Se Cristo diz que Ele é o caminho da salvação, da graça e da verdade, se
é Ele o único caminho para o Pai (Jo 14,6) para os que n'Ele crêem, há
quem pergunte o que acontece aos homens que viveram nos séculos que
antecederam a Sua vinda. [...] Respondemos que Cristo é a Palavra de
Deus pela qual tudo foi feito; Ele é Filho porque é Palavra, não uma
palavra que desaparece logo que é pronunciada, mas a Palavra imutável e
eterna que permanece junto do Pai imutável, que rege o universo
espiritual e corporal de acordo com a conveniência dos tempos e dos
lugares. Este Verbo (Jo 1,1-2) é a própria sabedoria e ciência; cabe-Lhe
regular tudo e tudo governar, de acordo com o tempo e da maneira que
julga conveniente. [...] É sempre o mesmo (He 13,8) [...], foi sempre o
mesmo, como o é ainda hoje. [...]
É por isso que, desde a origem do género humano, todos os que creram
n'Ele, que de alguma maneira O conheceram, todos os que viveram em
piedade e em justiça de acordo com os Seus preceitos, foram
indubitavelmente salvos por Ele, qualquer que fosse o tempo e o lugar da
sua existência. [...] Assim, do mesmo modo que nós cremos n'Aquele que
habita junto do Pai (He 1,3) e que veio até nós pela carne, do mesmo
modo os antigos acreditavam n'Aquele, que habita junto do Pai e que
haveria de encarnar. A passagem do tempo faz com que se proclame agora
como um facto consumado o que então era anunciado como acontecimento
futuro, mas a fé não mudou por causa disso e a salvação continua a ser a
mesma.
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quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Dos Sermões de São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja
Seguidamente, o Senhor propõe a parábola do fermento. «Assim como o
fermento comunica a sua força invisível a toda a massa do pão, do mesmo
modo a força do evangelho transformará o mundo inteiro graças ao
ministério dos Meus apóstolos. [...] Não me respondais: “Que poderemos
fazer, nós doze miseráveis pecadores, perante o mundo inteiro?” Será
precisamente a enorme diferença entre a causa e o efeito, a vitória de
um punhado de homens perante a multidão, que demonstrará o vigor da
vossa força. Não é por se misturar o fermento na massa “ocultando-o”
nela, segundo o evangelho, que toda a massa se transforma? Assim, meus
apóstolos, será misturando-vos na massa dos povos que os embebereis com o
vosso espírito e que triunfareis sobre os vossos adversários. O
fermento, desaparecendo na massa, não perde a sua força; pelo contrário,
altera a natureza de toda a massa. Do mesmo modo, a vossa pregação
alterará todos os povos. Portanto, estai cheios de confiança.» [...]
É Cristo que dá tão grande força a este fermento. [...] Por conseguinte, não Lhe censureis o pequeno número dos Seus discípulos: é a força da mensagem que é grande. [...] Basta uma faísca para transformar num braseiro alguns pedaços de madeira seca, que seguidamente inflamam toda a madeira, mesmo a verde, à sua volta.
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É Cristo que dá tão grande força a este fermento. [...] Por conseguinte, não Lhe censureis o pequeno número dos Seus discípulos: é a força da mensagem que é grande. [...] Basta uma faísca para transformar num braseiro alguns pedaços de madeira seca, que seguidamente inflamam toda a madeira, mesmo a verde, à sua volta.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Das Homilias de Eusébio de Alexandria
A semana contém, evidentemente, sete dias: Deus deu-nos seis para
trabalhar e deu-nos um para orar, repousar e nos libertarmos dos nossos
pecados. Portanto, se tivermos cometido faltas nesses seis dias, podemos
repará-las no Domingo e reconciliar-nos com Deus.
Vai, pois, de manhã, à igreja de Deus, aproxima-te do Senhor para Lhe confessares os teus pecados, entrega-Lhe a tua oração e o arrependimento de um coração contrito. Assiste a toda a sagrada e divina liturgia, termina as tuas preces, não saias antes do envio da assembleia. Contempla o teu Senhor, enquanto Ele estiver a ser partilhado e distribuído sem ser destruído. E, se a tua consciência estiver pura e sem pecado, avança e comunga do corpo e sangue do Senhor. [...]
Este dia foi-te oferecido para a oração e para o repouso. «Este é o dia da vitória do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele!» (Sl 118,24). Glorifiquemos Aquele que ressuscitou neste dia, bem como o Pai e o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Vai, pois, de manhã, à igreja de Deus, aproxima-te do Senhor para Lhe confessares os teus pecados, entrega-Lhe a tua oração e o arrependimento de um coração contrito. Assiste a toda a sagrada e divina liturgia, termina as tuas preces, não saias antes do envio da assembleia. Contempla o teu Senhor, enquanto Ele estiver a ser partilhado e distribuído sem ser destruído. E, se a tua consciência estiver pura e sem pecado, avança e comunga do corpo e sangue do Senhor. [...]
Este dia foi-te oferecido para a oração e para o repouso. «Este é o dia da vitória do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele!» (Sl 118,24). Glorifiquemos Aquele que ressuscitou neste dia, bem como o Pai e o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
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domingo, 28 de outubro de 2012
No Domingo XXX do Tempo Comum
Cidade do Vaticano (RV) - O Evangelho deste domingo nos relata a
cura do cego Bartimeu. Ele se encontrava à beira do caminho dependendo
da compaixão dos transeuntes. Em certa ocasião ouviu falar de Jesus, de
suas palavras e ações e ficou atento. Um dia ao saber da aproximação do
Senhor, começou a gritar implorando-lhe a cura. Os que passavam
corrigiam-lhe para que se calasse. Ele não os escutou e gritava com voz
mais forte. O Senhor o mandou chamar até onde estava. Ele, em uma
atitude rápida, deixou seu manto e se aproximou de Jesus.
Vemos nesse relato, alguém que cansou de viver à margem da vida e soube que aquele que era a própria Vida estava passando e se avizinhava. Ele grita, coloca para fora de seu ser cansado o desejo de libertar-se dessa escravidão. Pessoas que lhe são próximas o mandam calar, pois julgam melhor que tudo continue como está, optam pela acomodação. Mas ele está decidido e quer ser liberto de tudo o que o marginaliza. Ele não se cala. Jesus, conhecendo tal opção, pede que as pessoas que estão ao lado, tragam-no até ele. Os intermediários cumprem seu papel e dizem que o Senhor o chama. O cego larga o manto, ou seja, larga a vida de dependência – já que era no manto, estendido à sua frente, que as pessoas depositavam as esmolas - e salta para a vida nova, de liberdade.
Este episódio nos ajuda a purificar nossa vontade e nos dar aquela coragem de que tanto gostaríamos possuir. Reclamar, queixar-se, fazer corpo mole, colocar a responsabilidade na vida ou nos outros, é algo que deparamos dentro de nós. Sair do acomodamento, ter de fato uma vontade firme e decidida é algo custoso que nos mantém na escravidão e na dependência das pessoas.
Aprendamos com Bartimeu a dar um basta a tudo aquilo que nos marginaliza, nos diminui a dignidade, nos torna comodamente dependentes. Um cristão deve ser ágil em sua opção pela vida e por uma vida digna.
O cego não teve dúvidas, gritou por Jesus e não deu atenção aos que o queriam calar. Quais são as pessoas, situações ou sistemas que nos desejam manter na escravidão? Quais são as pessoas ou situações enviadas por Deus que nos levam à libertação, à independência? Examinemos quais são nossas dependências, nossas acomodações e tenhamos coragem para eliminá-las!
Vemos nesse relato, alguém que cansou de viver à margem da vida e soube que aquele que era a própria Vida estava passando e se avizinhava. Ele grita, coloca para fora de seu ser cansado o desejo de libertar-se dessa escravidão. Pessoas que lhe são próximas o mandam calar, pois julgam melhor que tudo continue como está, optam pela acomodação. Mas ele está decidido e quer ser liberto de tudo o que o marginaliza. Ele não se cala. Jesus, conhecendo tal opção, pede que as pessoas que estão ao lado, tragam-no até ele. Os intermediários cumprem seu papel e dizem que o Senhor o chama. O cego larga o manto, ou seja, larga a vida de dependência – já que era no manto, estendido à sua frente, que as pessoas depositavam as esmolas - e salta para a vida nova, de liberdade.
Este episódio nos ajuda a purificar nossa vontade e nos dar aquela coragem de que tanto gostaríamos possuir. Reclamar, queixar-se, fazer corpo mole, colocar a responsabilidade na vida ou nos outros, é algo que deparamos dentro de nós. Sair do acomodamento, ter de fato uma vontade firme e decidida é algo custoso que nos mantém na escravidão e na dependência das pessoas.
Aprendamos com Bartimeu a dar um basta a tudo aquilo que nos marginaliza, nos diminui a dignidade, nos torna comodamente dependentes. Um cristão deve ser ágil em sua opção pela vida e por uma vida digna.
O cego não teve dúvidas, gritou por Jesus e não deu atenção aos que o queriam calar. Quais são as pessoas, situações ou sistemas que nos desejam manter na escravidão? Quais são as pessoas ou situações enviadas por Deus que nos levam à libertação, à independência? Examinemos quais são nossas dependências, nossas acomodações e tenhamos coragem para eliminá-las!
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sábado, 27 de outubro de 2012
Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo
Há muitas coisas que não conseguimos realizar fisicamente, por causa da
fraqueza humana; mas podemos, com a inspiração de Deus, encontrar o amor
no nosso coração, se o desejarmos verdadeiramente. Às vezes, há muitas
coisas que não conseguimos tirar do sótão, da adega ou da despensa, mas
não temos nenhuma desculpa quando se trata do coração. [...]
Não nos dizem: «Ide para o Oriente e procurai o amor; navegai para Ocidente e encontrareis o amor.» Não, ordenam-nos que entremos no interior do nosso coração, de onde a cólera nos faz sair com tanta frequência. Como diz o profeta: «Pecadores, lembrai-vos disto e meditai» (Isaías 46,8). Não é em países distantes que encontramos o que o Senhor nos pede; Ele envia-nos para dentro de nós mesmos, para o nosso coração, porque colocou em nós o que nos pede. O amor perfeito não é senão a boa vontade da alma; foi acerca dele que os anjos proclamaram aos pastores: «Paz na terra aos homens de boa vontade» (Lc 2,14 Vulg). [...]
Portanto, trabalhemos com todas as nossas forças, com a ajuda de Deus, para dar o primeiro lugar na nossa alma à bondade e não ao mal, à paciência e não à cólera, à benevolência e não à inveja, à humildade e não ao orgulho. Em suma, que a delicadeza do amor tome de tal modo posse do nosso coração, que não haja nele nenhum espaço para a amargura do rancor.
in evangelhoquotidiano.org
Não nos dizem: «Ide para o Oriente e procurai o amor; navegai para Ocidente e encontrareis o amor.» Não, ordenam-nos que entremos no interior do nosso coração, de onde a cólera nos faz sair com tanta frequência. Como diz o profeta: «Pecadores, lembrai-vos disto e meditai» (Isaías 46,8). Não é em países distantes que encontramos o que o Senhor nos pede; Ele envia-nos para dentro de nós mesmos, para o nosso coração, porque colocou em nós o que nos pede. O amor perfeito não é senão a boa vontade da alma; foi acerca dele que os anjos proclamaram aos pastores: «Paz na terra aos homens de boa vontade» (Lc 2,14 Vulg). [...]
