quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

De Santo Isaac, o Sírio, monge

Quanto a mim, penso que aqueles que são atormentados no inferno o são pelos golpes  do amor. Pois não há coisa mais amarga e mais violenta que os tormentos do amor! Os que sentem que pecaram contra o amor carregam consigo uma condenação bem maior que as mais temidas punições. O sofrimento inscrito no coração pelo pecado contra o amor é mais dilacerante que qualquer outro tormento.


É completamente absurdo pensar que os pecadores do inferno estão privados do amor de Deus. O amor é filho do conhecimento da verdade, que é dado na sua totalidade. Pelo seu próprio poder, o amor age de duas maneiras: atormenta os pecadores, como acontece aqui na terra um amigo atormentar outro amigo; e regozija-se com os que fazem o que devem fazer. Em minha opinião, o tormento do inferno é o remorso. Mas as almas dos que estão no alto estão na embriaguez do deleite.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Das Dissertações de Santo Agostinho, bispo

Nos «salmos de subida», o salmista aspira a Jerusalém e diz que quer subir. Subir para onde? Desejará ele alcançar o sol, a lua, as estrelas? Não. É no céu que se encontra a Jerusalém eterna, é lá que vivem os anjos, nossos concidadãos (Heb 12,22). Nesta terra estamos exilados, longe deles. Ainda a caminho, no exílio, suspiramos; na cidade estremeceremos de alegria.


Durante a viagem encontramos companheiros que já viram essa cidade e que nos encorajam a correr para ela. Eles inspiraram ao salmista um grito de alegria: «Que alegria, quando me disseram:  'Vamos para a casa do Senhor!'» (Sl 122,1). [...] Iremos para a casa do Senhor: corramos pois, corramos, pois chegaremos à casa do Senhor. Corramos sem nos cansar; lá não haverá lassidão. Corramos para a casa do Senhor e estremeçamos de alegria com aqueles que nos chamaram e que primeiro contemplaram a nossa pátria. Eles gritam de longe aos que os seguem: «Vamos para a casa do Senhor; caminhai, correi!» Os apóstolos viram a casa e chamam-nos: «Caminhai, correi, segui-nos! Vamos para a casa do Senhor!»


E o que responde cada um de nós? «Que alegria, quando me disseram:  'Vamos para a casa do Senhor!'» Regozijei-me com os profetas, regozijei-me com os apóstolos, pois todos eles nos disseram: «Vamos para a casa do Senhor.»

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Das Sentenças dos Padres do Deserto (sécs. IV-V)

Certo dia, Abba Macário vinha do paul e regressava à cela, trazendo consigo umas folhas de palmeira. Pelo caminho, o demónio veio ao seu encontro com uma foice de ceifeiro, e tentou atacá-lo, mas não conseguiu. Disse-lhe então o demónio: «Macário, sofro muitos tormentos por tua causa, porque não consigo vencer-te. Contudo, faço tudo o que tu fazes: tu jejuas, e eu não como; tu velas, e eu não durmo. Há só um aspecto em que me vences.» «Qual?» «A tua humildade. É ela que me impede de te vencer.»

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

De Juliana de Norwich, mística inglesa

A meu ver, a misericórdia [de Deus] consiste no amor que opera com a doçura e a plenitude da graça, numa superabundante compaixão. Ela põe mãos à obra para nos defender e para que todas as coisas resultem em nosso bem. Desse modo, por amor, permite que em certa medida vacilemos; e quanto mais vacilamos, mais caímos, e quanto mais caímos, mais morremos. [...] Apesar disso, nunca se separa de nós o doce olhar da piedade e do amor, não cessa nunca a obra da misericórdia.


Vi qual é o bem próprio da misericórdia e o da graça: são dois aspectos de um único amor. A misericórdia é atributo da compaixão, proveniente duma ternura materna; a graça é atributo da glória, proveniente do majestoso poder do Senhor no mesmo amor. A misericórdia defende, ampara, vivifica e cura, e em tudo isso é ternura amorosa; a graça edifica e recompensa infinitamente mais do que o merece quer a nossa vontade, quer o nosso trabalho, e assim propaga e manifesta a generosidade que Deus, nosso Senhor soberano, nos prodigaliza na Sua maravilhosa afabilidade. Tudo isso provém da abundância do Seu amor, já que a graça transforma a nossa terrível fraqueza em abundante e infinita consolação, a nossa vergonhosa queda em sublime e glorioso reerguer-se, a nossa triste morte em santa e bem-aventurada vida.


Tudo isto vi, por certo: de cada vez que a nossa perversidade neste mundo nos conduz ao sofrimento, à vergonha e à aflição, no céu, ao contrário, a graça nos reconforta e nos conduz à glória e à felicidade; e com tal superabundância que, ao chegarmos ao céu e recebermos a recompensa que a graça aí preparou para nós, agradeceremos e bendiremos a Nosso Senhor, ao mesmo tempo que nos alegraremos por termos sofrido tais adversidades. E esse ditoso amor será de tal ordem, que conheceremos em Deus certas coisas que nunca teríamos conhecido se não tivéssemos passado por tais provações.

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

No Domingo II do Tempo da Quaresma

A aliança, o pacto, são gestos humanos que traduzem confiança, promessa, fidelidade, obrigação. A primeira leitura nos fala da aliança de Deus com Abraão. O Senhor gratuitamente propôs aliança com Abraão e ele confiou plenamente em Deus, embora muitas vezes as circunstâncias lhe pudessem levar ao contrário.

Deus é fiel e mesmo que rompamos nosso pacto, o Senhor se mantém fiel.
No Evangelho, Jesus, como de costume, vai rezar. Nessa oração, fica mais claro qual é sua missão. São Lucas diz que durante a oração seu rosto mudou de aspecto. Isso sinaliza que o Senhor estava muito unido ao Pai e nos recorda Moisés quando se encontrava com Deus. Todo encontro com Deus deixa sinais visíveis nas pessoas. Podemos experienciar isso quando rezamos de verdade, quando nos abrimos ao Senhor e não colocamos resistências. Sentimo-nos mais integrados, mais felizes, mais esperançosos e generosos. Sabemos perdoar e desejamos o bem para todos.

Nessa oração, especialmente, Jesus teve consciência de sua missão. Quando São Lucas escreve que Moisés e Elias conversam sobre a paixão de Jesus, está nos dizendo que é nesse momento que Jesus se conscientiza de sua missão, de que deveria passar pelo sofrimento para cumprir sua vocação redentora.

