Ele nos apontará o caminho. Mantei-vos firmes na vossa fé, na vossa vida e sede testemunhas Deste que não é a vida como é a vida em si mesma, em todos vossos ambientes e tudo o resto vos virá por acréscimo. Experimentai este abandono nas Suas mãos e deixai que seja Ele a guiar-nos à Paz, à Alegria e à Justiça. Mais do que ninguém Ele nos conhece e sabe do que precisamos. "A quem iremos nós, Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna?" Perguntava Pedro (aquele que O negou três vezes, e que Ele escolheu para comandar esta barca...) Somos muitas vezes vencidos pelo cansaço da vida, pelo sofrimento, pela dúvida, pelas solicitações, mas em nada tenhamos medo porque Ele está connosco. Ainda que muitas vezes neste caminho se faça noite, Ele caminha connosco, vive connosco porque foi para isso mesmo que este Verbo se fez carne, para habitar connosco e revelar-nos na Cruz (sinal maior de todo o Cristão) o Amor de Deus como sinal da Vida, da Luz e da Esperança, não só para um passado, nem para um futuro, mas num hoje presente que perdurará pelos séculos dos séculos. Porém, não nos fiquemos agarrados à Cruz, que ela seja sinal da Vida e da Luz na vossa vida, afinal foi por ela que Ele venceu o Mundo.

jjmiguel, ar
FOTO: eduardoreis.com.br

terça-feira, 24 de novembro de 2015

É necessário que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim.

As palavras de Jesus deixam-nos alarmados. As suas palavras revelam-nos guerras e revoltas, fomes e epidemias, fenómenos nos céus, povo contra povo, reino contra reino. Muitos e muitos têm falado que são palavras do pré-anúncio do fim do mundo. Nada mais falso! Afinal, não tem sido todas estas coisas que têm marcado a História humana? Não nos deixemos enganar por esta gente que só sustenta o medo e quer que vivemos no medo, para tirar proveito desse medo e desse terror. Jesus diz-nos, que tudo isto acontecerá, mas que não será o fim. Porque em última instância todas as coisas terrenas serão passageiras, só em Jesus Cristo está a verdadeira vida, porque só o Amor terá a última palavra. Nem o Mundo, nem a Morte, só Amor tem palavras de Vida eterna. Esse Amor que se fez carne e habitou entre nós como luz para erradicar de uma vez para sempre todas as nossas trevas. O Tempo, senhor da História continuará o seu caminho, só Deus permanece.

jjmiguel, ar
FOTO: levocomavida.wordpress.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Deitou tudo o que tinha para viver.

Cada um de nós dá o que tem, e a mais não é obrigado, desde que seja com a consciência que o que faz é bem feito. O nosso mundo está cheio de gente que não tendo quer dar, mas muitas vezes isso pode não ser o melhor. Devemos dar o que temos e o que sabemos, na nossa humildade e no nosso desprendimento. Não vivamos para a imagens irreais. O mundo está cheio de actores amadores que acham que é fugindo e encobrindo aquilo que na verdade são, serão melhores que todos os outros. Vivemos numa avidez pelo protagonismo, pelo poder e para as aparências. Nem tudo o que conta na vida é a imagem, mas o deixarmo-nos mergulhar na profundidade do que somos. Não importa o ter, importa o ser. É nesta dicotomia entre o ter e o ser em que estamos mergulhados e que não nos dá claridade diante dos problemas e dos sofrimentos da vida. Jesus Cristo é a resposta para o nosso ter e o nosso ser. Não temos que ser mais do que ninguém, somos o que somos, com as nossas fragilidades e qualidades. Durante muito tempo, e actualmente, tem sido vendida uma imagem de qualidade de vida que nada tem a ver com qualidade de vida. A nossa qualidade de vida provém do nosso interior e não do nosso exterior. Qualidade de vida não vem do ter mais, vem do ser o que somos, sem que nos envergonhemos disso. Não vivamos para aparências e mundos virtuais que não existem.
Em Jesus Cristo e só em Jesus Cristo está a nossa verdade...

