sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Sexta-feira da XXVI Semana do Tempo Comum - Lc 10, 13-16

“Quem vos escuta, escuta-Me a Mim.” Neste dia recordamos a figura desse ilustre homem São Jerónimo que para além de ter abraçado a fé já numa fase adiantada da sua vida, é reconhecido por todos como aquele que dedicou a sua vida à meditação e à compreensão da Palavra de Deus. Dele são conhecidos os seus comentários e mais importante foi pioneiro tradução da Palavra para a língua latina. Somos como que impulsionados pela vida de Jerónimo a mergulhar nesta Palavra. A litúrgia da Palavra é tão importante como a litúrgia Eucarítica, porque também a Palavra é alimento para o nosso espírito. O comungar não passa só pelo ritual de ir tomar o pão e o vinho durante a Eucaristia. Comungar passa também por ler, meditar, orar e viver esta mesma Palavra na nossa vida. É por este motivo que a Palavra que escutamos nas nossas Eucarístias, são tão ou mais importantes que o próprio acto de comungar o pão e o vinho, presença real de Jesus no meio de nós. Se na Eucaristia o Pão e o Vinho, pelas mãos do sacerdote se tornam presença real do Senhor Jesus no meio de nós, muito mais esta Palavra que todos os dias está à nossa disposição na Bíblia Sagrada que temos nas nossas bibliotecas da nossa casa. Por isso, é recomendável que todos os cristãos, e não-cristãos e mesmo até de outras confissões religiosas e até não crentes pudessem ler a Bíblia. E num mundo em que somos chamados a conviver com outras religiões, porque não ler a Torah ou o Corão?


jjmiguel

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Quinta-feira da XXVI Semana do Tempo Comum - Jo 1, 47-51

“Mestre, Tu és o Filho de Deus.” A frase é uma profissão de fé de Natanael. A Igreja hoje convida-nos à Festa de São Miguel, São Gabriel e de São Rafael, arcanjos de Deus. Muito se tem escrito do foro teológico com respeito a estes seres. Na Fé não há certezas, nem definições racionais. A Fé é contemplação de um mistério que se nos vai sendo revelado ao longo deste caminho. Deus coloca-nos mediações para que possamos à luz da Fé ser iluminados até ao momento da revelação final. Jesus é o principal mediador entre o Céu e a Terra, foi para isso que Ele entrou na nossa História, para ser Deus com os homens e mulheres de boa vontade. Deus assumiu um rosto e entrou na história humana, por isso os nossos sofrimentos e as nossas dores são os sofrimentos e as dores de Deus, bem como as nossas alegrias, são as alegrias de Deus. Não estamos órfãos, porque Deus está connosco. Nas figuras dos anjos podemos contemplar esta certeza de que Deus nos guia através da nossa história, seja qual for a nossa opção para a nossa vida. Vivemos hoje com muitos medos, com muitas incertezas. Atravessamos muito desertos, mas não tenhamos medo porque se Deus vai em silêncio é porque nos leva no seu regaço.


jjmiguel                                                                         

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Quarta-feira da XXVI Semana do Tempo Comum - Lc 9, 57-62

“Seguir-Te-ei.” Jesus chama. Ainda hoje Jesus nos chama a esta missão de ir e anunciar o reino de Deus. Anunciar o reino de Deus não é mais que dar testemunho da Fé, da Esperança e da Caridade. Nós, hoje, discipulos do Senhor, cristãos baptizados somos testemunho desta Fé, desta Esperança e desta Caridade? Na verdade, é uma pergunta que se me coloca hoje também a mim próprio. Seguir Jesus é lançar as mãos ao arado e seguir em frente. Por isso o seguir Jesus é abnegação, desprendimento, humildade, deixar cair por terra tudo o que nos prende e caminhar, sabendo que Ele vai à nossa frente e nos guia, porque em última instância foi Ele que nos chamou a desempenhar esta missão. Nada desta nossa Casa Comum é nosso e por isso somos humildes servos que estamos ao serviço do Nosso Mestre e Senhor. Olhemos a Cruz, sinal da nossa vida em Cristo e que seja com a vida que possamos nos entregar nas mãos de Jesus, para que seja com a nossa vida que possamos ser sinal desta vida e desta abundância que é a vida em Jesus Cristo. Somos todos os dias chamados ao nosso arrependimento pessoal, à nossa conversão e convidados a configurarmo-nos com Cristo e com a Sua vida, porque Ele é Caminho, Verdade e Vida para o Pai.


jjmiguel

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Terça-feira da XXVI Semana do Tempo Comum - Lc 9, 51-56

“Aquela gente não O quis receber.” Jesus está a caminho de Jerusalém. Numa povoação de samaritanos não O quiseram receber. Os discipulos Tiago e João instigaram Jesus para que destruísse esta povoação. Porém, Jesus repreendeu-os. O caminho de Jesus para Jerusalém, pode ser representado aqui como o nosso caminho. Um caminho feito com dificuldades e com muitas curvas. No entanto, não está no ódio, na vingança, na revolta a solução para essas dificuldades, mas no Amor. Assistimos hoje a tantos de nós que para fazer essas curvas deste caminho da vida se compensam com a revolta, com a vingança e com o ódio. Jesus vem-nos propor uma outra opção: a opção do Amor. Comportamento gera comportamento. Está nas nossas mãos enquanto discipulos do Senhor fazer diferente. Foi isso que fez Vicente de Paulo na sua época. São Vicente de Paulo santificou-se não porque tenha usado a revolta, a sua revolta foi amar, foi sair e ir ao encontro dos que moravam nas periferias. Relevo hoje os tantos sacerdotes da Congregação da Missão e não só, mas todos os sacerdotes que hoje dão a vida pelas suas comunidades não só aqui em Portugal, mas pelo mundo inteiro. São esses sacerdotes que deveriam ser objecto de notícia...