Também o sono dos discípulos é muito simbólico. Eles terão sono também no horto, quando Jesus está se preparando para sofrer. Sono aí significa desconhecimento do que está acontecendo e reação ao sofrimento.

Poderemos fazer, neste momento, uma reflexão: se Jesus aceitou a cruz, aceitou sofrer por todos nós, haverá outro caminho para os homens resolverem seus problemas que não seja através desta, através do sacrifício pelo outro? Será que nossos problemas familiares, nossos problemas de relacionamento, nossos problemas econômicos e sociais não deverão ser solucionados através da cruz, isto é, através da renúncia, da entrega generosa de nossa vida? Só através do caminho da cruz conquistaremos a vida! Verdadeiramente a cruz é a árvore da Vida, de onde pendeu Jesus!

A segunda leitura nos ajuda a entendermos que é na cruz que está a vida. Viver egoisticamente não leva à felicidade. Esta consiste em fazer morrer dentro de nós o egoísmo, em não nos apoiarmos apenas no cumprimento da Lei, em sacrificarmos o mundo e a nós mesmos pelo amor de Cristo e dos irmãos.

Deveremos ver na cruz o grande sinal da aliança de Deus com os homens. É nela que está nossa salvação, nosso futuro, nossa felicidade eterna. A cruz de Jesus deverá iluminar nossa vida e ser o crivo por onde passam todas as nossas decisões, seja qual for nosso estado de vida, se religioso, sacerdotal ou leigo. Será através da cruz que cumpriremos nossa missão e nos encontraremos com Deus. De fato, pende da cruz a redenção da criação, a salvação do mundo e de cada um de nós.

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

De São Policarpo, bispo e mártir

Permaneçamos indefectivelmente ligados à nossa esperança e ao garante da nossa justiça, Jesus Cristo. «Ele suportou os nossos pecados no Seu corpo»; e no entanto, «Ele que não cometeu pecado e a Sua boca não proferiu mentira» (1P 2,24.22). Mas tudo suportou para que vivamos n'Ele. Sejamos imitadores da Sua constância e, se sofrermos pelo Seu nome, glorifiquemo-Lo. Tal é o exemplo que Ele próprio nos deu (Jo 13,15) e no qual acreditámos. [...] Perseverai nestes sentimentos e segui o exemplo do Senhor, firmes e inabaláveis na fé, amando-vos como irmãos, cheios de afeição mútua, unidos na verdade, ajudando-vos uns aos outros com a ternura do Senhor, sem desprezar ninguém. [...]


Estou seguro de que conheceis bem os livros sagrados e que eles já não têm mistérios para vós. Não partilho a vossa erudição. Mas basta-me esta citação das Escrituras: «Se vos irardes, não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira» (Ef 4,26). Felizes aqueles que se recordam desta palavra! Creio que vós estais entre eles.


Que Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e Ele próprio, o Grande Sacerdote eterno (He 2,17), Jesus Cristo, Filho de Deus, vos fortaleçam na fé e na verdade, com serenidade, sem cólera, na paciência, na constância, na coragem e na castidade. Que vos façam partilhar a herança dos santos, tal como a nós e a todos aqueles que vivem debaixo do céu e crêem em Nosso Senhor Jesus Cristo e no Seu Pai, que O ressuscitou dos mortos. Orai por todos os santos. Orai também pelos reis, os príncipes, os magistrados, por aqueles que vos perseguem e vos odeiam, pelos inimigos da cruz, e que assim todos possam contemplar o fruto que vós trazeis e que nele sejais perfeitos.

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

De Bento XVI, papa

«Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja. [...] Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» As três metáforas às quais Jesus recorre são em si muito claras: Pedro será o fundamento rochoso sobre o qual se apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do Reino dos céus para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, ele poderá ligar ou desligar, no sentido em que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece de Cristo. É sempre a Igreja de Cristo, e não de Pedro. Deste modo, é descrito com imagens [...] o que a reflexão posterior qualificará com a designação de «primado de jurisdição».


Esta posição de preeminência que Jesus decidiu conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição: Jesus encarrega as mulheres de irem anunciar a Pedro; [...] será Pedro a primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (cf Lc 24,34; 1 Cor 15,5). [...] Depois, o facto de vários textos-chave relativos a Pedro poderem ser relacionados com o contexto da Última Ceia, na qual Cristo confere a Pedro o ministério de confirmar os irmãos (cf Lc 22,31ss.), mostra que a Igreja, que nasce do memorial pascal celebrado na Eucaristia, tem no ministério confiado a Pedro um dos seus elementos constitutivos.


Esta contextualização [...] indica também o sentido último deste primado: Pedro deve ser, ao longo dos tempos, o guardião da comunhão com Cristo; deve conduzir à comunhão com Cristo; deve preocupar-se por que a rede não se rompa e assim possa perdurar a comunhão universal. Só juntos podemos estar com Cristo, que é o Senhor de todos. A responsabilidade de Pedro é, assim, garantir a comunhão com Cristo, pela caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade na vida de todos os dias.

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

De São Tomás de Aquino, teólogo dominicano

Quando a súplica é dirigida a um homem, deve primeiro expressar o desejo e a necessidade de quem pede. Tem também por objectivo afrouxar o coração daquele a quem se pede, até o fazer ceder. Ora, estas duas coisas não têm razão de ser quando a súplica é dirigida a Deus. Ao rezar, não temos de nos preocupar em manifestar os nossos desejos ou as nossas necessidades a Deus: Ele sabe tudo (Mt 6,8). [...] Se a oração é necessária ao homem para obter os benefícios de Deus, é porque exerce sobre aquele que reza uma influência que o leva a considerar a sua própria pobreza e lhe inclina o coração a desejar com fervor e espírito filial o que espera obter com a oração. Torna-o assim capaz de o receber. [...]


Pedir a Deus torna-nos imediatamente familiarizados com Deus, porque a nossa alma se eleva em direcção a Ele, fala carinhosamente com Ele, e adora-O em espírito e verdade (Jo 4,23). E assim, nesta amizade familiar com Deus que a oração produz, abre-se o caminho para uma oração ainda mais confiante. É por isso que está dito no Salmo: «Eu clamei», isto é, orei com confiança, «porque Tu me respondeste, meu Deus» (16,6). Recebido na intimidade de Deus através de uma primeira oração, o salmista ora em seguida com maior confiança. E é por isso que, na petição dirigida a Deus, a assiduidade ou insistência no pedido não é importuna. Pelo contrário, é agradável a Deus, porque «é necessário rezar sempre», diz o Evangelho, «sem nunca desistir» (Lc 18,1). E noutro sítio o Senhor convida-nos a pedir: «Pedi e dar-se-vos-á», diz, «batei e abrir-se-vos-á.»

