quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Uma homenagem...

CANTAR ALENTEJANO
Vicente Campinas*


Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar


* Este poema foi musicado por José Afonso, no álbum «Cantigas de Maio», editado no Natal de 1971

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ser ou não ser!

Quero neste momento, deixar mais umas perguntas na rede a todos os navegadores deste espaço. Deixá-los a pensar...
A Espanha está em recssão económica, a França está no mesmo caminho.
Vários países nacionalizam bancos e outras instituições.
E em Portugal? Estamos em recessão ou não?
Se estamos o que anda o Governo português a fazer? E se não estamos que medidas estão a ser tomadas?
Certo é, que neste país se vive um momento em que nada se passa, e isso é problema dos outros...

Meter a cabeça na areia...

Bons hábitos de "tuga"


08 de Outbro de 2008

Os G-4

Neste fim-de-semana passado fiquei apreensivo, e já não é a primeira vez que isto acontece sobre a Cimeira que reuniu em Paris os quatro grandes da Europa para decidir o que vai acontecer face à crise financeira que parece estar a instalar-se.
A pergunta que coloco é esta: Numa matéria tão importante como é a vida financeira da Europa, porque é que só se reunem quatro países-membros quando a União Europeia é constituída por 27 estados-membros?
Afinal, isto da Europa parece ser para alguns...
Afinal, algo vai mal nesta Europa. Quem legitimou os G-4?
E não me venham os europeístas com retórica democrática, porque isto de democracia não tem nada.

07 de Outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Em nome da Res Publica!

Comemorámos a Res Publica!
Seria bom que volvidos 98 anos da Implantação da República fizessemos um exame de consciência como esta se tem processado. Os historiadores que andam enredados em guerrilhas, sem interessa nenhum que venham cá para fora falar.
A Monarquia já sabemos o que é (nem vamos discuti-la). E a República?
Neste momento, em que vivemos momentos de grande ansiedade e expectativa, é necessária consciência de cidadania (que anda nas ruas da amargura) e não colocar outra vez a cabeça na areia.
Talvez a fundação de uma nova República fizesse falta. Mas não daquelas de trazer por casa...


06 de Outubro de 2008

Um símbolo nacional... não imposto!

Desde há uns tempos a esta parte que têm nascido por aí muitas vozes no sentido de fazer renascer o fado. E nnão é por acaso qundo uma nação vai mal que tal puxar-lhe por aquilo que a identifica?
Na verdade existem muitas boas vozes, como é o caso de Mafalda Arnauth, Katia Guerreiro, Camané, Raquel Tavares, etc...
Vozes que quer queiramos quer não irão marcar uma geração.
Entendo que o fado e a sua sonoridade não pode morrer - é algo nosso...
Mas não inventem "Amálias" porque essa é única e corresponde a uma época.
As tradições e os símbolos da nação vão-se criando pela vivência e vontade de um povo, não são forçadas, nem impostas.


05 de Outubro de 2008

Talvez... o Bloco Central!

A Aliança da Esquerda parece que vai seguir em frente.
O PCP e BE lá se vão unir, pelo menos virtualmente.
Provavelmente terá os seus frutos práticos.
No entanto, este é um sinal que de facto os tempos não estão fáceis.
Se a Esquerda se une, por outro lado a Extrema-Direita começa a ter adeptos. Vejamos o caso austríaco.
A clivagem social está prestes a acontecer também na política, já que ao nível económico é o que se está a ver.
Porque não um Bloco Central?
No entanto, no espírito democrático português muito caminho ainda terá de ser percorrido para se chegar aqui, independentemente que isso aconteça a muito curto prazo.


04 de Outubro de 2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A praxe e o medo

Depois de ter assistido a um debate com alguns pensadores, da nossa praça pública, sobre a questão da praxe e a tradição académica, o comentário que tenho a fazer é só este: o que se quer fazer de uma sociedade que não sabe o que é liberdade e confunde autoridade com autoritarismo...
Na verdade é o que temos na praxe académica.
Liberdade não é libertinagem e autoridade/autoritarismo não é raiva e selvajaria. A praxe académica foi transformada nisto.
Onde estão os verdadeiros valores da praxe? Não existe... A sociedade, em geral, já pouco ou nada tem nesta matéria de valores.
Uma sociedade que vive um medo chamado fascismo, ordem, hierarquia não poderá ser uma sociedade democrática.
Em democracia existe fascismo e comunismo e teremos de saber lidar com estes dois conceitos entrenhados na nossa sociedade, caso contrário, é o que temos hoje.
Todos temos medo do fascismo, e todos temos medo do comunismo. No entanto, o comunismo ainda não foi poder em Portugal, e por acaso até gostava de ver... (para contrabalançar as coisas e desmistificar algumas teias de aranha da cabeça de algumas pessoas).
A praxe foi hoje desvirtuada, à conta de uma massificação do ensino muito mal gerida, e, à conta de uma liberdade feita a "ferros."

Ninguém se queixe das decisões do Sr. Ministro e de alguns reitores. O que queriam? ANARQUIA?????

Os cidadãos fazem os seus governantes, meus caros...

Reinvente-se...

Há por aí uns pensadores que afirmam: "Estamos perante o fim do capitalismo."
Será?
E viver no socialismo da miséria, como a História nos relata muitos factos???
O capitalismo, infelizmente, está ainda muito longe do seu fim.
Na verdade, o capitalismo pode acabar... Mas em que pé ficam os Estados de Providência Social? É importante saber se o capitalismo acabou, mas antes é mais importante saber e analisar como atravessam os Estados Sociais, esta crise do capitalismo? Será que daqui a 50 anos os idosos terão as sua pensões? Os jovens daqui a 50 anos terão futuro?
Se esta crise financeira é para os grandes, ninguém fala como ficam os pequenos num mundo ocidental cada vez mais envelhecido???