jjmiguel, ar
FOTO: caritatis.com.br

domingo, 22 de novembro de 2015

Na Solenidade de Cristo Rei


A Igreja celebra hoje a Solenidade de Cristo Rei. Porém é também o fim de um tempo litúrgico, o Tempo Comum, mas também o fim de um Ano Litúrgico. No próximo Domingo iniciaremos um novo tempo litúrgico e um novo ano litúrgico. Centro-me nas últimas palavras de Jesus a Pilatos - dar testemunho da verdade. O que é a verdade para nós hoje? Jesus Cristo não veio estabelecer nenhum reino tal como concebemos esta ideia de reino. O reino de Jesus Cristo está dentro de cada um de nós e somos todos nós que formamos este reino. Por isso somos, chamados a dar testemunho da verdade, de uma verdade que muitas vezes pode incomodar e para a qual o Mundo não quer ver, nem ouvir. Preferimos viver na espuma dos dias. Mais do que no passado a Igreja e a Sociedade necessita de testemunhos desta verdade que é a vida em Jesus Cristo. O cristão, como discípulo, imita o Mestre. O que somos nós cristãos, sem Jesus Cristo. Jesus Cristo é rei, mas notai que durante toda a sua vida não se utilizou deste título, aliás segundo dizem os evangelistas Ele falava com autoridade, e essa autoridade chegou a ser questionada. Não é pelos títulos sociais que nos destacamos e que podemos captar a atenção de outros. Notai, se a política está descredibilizada é pela falta de testemunhos verdadeiros de uma boa governação; se as nossas Igrejas estão vazias é pela falta de testemunho de vida cristã; se na vida quotidiana os valores e a ética estão pelas ruas da amargura é exactamente pela carência de viver esses mesmo valores. Não coloquemos as culpas nos outros mas em nós próprios. Sejamos pró-activos na construção deste reino. Todos somos responsáveis uns pelos outros, unidos a ao Rei na construção deste Reino de Paz, Justiça e Alegria.

jjmiguel, ar
FOTO: leme.pt

sábado, 21 de novembro de 2015

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos

Os saduceus eram um grupo social da alta aristocracia que não acreditavam na ressurreição e estavam muito preocupados pelo facto de todos os sete irmãos terem tido como mulher, a mulher de seu irmão que não deixou descendência. Em bom rigor frequentemente somos como estes saduceus. Vivemos preocupados demais com as coisas deste mundo, quando as coisas de Deus não podem jamais ser vistas com os olhos do mundo. Deus não é energia, muito menos um velho de barbas que muitas vezes na catequese nos ensinam. Deus vai muito mais além que a nossa lógica humana. Não há racionalidade, nem ciência alguma que O possa explicar, pois nos está oculto aos nossos olhos. A resposta está mesmo nos nossos olhos. Continuar a ver Deus à nossa medida é desfocarmos a realidade de Deus, porque Deus não é à nossa medida, nem sequer para satisfazer os nossos caprichos. Por isso somos chamados a contemplar um Deus que não é morte. A morte não faz parte da vida em Deus, porque Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos. Na morte está a resposta para a Vida, porque com a morte tudo se renova e retoma a vida. A morte não é a resposta definitiva a nada. A resposta está definitiva está no Amor. Deste modo todo o cristão é convidado a passar da morte à Vida. Todo o cristão é convidado a morrer para si mesmo para dar Vida. Todo o cristão é chamado a amar a todos. Assim o Cristianismo só pode ser entendido com a morte e com a ressurreição. Ficarmo-nos simplesmente pela morte, ou ficarmo-nos simplesmente pela ressurreição é pouco para um caminho com Jesus Cristo. Vivemos muito preocupados com essa pergunta última humana que é o depois da morte... Não nos preocupemos! Preocupemo-nos antes em preparar já neste Mundo o prelúdio para a nossa chegada à Nova Jerusalém. A fé é exactamente este salto no escuro. Confiemos em Deus, no Seu Amor e Misericórdia, tudo o resto virá por acréscimo.

jjmiguel, ar

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões.

Há algum tempo conversava com alguém acerca das grandes catedrais espalhadas um pouco por toda a Europa e chegávamos à conclusão que estavam transformadas em locais de turismo para turista ver. Na verdade, não podemos esconder que são templos de uma construção sublime e de uma colossal beleza, que nos desperta o espírito para algo que nos religa para algo que nos é desconhecido e que nos remete para a Paz e para o Silêncio. Pessoalmente, não compreendo quando alguns fazem de um espaço sagrado um local para colocar a conversa em dia. Assim como não compreendo como é que uma igreja paroquial está fechada uma semana inteira, (em alguns casos só abrem de mês a mês) abrindo só ao domingo, quando deveriam estar abertas todos os dias. Qualquer igreja, seja ela de que tipo construção for é um espaço que nos deve elevar a mente, a vontade e o coração para o Alto. Uma igreja poderá ser local de visita, mas também local de silêncio que nos deve fazer voltar para o nosso interior. Com alguma razão Jesus dizia para não fazermos da casa de seu Pai um covil de ladrões. Palavras duras, mas que fazem todo o sentido, na actualidade. O ambiente sagrado não é local de turismo, o ambiente sagrado é local de interioridade e de voltarmo-nos para Aquele que é a vida. Porém, convém dizer que nada tenho contra a quem visita os grandes monumentos porque nos remetem também para uma identidade cultural à qual a Europa não a pode renegar e essa é a identidade cristã. Por outro lado, lado estes monumentos são também eles locais de encontro e de contacto para crentes e não-crentes. Locais de contacto com o Senhor da Vida... 

jjmiguel, ar 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!