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

De São Rafael Arnaiz Baron, monge trapista

Para se consagrar a uma arte, para aprofundar uma ciência, o espírito precisa de solidão e de isolamento; tem necessidade de recolhimento e silêncio. Mas para a alma enamorada de Deus, para a alma que não vê nenhuma outra arte ou ciência que não seja a vida de Jesus, para a alma que encontrou o tesouro escondido na terra (Mt 13,44), o silêncio não é suficiente, nem o recolhimento na solidão. Ela tem necessidade de se esconder de tudo, precisa de estar escondida com Cristo, de encontrar um recanto da terra onde não cheguem os olhos profanos do mundo e de permanecer aí sozinha com Deus. O segredo do rei (Tb 12,7) deteriora-se e perde o brilho quando se revela. É este segredo do rei que deve ser escondido para que ninguém o veja, este segredo que muitos acreditam ser feito de comunicações divinas e de consolações sobrenaturais; este segredo do rei, que invejamos aos santos, reduz-se muitas vezes a uma cruz.


Não escondamos a luz debaixo do alqueire, diz Jesus (Mt 5, 15). [...] Proclamemos aos quatro ventos a nossa fé, enchamos o mundo com gritos de entusiasmo por um Deus tão bom, não nos cansemos de pregar o Evangelho e de dizer a todos aqueles que querem ouvir-nos que Cristo morreu amando, pregado no madeiro, que morreu por mim, por ti, por todos. Se O amamos verdadeiramente, não O escondamos, não ponhamos debaixo do alqueire a luz que pode iluminar os outros.


Pelo contrário, Jesus bendito, transportemos por dentro, e sem que ninguém saiba, este segredo divino, este segredo que Tu confias às almas que mais Te amam, esta partícula da Tua cruz, da Tua sede, dos Teus espinhos. Escondamos no canto mais recôndito da terra as nossas lágrimas, as nossas dores e as nossas mágoas, não enchamos o mundo de tristes gemidos, nem atinjamos ninguém com as nossas aflições. [...] Escondamo-nos com Cristo para O deixarmos participar, só a Ele, naquilo que, vendo bem, Lhe pertence: o segredo da cruz. Aprendamos de uma vez por todas, meditando na Sua vida, na Sua paixão e na Sua morte, que não há outro caminho para chegarmos até Ele senão o caminho da Sua santa cruz.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De São Francisco de Assis, presbítero

Santíssimo «Pai Nosso»,
nosso Criador, nosso Redentor, nosso Salvador e Consolador.
«Que estais nos céus»,
nos anjos e nos santos, iluminando-os para que Vos conheçam,
porque Vós, Senhor, sois a luz; 
inflamando-os para que Vos amem, porque Vós, Senhor, sois o amor; 
habitando neles e enchendo-os com a Vossa divindade
para que adquiram a felicidade, porque Vós, Senhor, sois o maior bem, 
o bem eterno, donde procede todo o bem, sem o qual não há bem algum.


«Santificado seja o Vosso nome»:
Que o conhecimento que temos de Vós
se torne, em nós, cada vez mais luminoso,
para que possamos avaliar o comprimento dos Vossos dons,
a largura das Vossas promessas, a altura da Vossa majestade
e a profundidade dos Vossos julgamentos (Ef 3, 18).


«Venha a nós o Vosso Reino»:
Reinai em nós pela graça; 
fazei-nos entrar no Vosso Reino
onde enfim Vos veremos sem sombra,
onde o nosso amor por Vós se tornará perfeito,
bem-aventurada a Vossa companhia, eterno o prazer de Vos termos connosco.


«Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como nos céus»:
Que Vos amemos sempre de coração pleno,
pensando sempre em Vós,
desejando-Vos sempre, com todo o nosso espírito;
continuamente dirigindo a Vós todas as nossas intenções,
perseguindo apenas a Vossa glória, 
com todas as forças, com todo o coração,
com toda a alma, com todo o entendimento, ao serviço do Vosso amor
e de nada mais (Mc 12, 30).


Amemos o nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22,39)
atraindo todos ao Vosso amor, como nos for possível,
alegrando-nos com o seu bem como se nosso fosse,
compadecendo-nos com as suas tribulações,
e não fazendo a ninguém ofensa alguma. 

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Da Homilia atribuida a Santo Hipólito de Roma, presbítero

«Vinde, benditos de Meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo». Vinde, vós que haveis amado os pobres e os estrangeiros. Vinde, vós que permanecestes fiéis ao Meu amor, pois Eu sou o amor. Vinde, vós que haveis escolhido a paz, pois Eu sou a paz. Vinde benditos de Meu Pai, e recebei em herança o Reino preparado para vós.  


Não honrastes a riqueza, pois destes esmola aos pobres. Socorrestes os órfãos, ajudastes as viúvas, destes de beber a quem tinha sede e de comer a quem tinha fome. Acolhestes os estrangeiros e vestistes os que andavam nus, visitastes os doentes, reconfortastes os presos, ajudastes os cegos. Guardastes intacto o selo da fé e estivestes sempre prontos a reunir-vos nas igrejas. Escutastes as Minhas Escrituras e muito desejastes escutar as Minhas palavras. Observastes a Minha lei de noite e de dia (cf Sl 1,2) e partilhastes os Meus sofrimentos como soldados corajosos, para encontrar graça junto a Mim, vosso rei do céu. Eis o Meu Reino preparado e o Meu céu aberto. Eis a Minha imortalidade revelada em toda a sua beleza. Vinde todos e recebei em herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. 