jjmiguel

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Segunda-feira da XXVI Semana do Tempo Comum - Lc 9, 46-50

“Quem não é contra vós é por vós”. No Evangelho é nos descrita que teria existido uma discussão entre os discípulos quem deles seria o maior. Sinceramente quando olhamos hoje os discípulos de Jesus também notamos que o paralelismo desta discussão para a actualidade não é novo, ou será que é necessário referir exemplos? Porém, Jesus, sabendo que eles tiveram essa discussão coloca uma criança e coloca-a junto Dele e diz-lhes estas simples palavras: “quem for o mais pequeno entre vós esse é que será o maior”. Jesus refere-se directamente à humildade, à simplicidade, à pequenez de coração, à nossa capacidade de nos colocarmos ao serviço, de nos doarmos integralmente. Ora, está mais que visto que quem quiser na verdade ter poder terá que servir, e o poder só poderá ser visto nessa perspectiva. O poder vem do serviço de nos darmos às pessoas, à vida e a Deus, sabendo que nada é nosso e nós somos simples servidores na messe do Senhor.


jjmiguel

domingo, 25 de setembro de 2016

No Domingo XXVI do Tempo Comum - Lc 16, 19-31

O evangelho de Lucas é rico quer nas parábolas, quer nos atributos. Neste domingo é nos apresentada uma parábola de teor moral, ou seja, para Deus não importa a riqueza, importa o amor. Desta forma, torna-se mais fácil ser pobre mas com amor, do que rico e sem amor. Quando o evangelista utiliza a parábola, pretende dizer ao leitor que a grande riqueza é o amar e o dar-se ao outro, e a pobreza está em não dar-se! A vivência cristã exige isso mesmo, um dar-se ao outro numa entrega mútua e verdadeira. Contudo, é importante compreender, que a utilização desta linguagem serve para evidenciar o poder de Deus, que na presença dos anjos tende a mostrar ao rico e ao Lázaro quem age por bem e, quem age por mal. Podemos também olhar para cada um de nós e compreender a verdadeira mensagem de Cristo. Todo aquele que ama o outro tem a vida eterna, o que não ama irá sofrer, porém não se trata de um Deus vingativo, à semelhança do Antigo Testamento, mas de um Deus de amor, que nos exemplos únicos e verdadeiros tende a mostrar o verdadeiro amor.


andré araújo

sábado, 24 de setembro de 2016

Sábado da XXV Semana do Tempo Comum - Lc 9, 43b-45

A grande riqueza dos evangelhos é que, mediante uma linguagem simples e da época, esta se apresenta de forma metafórica, causando um certo impacto no entendimento quer de quem a lê, quer dos próprios discípulos. Muitas vezes, e pelo facto de serem pessoas humildes, custava aos próprios discípulos compreenderem o que Jesus dizia e, este evangelho é prova disso. Aqui Jesus volta a fazer mais um anúncio da sua paixão. A referência à figura dos homens, coloca um problema nos seus discípulos, provavelmente porque não entenderiam quem eram estes homens, ou também porque não sentiam que aquilo lhes tocava. Mais uma vez, a presença do atributo divino “Filho do Homem” coloca em evidência a verdadeira realidade de Jesus, manifestando assim, a sua verdadeira natureza divina.



andré araújo

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sexta-feira da XXV Semana do Tempo Comum - Lc 9, 18-22

Os evangelhos são por si testemunhas vivas não só da pessoa de Jesus, mas também na pessoa dos discípulos de Jesus. O evangelho de hoje realça a primeira profissão de fé de Jesus, ou melhor de Pedro em relação a Jesus. Jesus quando pergunta “quem dizem os homens que Eu sou?”, Pedro ao responder “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo”, nesta frase, não só Pedro está a fazer a sua profissão de fé, como também a realçar um dos maiores atributos divinos de Jesus, este era filho de Deus vivo, ou seja, o Verbo de Deus feito carne! Por sua vez, Jesus repreende Pedro não porque esteja errado, mas porque, a sua revelação para os Homens ainda não tinha chegado. Desta forma, Jesus quando disse “o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos”, Jesus não só se está a qualificar como Filho de Deus, como está a fazer o anúncio da Paixão, em bom rigor, este é o primeiro anúncio da Paixão. Por isso, este evangelho torna-se rico em atributos divinos, como também em momentos escatológicos acerca da pessoa de Jesus.


andré araújo

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Quinta-feira da XXV Semana do Tempo Comum - Lc 9, 7-9