Jesus referia-se à destruição de Jerusalém volvidos uns anos depois da sua morte e ressurreição como nos relata os anais da História. Mas as palavras de Jesus vão mais longe... Saber reconhecer os sinais de Deus na nossa vida. Uma pergunta que me tem sido colocada pessoalmente no meu interior é porque é que todos lemos o horóscopo e procuramos a posição dos astros se nos são ou não favoráveis, (por momentos faz-me lembrar o tempo dos oráculos na cultura grega) mas não conseguimos decifrar uma sequer palavra da Bíblia? A esse propósito admiro imenso os Muçulmanos que sabem e conhecem bem o Corão, ou os Judeus que sabem e conhecem bem a Torá. Nós, os Cristãos-Católicos desde há muito que tem sido uma luta para o conhecimento da Bíblia, falando em termos pastorais. Todos nos encerramos de que os padres têm culpa, mas certo é que quando se fazem formações bíblicas a participação nestas mesmas formações é muito frágil. Mas não nos detenhamos em culpas... Fica no ar a sensação de que os Cristãos-Católicos não estão muito interessados em conhecer a Bíblia. Queira Deus, eu estar enganado na análise que faço e perdoem-me se estou enganado. Mas falo pelas experiências que já tive neste campo. Porém, não deixemos que a visão do nosso espírito seja desfocada pela mundanidade ou pelo paganismo e que nos leva para a superficialidade espiritual. Jesus não nos pede que nos fiquemos pela superfície, mas que nos possamos mergulhar na sua Palavra de Vida e que através dela O possamos reconhecer na nossa vida. Seria óptimo que todos os dias pudéssemos pegar na nossa Bíblia e ler uma palavra que seja e meditar sobre ela... Experimentai a fazê-lo... (são cinco minutos...) Para terminar vem-me estas palavras de Jesus: "Sem mim nada podeis fazer..."

jjmiguel
FOTO: urbsmagna.wordpress.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A todo aquele que tem, há-de ser dado, mas àquele que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado.


Até onde vai o nosso orgulho, a nossa soberba, o nosso egoísmo? O Senhor deu-nos uma mina. Como andamos a gerir essa mina? Podemos colocar a pergunta mais simples: o Senhor deu-nos uma casa para nós gerirmos, como estamos a geri-la? Damos de graça o que de graça recebemos e colocamos a render, para que possa prosperar, sem esperarmos nada em troca. Pelo fruto se conhece a árvore. Não tenhamos medo de nos abrir a esta vasta Casa Comum que o Senhor nos concedeu para nós gerirmos. E se algum dia o Senhor vier, o que nos vai perguntar é exactamente o que fizemos com o que nos foi dado. Damos o que podemos e até onde podemos, mas com a consciência que Deus não nos chama para aquilo que não podemos, porque Ele capacita os escolhidos. Quando Ele nos chama a uma missão a um ministério sabe bem ao que nos está a chamar. Não tenhamos medo e possamos nós colocarmo-nos nas suas mãos. Porque ao fim de tudo é Ele o administrador de toda esta Casa Comum que é o nosso Mundo. Os cristãos são chamados a esta missão deste testemunho de vida e de esperança que nos foi concedido pela graça de Deus. Se o cristão já não é esta testemunha da vida e da esperança em Jesus Cristo, então é porque algo está mal e terá de ser restaurado.

jjmiguel
FOTO: vatican.va

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hoje tenho de ficar em tua casa.

Não posso esconder que pessoalmente o Evangelho apontado para hoje nesta memória litúrgica de Santa Isabel da Hungria é de uma extrema beleza. Zaqueu era um cobrador de impostos, um homem rico que procurava ver Jesus e não sabia como, e como a multidão era tanta subiu a uma árvore para que pudesse ver de perto Jesus. Jesus ao passar olhou para Zaqueu e diz-lhe que queria ficar naquele dia em sua casa. Notai que não foi Zaqueu que convidou Jesus, foi Jesus que tomou a iniciativa de ir a casa de Zaqueu. Quantas e quantas vezes na nossa vida Jesus se faz nosso convidado na nossa casa, bate às portas do nosso coração e qual a nossa resposta? Por outro lado há nesta leitura a ideia do encontro. O encontro entre nós e Jesus. Para nos encontrarmos com este Jesus, deixemos cair o nosso egoísmo, o nosso orgulho, a nossa soberba e sejamos nós próprios, com tudo o que bom e de mau somos. Deixar cair o nosso preconceito em relação ao Outro e vamos ao seu encontro, olhá-lho nos olhos e conhecê-lo. Deixemos cair os nossos rígidos preconceitos em relação a quem é diferente de nós, porque é na diferença que somos todos iguais. Jesus dá-nos sempre esta oportunidade de se querer encontrar connosco. E quantas e quantas vez O buscamos, procuramos por Ele, mas queremos encontrá-lO onde Ele não existe, quando Ele está mesmo ao nosso lado. A alegria de Zaqueu foi tão grande que se despojou de tudo o que tinha para dar e dar-se. É esta a alegria do encontro com Jesus. Ao nos encontrarmos com Jesus tudo se renova e são irradiadas todas as nossas trevas de uma vez para sempre. Alegra-te, hoje porque Jesus quer ficar hoje contigo, sim contigo, na tua casa, abre-Lhe as portas e deixa que Ele te fale. Muito provavelmente tens tanta coisa para Lhe dizer... Sem medo, abre as portas e deixa que essa Luz te irradie e te envolva, porque como Ele diz neste texto de São Lucas: "Hoje veio a salvação a esta casa, por este também ser Filho de Abraão, pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido." Que neste e todos os dias sejam de salvação e de vida para todos nós...