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

No Domingo I do Tempo da Quaresma

Iniciamos nosso tempo quaresmal com a reflexão sobre a gratidão a Deus pelos frutos recebidos, expressada pela restituição ao Senhor, através de seus pobres, das primícias dos frutos do trabalho. Essa atitude reconhecedora de que tudo o que temos vem de Deus, reafirma nossa absoluta dependência Dele.
No passado, as primícias eram entregues aos representantes de Deus: os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas, enfim a todos aqueles que não possuíam terras, que eram socialmente pobres.Não basta a profissão de fé, mas é imperiosa a solidariedade e a generosidade em favor dos necessitados. Reconheço a bondade de Deus, sua generosidade para comigo, partilhando com os pobres o que Dele recebi.
O Evangelho nos fala das tentações a que o ser humano é exposto. Lucas nos mostra Jesus, o Homem por excelência, vivenciando essas tentações e saindo imune dessas ações demoníacas.A primeira tentação é em relação à comida, à subsistência. Todos precisamos nos alimentar para viver. Todavia Jesus passa um longo tempo sem se alimentar e, apesar da fome, não dá vazão aos apelos do próprio corpo para que se alimente e se mantém fiel a Deus.
Se tivesse usado seus poderes para saciar suas necessidades, teria sido um vencedor aos olhos do mundo, mas um derrotado aos olhos do Pai. Jesus rebate o Mal com um pequeno texto da Sagrada Escritura: “Não só de pão viverá o homem!”Somente aquele que considera sua vida à luz da Palavra de Deus está em condições de atribuir às realidades terrenas seu exato valor!
A segunda tentação está voltada ao modo de nos relacionarmos com as pessoas. Somos levados a uma escolha entre dominar ou servir, competir ou solidarizar, explorar ou disponibilizar-se. O intelectual, o rico, o mais forte, todos esses podem se transformar em opressores daqueles que não tiveram oportunidades. O nde quer que se espezinhe a dignidade humana, aí entra a lógica do diabo. Para Jesus, grande não é o bem sucedido, aquele perante a quem o mundo se ajoelha, mas aquele que se ajoelha para lavar os pés do irmão mais pobre.A terceira tentação, a que deturpa o relacionamento entre o homem e Deus. Satanás usa a palavra de Deus, o famoso “Está escrito ...” para desviar Jesus do caminho. Com isso o Mal corrói os fundamentos da relação com Deus. Colocar Deus à prova, incutir no ser humano a dúvida quanto à fidelidade do Senhor, fazer o homem desejar ter provas da existência e da bondade do Pai. Jesus se mantêm firme em toda e qualquer situação, inclusive no momento final da grande provação, a da agonia no horto e crucifixão.
Somos tentados cotidianamente e o seremos também no final de nossa vida, como foi o Mestre.A segunda leitura nos alenta diante desses espinhos diários, Diz-nos o Apóstolo: “Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo!” As obras só têm valor em virtude da união com Cristo. É ele quem dá a dimensão transformadora dos bens materiais em espirituais.
Nossa relação com Deus é expressada em relacionamentos fraternos com os homens e no bom uso dos bens materiais. Se formos livres, já ressuscitados, a maturidade espiritual falará mais alto, mas se formos imaturos, escravos de nossos desejos, o egocentrismo ditará nossas escolhas.Que esta quaresma , tempo de conversão, seja uma caminhada feliz, alegre que purifique e intensifique nosso relacionamento com Deus!

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dos Escritos Espirituais de São Rafael Arnaiz Baron, monge trapista

Há dias em que os aviões atravessam o céu a velocidades prodigiosas, sobrevoando o mosteiro. O ruído dos seus motores assusta os passarinhos que se aninham nos ciprestes do nosso cemitério. Em frente do convento, atravessando os campos, há uma estrada alcatroada por onde circulam a toda a hora camiões e carros de turismo que não se interessam pelo mosteiro. Uma das principais vias férreas de Espanha também atravessa os terrenos do mosteiro. [...] Ouve-se dizer que tudo isto é liberdade. [...] Mas quem meditar um pouco verá como o mundo se engana no meio daquilo a que chama liberdade. [...]


Onde se encontra então a liberdade? Encontra-se no coração do homem que apenas ama a Deus. Encontra-se no homem cuja alma não está presa nem ao espírito nem à matéria, mas apenas a Deus. Encontra-se nesta alma que não está submetida ao eu egoísta; na alma que voa por sobre os seus próprios pensamentos, os seus próprios sentimentos, o seu próprio sofrer e fruir. A liberdade está nesta alma cuja única razão de existir é Deus, cuja vida é Deus e nada mais do que Deus.


O espírito humano é pequeno, é reduzido, está sujeito a mil variações, a altos e baixos, a depressões, a decepções, etc., e o corpo tem uma grande fraqueza. A liberdade está portanto em Deus. A alma que, passando realmente por sobre tudo isto, funda a sua vida n'Ele, pode dizer-se que goza de liberdade, na medida do possível para quem está ainda neste mundo. 

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

De São Gregório Magno, papa

Ao comer do fruto da árvore proibida, Adão transgrediu os preceitos da vida (Gn 3,6). Quanto a nós, é reduzindo, na medida do possível, o que comemos que nos reergueremos e reencontraremos a alegria do Paraíso.


No entanto, que ninguém fique a pensar que basta essa abstinência. Com efeito, diz Deus pelo Seu profeta: «O jejum que Me agrada é este: [...] repartir o teu pão com os esfo¬meados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não des¬prezar o teu irmão» (Is 58,6-7). Aí está o jejum que Deus aprova: aquele que é apresentado com as mãos cheias de esmolas e o coração cheio de amor, um jejum todo preenchido de bondade. Dá a outrem aquilo de que te privas pessoalmente e a tua penitência corporal contribuirá para o bem-estar físico dos que passam necessidades.


Assim poderás compreender a censura do Senhor pela boca do profeta: «Quando jejuastes e chorastes [...], foi realmente em Minha honra que multiplicastes os vossos jejuns? E quando comíeis e bebíeis, não éreis vós os comedores e os bebedores?» (Zc 7,5-6) Ser comedor e bebedor é consumir alimentos destinados ao sustento do corpo sem os partilhar com ninguém, já que eles foram destinados pelo Criador a toda a comunidade humana. Jejuar em proveito próprio é privar-se temporariamente de alimento, mas reservar esse fruto da auto-restrição para o consumir mais tarde. «Ordenai um jejum», diz o profeta (Jl 1,14). [...] Que a cólera cesse e as querelas desapareçam! É vã a mortificação do corpo que não impõe ao coração a disciplina para refrear desejos desordenados. [...] Diz ainda o profeta: «No dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios, e oprimis todos os vossos empregados. Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade» (Is 58,3-4). [...] Com efeito, só perdoando aos nossos irmãos é que Deus não nos imputará a nossa injustiça.

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Do Beato João Paulo II, papa

A característica que desejo realçar, de maneira especial, no comportamento seguido pelos apóstolos dos eslavos, Cirilo e Metódio, é o seu modo pacífico de edificar a Igreja, inspirados pela sua concepção da Igreja una, santa e universal. [...] No seu tempo, as divergências entre Constantinopla e Roma já haviam começado a delinear-se como pretextos de desunião, muito embora se estivesse ainda longe da deplorável cisão entre as duas partes da mesma cristandade. [...]