Portanto, trabalhemos com todas as nossas forças, com a ajuda de Deus, para dar o primeiro lugar na nossa alma à bondade e não ao mal, à paciência e não à cólera, à benevolência e não à inveja, à humildade e não ao orgulho. Em suma, que a delicadeza do amor tome de tal modo posse do nosso coração, que não haja nele nenhum espaço para a amargura do rancor.
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sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Da Encíclica "Dives in misericordia"
A Igreja tem o direito e o dever de apelar «com grande clamor» para o
Deus da misericórdia (Heb 5,7). Este «grande clamor» há-de caracterizar a
Igreja do nosso tempo [...], um clamor a suplicar a misericórdia
segundo as necessidades do homem no mundo contemporâneo. [...] Deus é
fiel a Si próprio, à Sua paternidade e ao Seu amor! Como os Profetas,
apelamos para este amor que tem características maternais e que, à
semelhança da mãe, vai acompanhando cada um dos Seus filhos, cada ovelha
desgarrada – ainda que houvesse milhões de extraviados, ainda que no
mundo a iniquidade prevalecesse sobre a honestidade e ainda que a
humanidade contemporânea merecesse pelos seus pecados um novo dilúvio,
como outrora sucedeu com a geração de Noé.
Recorramos, pois, a tal amor, que permanece amor paterno, como nos foi revelado por Cristo na Sua missão messiânica, e que atingiu o ponto culminante na Sua Cruz, morte e ressurreição! Recorramos a Deus por meio de Cristo, lembrados das palavras do Magnificat de Maria, que proclamam a Sua misericórdia «de geração em geração» (Lc 1,50). Imploremos a misericórdia divina para a geração contemporânea [...]: elevemos as nossas súplicas, guiados pela fé, pela esperança e pela caridade que Cristo implantou no nosso coração.
Esta atitude é, ao mesmo tempo, amor para com este Deus que o homem contemporâneo por vezes afastou tanto de si que O considera um estranho e de várias maneiras O proclama supérfluo. É amor para com este Deus, em relação ao Qual sentimos profundamente quanto o homem contemporâneo O ofende e O rejeita. E por isso estamos prontos para clamar com Cristo na cruz: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,24). Tal atitude é também amor para com os homens, para com todos os homens, sem excepção e sem qualquer discriminação: sem diferenças de raça, de cultura, de língua, de concepção do mundo, e sem distinção entre amigos e inimigos.
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Recorramos, pois, a tal amor, que permanece amor paterno, como nos foi revelado por Cristo na Sua missão messiânica, e que atingiu o ponto culminante na Sua Cruz, morte e ressurreição! Recorramos a Deus por meio de Cristo, lembrados das palavras do Magnificat de Maria, que proclamam a Sua misericórdia «de geração em geração» (Lc 1,50). Imploremos a misericórdia divina para a geração contemporânea [...]: elevemos as nossas súplicas, guiados pela fé, pela esperança e pela caridade que Cristo implantou no nosso coração.
Esta atitude é, ao mesmo tempo, amor para com este Deus que o homem contemporâneo por vezes afastou tanto de si que O considera um estranho e de várias maneiras O proclama supérfluo. É amor para com este Deus, em relação ao Qual sentimos profundamente quanto o homem contemporâneo O ofende e O rejeita. E por isso estamos prontos para clamar com Cristo na cruz: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,24). Tal atitude é também amor para com os homens, para com todos os homens, sem excepção e sem qualquer discriminação: sem diferenças de raça, de cultura, de língua, de concepção do mundo, e sem distinção entre amigos e inimigos.
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quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Dos Discursos de Santo Isaac, o Sírio
Violenta-te (cf Mt 11,12), esforça-te por imitar a humildade de Cristo,
para que se torne cada vez mais forte o fogo que Ele acendeu em ti, esse
fogo pelo qual são consumidos todos os impulsos deste mundo que
destroem o homem novo e maculam as moradas do Senhor santo e poderoso.
Porque eu afirmo com São Paulo que «nós somos o templo do Deus vivo»
(2Co 6,16). Por isso, purifiquemos esse templo «como Ele é puro» (1Jo
3,3), para que Ele tenha desejo de aí morar; santifiquemo-lo porque Ele é
santo (1Pe 1,16); ornamentemo-lo com todas as obras boas e dignas.
Enchamos o templo do repouso da Sua vontade, como de um perfume, através da oração pura, da oração do coração que é impossível de alcançar se nos entregarmos continuamente aos impulsos deste mundo. Assim, a nuvem da Sua glória cobrirá a nossa alma e a luz da Sua grandeza brilhará no nosso coração (cf 1R 8,10). Todos aqueles que permanecem na casa de Deus serão repletos de alegria e rejubilarão. Mas os insolentes e os ignóbeis desaparecerão sob a chama do Espírito Santo.
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Enchamos o templo do repouso da Sua vontade, como de um perfume, através da oração pura, da oração do coração que é impossível de alcançar se nos entregarmos continuamente aos impulsos deste mundo. Assim, a nuvem da Sua glória cobrirá a nossa alma e a luz da Sua grandeza brilhará no nosso coração (cf 1R 8,10). Todos aqueles que permanecem na casa de Deus serão repletos de alegria e rejubilarão. Mas os insolentes e os ignóbeis desaparecerão sob a chama do Espírito Santo.
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Dos Sermões do Beato Guerric de Igny, abade cisterciense
«Prepara-te, Israel, para te encontrares com o teu Deus, porque Ele vai
chegar» (cf. Am 4,12). E vós, também, irmãos, «estai preparados, porque à
hora que menos pensais virá o Filho do Homem». Nada mais certo do que a
Sua vinda, mas nada mais incerto do que o momento dessa vinda. De
facto, pertence-nos tão pouco conhecer o tempo ou os momentos que o Pai,
no Seu poder, tem fixados, que nem sequer aos anjos que O rodeiam lhes é
dado saber o dia ou a hora (Act 1,7; Mt 24,36).
O nosso último dia virá também: é um facto muito certo. Mas quando, onde e como, isso é muito incerto. Sabemos unicamente, como já se disse antes de nós, que «para aos anciãos, ele já se encontra no limiar, enquanto para os jovens está à espreita» (S. Bernardo). [...] Esse dia não deve apanhar-nos de surpresa, não acautelados, como um ladrão durante a noite. [...] Que o temor, permanecendo em vela, nos tenha sempre preparados, até que a segurança se sobreponha ao temor, e não o temor à segurança. «Estarei atento, diz o sábio, para não cometer pecado» (Sl 17,24), já que não posso preservar-me da morte. Ele sabe, de facto, que «o justo, surpreendido pela morte, encontrará descanso» (Sb 4,7); mais ainda, triunfam da morte os que não foram escravos do pecado durante a vida. Como é belo, meus irmãos, não só ter segurança perante a morte, mas também triunfar dela com glória, seguros no testemunho da própria consciência.
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O nosso último dia virá também: é um facto muito certo. Mas quando, onde e como, isso é muito incerto. Sabemos unicamente, como já se disse antes de nós, que «para aos anciãos, ele já se encontra no limiar, enquanto para os jovens está à espreita» (S. Bernardo). [...] Esse dia não deve apanhar-nos de surpresa, não acautelados, como um ladrão durante a noite. [...] Que o temor, permanecendo em vela, nos tenha sempre preparados, até que a segurança se sobreponha ao temor, e não o temor à segurança. «Estarei atento, diz o sábio, para não cometer pecado» (Sl 17,24), já que não posso preservar-me da morte. Ele sabe, de facto, que «o justo, surpreendido pela morte, encontrará descanso» (Sb 4,7); mais ainda, triunfam da morte os que não foram escravos do pecado durante a vida. Como é belo, meus irmãos, não só ter segurança perante a morte, mas também triunfar dela com glória, seguros no testemunho da própria consciência.
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terça-feira, 23 de outubro de 2012
Dos Sermões de São Bernardo, monge cisterciense
Temos de estar vigilantes e atentos à obra da salvação que se realiza em
nós, porque é com admirável subtileza e com a delicadeza de uma arte
divina que o Espírito Santo realiza continuamente esta obra no mais
íntimo do nosso ser. Que esta unção que tudo nos ensina não nos seja
retirada sem que tenhamos consciência disso, e que a sua vinda não nos
apanhe desprevenidos. Pelo contrário, convém-nos estar permanentemente
atentos, com o coração totalmente aberto, para recebermos esta bênção
generosa do Senhor. Em que disposições quer o Espírito encontrar-nos?
«Sede como os servos que esperam o seu senhor, quando ele regressa das
núpcias.» Ele nunca regressa de mãos vazias da mesa celeste, com todas
as alegrias que esta prodigaliza.
Temos, pois, de velar, e de velar em todo o momento, porque nunca sabemos a que horas virá o Espírito, nem a que horas voltará a partir. O Espírito vai e vem (Jo 3, 8); se, graças à Sua presença, nos mantemos de pé, quando Ele Se retira caímos inevitavelmente, mas sem nos magoarmos, porque o Senhor nos sustenta com a Sua mão. E o Espírito não cessa de comunicar esta alternância de presença e ausência aos que são espirituais, ou antes, àqueles que têm a intenção de se tornar espirituais. É por isso que os visita de madrugada, pondo-os em seguida subitamente à prova.
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Temos, pois, de velar, e de velar em todo o momento, porque nunca sabemos a que horas virá o Espírito, nem a que horas voltará a partir. O Espírito vai e vem (Jo 3, 8); se, graças à Sua presença, nos mantemos de pé, quando Ele Se retira caímos inevitavelmente, mas sem nos magoarmos, porque o Senhor nos sustenta com a Sua mão. E o Espírito não cessa de comunicar esta alternância de presença e ausência aos que são espirituais, ou antes, àqueles que têm a intenção de se tornar espirituais. É por isso que os visita de madrugada, pondo-os em seguida subitamente à prova.
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Da Const. "Gaudium et Spes" do Concílio Vaticano II
Os cristãos cooperem de bom grado e de todo o coração na construção da
ordem internacional com verdadeiro respeito pelas liberdades legítimas e
na amigável fraternidade de todos; e tanto mais quanto é verdade que a
maior parte do mundo ainda sofre tantas necessidades, de maneira que,
nos pobres, o próprio Cristo como que apela em alta voz para a caridade
dos Seus discípulos. Não se dê aos homens o escândalo de haver algumas
nações, geralmente de maioria cristã, na abundância, enquanto outras não
têm sequer o necessário para viver e são atormentadas pela fome, pela
doença e por toda a espécie de misérias. Pois o espírito de pobreza e de
caridade é a glória e o testemunho da Igreja de Cristo. São, por isso,
de louvar e devem ser ajudados os cristãos, sobretudo jovens, que se
oferecem espontaneamente para ir em ajuda dos outros homens e povos.