No Novo Testamento sobressai a expressão de Jesus que diz “eu não vim salvar os Justos, mas vim salvar os pecadores”, com esta expressão e, embora diretamente não tenha a ver com o evangelho, demarca a missão de Jesus. Claro que, o tetrarca Herodes ao ouvir falar destes feitos gloriosos de Jesus entende que há um rival! Este rival, aos olhos do tetrarca Herodes, é alguém que pode, com a sua acção pôr em risco o seu poder. Todos sabemos que Jesus foi apelidado por Ele como Rei e, na Cruz também Ele é rei, desta forma, Jesus ao fazer feito gloriosos é de tal maneira equiparado aos antigos, que o rei sente medo e, desta forma, para acabar com o medo procura Jesus, para o interrogar e, claro também para o matar. Mais uma vez, Jesus procura quebrar todos os ritos judaicos, sendo ele judeu. Porém, este quebrar não é tanto quebrar o paradigma, mas mudar este paradigma, colocando em evidência o que é de maior importância do que é de menor importância, para Jesus o mais importante é “amar-se uns aos outros” do que viver na riqueza e na luxúria.


andré araújo

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Quarta-feira da XXV Semana do Tempo Comum - Mt 9, 9-13

O evangelho de hoje fala sobre a vocação, mais concretamente na vocação de S. Mateus. Mateus como cobrador de impostos era visto pela cultura judaica como um pecador. Jesus por sua vez, no início da sua vida pública demarcou bem com quem queria trabalhar. Desta forma, Jesus ao chamar Mateus (curiosamente vocação vem do verbo latim “vocare” que significa chamar), também Ele está em pecado, mas o que importa para Jesus é que a palavra de Deus seja colocada em prática. Por outro lado, Jesus quanto diz “prefiro a misericórdia ao sacrifício” Jesus está a demarcar fortemente o que pretende! Quebrar os ideais judaicos de forma a dar a cada pessoa uma moral concreta. Ao manifestar a misericórdia em vez do sacrifico, Jesus pretende dizer, que torna-se mais importante, sentir a dor do outro, do que oferecer em sacrifício a dor dos outros, por isso, Jesus quando chama os cobradores de impostos e os pecadores está de certa forma a manifestar a sua misericórdia para com eles.


andré araújo

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Terça-feira da XXV Semana do Tempo Comum - Lc 8, 19-21

A liturgia de hoje convida-nos a refletir sobre a vivência cristã. No dia anterior, o evangelho descava esta palavra escondida e, que deve ser revelada aos Homens. Neste dia, o evangelho propõe dizer que cada um de nós deve pôr a palavra de Deus em prática. Com esta afirmação de Jesus, pode-se cair na tentação de que Jesus está a desrespeitar a presença da sua mãe e dos seus irmãos, mas não! Com esta expressão, Jesus coloca todos no mesmo patamar, mas não é um patamar de família, mas de fé! É aqui no evangelho de Lucas, que temos a perceção quem é a primeira pessoa a por em prática a palavra de Deus, que é sua mãe. A partir deste momento, Maria não se torna mãe de Jesus, mas sua discípula e, sua primeira discípula, pois, após a morte de seu filho, Maria é aquela que vai começar o papel de evangelizadora.


andré araújo

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Segunda-feira da XXV Semana do Tempo Comum - Lc 8, 16-18

A liturgia de hoje convida à procura daquilo que não se vê! Provavelmente, o evangelista, a partir desta linguagem metafórica de Jesus, procura evidenciar, um novo olhar sobre algo. Como, na vida, cada um deve pautar pela verdade, também o evangelho opta por ensinar a verdade. Desta forma, o evangelista procura colocar em evidência tudo o que tem e, tudo o que será ainda maior! Claro, que esta metáfora pretende colocar o crente na busca atenta da palavra, essa palavra que não pode estar escondida, mas que deve ser revelada a todos os que necessitam de a ouvir! Uma palavra que busca outra palavra e, que em certa medida deve dar origem a outra palavra chegando assim ao testemunho oral. Por isso, o evangelista, tende a usar a sua palavra, para que cada um de nós seja testemunha credível do que aconteceu, Lucas desta forma, não busca espalhar a palavra, mas permitir que cada um possa espalhar essa palavra.

andré araújo

domingo, 18 de setembro de 2016

No XXV Domingo do Tempo Comum - Lc 16, 1-13

“Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes.” Amizade e fidelidade são duas palavras que nos sobressaltam na Palavra do Nosso Mestre e Senhor. A Palavra terá de ser viva e eficaz e actualizada para os dias de hoje, e por isso a Palavra que hoje lemos no Evangelho de São Lucas são palavras que nos fazem interrogar como nos relacionamos com os outros. Hoje assistimos à quebra de uma moral no trato com os nossos semelhantes e sinceramente é preciso ter muita clarividência na forma como nos damos. Somos assim chamados, como Cristãos, a cultivar o valor da amizade e da fidelidade entre nós. A amizade é o nascer do Sol para o despontar do Amor e na amizade está implicito a fidelidade e o compromisso. A amizade, o Amor, a fidelidade, o compromisso são sentimentos que nos libertam e não devem ser sinal de prisão e de medo. Uma relação nunca deve prender, mas deve libertar. Uma relação deve trazer e dar-nos a paz que precisamos. Somos hoje uma sociedade que temos todas as possibilidades para estarmos próximos e podermos disfrutar deste valor que é a amizade e o Amor entre nós, mas eis que por incrível que pareça somos uma sociedade em que se está a cultivar a solidão, a depressão, a tristeza e a morte... Porquê? Porque na verdade a velocidade da informação leva-nos também à superficialidade do conhecimento e isto reproduz-se no nosso modo de agir entre nós. Uma amizade só pode florescer, quanto mais conhecermos o Outro que está ao nosso lado. Quanto mais eu souber acerca de quem é o meu Outro que me acompanha tanto mais sou chamado a amá-lo e a ser-lhe fiel, com os seus defeitos e virtudes. Deste modo, somos chamados a observar os pequenos gestos, as pequenas atitudes, os pequenos olhares... Porque a amizade e a fidelidade advêm de gestos pequenos, que depois se tornam grandes. Não podemos viver de amizades com base em imagens, porque as imagens podem na verdade desfocalizar do essencial e podem-nos levar à desilusão e ao desalento. Somos assim convidados a tornar as nossas relações mais profundas para que possam ser mais consistentes. Os fins justificam todos os meios em ordem à construção da civilização do Amor, da Paz e da Concórdia. Alguém me dizia que o Amor é como uma rosa: muito bonito, mas que contém muitos espinhos. São esses espinhos que terão ser sinal não de separação, mas de fortalecimento da beleza e da grandeza deste sentimento. Por isso devemos saber ir até ao fundo do que podemos conhecer no que diz respeito ao Outro e não nos ficarmos apenas pela imagem e pela superficialidade de um rosto. Porque um rosto muitas vezes pode não dizer nada...