Não parece, pois, nada anacrónico ver nos santos Cirilo e Metódio os autênticos precursores do ecumenismo, pelo facto de terem querido eficazmente eliminar ou diminuir todas as divisões verdadeiras, ou até só aparentes, entre as diversas comunidades que fazem parte da mesma Igreja. [...] A solicitude ardorosa demonstrada por ambos os irmãos, especialmente por Metódio, em virtude da sua responsabilidade episcopal, por conservar a unidade da fé e do amor entre as Igrejas das quais faziam parte, isto é, a Igreja de Constantinopla e a Igreja romana, de uma parte, e as Igrejas nascentes em terras eslavas, de outra, foi e continuará a ser sempre o seu grande mérito. [...] Nesse período tempestuoso, assinalado também por conflitos armados entre povos cristãos confinantes, os santos irmãos de Salônica mantiveram uma fidelidade firme e bem vigilante em relação à reta doutrina e à tradição da Igreja perfeitamente unida. [...]


Metódio, de modo especial, não hesitava em enfrentar as incompreensões, os contrastes e até as difamações e perseguições físicas, contanto que não faltasse à sua exemplar fidelidade eclesial. [...] Por este motivo, permanecerá sempre um mestre para todos aqueles que, em qualquer época, procuram atenuar as dissensões, respeitando a plenitude multiforme da Igreja que, segundo a vontade de seu Fundador Jesus Cristo, deve ser sempre una, santa, católica e apostólica.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

De Bento XVI, papa

«Ouvi-te no tempo favorável e ajudei-te no dia da salvação» (2 Cor 6, 1-2). Na realidade, na visão cristã da vida todos os momentos devem ser considerados favoráveis e todos os dias devem ser dias de salvação; mas a liturgia da Igreja refere estas palavras de um modo totalmente particular no tempo da Quaresma. E podemos compreender que os quarenta dias de preparação para a Páscoa são tempo favorável e de graça pelo apelo que o austero rito da imposição das cinzas nos dirige [...]: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho!» [...]


O apelo à conversão, de facto, ressalta e denuncia a fácil superficialidade que caracteriza com muita frequência a nossa vida. Converter-se significa mudar de direcção no caminho da vida: não com um pequeno ajustamento, mas com uma verdadeira inversão de marcha. Conversão é ir contra a corrente, onde a «corrente» é o estilo de vida superficial, incoerente e ilusório, que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna escravos do mal ou prisioneiros da mediocridade moral.


Com a conversão, ao contrário, tem-se como objectivo a medida alta da vida cristã, confiamo-nos ao evangelho vivo e pessoal, que é Cristo Jesus. A Sua pessoa é a meta final e o sentido profundo da conversão, Ele é o caminho pelo qual todos são chamados a caminhar na vida, deixando-se iluminar pela Sua luz e amparar pela Sua força, que move os nossos passos. Deste modo a conversão manifesta o seu rosto mais maravilhoso e fascinante: não é uma simples decisão moral, que rectifica o nosso modo de vida, mas é uma escolha de fé, que nos envolve totalmente na comunhão íntima com a pessoa viva e concreta de Jesus. [...] A conversão é o «sim» total de quem entrega a própria existência ao evangelho, respondendo livremente a Cristo, que foi o primeiro a oferecer-Se ao homem como caminho, verdade e vida (Jo 14,6), como o único que liberta e salva. É precisamente este o sentido das primeiras palavras com as quais, segundo o evangelista Marcos, Jesus abre a pregação do «Evangelho de Deus»: «Completou-se o tempo e o reino de Deus está perto: Arrependei-vos e acreditai na Boa Nova» (Mc 1,15).

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A vida é um lugar de beleza








Da Imitação de Cristo

Muitas vezes não nos damos conta de como somos interiormente cegos. Muitas vezes agimos mal e desculpamo-nos pior. Às vezes somos movidos pela paixão e julgamos ser por zelo. Repreendemos coisas pequenas nos outros e passamos sobre as nossas, bem maiores. Depressa sentimos e pesamos o que aguentamos dos outros, mas não nos damos conta de quanto eles sofrem por nós. Aquele que pesasse bem e rectamente as suas acções, não haveria nada que julgasse duramente nos outros.


O homem que vive pelo espírito prefere o cuidado de si mesmo a todos os cuidados; e quem se vigia atentamente facilmente se cala sobre os outros. Nunca serás interior e piedoso se não te calares sobre os outros e olhares especialmente para ti. [...] A alma que ama a Deus despreza todas as coisas que Lhe estão abaixo. Só Deus eterno e imenso, enchendo tudo, é consolação da alma e verdadeira alegria do coração. [...]


Repousarás calmamente se o teu coração de nada te acusar. Não te alegres senão quando fizeres o bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria, nem experimentam paz interior; porque «não há paz para os pecadores» (Is 48,22). [...] Facilmente estará contente e em paz aquele cuja consciência está limpa. Não és mais santo porque te louvam nem mais pecador porque te injuriam. És aquilo que és; e tudo o que disserem de ti não te fará maior do que és aos olhos de Deus. Se atenderes ao que és interiormente, não te preocuparás com o que os homens dirão de ti. «O homem vê a cara, mas Deus o coração» (1Sm 16,7).

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Das Cartas de São Leão Magno, papa

A pequenez humana foi assumida pela majestade de Deus, a nossa fraqueza pela Sua força, a nossa escravidão à morte pela Sua imortalidade. Para pagar a dívida de nossa condição humana, a natureza inalterável de Deus uniu-Se à nossa natureza exposta ao sofrimento. Assim, para melhor nos curar, «o único mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo» (1Tm 2,5), tinha, por um lado, de poder morrer, e por outro de não poder morrer.


Foi portanto na plena e completa natureza de um verdadeiro homem que o verdadeiro Deus nasceu. [...] Ele tomou a natureza do escravo sem a mácula do pecado; ele levantou a humanidade sem abaixar a divindade. Despojando-Se a Si mesmo (Fl 2,7), Aquele que era invisível tornou-Se visível; o Criador e Senhor de todas as coisas quis ser um mortal entre os outros mortais. Mas tudo isso foi um favor da Sua misericórdia, e não uma derrota do Seu poder [...]. Tudo isso é de uma ordem nova [...]: Aquele que excede qualquer limite quis ser limitado como nós, Aquele que já existia antes da criação do tempo começou a existir no tempo, o Senhor do universo tomou a forma de servo (Fl 2,7), mergulhando na sombra a grandeza infinita da Sua majestade. O Deus incapaz de sofrimento não desdenhou ser um homem capaz de sofrer, e Aquele que é imortal, de se submeter às leis da morte. Com efeito, o mesmo Cristo que é verdadeiro Deus é também verdadeiro homem. [...] Ele é verdadeiro Deus pelo facto de que «no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus»; e é homem pelo facto de que «o Verbo Se fez carne e habitou entre nós» (Jo 1,1.14).