[...]
É, portanto, absolutamente necessário que a Igreja esteja presente na comunidade das nações, para fomentar e estimular a cooperação entre os homens; tanto por meio das suas instituições públicas como graças à inteira e sincera colaboração de todos os cristãos. [...] Dedique-se especial cuidado em formar neste ponto a juventude, tanto na educação religiosa como na cívica.
Finalmente, é de desejar que os católicos, para bem cumprirem a sua missão na comunidade internacional, procurem cooperar activa e positivamente, quer com os irmãos separados que com eles professam a caridade evangélica, quer com todos os homens que anelam verdadeiramente pela paz.
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É, portanto, absolutamente necessário que a Igreja esteja presente na comunidade das nações, para fomentar e estimular a cooperação entre os homens; tanto por meio das suas instituições públicas como graças à inteira e sincera colaboração de todos os cristãos. [...] Dedique-se especial cuidado em formar neste ponto a juventude, tanto na educação religiosa como na cívica.
Finalmente, é de desejar que os católicos, para bem cumprirem a sua missão na comunidade internacional, procurem cooperar activa e positivamente, quer com os irmãos separados que com eles professam a caridade evangélica, quer com todos os homens que anelam verdadeiramente pela paz.
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domingo, 21 de outubro de 2012
No Domingo XXIX do Tempo Comum
Cidade do Vaticano (RV) - A liturgia nos convida,
especialmente hoje, a um exame de consciência em relação ao nosso modo
de nos relacionarmos com nossos irmãos. Deus é o único Pai, o único
Mestre, o único Senhor e, para nos ensinar como queria que fôssemos,
como deverá ser a nova sociedade, se fez servo, servo de todos. Assim,
seremos mais cristãos, mais semelhantes a Jesus Cristo, à medida em que
tomarmos posição de servos e nossa vida for um serviço, através de
nossas ações e de nosso modo de ser, isto é, do modo de tratar as
pessoas, de nos vestir, de nos postar.
No Evangelho Jesus diz aos seus discípulos que eles não devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos.
Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo. Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”
O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando nos lavará a todos do pecado.
Como poderei ser servo? Se sou casado, não me considerar superior ao meu cônjuge; se desempenho uma profissão de prestígio, não por isso considerar-me superior aos outros; se sou comerciante, não visar só meu lucro, mas apresentar boa mercadoria e com preço justo; se sou um religioso, ser acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.
Devo aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. O batismo me introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito Santo que construa em minha vida um novo homem, uma nova mulher. Minha alegria deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela construção de uma nova humanidade.
Conforta-nos as palavras do autor da Carta aos Hebreus, em um trecho anterior ao proposto hoje à nossa reflexão, quando escreve: “...embora fosse Filho de Deus, aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus”. Isso nos conforta ao reconhecermos como nos é difícil sermos servos e também faz sermos compreensivos com tantas pessoas, especialmente com aquelas que são religiosas. Por outro lado, sirva-nos de exemplo e elevação a Deus, para glorificá-lo, o que foi relatado por uma agente da saúde, de Campala, Uganda, na época do Sínodo para a África, em 2009: um grupo de doentes de AIDS, gente muito pobre, que sobrevive vendendo pedras para construtores, quando soube das devastações causadas pelo furacão Kathrina, nos EUA, e do recente terremoto na região do Abruzzo, fez uma coleta de dinheiro e enviou às cidades italianas e americanas atingidas. Por quê? “Porque o coração do homem é internacional, não tem raça e nem cor”, disse Rose.
“Vi um povo nascer e mudar na fé” – disse. “Estas pessoas quebram pedras e comem uma vez por dia. Quando pedimos para rezarem pelas vítimas destas tragédias, responderam que sabiam muito bem o que significa viver sem casa e sem comida. “Se pertencem a Deus, pertencem a nós também”... Assim, organizaram-se em grupos, quebraram mais pedras, e no final, haviam recolhido dois mil dólares, que enviaram à embaixada americana”.
Concluamos nossa reflexão com a palavra de Jesus: “ Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos.” Mt 11, 25.
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No Evangelho Jesus diz aos seus discípulos que eles não devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos.
Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo. Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”
O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando nos lavará a todos do pecado.
Como poderei ser servo? Se sou casado, não me considerar superior ao meu cônjuge; se desempenho uma profissão de prestígio, não por isso considerar-me superior aos outros; se sou comerciante, não visar só meu lucro, mas apresentar boa mercadoria e com preço justo; se sou um religioso, ser acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.
Devo aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. O batismo me introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito Santo que construa em minha vida um novo homem, uma nova mulher. Minha alegria deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela construção de uma nova humanidade.
Conforta-nos as palavras do autor da Carta aos Hebreus, em um trecho anterior ao proposto hoje à nossa reflexão, quando escreve: “...embora fosse Filho de Deus, aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus”. Isso nos conforta ao reconhecermos como nos é difícil sermos servos e também faz sermos compreensivos com tantas pessoas, especialmente com aquelas que são religiosas. Por outro lado, sirva-nos de exemplo e elevação a Deus, para glorificá-lo, o que foi relatado por uma agente da saúde, de Campala, Uganda, na época do Sínodo para a África, em 2009: um grupo de doentes de AIDS, gente muito pobre, que sobrevive vendendo pedras para construtores, quando soube das devastações causadas pelo furacão Kathrina, nos EUA, e do recente terremoto na região do Abruzzo, fez uma coleta de dinheiro e enviou às cidades italianas e americanas atingidas. Por quê? “Porque o coração do homem é internacional, não tem raça e nem cor”, disse Rose.
“Vi um povo nascer e mudar na fé” – disse. “Estas pessoas quebram pedras e comem uma vez por dia. Quando pedimos para rezarem pelas vítimas destas tragédias, responderam que sabiam muito bem o que significa viver sem casa e sem comida. “Se pertencem a Deus, pertencem a nós também”... Assim, organizaram-se em grupos, quebraram mais pedras, e no final, haviam recolhido dois mil dólares, que enviaram à embaixada americana”.
Concluamos nossa reflexão com a palavra de Jesus: “ Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos.” Mt 11, 25.
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sábado, 20 de outubro de 2012
Da Paixão de Santa Felicidade e Perpétua, mártires
Prenderam alguns jovens catecúmenos: Revocato e Felicidade, ambos
escravos, Saturnino e Secundino, e com eles encontrava-se Víbia
Perpétua. Esta era nobre de nascimento, tivera uma educação esmerada e
fizera um bom casamento. Perpétua tinha ainda pai e mãe, dois irmãos –
um dos quais catecúmeno, também – e uma criança ainda de peito. Tinha
cerca de vinte e dois anos. Ela própria relatou a história completa do
seu martírio. Ei-la, escrita por seu punho, com base nas suas
impressões:
«Estávamos ainda com os guardas, mas o meu pai já estava a tentar convencer-me. Na sua ternura, tudo fazia para me enfraquecer a fé.
- Pai, disse-lhe eu, estás a ver esse vaso caído no chão, a bilha e aquela coisa ali?
- Estou, disse o meu pai.
- Podemos designá-las por outro nome que não seja o seu?, pergunto-lhe eu.
- Não, respondeu.
- Pois bem, também eu não posso ter outro nome que não seja o meu, mas apenas o meu nome verdadeiro: sou cristã.
«O meu pai ficou exasperado com tais palavras, e avançou para dar cabo de mim. Limitou-se a agarrar-me e abanar-me com força e foi-se embora, com os argumentos do demónio, vencido. Durante alguns dias não voltei a ver o meu pai; dei graças a Deus por isso, essa ausência foi para mim um alívio. Foi precisamente durante esse curto lapso de tempo que fomos baptizados. O Espírito Santo inspirou-me a nada pedir à santa água a não ser força para resistir fisicamente.
«Alguns dias mais tarde, fomos transferidos para a prisão de Cartago. Fiquei espantada com esta prisão: nunca me vira em trevas tais. [...] A inquietação devorava-me, por causa do meu filho. [...] Acalmava o meu irmão, pedindo-lhe que tomasse conta do meu filho. Sofria muito por ver a minha família sofrer por causa de mim. Durante longos dias, estas inquietações torturaram-me. Acabei por conseguir que o meu filho viesse ficar comigo na prisão. Recuperou as forças sem demora. De repente, a prisão transformou-se-me num palácio, e e eu sentia-me ali melhor do que em qualquer outro lugar.
in evangelhoquotidiano.org
«Estávamos ainda com os guardas, mas o meu pai já estava a tentar convencer-me. Na sua ternura, tudo fazia para me enfraquecer a fé.
- Pai, disse-lhe eu, estás a ver esse vaso caído no chão, a bilha e aquela coisa ali?
- Estou, disse o meu pai.
- Podemos designá-las por outro nome que não seja o seu?, pergunto-lhe eu.
- Não, respondeu.
- Pois bem, também eu não posso ter outro nome que não seja o meu, mas apenas o meu nome verdadeiro: sou cristã.
«O meu pai ficou exasperado com tais palavras, e avançou para dar cabo de mim. Limitou-se a agarrar-me e abanar-me com força e foi-se embora, com os argumentos do demónio, vencido. Durante alguns dias não voltei a ver o meu pai; dei graças a Deus por isso, essa ausência foi para mim um alívio. Foi precisamente durante esse curto lapso de tempo que fomos baptizados. O Espírito Santo inspirou-me a nada pedir à santa água a não ser força para resistir fisicamente.
«Alguns dias mais tarde, fomos transferidos para a prisão de Cartago. Fiquei espantada com esta prisão: nunca me vira em trevas tais. [...] A inquietação devorava-me, por causa do meu filho. [...] Acalmava o meu irmão, pedindo-lhe que tomasse conta do meu filho. Sofria muito por ver a minha família sofrer por causa de mim. Durante longos dias, estas inquietações torturaram-me. Acabei por conseguir que o meu filho viesse ficar comigo na prisão. Recuperou as forças sem demora. De repente, a prisão transformou-se-me num palácio, e e eu sentia-me ali melhor do que em qualquer outro lugar.
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
De São João Eudes, presbítero
O nosso muito amoroso Salvador assegura-nos em vários lugares das Suas
sagradas Escrituras que tem um cuidado e uma vigilância constantes em
relação a nós, que nos traz e sempre nos trará ao colo, no Seu coração e
nas Suas entranhas (Is 46,3-4). E não Se contentou em dizê-lo só uma ou
duas vezes, mas di-lo e repete-o cinco vezes na mesma passagem.
E noutra passagem diz-nos que mesmo que fosse possível encontrar uma mãe que se viesse a esquecer do filho que carregou nas suas entranhas, Ele nunca Se esquecerá de nós (Is 49,15-16); que nos escreveu nas mãos, para nos ter sempre diante dos olhos (Is 49,17); que quem nos fere, fere a pupila dos Seus olhos (Zc, 2,12); que não nos devemos preocupar com as coisas que são necessárias para viver e para vestir, que Ele sabe bem que precisamos de tudo isso e cuida de nós (Mt 6,31-34); que contou todos os cabelos da nossa cabeça (Mt 10,30) e que não perderemos um só (Lc 21,18); que Seu Pai nos ama como O ama a Ele, e que Ele nos ama como Seu Pai O ama (Jo 15,9; 17,26); que quer que estejamos onde Ele estiver (Jo 17,24), quer dizer, que estejamos descansando com Ele no seio e no coração de seu Pai (Jo 1,2).