jjmiguel
FOTO: arqrio.org

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Que queres que Eu te faça?

"A tua fé te salvou." Assim disse Jesus ao cego que lhe suplicava que tivesse compaixão dele. As pessoas que vinham com Jesus repreendiam o cego para que ele parasse de gritar, mas ele continuou. E Jesus vendo a fé do cego, curou-o da cegueira. Duas ideias que retiro do texto evangélico: primeira é que a fé salva, a fé é vida e não a morte. Ficámos todos chocados com os últimos acontecimentos de Paris e de facto não se pode ficar indiferente, mas não se pode colocar as culpas em Deus. Deus não é morte, nem guerra, pelo contrário, Deus é Vida e Paz. Como pode Ele querer a desgraça do Homem, sendo o Homem imagem e semelhança de Deus? Por isso é condenável os actos hediondos e bárbaros cometidos em Paris na noite de sexta-feira. Não acredito que o Islão defenda o que aconteceu, até pelo que sei o Islão é uma religião tolerante, e que respeita tudo e todos, como todas as outras religiões mundiais. A segunda ideia é o nosso preconceito perante o Outro. Vivemos de ideias e pensamentos pré-concebidas  e isto porque vivemos na espuma. Vivemos na superficialidade da Vida ofuscando-nos da profundidade da Vida e não nos deixando ver que na nossa diferença, somos todos iguais e que nesta casa comum que é o nosso Mundo todos temos espaço. Daí não se justifica que a partir de agora julguemos todo o povo muçulmano pelo que aconteceu em Paris, porque não é a Religião que tem de acabar, é o fanatismo louco que existe, seja no campo religioso, assim como no campo político-cultural. Cada vez mais a humanidade, neste contexto de globalização, deve ver neste momento uma oportunidade única para a abertura à Liberdade, Igualdade e Fraternidade de todos os povos, culturas e religiões, em ordem ao combate do fundamentalismo e fanatismo louco de que gozam todas as religiões e ideologias político-culturais. Na verdade, o diálogo inter-religioso, não devem ser só palavras bonitas, mas antes ser levado à prática e esta é a hora para que possamos construir a Nova Jerusalém, a Civilização do Amor na nossa Casa Comum.

jjmiguel
FOTO: expresso.pt

domingo, 15 de novembro de 2015

No XXXIII Domingo do Tempo Comum

O texto escolhido para este domingo leva-nos para o final dos tempos. Na verdade, estamos quase no final de um tempo. Na liturgia caminhamos para o final do Tempo Comum e carregam-se já baterias para o inicio de um novo ano litúrgico com o inicio do Tempo de Advento que nos levará à celebração natalícia. Porém, Jesus não nos quer dar uma visão do fim do mundo, como muitos profetas da desgraça profetizam por aí, indicando até datas precisas. O final dos tempos para o cristão é outro. Jesus convida-nos a estarmos atentos aos sinais dos tempos, a perscrutarmos o nosso interior. Na verdade, andamos muito distraídos de Deus no centro desta gritaria do Mundo. Jesus convida-nos a centrar-nos no essencial para a nossa vida. No meio de uma sociedade de informação deixemos que Jesus seja esta boa informação na nossa vida. No outro dia, um ministro do governo português na tragédia que foram as inundações de Albufeira falou de Deus. A forma como se exprimiu não foi a mais feliz, porém toda a gente ficou surpreendida e escandalizada por se ter falado de Deus. Pois, é isso que falta hoje na nossa sociedade, deixar que Deus também seja notícia. Deus ainda escandaliza, Deus ainda choca, Deus ainda confronta e isto é se não só um sinal que o Mundo vive sedento de espiritualidade e procurando uma resposta para a suas perguntas últimas interiores, porém Deus não se esqueceu do Mundo, foi o Mundo que se esqueceu de Deus. Deixemos que Deus entre no Mundo e que inunde as nossas vidas de Paz, de Luz e de Vida.

jjmiguel
FOTO: ionline.pt
 

sábado, 14 de novembro de 2015

Já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.