jjmiguel

sábado, 17 de setembro de 2016

Sábado da XXIV Semana do Tempo Comum - Lc 8, 4-15

“A semente é a Palavra de Deus.” Ao ler esta passagem do Evangelho pensava nesta semente que todos os dias é espalhada por aí e nós não sabemos onde cai. Este é um exercício que todos os dias neste blogue se faz. Na verdade, não sabemos que lê, quem medita ou até onde chega. Também tão pouco se está preocupado com isso, aliás é coisa que pouca preocupa, assim como também não é preocupante se há quem se possa sentir incomodado com o que é dito. O que é dito e afirmado é sempre com base na Palavra do Evangelho. Porém a pergunta mantém-se até onde chega esta pequena semente? A única coisa que preocupa é que possa ser geradora de frutos, de vida, de esperança e sinal de que Jesus Cristo continua vivo no Mundo pela Sua Palavra viva e eficaz para este hoje.


jjmiguel    

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Sexta-feira da XXIV Semana do Tempo Comum - Lc 8, 1-3

“Jesus ia caminhando por cidades e aldeias.” Neste dia a Igreja recorda as memórias de São Cornélio e de São Cipriano. Dois homens que na sua época se confrontaram com uma Igreja à beira de uma cisão e lutaram fortemente pela unidade da Igreja em Jesus Cristo. Sobretudo São Cipriano, tem sido ao longo da história muito maltratado sendo-lhe dada a autoria de um livro de bruxaria, a mais pura tolice. De Cipriano conhece-se as suas expensas obras que reflectiam um período de grande luta contra fortes ventos heréticos que se faziam sentir ao tempo. Tanto São Cornélio, como São Cipriano foram fiéis a Jesus Cristo e sobretudo São Cipriano deu mesmo o seu sangue em nome de Jesus. Num momento em que a Igreja vive tempos fortes, em que é chamada a combater o bom combate da fé num mundo secularizado, não é tempo de apontarmos dedos e gastar as nossas energias em conflitos superficiais. Este é o momento que os cristãos necessitam de unidade e não de dispersão, por isso já conhecemos os reais problemas desta Igreja peregrina, será hora de apresentarmos soluções para continuar esta missão de anunciar o Evangelho ao homens e mulheres de hoje, neste Mundo de hoje, em vista em sermos já aqui sinal da Igreja celeste. Não há tempo a perder...


jjmiguel

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Quinta-feira da XXIV Semana do Tempo Comum - Jo 19, 25-27

“O discípulo recebeu-a em sua casa.” A cena que nos é relatada vem na sequência da festa de ontem da Exaltação da Santa Cruz e foi de muitas formas recriada através de múltiplas pinturas e até cantada por vários compositores. Ao lermos as palavras do Evangelista percebemos que estamos diante de um momento culminante da vida Jesus. É nesse momento que Jesus deixa uma mensagem importante: Maria é a mãe de todos os discípulos de Jesus (“Mulher, o teu filho”) e que todos os discípulos de Jesus devem reconhecer em Maria a sua mãe (“Eis a tua mãe”). Nesta memória da Virgem Maria com o título de Nossa Senhora das Dores, Maria toma sobre si os dramas e os sofrimentos da humanidade, porque o sofrimento do seu filho Jesus é o sofrimento e o drama da humanidade. A figura de Maria é importante, não por ela ser Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Castelo, Nossa Senhora da Aparecida, Nossa Senhora de Guadalupe, isso são simplesmente títulos da devoção popular que teremos que respeitar e que são úteis para o anúncio do Evangelho. Muito menos a figura de Maria é importante porque apareceu em Lourdes, em Fátima, em Guadalupe ou em Aparecida. A figura de Maria é importante porque como discípulos de Jesus Cristo reconhecemos nela como aquela que foi a primeira a aceitar a Palavra de Deus, que acolheu no seu ventre o próprio Deus humanado e por isso mãe de todos os homens. Nela se gerou o futuro da humanidade e por isso a ela foi-lhe confiada esta missão de ser mãe e a dignificação sacerdotal da figura da mulher. Em Maria escutamos o silêncio da Paz do qual como filhos nos sentimos amados na nossa casa. Neste dia e no silêncio do nosso coração, Maria quer ficar em nossa casa, saibamos acolhê-la...