Televisão... para quê?

Ultimamente tenho-me deparado sobre o estado deporável em que anda a nossa televisão.
Mau jornalismo? Formatação de mentalidades? Ou criação de tacho imediato?
Na RTP, o Estado fala mais alto (como sempre foi).
Na SIC, um canal que ainda não assumiu aquilo em que ele é bom... a Informação.
Na TVI, o canal da "vox populi". O problema neste canal é saber o que vai acontecer a tanta gente que faz novelas e depois no fim terá de ir para o desemprego (graças aos grandes tubarões que para aí andam)
Afinal o que faz falta à nossa comunicação social?

Perguntem às universidades...

Depois da tempestade... o que vem?

É caso para se ouvir a mítica canção de Vitorino: "Queda do Império"
Sinal de uma maior crise financeira é que os EUA já não se entendem internamente. Isso terá consequências nefastas na economia internacional, ou não quisessem uma globalização à força.
O que resta saber é se de facto existe mesmo crise financeira, ou se esta não será mais uma estratégia do Partido Republicano para ganhar eleições em Novembro. A verdade é que o Obama já se encontra ofuscado...
As crises dão sempre muito jeitinho aos conservadores...
Afinal, uma nova ordem mundial está a instalar-se, sem que ninguém se dê conta.
Quem irá sofrer as consequências?
Os mesmos de sempre...

Tudo a mesma carneirada

De facto isto é tudo a mesma carneirada!!!
Alguém já se deparou com a quantidade de gente a entrar no Ensino Superior em áreas como as ciências da saúde? Eu percebo, mas o país não se faz só com médicos, enfermeiros, terapeutas da fala, fisioterapeutas, etc...
Qualquer dia é um país de médicos, enfermeiros e por aí fora...
Então e as humanidades (o parente pobre). Também ninguém está para pensar... O que importa é ser doutor ou engenheiro, ou então fazer a vontade aos papás...
Talvez um dia se queixem...
Há muito tempo que precisamos de um ensino superior especializado nas várias áreas do saber.



03 de Outubro de 2008

A paz podre

Depois de o deputado Alberto Martins ter assumido não restam duvidas...
As relações entre Belém e S. Bento são aquilo que há muito se esperava.
Esperemos que não tenham efeitos nefastos ao nível institucional e social, para não termos uma versão do filme Santana Lopes, ou uma outra versão mais original: Guterres II, o Delfim.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Um assalto conveniente!

A PJ foi assaltada (para quem não viu, nem leu)

Pelos vistos nem esta se salva ao que para aí anda. No entanto, gostava de saber para que servem notícias destas? Para descredibilizar certamente...

Temos umas das maiores instituições policiais do mundo. E isto não interessa dizer.

Na verdade, os homens que fazem a PJ têm de ser mesmo bons. Porque desde mal pagos, pelo serviço que prestam; a ter de andar em carros podres e não ter dinheiro para combustível, já para não falar na falta de recursos no combate ao crime. De factos têm de ser mesmo muito bons...

O problema é que estes homens quando estão em cima dos acontecimentos há sempre qualquer coisa que impede a investigação de prosseguir. Estranho...

Para haver democracia, é necessário segurança.

Pensem nisto...



Quarta-feira, 01 de Outubro de 2008

Obama Vs McCain

Depois de ter recolhido os estilhaços das granadas lançadas na passada sexta-feira durante o combate de palavras entre estes dois senhores, só me resta concluir: afinal, nos EUA também existe vazio de ideias...

Ao fim de contas o problema não terá política, mas de quem a faz...

Pense-se nos cidadãos, e deixemo-nos de tecnocracias


Terça-feira, 30 de Setembro de 2008

Velhos hábitos...

A semana passada depois de ter assistido, via rádio, ao debate que marcou a reentreé política, no Parlamento, não entendi o porquê do Partido "Os Verdes" terem levantado a questão sobre o casamento homossexual.
Certamente assunto que merecerá uma discussão aprofundada no seio da nossa sociedade.
Na verdade, o que eu não percebo é, porque é que neste momento outros países discutem tentam resolver as consequências da crise financeira, e, em Portugal continuamos a fazer tudo como se nada se passasse na vizinhança...
Quando acordaramos pode ser tarde!!!
Velhos hábitos...


Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Preocupações...? Isso é para meia dúzia de líricos e revolucionários

Caros amigos:



Começou um ano lectivo...

Imagino as conversas de corredor e café que andam pelo país fora a cerca deste assunto.

Desde a Ministra e suas políticas, financiamento do Ensino Superior até às praxes e tradição académica.

Ora, era sobre este assunto que hoje quero abrir o debate.



Tenho consciência que o assunto é quente e pode dar para inúmeras guerrilhas urbanas.



Há muito tempo que não comento tradição académica. Neste momento não vale a pena. Porquê?



Porque se neste momento o sentido do conceito de comunidade já não existe, como podemos falar nós de uma tradição que toda ela é virada para o sentido comunitário e hierarquico...?



Na verdade, hoje em dia, rejeitamos a hierarquia e confundimos a anarquia.



Isto a propósito do Sr. Minsitro da Ciência e Ensino Superior ter tido mão pesada para os abusadores (que nem sabem praxar; praxam porque é bonito; praxam porque são frustrados com a autoridade; ou então praxam para se pavonear com títulos e capas negras; ou ainda para ver se arranjam um(a) afilhado (a))



Sinceramente é justa a atitude do Ministro, no sentido em que estamos a chegar a um momento de degradação da tradição académica. Na verdade, é uma vergonha para quem é estudante um ministro chegar a estas vias...