Neste Sábado destaco do evangelho o poder da oração. O que é a oração? A oração é um diálogo. Um diálogo entre duas pessoas que se conhecem e à medida que vão dialogando vão estreitando laços ao ponto de permanecerem unidos por sentimentos e emoções. Ora em relação a Deus é a mesma coisa. Será que fazemos de Deus o nosso amigo mais intimo? Feliz, muito feliz daquele que pode dizer que tem Deus como seu amigo e que toda a sua vida passa por Ele. O evangelho confronta-nos com a nossa perseverança na oração. Nas nossas noites de deserto parece que Deus se desfaz em silêncio e que se esqueceu de nós, mas é exactamente nesse silêncio que Ele nos quer falar, só espera que nós paremos de gritar para que O possamos escutar, porque Ele está connosco nas nossas lágrimas, mas também nos nossos sorrisos. Experimenta nesta calma de sábado um momento (5 minutos) um pouco de silêncio no teu interior e em vez de te lamentares a Deus, escuta que provavelmente Ele te irá responder. Porém não esperes de imediato uma resposta, coloca-te atento(a) às palavras, aos diálogos, aos olhares, que se cruzarem contigo hoje e muito provavelmente Ele falar-te-á. Se tal não acontecer, entra novamente em diálogo com Ele e não desistas. Ele vai-te escutar, porque o nosso tempo não é o tempo de Deus.

jjmiguel
FOTO: a12.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quem procurar salvar a vida, há-de perdê-la; e quem a perder, há-de conservá-la.


As palavras de Jesus no Evangelho de hoje geram em nós medo. Em algumas interpretações está presente aqui o anúncio do fim dos tempos ou o fim do mundo. Vivemos com muito receio do fim do mundo. Aliás existem por aí muitas correntes que espalham esse medo e aproveitam-se desse medo. A verdade é que estas palavras já serviram no passado mesmo na própria Igreja para impor um certo medo e aproveitar esse medo. Porém, Jesus não nos exorta ao medo, muito menos quer que vivamos com medo da vida. Como podia Aquele que é a vida defender o fim da vida? Como podia Deus Criador, querer destruir a sua própria obra? Jesus exorta-nos com estas palavras, precisamente à vida. A uma vida interior de oração e de conversão. Na verdade, exorta-nos a que possamos em cada dia e mediante a nossa vida a poder melhorar o que na nossa vida possa estar menos bem. Apesar das dificuldades e do sofrimento da vida e da parafernália  de um mundo em gritaria, não deixemos de lado o nosso silêncio interior (tão importante nos dias de hoje) e ainda não deixemos de acreditar na vida... Porque Ele é a vida! Saibamos olhar e silenciar em nós o que em nós nos causa gritos.

jjmiguel
FOTO: leiamiranda.com

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Reino de Deus não vem de maneira ostensiva.


Os fariseus interrogaram Jesus quando chegaria o Reino de Deus. Na verdade, a Igreja fala no Reino de Deus, no anúncio do Reino de Deus desde os seus primeiros tempos. Somos muitos de nós que nos interrogamos o que é isso do Reino de Deus, ou quando chega esse tal dito Reino de Deus, ou então que reino é esse, ou então para quê esse anúncio? Pois bem, esse Reino não tem fronteiras, muito menos tem algum Rei, e nem muito menos existe com os nossos padrões de mundanidade. Esse Reino está no nosso interior. Passamos o nosso tempo a querer ver, a encontrar respostas onde elas não existem, quando essas respostas estão dentro de nós. O problema é que não nos queremos confrontar com as respostas que temos para as nossas perguntas últimas e por isso é preferível alinhar pelo ateísmo ou pior que isso, pela indiferença. O Reino de Deus já está no meio de nós, basta vivê-lo... O Reino de Deus é Justiça, Paz e Alegria... Não será isto que procuramos? Num momento em que queremos mudança, aqui está a mudança e a revolução!

jjmiguel

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Onde estão os outros nove?