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E noutra passagem diz-nos que mesmo que fosse possível encontrar uma mãe que se viesse a esquecer do filho que carregou nas suas entranhas, Ele nunca Se esquecerá de nós (Is 49,15-16); que nos escreveu nas mãos, para nos ter sempre diante dos olhos (Is 49,17); que quem nos fere, fere a pupila dos Seus olhos (Zc, 2,12); que não nos devemos preocupar com as coisas que são necessárias para viver e para vestir, que Ele sabe bem que precisamos de tudo isso e cuida de nós (Mt 6,31-34); que contou todos os cabelos da nossa cabeça (Mt 10,30) e que não perderemos um só (Lc 21,18); que Seu Pai nos ama como O ama a Ele, e que Ele nos ama como Seu Pai O ama (Jo 15,9; 17,26); que quer que estejamos onde Ele estiver (Jo 17,24), quer dizer, que estejamos descansando com Ele no seio e no coração de seu Pai (Jo 1,2).
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quinta-feira, 18 de outubro de 2012
De um Anónimo Bizantino do Séc. XI
Quando, após ter abandonado as trevas do erro para aderir ao amor de
Deus, Paulo se junta ao número dos discípulos, Lucas acompanha-o para
todo o lado e torna-se seu companheiro de viagem (Act 16,10ss.). [...]
Dá-se tão bem com ele, torna-se-lhe tão familiar e partilha de tal modo
todas as suas graças, que Paulo, quando escreve aos crentes, se refere a
Lucas como o seu bem-amado (Cl 4,14). Desde Jerusalém, e por toda
aquela região até à Dalmácia (Rm 15,19), pregou com ele o Evangelho. Da
Judeia a Roma partilha com ele as mesmas correntes, os mesmos trabalhos,
as mesmas provações, os mesmos naufrágios. Queria receber a mesma coroa
que ele, por ter participado nos mesmos trabalhos.
Após ter adquirido de Paulo o talento para a pregação e ter conseguido conduzir tantas nações para o amor de Deus, Lucas surge, não só como o discípulo que ama e é amado pelo Senhor, mas também como o evangelista que escreveu a Sua história sagrada; pois seguira o Mestre (cf Lc 10,1), fizera a recolha dos testemunhos dos Seus primeiros servos (Lc 1,1) e recebera a inspiração do alto. Foi ele o evangelista que narrou o mistério do mensageiro Gabriel, enviado à Virgem para anunciar a alegria ao mundo inteiro. Foi ele que narrou com clareza o nascimento de Cristo: revela-nos o Recém-Nascido deitado numa manjedoura e descreve os pastores e os anjos proclamando a grande alegria. [...] Relata um maior número de ensinamentos dados em parábolas do que os outros evangelistas. E, assim como nos dá a conhecer a descida do Verbo, a Palavra de Deus, sobre a terra, também nos descreve a Sua Ascensão ao céu e o Seu regresso ao trono do Pai (24,51). [...]
Mas em Lucas a graça não se fica por aqui. A sua língua não se limita unicamente ao serviço do Evangelho. Após o fim dos milagres de Cristo, ele narra também os Actos dos Apóstolos. [...] Lucas não é um simples o espectador de todas estas coisas, mas participa verdadeiramente nelas. É por isso que tem um extremo cuidado em nos instruir.
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Após ter adquirido de Paulo o talento para a pregação e ter conseguido conduzir tantas nações para o amor de Deus, Lucas surge, não só como o discípulo que ama e é amado pelo Senhor, mas também como o evangelista que escreveu a Sua história sagrada; pois seguira o Mestre (cf Lc 10,1), fizera a recolha dos testemunhos dos Seus primeiros servos (Lc 1,1) e recebera a inspiração do alto. Foi ele o evangelista que narrou o mistério do mensageiro Gabriel, enviado à Virgem para anunciar a alegria ao mundo inteiro. Foi ele que narrou com clareza o nascimento de Cristo: revela-nos o Recém-Nascido deitado numa manjedoura e descreve os pastores e os anjos proclamando a grande alegria. [...] Relata um maior número de ensinamentos dados em parábolas do que os outros evangelistas. E, assim como nos dá a conhecer a descida do Verbo, a Palavra de Deus, sobre a terra, também nos descreve a Sua Ascensão ao céu e o Seu regresso ao trono do Pai (24,51). [...]
Mas em Lucas a graça não se fica por aqui. A sua língua não se limita unicamente ao serviço do Evangelho. Após o fim dos milagres de Cristo, ele narra também os Actos dos Apóstolos. [...] Lucas não é um simples o espectador de todas estas coisas, mas participa verdadeiramente nelas. É por isso que tem um extremo cuidado em nos instruir.
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012
De São Pio de Pietrelcina, capuchinho
A verdadeira humildade do coração, mais do que exteriorizada, é
sobretudo sentida e vivida. De facto, temos sempre de nos mostrar
humildes na presença de Deus, mas não com aquela falsa humildade que
apenas leva ao desencorajamento, ao abatimento e ao desespero. Temos de
desconfiar de nós próprios, de não pôr os nossos interesses por cima dos
dos outros, temos de nos julgar inferiores ao próximo.
Se é preciso ter paciência para suportar as misérias dos outros, mais paciência ainda é precisa para aprendermos a suportar-nos a nós próprios. Porque as tuas infidelidades são quotidianas, deves continuamente praticar actos de humildade. Quando o Senhor te vir assim arrependido, estender-te-á a mão e atrair-te-á a Si.
Neste mundo, ninguém merece nada; é o Senhor que nos concede tudo, por pura benevolência e porque, na Sua infinita bondade, tudo nos perdoa.
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Se é preciso ter paciência para suportar as misérias dos outros, mais paciência ainda é precisa para aprendermos a suportar-nos a nós próprios. Porque as tuas infidelidades são quotidianas, deves continuamente praticar actos de humildade. Quando o Senhor te vir assim arrependido, estender-te-á a mão e atrair-te-á a Si.
Neste mundo, ninguém merece nada; é o Senhor que nos concede tudo, por pura benevolência e porque, na Sua infinita bondade, tudo nos perdoa.
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terça-feira, 16 de outubro de 2012
Dos Escritos Espirituais de São Rafael Arnaiz Baron, monge
Se as pessoas que procuram a Deus soubessem! Se esses sábios que buscam a
Deus no conhecimento intelectual e nas vãs discussões soubessem; se os
homens soubessem onde se encontra Deus! Quantas guerras se evitariam;
quanta paz não haveria no mundo, quantas almas seriam salvas. Insensatos
e tolos, os que procuram a Deus onde Ele não está! Escutai e
espantai-vos: Deus está no coração do homem, isso eu sei. Mas reparai,
Deus vive no coração do homem quando esse coração está desapegado de
tudo o que não é Ele, quando esse coração se apercebe de que Deus bate à
porta (Ap 3,20) e, varrendo e limpando todas as suas salas, se dispõe a
receber Aquele que é o único que o pode saciar.
Que bom é viver assim, com Deus no mais fundo do coração; que doçura tão grande vermo-nos cheios de Deus! [...] Custa pouco, não custa mesmo nada fazer tudo o que Ele quer, pois amamos a Sua vontade e até mesmo a dor e o sofrimento se tornam paz, pois sofremos por amor. Só Deus sacia a alma e a preenche plenamente. [...] Que venham os sábios perguntar onde está Deus: Deus encontra-Se onde o sábio, com toda a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.
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Que bom é viver assim, com Deus no mais fundo do coração; que doçura tão grande vermo-nos cheios de Deus! [...] Custa pouco, não custa mesmo nada fazer tudo o que Ele quer, pois amamos a Sua vontade e até mesmo a dor e o sofrimento se tornam paz, pois sofremos por amor. Só Deus sacia a alma e a preenche plenamente. [...] Que venham os sábios perguntar onde está Deus: Deus encontra-Se onde o sábio, com toda a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena
É o próprio Jonas que pede que o atirem para fora do barco: «Pegai em
mim e lançai-me ao mar», disse (Jn 1,12) — o que designa a Paixão
voluntária do Senhor. [...] Mas eis que surge um monstro das
profundezas, eis que se aproxima um grande peixe que vai realizar e
manifestar plenamente a ressurreição do Senhor, ou melhor, engendrar
esse mistério. Eis o monstro, imagem terrível do inferno, que, quando
abre a garganta faminta para o profeta, prova e assimila o poder do seu
Criador e, ao devorá-lo, se compromete na verdade a nunca mais devorar
ninguém. A temível morada das suas entranhas prepara a morada para o
Visitante que virá do alto; de tal maneira que aquilo que fora causa de
desgraça se torna a barca impensável para uma travessia necessária,
retendo o passageiro e expulsando-o três dias depois na margem. Assim
era dado aos pagãos o que tinha sido arrancado aos inimigos de Cristo. E
aos que pediram um sinal, o Senhor achou por bem dar-lhes apenas esse
símbolo, pelo qual compreenderiam que a glória que esperavam receber de
Cristo devia ser também dada aos pagãos. [...]
Pela malícia dos Seus inimigos, Cristo foi mergulhado nas profundezas do caos da morada dos mortos; durante três dias, percorreu todos os recantos desta morada (1Pe 3,19). E quando ressuscitou, ao mesmo tempo que destruiu a maldade dos Seus inimigos, fez brilhar a Sua própria grandeza e o Seu triunfo sobre a morte.
É portanto justo que os habitantes de Nínive se elevem no dia do juízo para condenar esta geração, pois eles converteram-se pela proclamação de um só profeta naufragado, estrangeiro, desconhecido; enquanto as pessoas desta geração, depois de tantas obras admiráveis e de tantos milagres, com todo o brilho da ressurreição, não se tornaram crentes nem se converteram.
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Pela malícia dos Seus inimigos, Cristo foi mergulhado nas profundezas do caos da morada dos mortos; durante três dias, percorreu todos os recantos desta morada (1Pe 3,19). E quando ressuscitou, ao mesmo tempo que destruiu a maldade dos Seus inimigos, fez brilhar a Sua própria grandeza e o Seu triunfo sobre a morte.
É portanto justo que os habitantes de Nínive se elevem no dia do juízo para condenar esta geração, pois eles converteram-se pela proclamação de um só profeta naufragado, estrangeiro, desconhecido; enquanto as pessoas desta geração, depois de tantas obras admiráveis e de tantos milagres, com todo o brilho da ressurreição, não se tornaram crentes nem se converteram.
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domingo, 14 de outubro de 2012
No Domingo XXVIII do Tempo Comum
Cidade do Vaticano (RV) - A liturgia de hoje nos questiona sobre a
autêntica sabedoria, aquela que leva a uma felicidade sem limites, a
uma total realização, em todos os âmbitos da vida.