Mas que outra coisa poderia fazer o Sr. Ministro?



Sinceramente, no estado de coisas cada vez mais concordo com o MATA (Movimento Anti-Tradição Académica). No estado de coisas eu sou anti-tradição académica, e não tenho receio de o dizer... ao estado degredante em que vejo certas e determinadas cenas por este país fora. Existe de tudo um pouco. Cada vez mais acho que a TVI e a série Morangos com Açúcar é que está bem...



Já agora, porque é que ninguém vê a Rebelde Way, na SIC? Já sei... é fatela, não é...?



Pois o mal aprende-se sempre melhor que o bem.



E já agora, pode-se começar a pensar é em acabar com com isto da Tradição Académica e de Praxes. O pessoal já não está para isso...



Viva as noites de farra, sexo e por aí fora...!!!



Esses gajos que andam para aí a dizer umas coisas que a gente nem compreende bem, são todos uma cambada de malucos e que querem é tacho!!!



Nós somos todos muito à frente:

temos filhos aos 12 anos de idade (nem sabemos quem é o pai);

aos 10 anos vamos para a night;

aos 16 anos partimos carros e assaltamos bancos;

aos 8 anos fumamos umas altas passas (marijuana, ou outras);

aos 6 anos perdemos a virgindade e temos muitos namorados (as);

batemos nos professores e se possível nos nossos pais; e se não gostamos de alguém matamo-lo (porque não?);

se estou grávida e não quero o filho, faço um aborto (o Estado até permite, sem acompanhamento psicológico);

Já me esquecia, os pais acham isto tudo normal, porque é a Liberdade, agora já não existe Salazar. Fazemos o que queremos... (se possível até vamos com eles para a disco curtir o som, no nosso tempo não havia nada disto)



Que gente tacanha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Nós somos todos muito democratas, não nos toquem é nós...



O País que se lixe, isso é para os políticos e intelectuais que não têm nada que fazer...



Mas a verdade, custa não custa...?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Anti-repressivos II

Então e esta... Já há muito tempo que ando para publicar isto...

Tomem lá e pensem ...


FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

José Mário Branco
FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho).

Anti-repressivos

Ainda no rescaldo das férias, passando pela FNAC comprei o novo albúm de um projecto que anda por aí e parece que tem pernas para andar e para avançar. Refiro-me, claro está, aos "Donna Maria." Aconselho vivamente a ouvir todo o albúm, pois vale a pena...
Sugiro a faixa 5 e a faixa 10...

Desta forma deixo-vos a letra da faixa 5, exclusivamente para pôr os neurónios a funcionar...

Afinal, o que andamos a fazer a este mundo...?

Fiquem com a letra e se por acaso se tiverem o cd, oiçam...



Porque não/ Esquecer o coração
Porque não/ Pecar sem ter perdão
Perder toda a razão/ Porque não

Porque não/ Um filme sem guião
Porque não/ Um tema sem refrão
Cantar esta canção/ Porque não

Porque não/ Pular com a mutidão
Porque não/ Sorrir da solidão
Gritar na escuridão/ Porque não

Por aqui, por aí, porque sim
Sem ter aprovação
Sou o normal e sou a loucura
Não me peçam para ter razão

Porque não/ Um mundo e uma nação
Porque não/ Sem bomba no Islão
Nem fome no Sudão/ Porque não

Porque não/ Guardar a confissão
Porque não/ Umbigo sem cordão
E Eva ser Adão/ Porque não

Quero mais de ti, quero mais de mim
Quero mais de toda a gente, que todos juntos façam
frente
Que os mudos gritem alto que todos façam algo
Que torne o coração mais quente
Convençam o vizinho que ninguém ganha sozinho
Que a batalha é muito dura e será dente por dente.
Comer comida "light" para que a roupa nos assente
O corpo está saudável mas a mente está demente.
Que consciência é esta que finge que não vê.
A fome é bem real e não é só na TV
A esperança nunca morre a não ser para quem não come
A guerra não perturba a não ser a quem não dorme.

Donna Maria
Albúm: "Música para ser humano"

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O estado

"Existe três estados: o estado comunista, o estado capitalista e o estado a que isto chegou." (Salgueiro Maia)


http://br.youtube.com/watch?v=g_dynCZGbKo



quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma questão de tempo, nada mais!

Caros amigos:

Começou contagem decrescente para a queda no fosso.

Já são duas grandes empresas americanas a cair. Uma delas até quando...

E já agora, quantas e quantas já nao andam num esforço financeiro para se manter em pé

Falamos das grandes empresas multinacionais ou não. Se estas andam assim então como andam as pequenas e médias empresas.

É uma questão de tempo...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Até Novembro...

Sinceramente...

Já vi isto algures no tempo

Será que vai acontecer o mesmo, ou tudo será mera coincidência...

Em Novembro, veremos!

Por agora, vejam as diferenças...


http://br.youtube.com/watch?v=OAhb06Z8N1c




http://br.youtube.com/watch?v=hH6nQhss4Yc

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

É só imagem

Neste tempo de férias, andei por terras do sul de Portugal.
Agora que voltei, é tempo de começar a levantar iceberg's que andam por aí só com a ponta no ar.

Num dos meus péripulos fui dar ao Festival da Sardinha Assada de Portimão. Por acaso um excelente festival...

Agora o que eu não consigo compreender é onde é que a autarquia foi buscar financiamento para realizar todos os dias de festival uma sessão de fogo de artíficio no final de cada espetáculo musical na ordem dos 10.000€. O festival decorreu durante 8 dias agora faça-se as contas só em fogo de artíficio...