Jesus encontrou  dez leprosos no seu caminho para Jerusalém. Eles suplicaram-Lhe que os curasse. Porém, Jesus mandou que eles se fossem mostrar aos sacerdotes. Durante o caminho eles ficaram curados, porém só um regressou para lhe agradecer. Jesus perguntou-lhe se não eram dez os que tinham ficado purificados, porque, em bom rigor, só um tinha voltado para trás para agradecer a Jesus. Todo este episódio fez-me elevar o coração para as vezes que Jesus se nos cruza connosco e nós não reconhecemos a Sua graça em nós. Somos de facto como estes nove leprosos, em que não reconhecemos a graça e a vida de Deus em nós. Todos os dias Ele nos concede esta graça, seja pela Sua Palavra, pela Eucaristia, na rua, em casa, na família, no trabalho, nos mais diversos ambientes. Ele fala-nos e tem algo para nos dizer em qualquer que seja a situação da nossa vida, por mais difícil que ela seja. O problema é que vivemos de coração fechado, talvez pelo cansaço ou pelo duro sofrimento da nossa vida. Mas, caríssimos e caríssimas, não tenhais medo de abrir as portas do vosso coração a este Jesus que passa na vossa vida todos os dias e que nos quer dar a mão, porque não nos quer nem castigar, nem fazer mal... Coragem! Deixai que Ele faça vida na vossa vida, porque Ele é a vida...

jjmiguel
FOTO: opoderdasescrituras.wordpress.com

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.


Somos servos inúteis, sem dúvida, assim nos diz Jesus, embora num contexto diferente. Certo é que temos muito a tendência para querer controlar tudo, quando em boa verdade não controlamos nada, porque não somos nós que mandamos. A Igreja não é nossa, mas Daquele que nos enviou à missão. Cada um com o seu ministério, mas ninguém detém o monopólio desse ministério, simplesmente temos que fazer a nossa parte, porque a outra parte, Ele a fará. Acontece que vemos na nossa Igreja gente muito agarrada aos títulos e aos ministérios. Há quem viva muito preocupado com algumas decisões e atitudes da própria Igreja. Podemos debater e reflectir, mas não nos preocupemos, nada é nosso, e não somos nós que em última instância mandamos. Simplesmente, somos alimentados pela força do Espírito e devemos aceitar a vontade que nos vem Daquele que nos enviou em missão, seja para onde for e de que forma for. O que importa é que toda a nossa vida seja uma missão constante para que possamos construir já aqui e agora neste mundo a cidade santa, a nova Jerusalém, a civilização do Amor...

jjmiguel
FOTO: vitoriaemcristo.org

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Não façais da Casa de meu Pai uma feira

A Igreja lembra hoje a Dedicação da Basílica de São João de Latrão. Uma das primeiras basílicas a serem construídas em Roma. Falar de um templo de Deus é antes de mais não só falar dos magníficos templos que a cultura cristã nos tem deixado pela História, mas é mais do que isso. Aproveito para falar de um outro templo: o nosso templo. Todos nós somos templos de Deus, porque somos sacrários vivos da presença de Deus no mundo, pedras vivas deste templo que é a Igreja. Como pedras vivas desta Igreja, muito frequentemente somos muito críticos em relação à instituição, mas olhando à volta o que temos feito para melhorar? A Igreja não se reduz só à hierarquia eclesiástica, a Igreja também somos nós. Uma vez perguntavam a Madre Teresa de Calcutá o que faria para modificar a Igreja. Ela respondeu que primeiro tinha de ser ela a mudar-se a ela própria. Não perguntemos somente o que a Igreja pode fazer por nós, mas antes o que podemos fazer nós pela Igreja, parafraseando alguém do nosso tempo. Todos apontamos dedos aos padres, aos bispos, aos cardeais, ao papa (algumas vezes com razão, outras sem ela, muitas vezes sem conhecimento), mas e nós? Apontamos dedos aos catequistas (que dão mal a catequese), ao coro, porque cantam que mais parece que estão num funeral (e os cânticos são sempre os mesmos), aos jovens que não aparecem na igreja e que estão em debandada (e o que temos feito para os persuadir a vir à Igreja?) e um sem fim de críticas. Mas e nós? O que já fizemos nós para que esta Igreja seja um lugar de encontro com Deus e com os outros, um lugar da Paz e do Amor? O B. Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi dizia que antes que a Igreja evangelize para o exterior, é preciso que ela seja evangelizada no seu interior. E com toda a razão e legitimidade o dizia... Vale a pena pensar e rezar por isto...