Os bens que almejamos nos trazem dependência e não nos dão segurança. Ao contrário, nos brutalizam, tornando-nos gananciosos e opressores. O autor da primeira leitura preferiu a Sabedoria ao poder , à riqueza, à beleza , à saúde, “pois o esplendor que dela irradia não se apaga”. Em seguida diz que todos bens vieram com ela.
A sabedoria está em discernir, em saber escolher aquilo que é duradouro, que não perece e nos sacia plenamente.No Evangelho vemos um homem rico em bens deste mundo, mas desejoso dos bens eternos. Ele busca Jesus e lhe pergunta o que fazer para ganhar a vida eterna. Jesus lhe responde dizendo que a vida eterna está no relacionamento fraterno: entre outras coisas, não matarás, não cometerás adultério, não roubarás. O homem se mostra um justo, pois nada transgrediu desde a juventude. Contudo, ainda não chegou à perfeição.
Jesus, então, fez a proposta libertadora, após lhe dirigir um olhar amoroso: Só uma coisa te falta. Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me! ” Não basta não ter feito mal, é preciso ser misericordioso! Por isso o Mestre acrescenta para seus discípulos a dificuldade de um rico entrar no céu. É necessário que ele se deixe tocar pela graça de Deus e dê à sua riqueza um sentido social, fraterno. Quem fizer isso participará da nova sociedade, a dos filhos de Deus.
A 2ª leitura nos fala da força da Palavra de Deus, da sua capacidade de realizar em nós o que o Espírito nos fizer pedir ao Pai.
Quando o Papa canoniza homens e mulheres, canoniza pessoas que foram sábias aos olhos de Deus, fazendo opção por aquilo que é eterno.Abriram mão de riqueza, juventude, saúde, de tudo que era lícito e louvável aos olhos do mundo e também da religião, para se colocarem mais próximos a Jesus, para se tornarem cidadãos do céu.
Foram livres em partilhar não apenas bens materiais, mas suas vidas.
Por isso estão eternizados, recordados sempre como amigos de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, e vivendo plenamente a felicidade. São homens literalmente realizados!Que o exemplo dos santos revigore também em nós o desejo de alcançar a santidade, testemunhando no dia-a-dia o amor a Deus e aos irmãos.
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Os bens que almejamos nos trazem dependência e não nos dão segurança. Ao contrário, nos brutalizam, tornando-nos gananciosos e opressores. O autor da primeira leitura preferiu a Sabedoria ao poder , à riqueza, à beleza , à saúde, “pois o esplendor que dela irradia não se apaga”. Em seguida diz que todos bens vieram com ela.
A sabedoria está em discernir, em saber escolher aquilo que é duradouro, que não perece e nos sacia plenamente.No Evangelho vemos um homem rico em bens deste mundo, mas desejoso dos bens eternos. Ele busca Jesus e lhe pergunta o que fazer para ganhar a vida eterna. Jesus lhe responde dizendo que a vida eterna está no relacionamento fraterno: entre outras coisas, não matarás, não cometerás adultério, não roubarás. O homem se mostra um justo, pois nada transgrediu desde a juventude. Contudo, ainda não chegou à perfeição.
Jesus, então, fez a proposta libertadora, após lhe dirigir um olhar amoroso: Só uma coisa te falta. Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me! ” Não basta não ter feito mal, é preciso ser misericordioso! Por isso o Mestre acrescenta para seus discípulos a dificuldade de um rico entrar no céu. É necessário que ele se deixe tocar pela graça de Deus e dê à sua riqueza um sentido social, fraterno. Quem fizer isso participará da nova sociedade, a dos filhos de Deus.
A 2ª leitura nos fala da força da Palavra de Deus, da sua capacidade de realizar em nós o que o Espírito nos fizer pedir ao Pai.
Quando o Papa canoniza homens e mulheres, canoniza pessoas que foram sábias aos olhos de Deus, fazendo opção por aquilo que é eterno.Abriram mão de riqueza, juventude, saúde, de tudo que era lícito e louvável aos olhos do mundo e também da religião, para se colocarem mais próximos a Jesus, para se tornarem cidadãos do céu.
Foram livres em partilhar não apenas bens materiais, mas suas vidas.
Por isso estão eternizados, recordados sempre como amigos de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, e vivendo plenamente a felicidade. São homens literalmente realizados!Que o exemplo dos santos revigore também em nós o desejo de alcançar a santidade, testemunhando no dia-a-dia o amor a Deus e aos irmãos.
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sábado, 13 de outubro de 2012
De Santa Teresa Benedita da Cruz, carmelita
Foi no silêncio eterno da vida interior de Deus que a decisão da
redenção foi tomada. E foi na obscuridade de uma casa silenciosa de
Nazaré que a força do Espírito Santo desceu sobre a Virgem, que estava
sozinha e em oração, e se realizou a encarnação de Cristo. Em seguida,
reunida em oração silenciosa em torno da Virgem (Act 1,14), a Igreja
nascente esperava a nova efusão do Espírito, que fora prometido para lhe
dar a vida, a clareza interior, a fecundidade e a eficácia. [...]
É neste diálogo silencioso entre os seres abençoados por Deus e o seu Senhor que se preparam os acontecimentos da história da Igreja, que são visíveis de longe e que renovam a face da terra (Sl 103,30). A Virgem, que guardava em seu coração cada palavra dita pelo Senhor (Lc 2,19; 1,45), prefigura os seres atentos em quem a oração sacerdotal de Jesus renasce constantemente para a vida.
É neste diálogo silencioso entre os seres abençoados por Deus e o seu Senhor que se preparam os acontecimentos da história da Igreja, que são visíveis de longe e que renovam a face da terra (Sl 103,30). A Virgem, que guardava em seu coração cada palavra dita pelo Senhor (Lc 2,19; 1,45), prefigura os seres atentos em quem a oração sacerdotal de Jesus renasce constantemente para a vida.
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Na abertura do Ano da Fé 2012/2013
Venerados Irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje, com grande alegria, 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, damos início ao Ano da fé. Tenho o prazer de saudar a todos vós, especialmente Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, e Sua Graça Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária. Saúdo também, de modo especial, os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais católicas, e os Presidentes das Conferências Episcopais. Para fazer memória do Concílio, que alguns dos aqui presentes – a quem saúdo com afeto especial - tivemos a graça de viver em primeira pessoa, esta celebração foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, que quis recordar a memorável procissão dos Padres conciliares, quando entraram solenemente nesta Basílica; a entronização do Evangeliário, cópia daquele que foi utilizado durante o Concílio; e a entrega das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica, que realizarei no termo desta celebração, antes da Bênção Final. Estes sinais, não nos fazem apenas recordar, mas também nos oferecem a possibilidade de ir além da comemoração. Eles nos convidam a entrar mais profundamente no movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II, para que se possa assumi-lo e levá-lo adiante no seu verdadeiro sentido. E este sentido foi e ainda é a fé em Cristo, a fé apostólica, animada pelo impulso interior que leva a comunicar Cristo a cada homem e a todos os homens, no peregrinar da Igreja nos caminhos da história.
O Ano da fé que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Entre estes dois Pontífices, Paulo VI e João Paulo II, houve uma profunda e total convergência na visão de Cristo como o centro do cosmos e da história, e no ardente desejo apostólico de anunciá-lo ao mundo. Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus. Ele é o cumprimento das Escrituras e seu intérprete definitivo. Jesus Cristo não é apenas o objeto de fé, mas, como diz a Carta aos Hebreus, é aquele «que em nós começa e completa a obra da fé» (Hb 12,2).
O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da evangelização. «O Espírito do Senhor está sobre mim, / porque ele me consagrou com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4,18). Esta missão de Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos séculos e continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, impele a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A Igreja é o instrumento primordial e necessário desta obra de Cristo, uma vez que está unida a Ele como o corpo à cabeça. «Como o Pai me enviou, também eu vos envio» (Jo 20,21). Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus discípulos, que soprando sobre eles disse: «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). O sujeito principal da evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo; mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o mesmo Espírito que repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a vida terrena, dando-lhe a força de «proclamar a libertação aos cativos / e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19).
O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento específico. E, no entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo. Neste sentido, o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio, se expressava usando estas palavras: «Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce. Bastaria recordar [algumas] afirmações do Concílio (...) para dar-se conta da importância fundamental que o Concílio, em consonância com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, a verdadeira fé, que tem a Cristo por fonte e o Magistério da Igreja como canal» (Catequese na Audiência Geral de 8 de março de 1967). Até aqui, a citação de Paulo VI, em 1967.
Agora, porém, temos de voltar para aquele que convocou o Concílio Vaticano II e que o inaugurou: o Bem-Aventurado João XXIII. No Discurso de Abertura, ele apresentou a finalidade principal do Concílio usando estas palavras: «O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. (...) Por isso, o objetivo principal deste Concílio não é a discussão sobre este ou aquele tema doutrinal... Para isso, não havia necessidade de um Concílio... É necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e apresentada de forma a responder às exigências do nosso tempo» (AAS 54 [1962], 790791-792). Até aqui, a citação do Papa João XIII, na inauguração do Concílio.
À luz destas palavras, entende-se aquilo que eu mesmo pude então experimentar: durante o Concílio havia uma tensão emocionante, em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado: na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se. Por isso, julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Mas para que este impulso interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário que ele se apoie sobre uma base de concreta e precisa, e esta base são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua expressão. É por isso que repetidamente tenho insistido na necessidade de retornar, por assim dizer, à «letra» do Concílio - ou seja, aos seus textos - para também encontrar o seu verdadeiro espírito; e tenho repetido que neles se encontra a verdadeira herança do Concílio Vaticano II. A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança.
Se nos colocarmos em sintonia com a orientação autêntica que o Bem-Aventurado João XXIII queria dar ao Vaticano II, poderemos atualizá-la ao longo deste Ano da Fé, no único caminho da Igreja que quer aprofundar continuamente a «bagagem» da fé que Cristo lhe confiou. Os Padres conciliares queriam voltar a apresentar a fé de uma forma eficaz, e se quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno foi justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do depositum fidei a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade.
Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos! E a resposta que se deve dar a esta necessidade é a mesma desejada pelos Papas e Padres conciliares e que está contida nos seus documentos. Até mesmo a iniciativa de criar um Concílio Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização – ao qual agradeço o empenho especial para o Ano da fé – enquadra-se nessa perspectiva. Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho. A primeira Leitura falava da sabedoria do viajante (cf. Eclo 34,9-13): a viagem é uma metáfora da vida, e o viajante sábio é aquele que aprendeu a arte de viver e pode compartilhá-la com os irmãos - como acontece com os peregrinos no Caminho de Santiago, ou em outros caminhos de peregrinação que, não por acaso, estão novamente em voga nestes últimos anos. Por que tantas pessoas hoje sentem a necessidade de fazer esses caminhos? Não seria porque neles encontraram, ou pelo menos intuíram o significado do nosso estar no mundo? Eis aqui o modo como podemos representar este Ano da fé: uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas - como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão (cf. Lc 9,3), mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como é o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos.