jjmiguel

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Na Festa da Exaltação da Santa Cruz - Jo 3, 13-17

“Também o Filho do Homem será elevado.” A Cruz ainda hoje é causa de escândalo para alguns de nós. A Cruz faz-nos perguntar muitos porquês da história humana. A Cruz é sinal da nossa morte e da nossa vida. A Cruz é uma denúncia do nosso pecado. A Cruz é sinal de quanto mal existe no coração do homem, quando este se afasta do Amor, quando este se afasta de Deus. Deus revelou-se numa Cruz, para que saibamos que é pela vida que vem a morte e que é pela morte que somos devolvidos à vida. Somos por isso chamados a um caminho de conversão interior, a um caminho espiritual que como cristãos esse caminho passa pela Cruz. Ser cristão, falar de Jesus Cristo, viver Jesus Cristo na nossa vida sem a Cruz é falar e viver um Cristianismo oco, sem água, sem miolo. A vida do cristão está centrada na Cruz de Jesus Cristo é com ela que caminhamos à sua luz e à sua sombra. O cristão não pode viver sem a Cruz. A Cruz é vida, é caminho, é verdade. Falar de Jesus Cristo e não falar da Cruz não somos discípulos de Jesus Cristo, parafraseando o Papa Francisco na sua primeira homilia. Ser Cristão é confessar o caminho, a verdade e a vida de Jesus Cristo, com a Cruz de Jesus Cristo. Não tenhamos vergonha, nem medo da Cruz do Nosso Mestre e Senhor, porque esse é o nosso caminho e essa deverá ser a nossa maior glória.



jjmiguel

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Terça-feira da XXIV Semana do Tempo Comum - Lc 7, 11-17

“Não chores.” Dizia-nos o Papa Francisco que ao mundo de hoje lhe faz falta chorar. Com alguma razão diz Sua Santidade. Temos muito a tendência para pensar que chorar é algo de negativo, mas chorar é algo de positivo, porque chorar é o reconhecimento de algo em nós. Jesus diz a esta mulher que perdeu o seu filho único para não chorar e devolve-lhe o filho com vida. Jesus devolveu a esta mulher o seu único sentido para viver que era o seu filho. Jesus devolve a vida, o sentido, faz renascer em nós a esperança, a vida e o Amor. Somos convidados a fixar os olhos em Jesus. O que é que esperamos de Jesus? Quem é Jesus para nós? Somente ver neste Jesus um revolucionário, ou um agitador social, ou um filósofo que veio filosofar acerca do Amor é muito pouco, muito pouco. Ver neste Jesus, o Senhor da Vida, como Aquele que nos pode devolver o sentido da vida, que nos pode devolver o Amor, porque esta mesma Vida que estava junto de Deus veio partilhar dos nossos dramas, dos nossos sofrimentos, das nossas dores. Ainda temos actualmente uma ideia de um deus que vive nas alturas e que é inacessível, mas a verdadeira revolução de Jesus Cristo é que este mesmo deus que sempre achámos inacessível fez-se um de nós e viveu entre nós. Deus entrou na nossa história, na nossa existência. Deus humilhou-se ao mais baixo do homem, morrendo deplorávelmente numa Cruz, para colocar a nú o nosso pecado e para que soubéssemos que por Jesus Cristo há um Caminho, há uma Verdade e uma Vida até Deus, porque não Ele só dá a Vida, como é a Vida em si mesma. Não retireis os olhos de Jesus, mas antes fixai Nele os vossos olhos e fazei que esses olhos na vossa vida esses olhos brilhem para que a vossa vida seja esse brilho no Mundo, para que possa depontar a vida no Mundo.


jjmiguel 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Segunda-feira da XXIV Semana do Tempo Comum - Lc 7, 1-10

“Tão grande fé.” Na leitura da Palavra do Nosso Mestre e Senhor, pensava se muitas vezes nos sentiríamos dignos de estar na presença real de Jesus. De facto, diante de Jesus não podemos ficar de coração duro e frio e teremos que nos abrir à Sua Paz, à Sua Luz. Acontece que muitas vezes temos corações muito frios e muito duros que assim permanecem porque a nossa soberba e o nosso orgulho é de tal ordem que não nos conseguimos confrontar connosco próprios. O rosto de Jesus chama-nos para o nosso interior, para as nossas verdades que nos fazem doer e que nos desgastam e que nos levam à nossa corrupção interior. Por isso no encontro com Jesus somos colocados a nú perante a nossa real verdade, porque Jesus nos olha para dentro, porque nos conhece por dentro. Jesus não se fica somente pela nossa forma aparente. Jesus vai até às nossas profundas entranhas, mesmo as mais escuras e por isso temos por vezes muita dificuldade em compreender a Sua Palavra e a Sua mensagem, porque estamos centralizados demais em nós. Foi o que aconteceu a este centurião... O centurião diante de Jesus colocou-se todo nú, pois bem sabia os seus actos e Jesus não o repudiou, antes lhe disse que nunca tinha visto tão grande fé. Em boa verdade, acreditar em Jesus, não é caminho directo para o Céu, é antes demais um acto de arrependimento e conversão, para que no amanhã possamos melhores pessoas e esse é um caminho para a nossa santidade. Os santos não foram pessoas “certinhas”, foram homens e mulheres como todos nós que souberam reconhecer a sua humildade e a sua pequenez diante de Deus e dos homens.