jjmiguel

domingo, 8 de novembro de 2015

No XXXII Domingo do Tempo Comum

O Evangelho deste Domingo é um apelo ao desprendimento, ao nosso esvaziar de tudo aquilo que nos prende e que não nos deixa caminhar neste peregrinação para Deus. Ainda vivemos muito presos ao bens deste mundo. Numa das leituras do domingo passado o Apóstolo João dizia que o mundo ainda não conhece os cristãos, nem muito menos o Cristianismo. E com razão o diz e não se deixa de aplicar aqui a este Evangelho. Os cristãos vivem no mundo, sem pertencer a este mundo. Não vivem nas nuvens, vivem com os pés bem acentes na terra, mas com os olhos para o Alto, em ordem a ser sinal de Deus neste tempo e neste espaço, numa permanente actualização da mensagem evangélica e da pessoa de Jesus Cristo. Por isso, não entendo como é possível que ainda vivamos de imagens do passado, e que desejemos esse passado. Vivamos o presente, marcando o passado e projectando o futuro. Mas, para viver esse presente é preciso que nos libertemos de tudo o que no nosso interior nos prende, para que possamos aceitar e abrir-nos à vontade de Deus, para que seja Ele o timoneiro da nossa barca e cada vez mais nos possamos configurar à pessoa de Jesus Cristo que obedeceu até à morte e de Cruz. Deixemos o nosso coração livre, para que possamos amar e viver esta vida em Deus...

jjmiguel
FOTO: publico.pt

sábado, 7 de novembro de 2015

Vós pretendeis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os vossos corações.


Na continuação da parábola do administrador sagaz Jesus continua e diz que é pelas pequenas coisas que podemos conhecer o Outro. Vivemos muitas vezes extasiados com grandes imagens e grandes figuras do nosso tempo. Imagens que podem estar sustentadas por pés de barro. Não nos fiquemos por imagens, não nos fiquemos apenas pela superfície é necessário ir até ao fundo. Muito frequentemente contentamo-nos com as "letras gordas" de um jornal, ou com palavras retiradas de contexto de uma entrevista, mas é preciso ir mais longe. O Outro é todo um mundo que se vai desvelando diante de nós. Estar atentos, porque antes que nós possamos conhecer, já Deus conhece. E cuidado, porque todos somos responsáveis uns pelos outros, embora frequentemente possamos esquecer isto. A nós simplesmente é revelado em pequenos actos, em pequenos sinais aos quais é necessário estar atento. Porque em boa verdade, não podemos servir a dois senhores.

jjmiguel
FOTO: independent.co.uk

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

É que os filhos deste mundo são mais sagazes que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes.

Jesus dá-nos a revelar os mistérios do Reino de Deus em mais uma parábola, desta vez a parábola do administrador sagaz. Este administrador não estava a administrar bem os bens do seu senhor e o senhor quis despedi-lo, então ele agiu com alguma, perdoem-me a expressão, "esperteza". Pediu aos devedores do seu senhor que modificassem o preço das dívidas que deviam. Certo é que o senhor ainda o elogiou pela sua "esperteza". Não sei porquê, mas todo esta parábola me fez reflectir sobre as últimas notícias da publicação de dois livros acerca de documentos confidenciais com revelações, ao que parece bombásticas acerca do "Vatileaks". Mas o que tem isso a ver para a nossa Fé em Cristo? A Igreja não é composta por pecadores? Pergunto: se Deus e a Igreja não são importantes na vida desta sociedade, então porque é que continuam insistentemente a falar dela? Há três respostas possíveis: Primeira, porque existe uma imprensa que quer ganhar dinheiro, num "vale tudo" maquiavélico, que assusta. Segunda, quem passou esta informação confidencial, porque o fez e a troco de quê? (o mesmo se passa em Portugal com o segredo de Justiça e o segredo de Estado) Uma colossal imoralidade para quem está responsável pela gestão da informação. E a terceira, deixo à vossa consideração considerar que muito provavelmente existe um poder obscuro, atrás do poder e tem nome... Porém, não é nada que a Barca de Pedro não esteja habituada e já lá vão dois milénios de navegação e ainda estamos no inicio...
Coragem, Cristo vive!!!

jjmiguel
FOTO: wikimapia.org

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.


Jesus deixa-nos hoje uma grande pergunta: "Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar?" Assim é Deus, o nosso Deus... Vem ao nosso encontro, como veio por seu Filho, Jesus Cristo, simplesmente para vir ao nosso encontro e comer, chorar, rir connosco, abrir-nos os abraços e dizer que nos ama, tal qual como nós somos: com as nossas fragilidades, com as nossas qualidades. Mas aqui está a vida! Jesus Cristo é vida! Ainda há poucos dias assisti a uma conversa em que em cima da mesa estava em discussão o Relatório Final do Sínodo dos Bispos acerca da Família. Depois de tecidas muitas e muitas considerações no campo da teologia, percebi uma coisa que andamos todos a fazer uma tempestade num copo de água, porque Deus que é Vida e Misericórdia a todos acolhe como este pastor que vai ao encontro da ovelha que anda perdida, das noventa e nove que tinha, porque não me canso de dizer, como dizia São João Paulo II que ao encontro com Jesus é gerada a vida e vida em abundância. E todos os dias Ele vem ao nosso encontro, saibamos acolhê-Lo....