Venerados e queridos irmãos, no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. A Ela lhe confiamos o Ano da fé, tal como fiz há uma semana, quando fui, em peregrinação, a Loreto. Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: «A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai» (Col 3,16-17). Amém.
Benedictus PP. XVI
in vatican.va
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje, com grande alegria, 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, damos início ao Ano da fé. Tenho o prazer de saudar a todos vós, especialmente Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, e Sua Graça Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária. Saúdo também, de modo especial, os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais católicas, e os Presidentes das Conferências Episcopais. Para fazer memória do Concílio, que alguns dos aqui presentes – a quem saúdo com afeto especial - tivemos a graça de viver em primeira pessoa, esta celebração foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, que quis recordar a memorável procissão dos Padres conciliares, quando entraram solenemente nesta Basílica; a entronização do Evangeliário, cópia daquele que foi utilizado durante o Concílio; e a entrega das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica, que realizarei no termo desta celebração, antes da Bênção Final. Estes sinais, não nos fazem apenas recordar, mas também nos oferecem a possibilidade de ir além da comemoração. Eles nos convidam a entrar mais profundamente no movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II, para que se possa assumi-lo e levá-lo adiante no seu verdadeiro sentido. E este sentido foi e ainda é a fé em Cristo, a fé apostólica, animada pelo impulso interior que leva a comunicar Cristo a cada homem e a todos os homens, no peregrinar da Igreja nos caminhos da história.
O Ano da fé que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Entre estes dois Pontífices, Paulo VI e João Paulo II, houve uma profunda e total convergência na visão de Cristo como o centro do cosmos e da história, e no ardente desejo apostólico de anunciá-lo ao mundo. Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus. Ele é o cumprimento das Escrituras e seu intérprete definitivo. Jesus Cristo não é apenas o objeto de fé, mas, como diz a Carta aos Hebreus, é aquele «que em nós começa e completa a obra da fé» (Hb 12,2).
O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da evangelização. «O Espírito do Senhor está sobre mim, / porque ele me consagrou com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4,18). Esta missão de Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos séculos e continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, impele a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A Igreja é o instrumento primordial e necessário desta obra de Cristo, uma vez que está unida a Ele como o corpo à cabeça. «Como o Pai me enviou, também eu vos envio» (Jo 20,21). Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus discípulos, que soprando sobre eles disse: «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). O sujeito principal da evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo; mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o mesmo Espírito que repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a vida terrena, dando-lhe a força de «proclamar a libertação aos cativos / e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19).
O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento específico. E, no entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo. Neste sentido, o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio, se expressava usando estas palavras: «Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce. Bastaria recordar [algumas] afirmações do Concílio (...) para dar-se conta da importância fundamental que o Concílio, em consonância com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, a verdadeira fé, que tem a Cristo por fonte e o Magistério da Igreja como canal» (Catequese na Audiência Geral de 8 de março de 1967). Até aqui, a citação de Paulo VI, em 1967.
Agora, porém, temos de voltar para aquele que convocou o Concílio Vaticano II e que o inaugurou: o Bem-Aventurado João XXIII. No Discurso de Abertura, ele apresentou a finalidade principal do Concílio usando estas palavras: «O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. (...) Por isso, o objetivo principal deste Concílio não é a discussão sobre este ou aquele tema doutrinal... Para isso, não havia necessidade de um Concílio... É necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e apresentada de forma a responder às exigências do nosso tempo» (AAS 54 [1962], 790791-792). Até aqui, a citação do Papa João XIII, na inauguração do Concílio.
À luz destas palavras, entende-se aquilo que eu mesmo pude então experimentar: durante o Concílio havia uma tensão emocionante, em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado: na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se. Por isso, julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Mas para que este impulso interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário que ele se apoie sobre uma base de concreta e precisa, e esta base são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua expressão. É por isso que repetidamente tenho insistido na necessidade de retornar, por assim dizer, à «letra» do Concílio - ou seja, aos seus textos - para também encontrar o seu verdadeiro espírito; e tenho repetido que neles se encontra a verdadeira herança do Concílio Vaticano II. A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança.
Se nos colocarmos em sintonia com a orientação autêntica que o Bem-Aventurado João XXIII queria dar ao Vaticano II, poderemos atualizá-la ao longo deste Ano da Fé, no único caminho da Igreja que quer aprofundar continuamente a «bagagem» da fé que Cristo lhe confiou. Os Padres conciliares queriam voltar a apresentar a fé de uma forma eficaz, e se quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno foi justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do depositum fidei a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade.
Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos! E a resposta que se deve dar a esta necessidade é a mesma desejada pelos Papas e Padres conciliares e que está contida nos seus documentos. Até mesmo a iniciativa de criar um Concílio Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização – ao qual agradeço o empenho especial para o Ano da fé – enquadra-se nessa perspectiva. Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho. A primeira Leitura falava da sabedoria do viajante (cf. Eclo 34,9-13): a viagem é uma metáfora da vida, e o viajante sábio é aquele que aprendeu a arte de viver e pode compartilhá-la com os irmãos - como acontece com os peregrinos no Caminho de Santiago, ou em outros caminhos de peregrinação que, não por acaso, estão novamente em voga nestes últimos anos. Por que tantas pessoas hoje sentem a necessidade de fazer esses caminhos? Não seria porque neles encontraram, ou pelo menos intuíram o significado do nosso estar no mundo? Eis aqui o modo como podemos representar este Ano da fé: uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas - como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão (cf. Lc 9,3), mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como é o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos.
Venerados e queridos irmãos, no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. A Ela lhe confiamos o Ano da fé, tal como fiz há uma semana, quando fui, em peregrinação, a Loreto. Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: «A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai» (Col 3,16-17). Amém.
Benedictus PP. XVI
in vatican.va
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
De São Cipriano, bispo de Cartago, mártir
Como são numerosas e intensas as riquezas da oração do Senhor! São
coligidas em poucos palavras, mas de uma densidade espiritual
inesgotável, a ponto de nada faltar neste resumo perfeito do que deve
constituir a nossa oração. Está escrito: «Orai assim: Pai Nosso, que
estais nos céus».
O homem novo, que nasceu de novo e foi conduzido a Deus pela graça, diz primeiro: «Pai», porque se tornou Seu filho. O Verbo, a Palavra de Deus, «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a quantos O receberam, aos que n'Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,11-12). Aquele que acreditou no Seu nome e se tornou filho de Deus deve começar por dar graças e proclamar que é realmente filho de Deus. [...] Mas não basta, irmãos bem-amados, termos consciência de que invocamos o Pai que está nos céus; também acrescentamos: «Pai nosso», ou seja Pai dos que crêem no Seu Filho, dos que se santificaram por Ele e nasceram de novo pela graça espiritual: esses tornaram-se realmente filhos de Deus. [...]
Quão grande é a misericórdia do Senhor, quão grandes são a Sua benevolência e a Sua bondade, para nos permitirem orar assim na presença de Deus, a ponto de Lhe chamamos Pai! Como Cristo é Filho de Deus, assim nós também somos chamados filhos. Nenhum de nós teria ousado empregar esta palavra na oração: foi necessário que o próprio Senhor nos encorajasse a isso.
O homem novo, que nasceu de novo e foi conduzido a Deus pela graça, diz primeiro: «Pai», porque se tornou Seu filho. O Verbo, a Palavra de Deus, «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a quantos O receberam, aos que n'Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,11-12). Aquele que acreditou no Seu nome e se tornou filho de Deus deve começar por dar graças e proclamar que é realmente filho de Deus. [...] Mas não basta, irmãos bem-amados, termos consciência de que invocamos o Pai que está nos céus; também acrescentamos: «Pai nosso», ou seja Pai dos que crêem no Seu Filho, dos que se santificaram por Ele e nasceram de novo pela graça espiritual: esses tornaram-se realmente filhos de Deus. [...]
Quão grande é a misericórdia do Senhor, quão grandes são a Sua benevolência e a Sua bondade, para nos permitirem orar assim na presença de Deus, a ponto de Lhe chamamos Pai! Como Cristo é Filho de Deus, assim nós também somos chamados filhos. Nenhum de nós teria ousado empregar esta palavra na oração: foi necessário que o próprio Senhor nos encorajasse a isso.
in evangelhoquotidiano.org
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Dos Sermões de Odão de Cantuária, monge beneditino
O Evangelho narra-nos a cena em que Jesus é acolhido por duas irmãs e,
enquanto uma O serve, a outra entrega-se à escuta da Sua palavra. Tudo
isto pode ser aplicado à bem-aventurada Virgem Maria.
Estas duas mulheres mencionadas na Escritura costumam ser encaradas como símbolo das duas vias da Igreja: Marta representa a via activa e Maria a contemplativa. Marta esforça-se a praticar obras de misericórdia; Maria repousa, observando. A activa entrega-se ao amor do próximo; a contemplativa ao amor de Deus. Ora, Cristo é Deus e homem, e foi desde logo envolvido no amor singular da bem-aventurada Virgem Maria, quer enquanto servia a Sua humanidade, quer enquanto estava atenta à contemplação da Sua divindade. [...]
Algumas pessoas servem os membros do Corpo de Cristo; a Virgem Maria servia Cristo em carne e osso, [...] e não só com atitudes exteriores, mas com a sua própria substância, tendo-Lhe oferecido a hospitalidade do seu seio. Na Sua meninice ajudou à fragilidade da Sua condição humana, enchendo-o de carícias, dando-Lhe banho, tratando d'Ele, levando-O para o Egipto para escapar à perseguição de Herodes e trazendo-O de volta; e enfim, depois de múltiplos serviços, mantendo-se junto à cruz aquando da Sua morte e ajudando a pô-Lo no túmulo. [...] Assim, foi Marta, e ninguém poderá igualá-la neste serviço.
Mas também na contemplação, a parte de Maria, a Virgem é superior a todos. Na verdade, que contemplativa não devia ser aquela que trouxera no seu seio a própria Divindade, o próprio Filho de Deus unido à sua carne! Depois de nascer, prestou-Lhe atenção, falou-Lhe, desfrutou da Sua companhia, contemplou-O, a «Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Cl 2,3). [...] Assim foi a Virgem também contemplativa, Ela que, no Filho unigénito de Deus que tinha gerado no seu seio, contemplava a glória de toda a Trindade!
in evangelhoquotidiano.org
Estas duas mulheres mencionadas na Escritura costumam ser encaradas como símbolo das duas vias da Igreja: Marta representa a via activa e Maria a contemplativa. Marta esforça-se a praticar obras de misericórdia; Maria repousa, observando. A activa entrega-se ao amor do próximo; a contemplativa ao amor de Deus. Ora, Cristo é Deus e homem, e foi desde logo envolvido no amor singular da bem-aventurada Virgem Maria, quer enquanto servia a Sua humanidade, quer enquanto estava atenta à contemplação da Sua divindade. [...]