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

No Domingo V do Tempo Comum

Vemos na primeira leitura a disponibilidade de Isaías. Javé não lhe faz o convite diretamente, mas pergunta a Si mesmo quem enviar? Isaías não se faz de rogado e imediatamente se apresenta e se oferece. Já bem antes, diante da magnífica visão de Deus, Isaías já havia se reconhecido pecador e indigno da visão. Agora, já purificado, sentiu-se fortalecido para colaborar com Deus.
No Evangelho Simão Pedro e seus companheiros fazem uma pesca infrutífera. Jesus aparece, quando eles já se preparam para voltar para suas casas e sobe na barca de Simão, dando-lhe ordem para se afastar da praia. Pedro obedece e Jesus se acomoda em sua barca. Dela ensinava às multidões.
Quando terminou, o Senhor mandou que ele avançasse para águas mais profundas e jogasse as redes para a pesca. Simão contesta dizendo que labutaram toda a noite e nada conseguiram, mas em atenção à palavra d’Ele, iria lançar as redes. Evidentemente a pesca foi abundante e a reação de Pedro foi semelhante à de Isaías, sentindo-se pecador, indigno diante de tal maravilha. Ele se joga aos pés de Jesus e diz: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” Do mesmo modo como aconteceu com o profeta, acontece com Pedro. Jesus lhe dá a missão: ser pescador de homens. Então deixaram tudo e seguiram o Senhor. Sem renunciar ao que se possui não é possível servir ao Senhor e a seus irmãos. É preciso esvaziar-se, deixar-se tomar por Deus. Somente assim o cristão poderá penetrar águas mais profundas e tirar das garras da morte aqueles que o mal aprisiona como escravo do dinheiro, do poder, do prazer, transformando seu próprio umbigo no centro do mundo.
Certamente também o Senhor me vocaciona, chamando-me a ser seu apóstolo onde estou. Ele quer depender de meu sim, para que possa agir no coração e na mente das pessoas. Tenho consciência de que preciso me esvaziar para que a graça de Deus possa agir em mim, constituindo-me seu servidor?
Tendo a graça de renunciar a si mesmo, o cristão poderá como São Paulo, na segunda leitura de hoje, dizer: “É pela graça de Deus que sou o que sou. Sua graça para comigo não foi estéril.”

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Das Homilias do Beato João Paulo II, papa

«Felizes de vós, se fordes insultados e perseguidos, e se disserem toda a espécie de calúnias contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa no céu!» (Mt 5, 11-12). Como condizem estas palavras de Cristo com as inumeráveis Testemunhas da Fé do século passado, que foram insultadas e perseguidas, mas jamais vencidas pela força do mal!


Onde o ódio parecia contaminar toda a vida, sem dar a possibilidade de escapar à sua lógica, elas demonstraram que «o amor é mais forte que a morte» (Ct 8,6). No interior de terríveis sistemas opressivos que desfiguravam o homem, nos lugares de sofrimento, entre privações inauditas, ao longo de marchas esgotantes, expostas ao frio, à fome, torturadas, vítimas de vários tipos de sofrimento, elas fizeram ressoar em voz alta a sua adesão a Cristo morto e ressuscitado. [...]


Muitos rejeitaram ceder ao culto dos ídolos do século XX e foram sacrificados pelo comunismo, pelo nazismo, pela idolatria do Estado ou da raça. Muitos outros morreram durante guerras étnicas e tribais, porque recusaram uma lógica alheia ao evangelho de Cristo. Alguns conheceram a morte porque, seguindo o modelo do bom Pastor, quiseram permanecer com os seus fiéis, apesar das ameaças. Em cada continente e ao longo de todo o século XX, houve quem preferiu morrer para não faltar à própria missão. Religiosos e religiosas viveram a sua consagração até à efusão do sangue. Homens e mulheres crentes morreram oferecendo a sua existência por amor dos fiéis, de forma especial dos mais pobres e dos mais frágeis. Não poucas mulheres perderam a própria vida para defender a sua dignidade e pureza. «Quem tem apego à sua vida, perdê-la-á; quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna» (Jo 12, 25).

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Homilia atribuída a São Boaventura, franciscano

Aproximemo-nos do coração do dulcíssimo Senhor Jesus, e exultaremos e regozijar-nos-emos nele. Quão bom e doce é habitar nesse coração! Ele é o tesouro escondido, a pérola preciosa, aquilo que encontramos, ó Jesus, escavando o campo do Teu corpo (Mt 13,44ss). Quem pois rejeitará esta pérola? Bem pelo contrário, por ela eu darei todos os meus bens; por ela trocarei todas as minhas preocupações, todos os meus afectos. Todas as minhas inquietações, abandoná-las-ei no coração de Jesus: ele bastar-me-á e providenciará sem falta à minha subsistência.


É neste templo, neste Santo dos santos, nesta arca da aliança, que virei adorar e louvar o nome do Senhor. «Encontrei o meu coração, dizia David, para rezar ao meu Deus» (1 Cron 17,25 Vulg). Também eu encontrei o coração do meu Senhor e Rei, do meu irmão e amigo. Portanto, como poderia não rezar? Sim, rezarei, porque, com firmeza o digo, o Seu coração pertence-me. [...]


Ó Jesus, digna-Te aceitar e escutar a minha oração. Leva-me todo inteiro para o Teu coração. Ainda que a deformidade dos meus pecados me impeça de entrar nele, dado que por um amor incompreensível este coração se dilatou e alargou, Tu podes receber-me e purificar-me da minha impureza. Ó Jesus puríssimo, lava-me das minhas iniquidades a fim de que, purificado por Ti, possa habitar em Teu coração todos os dias da minha vida, para ver e fazer a Tua vontade. Se o Teu lado foi trespassado, foi para que a entrada nos seja amplamente aberta. Se o Teu coração foi ferido, foi para que, ao abrigo das agitações exteriores, possamos habitar nele. E é ainda para que, na ferida visível, vejamos a invisível ferida do amor.