jjmiguel
FOTO: salgueironoticias.net

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo

A leitura do Evangelho de hoje elevou-me o espírito para a Semana dos Seminários que estamos a viver. Na verdade, hoje recordamos essa grande figura que foi São Carlos Borromeu, bispo de Milão, que durante o Concílio de Trento foi o grande impulsionador para a formação do clero e consequente criação casas de formação para todos aqueles que colocassem na sua linha do horizonte a vida sacerdotal, como vida futura, querendo assim configurar-se com Cristo, o Bom Pastor. Seria importante pensar e reflectir como está hoje a ser feita a formação dos candidatos ao sacerdócio no interior dos nossos Seminários. Sem dúvida que as famílias e as comunidades são importantes na construção de uma vocação sacerdotal, mas bem mais importante é a formação que é dada dentro destas casas que são sem dúvida o coração de qualquer diocese do mundo inteiro. Nesse sentido, mais que bons padres, são importantes boas vocações sacerdotais e esse discernimento é iniciado em casa e na paróquia, mas sem dúvida, o ponto nevrálgico desse discernimento é feito no Seminário e com uma boa equipa formadora, porque pela boa árvore se colhem bons frutos. Como cristãos católicos não temos que criticar o que de mau ou de bom existem em alguns testemunhos sacerdotais, devemos também exigir aos Seminários uma boa formação para aqueles que no futuro irão ser os nossos pastores. Dai-nos, Senhor, bons pastores...

jjmiguel
FOTO: flickr.com

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sai imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos


O Homem sempre procurou resposta para as suas perguntas últimas acerca da existência da vida humana. Essa resposta está no nosso interior e não no exterior. Queremos explicar tudo racionalmente e vivemos convencidos de que somos Deus. Queremos criar vida e acabar com a vida quando quisermos e bem nos apetecer. Desta forma estamos a cair cada vez mais no abismo da banalização da vida e da morte, resultado disso temos uma cultura de morte, em que em matérias de Fé vivemos convencidos que seremos salvos por ritualismos balofos e por devoções que em nada servem para o nosso caminho espiritual. Afinal quem poderá salvar-se? Quem tiver a humildade de reconhecer dentro de si e diante de Deus que a sua vida começa e acaba em Deus, porque Ele não só é a vida, mas a vida em si mesma. Vivemos cheios de nós, chegou o tempo de nos esvaziarmos de nós e darmos de graça o que de graça recebemos.

jjmiguel

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

Depois de a Igreja ter recordado todos os seus santos, neste dia somos convidados a lembrar todos os nossos entes queridos que neste momento gozam do Amor e da Paz em Deus que é Pai e que a todos acolhe. Muitos de nós ficam-se simplesmente pela morte e até existem mesmo cristãos que afirmam que com a morte tudo acabou. Acabou a vida terrena, fica a saudade da partida, que é sempre dolorosa para todos. No entanto, ficarmo-nos simplesmente pela morte significa que acabou tudo mesmo. A morte não tem a palavra definitiva, mas sim o Amor é o fim de tudo. E o Amor é Vida, é Esperança e Graça e não acreditar nisto é passar a vida na morte. E há muitos de nós que já em vida morreram, porque lhes falta a vida, porque ao fim e ao cabo lhes falta o Amor. E está
no Amor a resposta para as perguntas últimas do ser humano.

jjmiguel
FOTO: democraciafashion.com.br

domingo, 1 de novembro de 2015

Na Solenidade de Todos os Santos


Solenidade de todos os santos. Todos os santos são todos aqueles que nos aproximam deste mistério inesgotável que é Deus. E tantos e tantas que se nos cruzam na nossa vida e com o seu exemplo de vida são motivo de encontro interior com o Ser De Onde Emanam Todas As Coisas. Por isso, a solenidade que hoje nos é dada a celebrar não é para lembrar só todos aqueles santos proclamados pela Igreja, mas todos aqueles que neste mundo são luzes que brilharão no firmamento e que nos aproximaram de Deus. Por isso queria lembrar alguns nomes: Nelson Mandela, Martin Luther King, Mahatama Ghandi, D. Helder da Câmara, Óscar Romero e tantos e tantas que a sua vida foi inteiramente um testemunho e Luz de Deus no e para o Mundo. A sua mensagem ressoou como eco da Paz e da Concórdia, sinal do Amor de Deus. Deste modo, as bem-aventuranças são um caminho de vida interior que Jesus nos deixou para que possamos ser no mundo sinal e luz na vida uns dos outros, porque todos somos responsáveis uns pelos os outros e ninguém chega a contemplar a felicidade em Deus sozinho. Construamos a civilização do Amor, hoje e agora, tendo como mote este "Sermão da Montanha" vindo da boca do próprio Jesus.

jjmiguel
FOTO: ricardobanana.com