Algumas pessoas servem os membros do Corpo de Cristo; a Virgem Maria servia Cristo em carne e osso, [...] e não só com atitudes exteriores, mas com a sua própria substância, tendo-Lhe oferecido a hospitalidade do seu seio. Na Sua meninice ajudou à fragilidade da Sua condição humana, enchendo-o de carícias, dando-Lhe banho, tratando d'Ele, levando-O para o Egipto para escapar à perseguição de Herodes e trazendo-O de volta; e enfim, depois de múltiplos serviços, mantendo-se junto à cruz aquando da Sua morte e ajudando a pô-Lo no túmulo. [...] Assim, foi Marta, e ninguém poderá igualá-la neste serviço.
Mas também na contemplação, a parte de Maria, a Virgem é superior a todos. Na verdade, que contemplativa não devia ser aquela que trouxera no seu seio a própria Divindade, o próprio Filho de Deus unido à sua carne! Depois de nascer, prestou-Lhe atenção, falou-Lhe, desfrutou da Sua companhia, contemplou-O, a «Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Cl 2,3). [...] Assim foi a Virgem também contemplativa, Ela que, no Filho unigénito de Deus que tinha gerado no seu seio, contemplava a glória de toda a Trindade!
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segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Das Homilias de São Gregório de Nissa, bispo
«Este é o meu amado; este é o meu amigo, mulheres de Jerusalém» (Ct
5,16). A Esposa do Cântico mostra aquele que procurava, dizendo: «Eis
Quem eu procuro, Aquele que, para Se tornar nosso irmão, veio de Judá.
Tornou-Se amigo daquele que caiu nas mãos dos salteadores; curou as suas
feridas com azeite, vinho e ligaduras; içou-o para a Sua própria
montada; levou-o para uma estalagem; deu duas moedas de prata para que
cuidassem dele; e prometeu pagar, quando regressasse, o que tivessem
gastado no cumprimento das suas ordens». Cada um destes detalhes tem um
significado bem evidente.
O doutor da Lei tentou o Senhor e quis mostrar a sua superioridade em relação aos outros, dizendo: «E quem é o meu próximo?» O Verbo expõe-lhe então, sob a forma de uma narrativa, toda a história sagrada da misericórdia: conta a queda do homem, a emboscada dos salteadores, o roubo da veste incorruptível, as feridas do pecado, a invasão causada pela morte em metade da nossa natureza (uma vez que a nossa alma permanece imortal), a passagem inútil da Lei (uma vez que nem o sacerdote nem o Levita trataram das feridas daquele que tinha caído nas mãos dos salteadores).
«Era, na verdade, impossível que o sangue dos toiros e dos carneiros apagasse o pecado» (Heb 10,4): só o podia fazer Aquele que revestiu toda a natureza humana: a dos judeus, dos samaritanos, dos gregos, numa palavra, de toda a humanidade. Com o Seu corpo, que é a montada, Ele veio ao encontro da miséria do homem. Curou as suas feridas, fê-lo repousar na Sua própria montada, fez da Sua Misericórdia uma estalagem, onde todos os que penam e se vergam sob o seu fardo encontram repouso (cf. Mt 11,28).
in evangelhoquotidiano.org
O doutor da Lei tentou o Senhor e quis mostrar a sua superioridade em relação aos outros, dizendo: «E quem é o meu próximo?» O Verbo expõe-lhe então, sob a forma de uma narrativa, toda a história sagrada da misericórdia: conta a queda do homem, a emboscada dos salteadores, o roubo da veste incorruptível, as feridas do pecado, a invasão causada pela morte em metade da nossa natureza (uma vez que a nossa alma permanece imortal), a passagem inútil da Lei (uma vez que nem o sacerdote nem o Levita trataram das feridas daquele que tinha caído nas mãos dos salteadores).
«Era, na verdade, impossível que o sangue dos toiros e dos carneiros apagasse o pecado» (Heb 10,4): só o podia fazer Aquele que revestiu toda a natureza humana: a dos judeus, dos samaritanos, dos gregos, numa palavra, de toda a humanidade. Com o Seu corpo, que é a montada, Ele veio ao encontro da miséria do homem. Curou as suas feridas, fê-lo repousar na Sua própria montada, fez da Sua Misericórdia uma estalagem, onde todos os que penam e se vergam sob o seu fardo encontram repouso (cf. Mt 11,28).
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domingo, 7 de outubro de 2012
No Domingo XXVII do Tempo Comum
Cidade do Vaticano (RV) - A Liturgia deste domingo nos fala da dignidade do ser humano, ao relatar a formação da mulher como término da criação do homem.
A posição do ser humano como o rei de tudo que foi criado, está explicitado no fato de todos os animais terem sido levados, por Deus, à presença de Adão, para que ele nominasse um por um. O fato de Deus conceder ao homem a faculdade de dar nome aos animais, significa atribuir-lhe uma senhoria sobre os demais seres criados. Contudo nenhum deles completava Adão, que continuava só, sem ter alguém com quem dialogar, alguém que fosse companheiro.
Deus então vai completar sua criação criando a companheira do homem, Eva. Deus o faz tirando da costela de Adão, de seu lado, exatamente porque é companheira. A criação está terminada. Agora tudo irá depender do ser humano.O relato finda com a seguinte orientação: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” Na visão do autor do Livro do Gênesis, a união do homem e da mulher é mais forte que a própria geração.
Deixar aqueles que geraram, que deram a vida para se unir a uma outra pessoa, e ser com ela uma só carne, o ser humano completo, eis a orientação do autor do Gênesis. Com o passar do tempo os legisladores judeus foram relaxando esta visão de complementação e possibilitando a cada um, homem e mulher, a troca de parceiros de caminhada. Jesus, ao ser interrogado sobre isso, corrige tal costume dizendo que esse não era o projeto de Deus e retoma a questão da indissolubilidade da união conjugal, mais forte que os laços que unem pais e filhos. Homem e mulher, unidos em matrimônio formam uma unidade corpórea indissolúvel. Ao final Jesus elogia as crianças e diz que o Reino dos céus são das pessoas que são como elas, ou seja, pessoas simples de coração, abertas à Palavra de Deus, obedientes por amor. Para se entender porque o matrimonio é indissolúvel é necessário ter o coração, o acolhimento de uma criança e deixar-se moldar pelo coração de Deus.
No dia de hoje, especialmente, rezemos pelos casais que passam por dificuldades e por aqueles que se preparam para o matrimônio, para que o tempo de noivado cumpra seu papel, sendo propício à elaboração de um projeto de vida.
in news.va
A posição do ser humano como o rei de tudo que foi criado, está explicitado no fato de todos os animais terem sido levados, por Deus, à presença de Adão, para que ele nominasse um por um. O fato de Deus conceder ao homem a faculdade de dar nome aos animais, significa atribuir-lhe uma senhoria sobre os demais seres criados. Contudo nenhum deles completava Adão, que continuava só, sem ter alguém com quem dialogar, alguém que fosse companheiro.
Deus então vai completar sua criação criando a companheira do homem, Eva. Deus o faz tirando da costela de Adão, de seu lado, exatamente porque é companheira. A criação está terminada. Agora tudo irá depender do ser humano.O relato finda com a seguinte orientação: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” Na visão do autor do Livro do Gênesis, a união do homem e da mulher é mais forte que a própria geração.
Deixar aqueles que geraram, que deram a vida para se unir a uma outra pessoa, e ser com ela uma só carne, o ser humano completo, eis a orientação do autor do Gênesis. Com o passar do tempo os legisladores judeus foram relaxando esta visão de complementação e possibilitando a cada um, homem e mulher, a troca de parceiros de caminhada. Jesus, ao ser interrogado sobre isso, corrige tal costume dizendo que esse não era o projeto de Deus e retoma a questão da indissolubilidade da união conjugal, mais forte que os laços que unem pais e filhos. Homem e mulher, unidos em matrimônio formam uma unidade corpórea indissolúvel. Ao final Jesus elogia as crianças e diz que o Reino dos céus são das pessoas que são como elas, ou seja, pessoas simples de coração, abertas à Palavra de Deus, obedientes por amor. Para se entender porque o matrimonio é indissolúvel é necessário ter o coração, o acolhimento de uma criança e deixar-se moldar pelo coração de Deus.
No dia de hoje, especialmente, rezemos pelos casais que passam por dificuldades e por aqueles que se preparam para o matrimônio, para que o tempo de noivado cumpra seu papel, sendo propício à elaboração de um projeto de vida.
in news.va
sábado, 6 de outubro de 2012
De São Francisco de Assis, diácono
No amor que é Deus, suplico a todos os meus irmãos – aos que pregam, aos
que oram, aos que trabalham manualmente, aos clérigos e leigos – que
cultivem a humildade, em tudo: que não se gloriem, que não exultem nem
se orgulhem interiormente por boas palavras e acções, nem mesmo por
algum bem que Deus tenha dito, feito ou cumprido, neles ou através
deles. Pois o Senhor diz estas palavras: «Não vos alegreis porque os
espíritos vos obedecem». Convençamo-nos disto com firmeza: apenas são
nossos os erros e os pecados. [...] Aquele que é dócil ao Espírito do
Senhor deseja mortificar e humilhar esta carne egoísta; cultiva a
humildade e a paciência, a simplicidade pura e a verdadeira paz de
espírito. [...]
Ofereçamos todos os bens ao Senhor, Deus altíssimo e soberano: reconheçamos que todos os bens Lhe pertencem; demos-lhe graças por tudo, pois é d'Ele que procedem todos os bens. Que Ele, o altíssimo e soberano Deus, o Deus único e verdadeiro, receba e obtenha todas as honras e todo o respeito, todos os louvores e bençãos, todo o reconhecimento e toda a glória: pois n'Ele está todo o bem, e só Ele é bom (Mc 10,18).
E nós, pela nossa parte, quando virmos ou ouvirmos maldizer, bendigamos; quando virmos fazer o mal, façamos o bem; quando ouvirmos ou virmos blasfemar, louvemos o Senhor, que é bendito pelos séculos dos séculos. Amen.
in evangelhoquotidiano.org
Ofereçamos todos os bens ao Senhor, Deus altíssimo e soberano: reconheçamos que todos os bens Lhe pertencem; demos-lhe graças por tudo, pois é d'Ele que procedem todos os bens. Que Ele, o altíssimo e soberano Deus, o Deus único e verdadeiro, receba e obtenha todas as honras e todo o respeito, todos os louvores e bençãos, todo o reconhecimento e toda a glória: pois n'Ele está todo o bem, e só Ele é bom (Mc 10,18).
E nós, pela nossa parte, quando virmos ou ouvirmos maldizer, bendigamos; quando virmos fazer o mal, façamos o bem; quando ouvirmos ou virmos blasfemar, louvemos o Senhor, que é bendito pelos séculos dos séculos. Amen.
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Dos Sermões do Beato John Henry Newman, presbítero
A Igreja é chamada corpo de Cristo. Ela é agora o que era o Seu corpo
material quando Ele estava visível na terra. Ela é o instrumento do Seu
poder divino. É dela que nos devemos aproximar para obter d'Ele o bem. E
quando alguém a insulta, Ele enche-Se de cólera. Mas, a bem dizer, o
que é a Igreja senão uma entidade humilde, que por vezes provoca o
insulto e a impiedade nos homens que não vivem da fé? Ela é um «vaso de
barro» (2Co 4,7). [...]