Então e financiamento para obras na ponte sobre o Arade????? Já sei... Não há...

Talvez um dia quando acontecer o mesmo como aconteceu em Entre-os-Rios se faça obras.

Já para não falar de outros espetáculos, que se realizam lá para as bandas da Praia da Rocha que só servem para entreter o bom do português...

É só imagem... o essencial fica por fazer. Isso é para os pseudo-políticos e pseudo-intelectuais...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Será uma morte anunciada...?

No último fim-de-semana deparei-me com uma realidade que gostaria de partilhar.
Estive em Coruche, (na minha terra-metade) sede do meu concelho como faço habitualmente.
Resolvi colocar a conversa em dia com alguém que conhece bem aquelas gentes.
Ora, durante este período de Verão é tempo de festas religiosas e populares e qual não é o meu espanto que vim a saber que são algumas terras que não irão ter a realização de algumas festas que já se realizavam há alguns anos.
Perguntei porquê?...
A resposta foi imediata: " Não há pessoas" (...) "As pessoas não se querem responsabilizar"
A estas palavras só pergunto:

Onde estão as pessoas?

O que está a acontecer ao associativismo?

Duas perguntas que quero deixar aos cientistas sociais da nossa sociedade.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A dificuldade da Igreja no mundo actual

Tudo começa com um equívoco. Hoje, quando se fala da Igreja, é numa gigantesca instituição e nos seus altos e médios hierarcas que de facto se pensa: Papa, bispos, padres. Já se esqueceu que, no princípio, não era assim, pois Igreja significava a reunião das Igrejas, entendidas como assembleias dos cristãos congregados em nome de Jesus.

Foi com Constantino e Teodósio que tudo se modificou, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Estado e a Igreja acabou por transformar-se numa instituição de poder. Desde então, de um modo ou outro, espreitou o perigo de esquecer a Igreja enquanto comunidade dos fiéis a Cristo, que caminha na fé e na tentativa de actualizar no mundo o reinado de Deus a favor de todos os homens e mulheres, sobretudo dos mais pobres e abandonados, para sublinhar sobretudo uma Igreja-instituição, hierarquizada e poderosa. Quem congrega é menos Jesus do que a hierarquia, e a fé está mais dirigida ao dogma do que à pessoa de Jesus e ao Deus salvador.

Depois, tenta-se o diálogo da Igreja com o mundo. Mas que pode entender-se por isso? Também a Igreja não é de facto mundo, embora mundo a partir de uma determinada visão? Pertencemos todos ao mesmo mundo, ainda que a partir de visões múltiplas e diversas. Mas, mesmo no pressuposto do diálogo, ele torna-se difícil, já que houve rupturas quase insanáveis. Pense-se, por exemplo, que até à década de 60 do século passado se manteve o Índex, isto é, o catálogo dos livros cuja leitura era proibida aos católicos. Aí figuravam não só muitos teólogos, mas também os pais da ciência e da filosofia modernas, figuras eminentes da história, da literatura e do direito: Copérnico e Galileu, Descartes e Pascal, Bayle, Malebranche e Espinosa, Hobbes, Locke e Hume, também Kant, evidentemente Rousseau e Voltaire, mais tarde, John Stuart Mill, Comte, os historiadores Condorcet, Ranke, Taine, igualmente Diderot e D'Alembert com a Encyclopédie e até o Dictionnaire Larousse, os juristas e filósofos do Direito Grotius, Von Pufendorf, Montesquieu, a nata da literatura moderna, de Heine, Vítor Hugo, Lamartine, Dumas pai e filho, Balzac, Flaubert, Zola, a Leopardi e D'Annunzio, entre os mais recentes, Bergson, Sartre e Simone de Beauvoir, Unamuno, Gide. Com o fim do Índex, não terminaram as censuras a dezenas de teólogos, entre os quais Hans Küng, Leonardo Boff, J. Masiá, Jon Sobrino. Como se a Igreja vivesse sob o reflexo do medo de quem ousa pensar.

As dificuldades são diversas, tanto ao nível da doutrina como da própria organização. O mundo moderno pôs em causa o princípio da simples autoridade vertical, mas a Igreja tem dificuldade em aceitar a dúvida e argumentar. Ao princípio da democracia a Igreja contrapõe uma monarquia absoluta. Na sociedade civil, aos dirigentes aplicam-se denominações funcionais: ministros, reitores, directores, mas, na Igreja, o Código de Direito Canónico continua com categorias quase ontológicas: são "superiores" e até "superiores maiores", o que implica que os outros são "inferiores". Jesus tinha dito: "sois todos irmãos". Mal um padre é nomeado bispo fica o seu nome próprio precedido de "Dom", abreviatura de "Dominus" (senhor), título senhorial antiquado. Dificuldade maior é a reconciliação com o corpo, com a sexualidade e com as mulheres na sua igualdade com os homens. Do ponto de vista doutrinal ainda hoje causa espanto que o padre Teilhard de Chardin, o cientista que tentou conciliar a fé com uma concepção evolucionista do mundo, continue sob suspeita. Mas como se pode proclamar ainda, no quadro da evolução, a visão tradicional de Adão e Eva e do pecado original? Como é concebível que dois seres apenas semiconscientes tenham cometido um pecado que estaria na origem de todo o mal do mundo? Como é possível continuar a transmitir a ideia perversa de que Deus descarregou sobre o seu Filho na cruz toda a sua cólera, reconciliando-se desse modo com a Humanidade? Este é o nervo da questão: acredita-se, sinceramente, por palavras e obras, que Deus é Amor?


Artigo do Pe. Anselmo Borges, professor de Filosofia, in Diário de Notícias, 2007


quarta-feira, 16 de julho de 2008

A ignóbil porcaria

Se há semanas sobre o estado das coisas da República esta que passou foi uma delas.