jjmiguel

domingo, 11 de setembro de 2016

No XXIV Domingo do Tempo Comum - Lc 15, 1-32

“Porque este teu irmão estava morto e voltou à vida.” No evangelho deste domingo, enquanto lia, não pude de pensar na força vital e poderosa que é o Amor. Quem ama, tem vida e transpira vida pelos poros da sua pele e contamina os outros que estão à sua volta. Não posso de deixar de tomar nota de uma frase de Nicolau Maquiavel “Os homens ofendem mais os que amam, dos que temem”. Esta frase é na verdade uma constatação no mundo actual. Uma boa parte de muitos trarão na sua memória os acontecimentos neste dia em Nova York, com os ataques violentos ao WTC em 2001. Volvidos que são alguns anos, será necessário parar para ler esta leitura do evangelho de Lucas e fazer silêncio para que a Palavra possa penetrar no nosso interior. Uma frase sábia do Papa Francisco: “O Mundo perdeu a paz!” Acrescento às sábias palavras de Sua Santidade que o mundo perdeu a paz, porque perdeu a capacidade de amar, de perdoar, de respeitar, de tolerar e tudo isto advém da carência de Amor em que cada um de nós vive. Hoje vivemos uma banalidade colossal deste sentimento e que nos faz perder desde a nossa capacidade de memorizar até à nossa capacidade de perceber que somos alguém. Sem memória, sem identidade, morremos. Tantos de nós que já estamos mortos. Tantos de nós que assassinamos outros com as nossas atitudes e quantos de nós sobrevivem a atentados terroristas que provêm do nosso coração. Ficamos por vezes tão felizes com a desgraça dos outros. Jesus vem dizer o contrário: “Olhai este pobre, esta prostituta, este marginal, este pecador, alegrai-vos porque ele voltou à vida.” Não apontemos dedos, mas antes saibamos estender a mão a quem é diferente, para que possamos dar a vida e a vida em abundância e esse é a missão de qualquer cristão no Mundo.


jjmiguel

sábado, 10 de setembro de 2016

Sábado da XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 6, 43-49

Porque me chamais “Senhor! Senhor!” e não fazeis o que vos digo?” Mais uma vez, a liturgia de hoje apresenta-se sobre a forma de palavras. Aqui é usado a casa como objecto de explicação em comparação com a casa. Jesus proclama a Palavra de Deus e quem a põe em prática é um verdadeiro discípulo, quem a não põe em prática é um mau discípulo, é como a casa que se tiver bons alicerces aguenta tudo, se for com maus alicerces pode cair. Este evangelho encaminha-nos também para o que é dito em Tiago ou seja, "a fé sem obras está completamente morta", assim como a Palavra de Deus, se ela for posta em prática vive-se e dá-se a conhecer o Evangelho, se ela não for posta em prática, vive-se uma fé frágil. A partir desta parábolas nós podemos tirar duas leituras é que Lucas para além de ser o evangelho da misericórdia é também o evangelho que mais directrizes morais coloca. É de notar também que, Lucas quer apresentar ao leitor uma liturgia simples e de fácil compreensão, por isso utiliza a casa como um objeto de comparação, para indicar ao leitor que a casa como lugar de acolhimento tem de estar bem alicerçada, para que a Palavra de Deus faça eco nos nossos ouvidos, uma palavra que não só faça eco em nós, mas que pelo anúncio da Boa Nova, faça eco no coração de todo aquele que a ouve e a põe em prática.


andré araújo

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Sexta-feira da XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 6, 39-42

“O discípulo não é superior ao mestre.” A liturgia de hoje, é nada mais nada menos, do que uma correctiva moral, ou seja, Jesus para explicar uma situação concreta, usa parábolas, que são com que uma correcção moral. Aqui, nesta parábola o que Jesus pretende dizer é que cada um de nós é igual, não importa que tu sejas maior do que eu, porque afinal somos iguais. Jesus desta maneira exorta, a partir de uma  linguagem quotidiana, com elementos do quotidiano, apresentar aos discípulos uma verdadeira directiz moral. Não se trata de uma forma de viver, pois, para Cristo todos somos um só, um só para Deus. Este um só, deve projectar um novo olhar para com os outros. Nas palavras de Jesus, ninguém pode ajudar o próximo se, não se ajudar a si mesmo, só quando cada um se ajudar a si mesmo é que é capaz de ajudar o próximo.



andré araújo

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Festa da Natividade de Nossa Senhora - Mt 1, 1-16. 18-23

“Não temas receber Maria.” A liturgia de hoje apresenta-nos Maria, como aquela que conceberá e dará à luz o Filho do altíssimo. Aqui é nos apresentado os primeiros passos de Maria, como portadora do Filho de Deus. José aparece como o Pai que, não sendo pai legítimo aceita por intermédio do Anjo, o Filho de Deus. José talvez ocupa aqui o lugar principal, pois, é por José e, pela sua descendência, que Jesus passa a ser da descendência de David e, também é por José que Jesus tem um ofício. Neste evangelho, centrado também na figura de Maria, como a Mãe da Igreja, há que destacar também o grande atributo dado a este filho que há-de vir, ou seja, "Ele chamar-se-á Emanuel, que quer dizer Deus connosco", esta expressão, que é de certa forma um atributo é, também uma perspetiva escatológica, ou seja, é o Filho do altíssimo, que permanecerá connosco. Esta expressão volta-se a repetir no final do Evangelho, quando Jesus diz "Eu estarei sempre convosco", no fundo, aquilo que se prometeu, por meio do anjo, realiza-se no final, por meio de Jesus.