Sabemos que os melhores sacerdotes são imperfeitos e falíveis e estão sujeitos a más tendências como todos os seus irmãos. E, no entanto, foi sobre eles que Cristo, não falando apenas dos apóstolos mas dos setenta discípulos (aos quais os ministros cristãos são seguramente iguais em termos de responsabilidades), disse: «Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».
Além disso, Ele tornou os pobres, os fracos e os aflitos testemunhas e agentes da Sua presença. É natural que nós tenhamos a mesma tentação de os negligenciar e os tratar com irreverência. Os Seus discípulos neste mundo são o que Cristo era e, assim como a Sua condição obscura e fraca levava os homens a insultá-l'O e a maltratá-l'O, assim também as mesmas características das testemunhas da Sua presença levam os homens actuais a insultá-las. [...] Por conseguinte, tanto agora como nos dias da Sua vida física, Cristo está neste mundo mas não de forma ostensiva.
Sabemos que os melhores sacerdotes são imperfeitos e falíveis e estão sujeitos a más tendências como todos os seus irmãos. E, no entanto, foi sobre eles que Cristo, não falando apenas dos apóstolos mas dos setenta discípulos (aos quais os ministros cristãos são seguramente iguais em termos de responsabilidades), disse: «Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».
Além disso, Ele tornou os pobres, os fracos e os aflitos testemunhas e agentes da Sua presença. É natural que nós tenhamos a mesma tentação de os negligenciar e os tratar com irreverência. Os Seus discípulos neste mundo são o que Cristo era e, assim como a Sua condição obscura e fraca levava os homens a insultá-l'O e a maltratá-l'O, assim também as mesmas características das testemunhas da Sua presença levam os homens actuais a insultá-las. [...] Por conseguinte, tanto agora como nos dias da Sua vida física, Cristo está neste mundo mas não de forma ostensiva.
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quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Dos Comentários de Santo Ambrósio, bispo de Milão
Enviando discípulos para a messe que tinha sido bem semeada pelo Verbo
do Pai, mas que clamava por ser trabalhada, cultivada, cuidada com
solicitude para que os pássaros não roubassem a semente, Jesus
declara-lhes: «Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos». [...] O
Bom Pastor não teme que os lobos Lhe ataquem o rebanho; não enviou os
Seus discípulos para se tornarem presas deles, mas para difundirem a
graça. A solicitude do Bom Pastor faz com que os lobos não consigam
atentar contra os cordeiros que Ele envia. E envia-os para que se
realize a profecia de Isaías: «O lobo e o cordeiro pastarão juntos» (Is
65,25). [...] Além do mais, não têm os discípulos ordem de nem sequer
levarem um cajado na mão? [...]
Portanto, aquilo que o humilde Senhor prescreveu, também os discípulos o realizam através da prática da humildade. Porque Ele não os enviou a semear a fé pela coacção, mas pelo ensino; não através da ostentação da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E considerou que era bom juntar a paciência à humildade, tendo em conta o testemunho de Pedro: «ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava» (1Pe 2,23).
O que remete para o que foi dito: «Sede Meus imitadores: abandonai o desejo de vingança, não respondais aos ataques da arrogância retribuindo o mal, mas com a paciência que perdoa. Ninguém deve imitar aquilo que recebe dos outros; a mansidão atinge os insolentes de forma muito mais decisiva.»
Portanto, aquilo que o humilde Senhor prescreveu, também os discípulos o realizam através da prática da humildade. Porque Ele não os enviou a semear a fé pela coacção, mas pelo ensino; não através da ostentação da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E considerou que era bom juntar a paciência à humildade, tendo em conta o testemunho de Pedro: «ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava» (1Pe 2,23).
O que remete para o que foi dito: «Sede Meus imitadores: abandonai o desejo de vingança, não respondais aos ataques da arrogância retribuindo o mal, mas com a paciência que perdoa. Ninguém deve imitar aquilo que recebe dos outros; a mansidão atinge os insolentes de forma muito mais decisiva.»
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Das Cartas de São Francisco de Xavier, missionário jesuíta
Numerosos decretos proíbem a entrada na China. [...] Mas, para lá dos
perigos de prisão e de maus tratos, existem outros muito maiores, que
passam despercebidos aos habitantes desse país. [...] Em primeiro lugar,
a perda da esperança e da confiança em Deus, quando é por Seu amor e ao
Seu serviço que damos a conhecer a Sua Lei e Jesus Cristo, Seu Filho,
nosso Redentor e Senhor, como Ele bem sabe. Uma vez que foi pela Sua
santa misericórdia que nos comunicou estes desejos, perder agora
confiança na Sua misericórdia e no Seu poder perante os perigos que
poderemos correr ao Seu serviço é um perigo incomparavelmente superior
aos males que todos os inimigos de Deus nos podem causar. Se isso for
importante para o Seu serviço, Deus proteger-nos-á de todos os perigos
desta vida. [...] Por isso temos a segurança das palavras do Senhor:
«Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida
conservá-la-á para a vida eterna» (Jo 12,25). E também destas,
semelhantes às primeiras: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão
ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»
Quanto a nós, tendo em consideração estes perigos para a alma, que são muito superiores aos do corpo, pensamos que é mais seguro e evidente enfrentar os perigos corporais. [...] Seja de que maneira for, estamos determinados a ir à China.
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Quanto a nós, tendo em consideração estes perigos para a alma, que são muito superiores aos do corpo, pensamos que é mais seguro e evidente enfrentar os perigos corporais. [...] Seja de que maneira for, estamos determinados a ir à China.
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terça-feira, 2 de outubro de 2012
Dos Sermões de São João Maria Vianney, presbítero
Apesar de Se bastar a si mesmo, Deus emprega, para governar o mundo, o
ministério dos Seus anjos. [...] Vendo Deus ter tantos cuidados com a
nossa vida, temos de concluir que a nossa alma é qualquer coisa de muito
grande e precioso, para que, para a sua conservação e santificação, Ele
empregue tudo o que tem de maior em Sua corte. Deu-nos o Seu Filho para
nos salvar; este Filho [...] dá a cada um de nós um e até vários anjos,
que têm por única ocupação pedir-Lhe para nós as graças e os auxílios
necessários à nossa salvação. [...] Oh, que mal conhece o homem o que é,
e o fim para o qual foi criado! Lemos na Sagrada Escritura que o Senhor
dizia ao Seu povo: «Eis que Eu envio um anjo diante de ti, para te
guardar no caminho e para te fazer entrar no lugar que Eu preparei» (Ex
23,20).
Devemos invocar frequentemente os nossos anjos da guarda, respeitá-los e, sobretudo, procurar imitá-los em todas as nossas acções. A primeira coisa em que os devemos imitar é no pensamento da presença de Deus. [...] Com efeito, se estivermos bem impregnados da presença de Deus, como poderemos fazer o mal? As nossas virtudes e boas acções serão bem mais agradáveis a Deus! [...] Deus diz a Abraão: «Anda na Minha presença e sê perfeito» (Gn 17,1]. Como pode então suceder que tão facilmente esqueçamos a Deus, quando O temos sempre à nossa frente? Porque não nos enchemos então de respeito e reconhecimento para com os anjos, que nos acompanham noite e dia? [...] «Sou demasiado miserável para merecer isso», direis possivelmente. Meus irmãos, não só Deus não vos perde de vista um instante, como até vos dá um anjo que não deixa nunca de vos guiar. Oh, grandiosa felicidade, tão mal conhecida pelos homens!
Devemos invocar frequentemente os nossos anjos da guarda, respeitá-los e, sobretudo, procurar imitá-los em todas as nossas acções. A primeira coisa em que os devemos imitar é no pensamento da presença de Deus. [...] Com efeito, se estivermos bem impregnados da presença de Deus, como poderemos fazer o mal? As nossas virtudes e boas acções serão bem mais agradáveis a Deus! [...] Deus diz a Abraão: «Anda na Minha presença e sê perfeito» (Gn 17,1]. Como pode então suceder que tão facilmente esqueçamos a Deus, quando O temos sempre à nossa frente? Porque não nos enchemos então de respeito e reconhecimento para com os anjos, que nos acompanham noite e dia? [...] «Sou demasiado miserável para merecer isso», direis possivelmente. Meus irmãos, não só Deus não vos perde de vista um instante, como até vos dá um anjo que não deixa nunca de vos guiar. Oh, grandiosa felicidade, tão mal conhecida pelos homens!
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Da Encíclica "Ut unum sint"
O ecumenismo busca precisamente fazer crescer a comunhão parcial
existente entre os cristãos, até à plena comunhão na verdade e na
caridade. Passando dos princípios, do imperativo da consciência cristã, à
realização do caminho ecuménico rumo à unidade, o Concílio Vaticano II
põe em relevo sobretudo a necessidade da conversão do coração. O anúncio
messiânico – «completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto» – e o
consequente apelo – «convertei-vos e crede no Evangelho» (Mc 1, 15) –
com os quais Jesus inaugura a Sua missão indicam o elemento essencial
que deve caracterizar qualquer novo início.[...] «Não existe verdadeiro
ecumenismo sem conversão interior». O Concílio apela, tanto à conversão
pessoal, como à conversão comunitária. [...]
Assim, cada um tem de se converter mais radicalmente ao Evangelho e, sem nunca perder de vista o desígnio de Deus, deve rectificar o seu olhar. Com o ecumenismo, a contemplação das «maravilhas de Deus» (mirabilia Dei) enriqueceu-se com novos espaços onde o Deus Trino suscita a acção de graças: a percepção de que o Espírito age nas outras comunidades cristãs, a descoberta de exemplos de santidade, a experiência das infindáveis riquezas da comunhão dos santos, o contacto com aspectos surpreendentes do compromisso cristão.
E, correlativamente, estendeu-se também a necessidade de penitência: a consciência de certas exclusões que ferem a caridade fraterna, de certas recusas em perdoar, de um certo orgulho, daquele entrincheiramento anti-evangélico na condenação dos «outros», de um desprezo que deriva de falsa presunção. Assim, toda a vida dos cristãos está marcada pela solicitude ecuménica e, de certo modo, eles são chamados a deixar-se plasmar por ela.
Assim, cada um tem de se converter mais radicalmente ao Evangelho e, sem nunca perder de vista o desígnio de Deus, deve rectificar o seu olhar. Com o ecumenismo, a contemplação das «maravilhas de Deus» (mirabilia Dei) enriqueceu-se com novos espaços onde o Deus Trino suscita a acção de graças: a percepção de que o Espírito age nas outras comunidades cristãs, a descoberta de exemplos de santidade, a experiência das infindáveis riquezas da comunhão dos santos, o contacto com aspectos surpreendentes do compromisso cristão.
E, correlativamente, estendeu-se também a necessidade de penitência: a consciência de certas exclusões que ferem a caridade fraterna, de certas recusas em perdoar, de um certo orgulho, daquele entrincheiramento anti-evangélico na condenação dos «outros», de um desprezo que deriva de falsa presunção. Assim, toda a vida dos cristãos está marcada pela solicitude ecuménica e, de certo modo, eles são chamados a deixar-se plasmar por ela.
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