Discutiu-se na Assembleia da República antes das férias parlamentares o Estado da Nação.

Não vou comentar o debate em si próprio pois para mim não passou de mais um debate parlamentar que outra coisa. Muita propaganda governativa de um Governo que está mais que descredibilizado perante a opinião pública. Não só se descredibiliza como descredibiliza a política e todos os políticos (que já estão descredibilizados).

Um debate onde se tratou de tudo menos dos verdadeiros problemas do país.

O PSD lá parece que ressuscitou para fazer oposição. Mas ainda continua muito aquém daquilo que pretende (vencer as eleições de 2009)

Mas, política politiqueira à parte, será mesmo importante neste momento fazer um apanhado global de alguns sectores do nosso Portugal.

Começo pela Educação onde reina o facilitismo, tanto ao nível disciplinar como na transmissão de conhecimentos. Nada que choque, num país em que o Ensino Superior já se sabe como anda. E o ciclo vicioso continua...

Na Saúde é a dicotomia público/privado que leva à ruptura do SNS, já para não falar da anarquia que existe entre a classe médica.

Nas Finanças só se pensa no déficit, déficit, déficit, déficit... com as taxas de juro a aumentar e o custo de vida cada vez mais caro.

Na Segurança Social há um ataque às instituições de solidariedade social, sobretudo nas instituições religiosas. O que se espera de Governos de esquerda? Na verdade até terão alguma razão para o fazer se analisarmos no terreno algumas instituições e o que se pratica por lá. Não esquecendo as pensões que daqui a 50 anos serão inexistentes para as gerações mais novas.

A Agricultura e as Pescas são os parentes pobres. Não se cultiva as terras, não se incentiva a cultivar e poucas pessoas já por lá querem trabalhar. Todos querem ser doutores. O problema é que um país não se faz com doutores e ciência somente.

A Economia está baseada na economia privada, com alguns investimentos de empresas estrangeiras (as nossas empresas até são o parente pobre). Enquanto que o Estado é mais um accionista que outra coisa. Não percebo para que existe Estado senão intervem? Além disso são créditos e mais créditos que deixam as famílias endividadas até à medula. Os salários são baixos e não acompanham, nem a média europeia, nem o custo de vida (cada vez mais caro). A par disto o BCE continua os seus aumentos nos juros (com razão?). Os combustíveis são cada vez mais caros (aumentam quase todos os dias). A semana passada o petróleo estava cotado a 147 dólares. A semana que vem será que chega aos 150 dólares? A ver vamos...

Nas Obras Públicas, volta novamente a dicotomia público/privado que se degladiam pelas obras do TGV, Aeroporto, auto-estradas e barragens. Sinceramente num país tão pequeno não perecebo como se fala em tanta obra. Um dia o país será betão e alcatrão (em nome do desenvolvimento). No entanto, tudo fica na mesma. Para além da megalomania que aí anda da candidatura ibérica para o Mundial 2013 de futebol.

Na Cultura, nem se fala. O que ainda vai salvando o nosso património ainda são algumas organizações internacionais e algum mecenato (senão alguns monumentos já estavam pedra sobre pedra). Noutros sectores (música, pintura, teatro, dança) haja Gulbenkian e mecenato.

Na Ciência, os nossos investigadores emigram.

Na malfadada Justiça são casos e casos pendentes onde reina a política de interesses.

Na Administração Interna os polícias não têm autoridade (nem lhes é dada), e quando é dada são comparados aos bufos e aos PIDE’s (que frustração política que aqui anda). Formação na polícia não há (isso é para intelectuais) e reina a anarquia.

Afinal, para que serve o Governo e as suas instituições?

Só mais dois apontamentos. Primeiro, vive-se num país em que as corporações reinam (tenham nome de sindicatos ou não). Parece que o Oliveirinha tinha razão (neste aspecto). Segundo a soberania europeia parece comprometer a nossa soberania nacional e identitária e isso não podemos ficar inertes. Cada vez mais vivemos sob a dependência de Bruxelas ou de outros que queiram mandar em nós (ao que parece a nossa história está repleta de casos semelhantes).

Além disso, a dicotomia Esquerda/Direita parece que cada vez mais é um entrave ao nosso desenvolvimento político, económico e social. Isto tem de acabar... Se somos um regime democrático, tudo está em discussão e tudo deve ser solucionado com o máximo de respeito democrático em nome do país e dos seus cidadãos.

A rotatividade terá também de acabar. Até porque desde 1974 ainda não houve partidos em Portugal que não foram Governo...

Ai Portugal, Portugal... do que é que estás à espera...? D’ el-Rey D. Sebastião?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Realismo: o que se precisa

Meus caros:

Depois de outros blogs já publicados na net, pensei que alguns deles já não faziam sentido existir.

Neste momento é tempo para redefinir posições...

Agora a responsabilidade é mais forte, mas sempre com uma determinação: não me resignar ao actual estado da situação.

Será tempo de continuar a partir pedra. Num país e num mundo que vive cada vez mais alienado dos verdadeiros problemas que é preciso combater.

Neste sentido irei tentar novamente voltar à carga.

A culpa é nossa. Chegamos ao que chegamos por nossa culpa...

Não temos que viver frustrados por um falhado 25 de Abril de 1974, ou 25 de Novembro de 1975... (anda muita gente frustrada com estes acontecimentos).

Neste momento somos obrigados a deixar o passado para trás e aprender com ele.

Os discursos de "ditadura de proletariado", "privado/público", "fascismo/comunismo" têm de acabar de uma vez por todas. E todos estamos a ser coniventes com isto...