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Da Carta de Diogneto

O Pai enviou o Verbo, a Sua Palavra, para O manifestar ao mundo. Ele foi desprezado pelos Seus próximos mas, através da pregação dos apóstolos, as nações pagãs creram n'Ele. Ele já era desde o início (cf Jo 1,1), mas manifestou-Se na novidade e os Seus discípulos reconheceram n'Ele a ancestralidade. Ele renasce todos os dias no coração dos santos; e é proclamado Filho num eterno hoje (cf Sl 2,7).


Por Ele a Igreja enriquece-se com uma graça que desabrocha e cresce nos santos: ela confere-lhes a inteligência espiritual, desvela-lhes os mistérios sagrados e fá-los compreender os sinais dos tempos. A Igreja alegra-se por causa dos crentes; e oferece-se a todos os que a procuram respeitando os compromissos da fé e os marcos colocados pelos nossos Pais. A partir de agora, o temor da Lei inspira cânticos de louvor, a graça anunciada pelos profetas é reconhecida, a fé no Evangelho reafirma-se, a tradição dos apóstolos permanece intacta e a graça da Igreja fá-la dançar de alegria.


Se não bloqueares essa graça, conhecerás os segredos que o Verbo revela por quem Ele quiser e quando Lhe aprouver. [...] Aproximai-vos, portanto, e escutai com atenção; então sabereis tudo o que Deus confia àqueles que O amam verdadeiramente. Eles tornam-se num jardim de delícias; neles crescerá uma árvore fecunda, de seiva vigorosa, e serão cumulados com os mais ricos frutos. Esse é o verdadeiro terreno onde foi plantada a árvore do conhecimento e a árvore da vida (cf Gn 2,9). [...] Por isso, que o teu coração se faça inteiramente conhecimento e que o Verbo da verdade Se torne a tua vida. Se essa árvore crescer em ti e se desejares ardentemente o seu fruto, recolherás sempre os melhores dons de Deus.

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Dos Comentários de Santo Ambrósio, bispo

Antes de ressuscitar uma menina morta, foi para levar à fé que Jesus começou por curar a mulher que sofria de perdas de sangue. Foi para te instruir que Ele fez parar esse fluxo de sangue e curou a mulher, quando Se encaminhava para a menina.


Do mesmo modo, é para acreditarmos na nossa ressurreição eterna que celebramos a ressurreição histórica do Senhor que se seguiu à Sua paixão. [...] Os servos do chefe da sinagoga vieram disseram: «De que serve agora incomodares o Mestre?» Eles ainda não acreditam na ressurreição de Jesus, profetizada na Lei e concretizada no Evangelho. Por isso, ao chegar à casa Jesus leva conSigo poucas testemunhas da ressurreição que vai acontecer: não foi grande o número dos que acreditaram de imediato na ressurreição. Quando Jesus declara: «A menina não morreu, está a dormir», a multidão fez «troça d'Ele», pois os que não acreditam troçam. Que chorem então os seus mortos os que os crêem mortos: quando se tem fé na ressurreição, não é o fim que se vê na morte, mas um repouso. [...]


Tomando, pois, a menina pela mão, Jesus curou-a e mandou que lhe dessem de comer. Foi uma afirmação de vida, para que se pudesse crer na realidade e não numa ilusão. Feliz daquela a quem a Sabedoria assim tem pela mão! Praza a Deus que ela também assim me sustenha nas minhas ações, que a justiça me tenha pela mão, que o Verbo, a Palavra de Deus, tome a minha mão e me conduza a esse lugar escondido onde mora. Que afaste o meu espírito do erro, que conduza aquele que salvou e ordene que me dêem de comer, pois o Verbo de Deus é o pão do céu (cf Jo 6,32). É por isso que essa Sabedoria, que depôs no altar santo os alimentos divinos do Seu Corpo e do Seu Sangue, declara:  «Vinde, comei do Meu pão e bebei do vinho que preparei» (Pr 9,5).

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Das Meditações do B. Charles de Foucauld, eremita

Quando desejarmos seguir Jesus, não nos espantemos se Ele não no-lo permitir de imediato, ou mesmo se não no-lo permitir nunca. [...] Com efeito, a Sua visão tem maior alcance do que a nossa; Ele quer, não só o nosso bem, mas o bem de todos. [...]


É evidente que partilharmos a nossa vida com e como os apóstolos é um bem e uma graça, e devemos tentar sempre aproximar-nos desta imitação da Sua vida. Mas esta é apenas uma graça exterior; ao cumular-nos interiormente de graça, Deus pode tornar-nos muito mais santos sem essa imitação perfeita [...] do que com ela. Ele pode, aumentando em nós a fé, a esperança e a caridade, tornar-nos muito mais perfeitos no mundo, ou numa ordem [religiosa] moderada, do que o seríamos no deserto ou numa ordem austera. [...] Se Deus não permitir que O sigamos, não fiquemos surpreendidos, nem temerosos, nem tristes. Pensemos, antes, que Ele nos trata como tratou o geraseno e que tem motivos muito sábios e muito ocultos para tal. O que devemos fazer é obedecer-Lhe e fazer a Sua vontade. Aliás [...], talvez Jesus tenha permitido que o geraseno se juntasse aos apóstolos alguns meses ou alguns anos mais tarde.


Sempre que nos seja possível, tentemos ter a vida mais perfeita – e, por agora, viver com perfeição a vida que Jesus nos destina, aquela onde Ele nos quer. Vivamo-la como Ele próprio a viveria se essa fosse a vontade de Seu Pai; façamos tudo como Ele o faria, se Seu Pai o colocasse nesta situação. [...] A verdadeira perfeição é fazer a vontade de Deus. 

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domingo, 3 de fevereiro de 2013