andré araújo 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Quarta-feira da XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 6, 20-26

“Bem-aventurados vós.” A liturgia de hoje é uma continuidade da do dia anterior. Ela encaixa-se num discurso, feito numa montanha, correspondente ao sermão da Montanha em Mt 5-7. No entanto é a particularidade deste evangelho que vai demarcar esta secção destes versículos, ou seja, Lucas é o evangelho da Misericórdia e, aqui serão apresentadas as verdadeiras directrizes da prática da misericórdia. A expressão "bem-aventurados" exorta a cada fiel a seguir uma orientação concreta, sem nunca esquecer qualquer pessoa dentro do seio católico. Desta forma, o que o evangelista pretende dar aqui é uma directriz moral, para que todos aqueles sejam "bem-aventurados", mas serão mais "bem-aventurados" se fizerem as coisas numa moralidade coletiva e, sempre de mãos dadas com Deus.



andré araújo

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Terça-feira da XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 6, 12-19

“Tinham vindo para ouvir Jesus.” A liturgia do dia apresenta-nos a eleição dos 12 primeiros apóstolos.Tal como qualquer outra eleição, esta é feita sempre após a oração, isto para indicar que qualquer escolha nunca é feita sem intermédio de Deus, este Deus, que já desde o Antigo Testamento é visto como, aquele que dá a escolha.  Não é tanto a partir dos evangelhos que vemos essa escolha divina, mas sim a partir das cartas apostólicas, nomeadamente nas de Paulo. Claro que, mesmo sendo escritas por discípulos dos apóstolos, estas têm sempre inspiração divina. Desta forma, neste evangelho, conseguimos ver que acima de tudo é feita uma escolha, uma escolha que é feita por Jesus, sempre por intermédio da oração.



andré araújo

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Segunda-feira da XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 14, 25-33

“Os escribas e os fariseus ficaram furiosos.” Jesus é notado na sinagoga onde irá curar um paralítico em dia de sábado. Há duas perspectivas neste evangelho que não quero deixar passar pela superfície. Por um lado temos a figura do paralítico que representa o nosso pecado, que representa todas as nossas doenças interiores e que não nos deixam caminhar para Deus e para a Luz. Por outro lado, temos os fariseus e os escribas que ficaram cheios de raiva, porque Jesus tinha curado um paralítico em dia de sábado. O sábado para os judeus é dia sagrado e como tal deve ser respeitado. A pergunta que salta ao espírito é esta: temos dias estipulados para praticar o Amor? Não há dias para praticar o Amor, porque todos os dias são dias de Graça e de Vida. Vivemos hoje numa sociedade em que tudo tem regras, até existem regras para praticar o Amor, por isso a nossa vida é muitas vezes um quebra-cabeças e por isso quando somos confrontados com o Amor muitas vezes ficamos como estes escribas e fariseus. O Amor causa revolta, sobretudo a quem não o vive no seu coração. Na verdade, para vivermos no Amor é preciso que bem dentro de nós não existam tempestades nem guerras, mas antes a paz e a concórdia. Saibamos viver no Amor, para que brote a Vida, a Esperança e a Coragem de fazermos do nosso quotidiano esta Cidade de Deus, onde todos têm espaço.


jjmiguel

domingo, 4 de setembro de 2016

No XXIII Domingo do Tempo Comum - Lc 14, 25-33

“Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.” Estamos nas mãos de Deus. Não devemos perder tempo a olhar para trás. Devemos seguir em frente, sabendo que Deus nos leva pela mão. A fé é este salto no desconhecido. Deus é mistério e será sempre mistério, porque se assim não fosse não avançaríamos e não tinhamos que decidir nada, porque tudo já conhecíamos. A vida é este mistério da fé. E só a fé poderá dar sentido à vida. Por estes dias vivem-se dias de fé em Itália. Ao vermos as imagens, as fotos, os testemunhos... perguntamos: “E agora, Senhor?”  Nestes momentos é para a fé que nos temos que voltar, porém continuamos a renegar a fé. O que foi aquilo que aconteceu em França quando as autoridades francesas mandaram retirar a uma mulher que estava na praia o burkini? Proibir o uso da burka a um muçulmano é o mesmo que proibir o uso da cruz em espaços públicos! É assim que se respeita a liberdade religiosa? É assim que se respeita o que cada um acredita? Cada um é livre de acreditar, de viver a sua fé. Assim como se é livre de não acreditar em nada e ser ateu. Porém não se pode obrigar o outro a pensar da mesma forma. Não somos todos obrigados a ser laicos! No entanto nesta questão do laicismo, houve sempre uma dúvida que se me impôs: desde a Revolução Francesa o laicismo era liberdade religiosa ou anticlericalismo? Sinceramente acho que o laicismo que se quis impôr (à qual essa imposição ainda hoje se impõe), não era laicismo, mas sim anticlericalismo. Muito sentidamente, entendo que a Igreja Católica enquanto instituição humana cometeu alguns erros e que foram negros para a História da humanidade. No entanto, a Igreja e a Religião são muito mais que esses factos negros que assolaram a história do mundo. A Religião tem uma mensagem que deve ser anunciada, que deve ser expressada. Por isso entende-se que o principal papel da Igreja no Mundo é o anúncio do Evangelho. O Evangelho é esta boa notícia de que todos somos amados por Deus, e que todos nos devemos amar, para que o Reino de Deus possa ser uma realidade já aqui neste mundo. Quer dizer então de que estamos a falar de Amor! E pelo que parece falar de Amor faz ainda hoje muita gente saltar da cadeira! Jesus Cristo falou de Amor e acabou de braços estendidos na Cruz por Amor! Eis a triste verdade da humanidade... Temos medo de amar e do Amor... Desta forma chamamos à responsabilidade os cristãos que devem ser esta vivência do Amor e da Paz em Jesus Cristo, de contrário se não forem este testemunho de nada servem serem cristãos baptizados. Se somos favoráveis à liberdade religiosa, significa por isso que todos poderão ser livres de expressar publicamente a sua fé, seja cristã, muçulmana, judía, etc. Não se encha a boca com liberdade religiosa querendo com isso exterminar com o “ópio do Povo” – a Religião!