Às vezes tenho a sensação que parámos no tempo, talvez em 1974 ou em 1975.

Falta realismo a este país. Mas mais vale "os parvos" continuarem na ignorância enquanto uns tubarões (e umas rémoras) continuarem a comerem os cardumes das sardinhas e dos carapaus (mais pequenos).

Não percebo, como é que se consegue ter um discurso optimista com os portugueses cada vez mais endividados...

Não percebo, como é que os jovens se contentam com 200€ de ordenado...

Não percebo, como é que este governo ainda não caiu...

Não percebo, como é que os partidos da oposição não têm alternativas...

Não percebo, como é que os cidadãos vivem na inércia (o que vale é que não são todos). Infelizmente os que não estão na inércia são os pessimistas...

Sejamos realistas, sejamos realistas...

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Só memória... (para não esquecer)

Como é visto hoje o movimento estudantil?

Deixo algo para ter os termos de comparação...

http://www.youtube.com/watch?v=IqC6H0Ry17c

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A Nova Ponte Sobre o Rio Tejo (Aeroporto e TGV)

Depois de uma passagem pelos jornais diários de hoje a actualidade volta a fazer referência à crise político-institucional em Timor-Leste, na sequência dos atentados a Ramos Horta e a Xanana Gusmão.

Mas, na verdade, não é sobre isto que irei reflectir hoje. Até porque considero que hoje voltou a estar em cima da mesa um assunto que já há uns bons aninhos a esta parte anda a ser discutido na sociedade portuguesa. Que continua a animar conversas de família, amigos, café e até serve para discussões ao nível académico. Pois hoje também vou trazer para aqui a discussão que está envolta sobre o novo aeroporto de Lisboa, o TGV e a construção de uma nova ponte sobre o Tejo.

Porquê?

Porque hoje num seminário realizado pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) está a ser discutido a construção de uma nova ponte sobre o Tejo.

Na verdade, não é negativo a ideia, pelo contrário, bastante positivo...

Mas antes de falar da nova ponte teremos de falar da construção do novo aeroporto de Lisboa e ainda do TGV.

O que eu penso que seja pertinente trazer para aqui é que há precisamente um século atrás, discutia-se exactamente uma situação semelhante sobre a construção de caminhos-de-ferro e se seria rentável para o país ter ou não comboio.

Volvidos cem anos, discutimos se é rentável ou não um novo aeroporto, a existência de um TGV e até se será preciso a existência de uma nova ponte sobre o Tejo.

Tudo o que é desenvolvimento e coisas novas deverão ser benvindas ao país. Mas o problema não é este... Tudo é olhado com desconfiança.

Actualmente, este assunto é abordado em três vectores: Política, Economia e Sociedade. E os três com o mesmo eixo: interesses.

Senão repare-se:

No campo político tudo serve para legitimar e reivindicar um verdadeiro estudo que possa contribuir para ganhar eleitorado. Senão vejamos a maior parte dos autarcas que vão beneficiar do aeroporto de Alcochete, por acaso, são do PS. Enquanto que na Ota a maior parte são do PSD. Não estou com isto a querer dizer que sou favorável à Ota, ou que sou favorável a Alcochete, respectivamente à localização do aeroporto. Ou que estou a criticar o PS, ou o PSD. A verdade acima de tudo. A verdade é que tudo serve, nem que para isso se tenha que ridicularizar os académicos deste país em nome (sabe-se lá) de que interesses.

No campo económico, passa-se exactamente o mesmo. Quantas são as empresas, indústrias que vão beneficiar com aeroporto de Alcochete? (ou melhor) Qual será a grande empresa nacional que lucrará com aquela localização? Provavelmente mais que na Ota...

No campo social, basta vermos neste momento irmos ao terreno e vermos o que se está por lá a passar. Uma viajem ao concelho de Montijo, Benavente, Coruche e Alcochete para se ver neste momento a quantidade de terrenos, imóveis, que no dia que saiu a decisão (à muito tempo decidido) sobre a localização do aeroporto em Alcochete, muitos proprietários colocaram à venda os seus terrenos e alguns imóveis. Basta olharmos para o caso de Canha (uma freguesia do concelho de Montijo) que se prepara para receber um grande empreendimento patrocinado pelo Sr. Belmiro de Azevedo. O mais inacreditável de tudo é que entre Benavente, Alcochete e Montijo já existe uma discussão feroz, para se saber qual é o concelho que o aeroporto vai estar mais localizado. Se é em Montijo, Alcochete ou Benavente...

E fala-se no aeroporto, como se pode falar a seguir no TGV, já que estão interligados...
E na questão do TGV os três vectores acima indicados estão lá com mais um... o provincianismo e o bairrismo e ainda bem enraízado neste país no príncipio do séc. XXI.
Basta olhar para a discussão por onde vai passar o TGV. As rivalidades entre cidades. Se passa em Évora, se passa em Beja, se passa passa em Santarém. Enfim uma panóplia de soluções feitas em cima do joelho, onde são jogados os interesses dos grandes e que os pequenos vão atrás por arrasto.

E já nem falo do aeroporto internacional de Beja, que está neste momento em construção e que vemos Évora, Portalegre a rivalizarem com Beja por esta ir ter um aeroporto internacional. Que provincianismo, que bairrismo, que clubite. E o país lá vai ficando perdido nos anais da História.

E quando se fala da nova ponte então a história repete-se. Imagine-se estão três locais em cima da mesa para se decidir. Passo a identificá-los: Alcochete-Alverca; Chelas-Barreiro e Beato-Montijo. O que resta saber é qual é a grande empresa, o partido político, ou a autarquia ou a população que sairá beneficiada desta situação. Ou melhor quem jogará mais alto e quem influencirá melhor.