No Domingo IV do Tempo Comum

A primeira leitura nos fala da vocação do profeta, de quem é profeta.
Tomemos como exemplo Jeremias, o profeta da leitura de hoje.
Em primeiro lugar, sua vocação veio de Deus e se confundiu com a geração de sua vida.
Ele era bom, inteligente, sensível, cheio de qualidades. Como qualquer vocacionado, queria viver sua vida como um jovem da época: desfrutar da juventude, namorar, casar, ter filhos, enfim, formar uma família. Jeremias só se conscientizou do chamado de Deus quando tinha vinte anos.
Ele foi consagrado, foi ungido para essa função. Além do mais seu campo de ação seria todo o universo conhecido.
Pensaríamos que, por ter sido escolhido por Deus, sua vida tenha sido um mar de rosas, mas não! Enfrentou guerras vindas de todos os lados, quando exercia sua função, falando em nome de Deus. Dificilmente era aplaudido e, geralmente, escorraçado, marginalizado. Enfrentou lutas de todo tipo, mas não se intimidou, o Senhor estava com ele e o protegia.
Mas por que essas tribulações na vida de quem só queria fazer o bem e falava em nome de Deus, em nome do amor?
Jeremias, como qualquer profeta foi enviado para principalmente reconduzir as ovelhas perdidas, mas elas não quiseram ouvi-lo, não quiseram saber de Deus. Interessa-lhes continuar nos seu erros, praticando a injustiça e a opressão. Por isso as agressões ao profeta.
No Evangelho, vemos Jesus de Nazaré, o Profeta, exercendo sua missão e, como Jeremias e tantos outros que falaram de Deus, corrigindo o povo no seu modo de entender a Lei do Amor. Diz que a salvação trazida por ele é para todos os povos, não apenas para Israel.
Jesus dá nova visão de Deus. Anuncia um Deus próximo, misericordioso, que coloca o perdão e o ser irmão como o grande ato de louvor a Ele. Jesus não quer condenar o pecador, mas faz de tudo para que ele mude de vida, Jesus quer salvar todos. Os escribas e doutores não suportam isso. Ficam perturbados e expulsam Jesus da sinagoga, da cidade, e o povo deseja precipitá-lo em um abismo, para que morra.
Afinal, quem é esse Jesus, quem ele pensa que é? Foi criado ali e sua família é conhecida por todos. Onde ele estudou para ensinar algo diferente do que aprendemos? Basta!
A reação dos conterrâneos de Jesus é muitas vezes copiada por nós. Pensamos que sabemos tudo e não será qualquer um que irá nos ensinar o melhor caminho de chegarmos a Deus. Sabemos rezar, fizemos catecismo!
Não aceitamos desafios, estamos acomodados, não queremos nos esforçar para crescer. É fácil e cômodo decretar a morte. Difícil é lutar pela vida, pela recuperação e perseverança. Desistir é fácil! Persistir e saber esperar é difícil!. Quem ama, acredita, espera, faz de tudo para salvar, como Jesus de Nazaré, Profeta da Esperança e do Amor!
Nossa reflexão se conclui com a segunda leitura que é chamada: “Hino à Caridade”. São Paulo nos diz, desenvolvendo o discurso de Jesus, que a caridade tudo suporta, tudo perdoa. “Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é caridade”!
Sejamos abertos ao novo, àquilo que nos fala ao coração, que sentimos que é de Deus. Construamos um mundo novo, sendo profetas do Amor e do Perdão! Anunciemos a vitória da Vida!

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dos Sermões de São Bernardo, monge cisterciense

Oferece o teu Filho, Virgem santa, e apresenta ao Senhor o bendito fruto de teu ventre (Lc 1,42). Oferece a todos, para nossa reconciliação, a vítima santa que agrada a Deus. Deus aceitará sem dúvida esta nova oferenda, esta vítima de grande preço, acerca de Quem disse: «Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado» (Mt 3,17).


Tal oferenda, irmãos, parece contudo algo suave: foi simplesmente apresentada ao Senhor, resgatada por pombas e imediatamente levada. Virá o dia em que o Filho já não será oferecido ao Templo, nem tomado nos braços de Simeão – mas sê-lo-á fora da cidade, e nos braços da cruz. Virá o dia em que Ele já não será resgatado pelo sangue de uma vítima, mas em que será Ele a resgatar os outros com o Seu próprio sangue [...]. Será o sacrifício da noite. E este é o sacrifício da manhã: um sacrifício alegre. Mas aquele será total, e não será oferecido na altura do nascimento mas na plenitude da idade. A um e a outro pode aplicar-se o que o profeta havia predito: «[...] ofereceu-Se, porque Ele próprio assim o quis» (Is 53,7 Vulg). Hoje, com efeito, não Se ofereceu porque tivesse necessidade de Se oferecer, ou porque estivesse sujeito à Lei, mas porque Ele próprio o quis. E já na cruz, igualmente, não Se oferecerá porque tenha merecido a morte, ou porque os Seus inimigos tivessem poder sobre Ele, mas porque Ele próprio o quis.


Portanto, «de bom grado eu Te oferecerei sacrifícios», Senhor (Sl 53,8), porque foi voluntariamente que Te ofereceste para a minha salvação [...]. Ofereçamos-Lhe também nós, irmãos, o que de melhor temos, ou seja, nós próprios. Ele ofereceu-Se a Si próprio; quem és tu, para hesitares ofereceres-te inteiro?

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Do B. Jonh Henry Newman, presbítero

Tal é o Reino escondido de Deus: do mesmo modo que está agora escondido, assim será revelado no momento dado. Os homens pensam que são os donos do mundo e que podem fazer o que querem. [...] Na verdade, aparentemente «tudo permanece igual desde o início» e os trocistas perguntam: «Em que fica a promessa da Sua vinda?» (2P 3,4) Mas, no tempo designado, haverá uma «revelação dos filhos de Deus» e os santos escondidos «resplandecerão como o sol no Reino de Seu Pai» (Rm 8,19; Mt 13,43).


Quando os anjos apareceram aos pastores, aconteceu de repente. [...] A noite parecia ser igual a todas as outras noites, tal como a noite em que Jacob teve a sua visão parecia igual a todas as outras noites (Gn 28,11ss). Os pastores velavam os seus rebanhos e viam a noite passar, as estrelas seguiam o seu curso, era meia-noite; não pensavam em tal coisa quando o anjo lhes apareceu. Tais são o poder e a virtude escondidas no visível: manifestam-se quando Deus quer. [...]


Quem poderia conceber, dois ou três meses antes da Primavera, que a face da natureza, aparentemente morta, pudesse tornar-se tão esplêndida e variada? [...] O mesmo acontece com essa Primavera eterna que todos os cristãos esperam: ela virá, ainda que venha tarde. Esperemo-la, pois «O que há-de vir, virá e não tardará» (Heb 10,37). É por isso que dizemos em cada dia: «Venha a nós o Vosso reino», o que quer dizer: Senhor mostra-Te a nós; mostra-Te, «Tu que estás sentado sobre os querubins. Resplandece; mostra a Tua grandeza e vem em nosso auxílio» (cf Sl 80,2-3). A terra que vemos já não nos satisfaz: não é senão um princípio, uma promessa do que há-de vir. Mesmo no seu maior esplendor, coberta de todas as suas flores, quando mostra da maneira mais sedutora o que mantém escondido, mesmo assim não nos chega. Sabemos que há nela mais coisas do que as que vemos. [...] O que vemos não é senão a camada exterior dum reino eterno. É nesse reino que fixamos os olhos da nossa fé. 

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