jjmiguel

sábado, 3 de setembro de 2016

Sábado da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 6, 1-5

“O Filho do homem é senhor do sábado.” Viver o Evangelho, não é como uma simples lei, mas vivê-lo no nosso espírito. O Evangelho é muito mais que burocracia e canones. O Evangelho é vida. Deste modo o ser cristão é viver e experimentar na sua vida a imitação de Cristo. A verdade é que ser cristão não é questão de hábitos, tradições ou devoções. Ser cristão vai muito para além disso. Muito frequentemente se encontra alguns cristãos que tudo vivem, tudo lêem, tudo falam, mas falar acerca do Evangelho e de Jesus Cristo, pura e simplesmente, não sabem falar. Durante muito tempo a formação cristã esteve exposta a “empinar” doutrina, mas muito pouco de vivência espiritual. A vida cristã é por isso um caminho espiritual feito todos os dias, em que deixamos que Jesus Cristo nos fale através da Sua Palavra, com as vicissitudes do nosso tempo. Não entender desta forma a vida cristã, não é viver Cristo nem o Seu Evangelho, e de um momento para o outro podemos mergulhar no canonismo, ou no profissionalismo religioso.

jjmiguel

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Sexta-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 5, 33-39

“Ninguém corta um remendo de um vestido novo, para o deitar num vestido velho.” O Cristianismo tem no seu conteúdo uma linguagem nova: a linguagem do Amor. Passamos muito tempo ligados a coisas velhas. Muito frequentemente queremos continuar com o velho e o novo ao mesmo tempo. Por isso o ser cristão é saber entender que existe um tempo novo. Vivemos agarrados aos nossos passados e não conseguimos ler os sinais do presente, o que levará a uma ausência da percepção do futuro. Não podemos continuar perpetuamente agarrados ao velho e ao passado, será necessário ao cristão um “aggiornamento” uma actualização para poder colocar em prática as palavras do Concílio Vaticano II: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.” GS, nº 1



jjmiguel 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Quinta-feira da XXII Semana do Tempo Comum - Lc 5, 1-11

“Lançai as redes para a pesca.” Este é o convite de Jesus. A Palavra convida a irmos mais além, a irmos mais longe e a não ficarmos estancados nos nossos espaço de conforto. Na verdade, ficar nos nossos espaços de conforto é muitas vezes uma grande tentação, porém Jesus Cristo convida a irmos e a sairmos das sacristias velhas e bulorentas. Escrevo no dia em que se sucedeu um sismo no centro de Itália. Penso em todas as vítimas, mas também nas suas famílias. Sinceramente, comovi-me ao ver um sacerdote sozinho diante da sua comunidade em sofrimento e a chorar por não saber o que fazer. Não basta só rezar. Os apóstolos de Jesus Cristo devem ir ter com o povo que sofre e perguntar-lhes o que é preciso fazer e dar-lhes a mão. Certamente que Pedro, o primeiro de entre o Colégio dos Apóstolos, deslocar-se-ia a estas comunidades que sofrem e que agonizam. Rezar é importante, mas dar a mão muito mais. Ir às periferias é isto mesmo. Estar presente com os que sofrem não só com o corpo, mas também com o coração, olhar nos olhos, abraçar e perguntar: “o que é preciso, irmão?” Por mais que choque não lamentemos os mortos, mas cuidemos dos vivos. Bem sei que a revolta é grande perante estas calamidades, e também sei que a pergunta “onde está Deus?” surge ao nosso espírito, mas não nos podemos ficar pelas dúvidas. Nestes momentos são horas de acção, são horas de lançarmos as redes e pensar no que podemos e devemos fazer. Deixo uma palavra de força e coragem às comunidades de Accumoli, Amatrice e Rieti, na Itália: não vos deixeis corroer pelo sofrimento destas horas, mas antes perante a dor da destruição, seja um momento de acção e de solidariedade entre todos, porque todos são membros desta Casa Comum e para que todos possam reconstruir o que foi destruído.


jjmiguel