Este é um sinal, talvez, da grande pobreza que assola este país e que ninguém quer reconhcer. Olhamos para Londres, olhamos para Paris ou para Nova York. Porque é que estas cidades são o que são? Porque talvez apostaram naquilo que tinham e não se puseram com imitações baratas. À cem anos Lisboa já era uma aldeia junto das suas congéneres europeias. Não mudou muito.

Um país que no virar do século se encontra cada vez mais pobre e mais desigual. Como há cem anos atrás. De que serviu uma Revolução Liberal, Revolução Republicana, Revolução dos Cravos? E será que existiu mesmo uma revolução, no verdadeiro conceito da palavra em Portugal? Penso que não...

A verdade é que este país, talvez há 800 anos que anda a falar em reformas profundas, que é preciso mudar, que é preciso um D. Sebastião para nos vir salvar.
Um país é aquilo que os cidadãos querem que ele seja.
Acho que dois textos ajudariam a compreender melhor todo este artigo: O capítulo: "A corrida de cavalos", in "os Maias" de Eça de Queiróz e ainda em http://comboios.home.sapo.pt/hist_p.html, poderão constatar que nada mudou, ou que pouco mudou.

Sem dúvida, um sinal do tempo...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Timor-Leste

Às 00.00h de hoje todo o mundo ficou supreendido com os últimos acontecimentos que se passaram em Timor-Leste. José Ramos Horta, Presidente da República, e Xanana Gusmão, Primeiro-Ministro tinham sido alvo de atentados contra as suas pessoas.
Esta, na verdade, era uma situação há muito esperada em Timor. Porque na verdade ninguém se entende naquele pequeno território.

A questão timorense foi e é uma questão sempre ignorada pela comunidade internacional. Mal ou bem sempre assim foi...

Senão, note-se, porque é que os EUA, sendo os salvadores do mundo, porque é que nunca intervieram naquela situação? Percebe-se o porquê... É que todos aqueles que tomaram parte da guerrilha independentista de Timor tinham ligações a ideologias comunistas.

Por outro lado, Portugal, como país colonizador, também nunca lhe interessou aquele pequeno território. Talvez porque outros interesses maiores no Oriente falavam, na altura. Por isso a questão também não era importante. E quando o senhor Shuarto entrou por ali a dentro, pouco ou nada interessou a Portugal, pelo contrário. O ditador até foi muito útil a Portugal.

Quando a comunidade internacional, personificada na ONU, começou a olhar com outros olhos para o que se estava a viver ali, já era tarde. E claro, Portugal para não dar uma imagem de desleixo lá começou a interessar-se. Até porque o petróleo no Mar de Timor podia cair em mãos australianas. Até, porque o regime tinha mudado na metrópole. Já não era o regime colonialista e de proto-fascismo, mas sim um regime que estava de acordo com ideais que se viviam dentro dos guerrilheiros timorenses.

Entretanto, em 2002, Timor-Leste conseguiu a sua independência. E ainda bem...
E muito contribuiu a entrega do Prémio Nobel da Paz (anos antes) a Ramos Horta e a D. Ximenes Belo, bispo de Dilí. Na verdade foi uma migalhinha da comunidade internacional para o problema.

Depois de 2002, o que temos vindo a assistir são a completos golpes palacianos pelo poder. Como é óbvio nestas coisas. Até porque a independência deste e de outros territórios não são senão interesses de poder. Mas isto é outro tema.

Primeiro vimos como José Ramos Horta conseguiu fazer cair Xanana Gusmão e ser eleito Presidente da República, sem que ninguém desse por isso. Afinal, o senhor tinha de ter o poder e o protagonismo à força. Nem que para isso fosse preciso aliar-se a forças rebeldes. Pois não creio que as relações entre Ramos Horta e Xanana Gusmão sejam as melhores. A divisão de poder é difícil.

Para além disso, ninguém diz como vivem em Timor estes dois senhores e os seus séquitos...
É que a imoralidade política leva à imoralidade social. Pergunto eu: como é que estes senhores que vestem roupinhas de marca quase todos os dias, ostentam um certo luxo e vivem como lord's, governam um país que está agora a começar os seus dias e que essencialmente é pobre? Não estou a dizer que não deviam de ser independentes. Não é isso. Simplesmente é triste quando vemos pessoas que se fazem de coitadinhas e depois vivem e ostentam uma certa opulência. Que exemplo querem dar ao Povo? A verdade é que o senhor Ramos Horta foi de imediato para um hospital na Austrália. Será que um "plebeu" tinha a mesma sorte...?

Na verdade o que aconteceu em Timor é fruto de uma situação que há muito perdura e que está para continuar e que na verdade a comunidade internacional continua a fechar os olhos. Sabe-se lá porquê...

Mais um sinal do tempo...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Tratado de Lisboa

A actualidade de hoje coloca em cima da mesa a questão da ractificação do Tratado de Lisboa.
Este tratado surge em consequência de uma ideia que um grupo de senhores iluminados provindos sabe-se de que grupos de influência social à uns anos a esta parte depois de uma II Guerra Mundial e de um Plano Marshall. Na verdade toda esta história nasce de uma tentativa de uma americanização do mundo. Uma forma de imperialismo. Queria-se tanto acabar com o comunismo que acabou por se ficar com o capitalismo.
No dia 13 de Dezembro de 2007, a ideia de uma Europa cada vez mais unificada e federada ficou mais clara em Lisboa.
A verdade é que esse tratado para ser legitimo teria que ser ractificado pelos cidadãos europeus e não pelos parlamentos nacionais. Mas assim não foi. Que legitimidade democrática tem então este tratado? Em minha opinião não tem legitimidade.
Parece que existe medo por parte dos líderes europeus de alguma coisa. Medo da democracia? Ou andam a querer impôr a todos os cidadãos europeus um tipo de regime que eles lá idealizam.
A ideia do federalismo europeu não é nova. Já Immanuel Kant a tinha previsto...
A verdade é que esta Europa está podre... Desde os ínicios do séc. XX que esta Europa o que tem feito é legitimar-se diante da comunidade internacional. Porque ao nível de crédito mundial, esta Velha Europa deixou de ter influência. A verdade é que passou o seu tempo de domínio e terá de se reduzir a isso. Neste mundo cada vez mais global. Cada país, cada continente, não tem que ser nem mais nem menos. Terão de ser todos iguais e todos juntos afinarem pelo mesmo diapasão, caso contrário teremos mais do mesmo. Mas desta vez não é localizado... Um conflito à escala mundial e mais rápido no seu desenvolvimento do que outros que se já fizeram na história mundial. Mas esta é outra questão a ser discutida.

Falar de Europa é falar de globalização. Até onde nos leva esta globalização? Que tanto queremos e que tanto tememos...

Falar de Europa é falar do fim dos ideais de nacionalismo, socialismo democrático. Para que serviu afinal a "Primavera dos Povos", ou a Revolução Francesa, ou até as colonizações e os impérios que se construiram para dominar os outros e impôr uma civilização aos outros.

Primeiramente a Europa impôs-se ao mundo e será pertinente dizer que neste virar de milénio é Europa que se impõe a ela própria. Afinal não foi o que Carlos Magno, (conceito de "Respublica Cristhiana")e a Igreja Católica fizeram no ínicio do ano 1000.

O Federalismo Europeu é a reencarnação de Carlos Magno... O poder político do Norte alia-se com o poder eclesiástico do Sul...

Este é um sinal do tempo...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O preço do trigo subiu

Porque este blog é para fazer história do presente e não do passado, quero deixar à vossa consideração um tema que hoje o país e o mundo acordaram nas notícias. A subida para os 7 euros do preço do trigo.
Ao que parece o preço do trigo subiu para os 7 euros, o que significa que o pão, a carne, o leite e por aí diante também irão aumentar.
Quando ouvi esta notícia, sobressaltou-me e pensei: "A vida está cada vez mais cara..." (pelo menos para quem neste momento começa a tentar no mercado de trabalho.
Mas há um volte-face da moeda. Então e os senhores Champalimaud, Belmiro de Azevedo e Jardim Gonçalves também sentirão esta crise à mesa? Ou será só o comum mortal...
No principio deste ano foi a subida do petróleo, depois a queda vertiginosa das bolsas internacionais afectadas pela bolsa americana (o Sr. Bush lá teve que injectar capital para fazer levantar a economia) e agora a subida do preço do trigo.
A juntar a isto temos ainda os conflitos (não é só um) no Médio Oriente. Alguns deles patrocinados à conta da megalomania do Sr. Bush. A invasão do ocidente pelo império chinês. Uma ditadura que está em crescendo na Rússia de Lenine, mas desta vez não é comunista. Uma Europa (a cair de podre) que tem de ser imposta à força por um conjunto de iluminados que há muito que são o cancro desta sociedade. Uma África que vive à custa do resto do mundo e não resolve os seus problemas. E para finalizar uma América que ao Norte vive uma ditadura ainda mais fascista que a ditadura hitleriana (capitalista) e que alastrar o seu mal a todo o mundo. E ao Sul uma América que vive ditaduras de esquerda com o alto patrocínio de Cuba e do Sr. Hugo Chávez.
Com estes mosaicos, a pergunta surge: Que perspectivas para o futuro?
E tudo isto começou com a notícia da subida do preço do trigo ao nível internacional...

Este é um sinal do tempo...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce...

Este é um dia para a memória...

Irá nascer aqui um espaço de pensamento e reflexão sobre o que se vai passando em Portugal e no mundo.

Tantos e tantos que andam para aí fazer história (sabe Deus como), este quer ser um espaço para fazer história. Uma história de intervenção, uma história do presente. Não uma história de um passado. Afinal o positivismo ainda não acabou. Essas são outras questões...

Uma história que passa a vida a investigar o que se passou no passado. É uma ignóbil porcaria... Aqui tentamos pegar num jornal diário, ou noutro tipo de imprensa e por aí fora e analisar com a experiência do passado e olhar o presente.

Há muito que a História do Presente vem sendo reivindicada. Certos senhores que estão ligados ao poder da história, ligados a outros interesses, já sei o que pensam sobre isto. Não concebo uma história que anda a estudar no meio do bulor, do pó e dos pergaminhos. Marcaram um tempo e uma época, mas só interessam para conhecimento não para viver disso. A partir desses pergaminhos devemos retirar e analisar a história presente e intervir nesta sociedade capitalista, consumista e materialista.

Um historiador não é um "rato de biblioteca", é um cientista social que deve estar no mundo e entender o mundo com a experiência do passado e intervir no presente. Os historiadores não são elites de saber. Têm que tomar posições firmes e não calar, aquilo que nos querem calar face a acontecimentos actuais que são mais ditatoriais que outra coisa. Viver fechados em bibliotecas, gabinetes e arquivos... Isso não é nada!!!

Em Portugal, não se discute nada, nem se discute, graças aos feudalismos no Reino da História.

Aqui vou partir pedra...

Fazer a História, o Pensamento e a Memória na viragem do século...

E não me venham com a conversa que isto não é impossível, pois eu seu que é possível e é preciso ter força para resistir aos sistemas corporativos e feudais do Reino da História...