sábado, 30 de abril de 2016

Não conhecem Aquele que me enviou


“A minha escolha vos separou do mundo, é por isso que o mundo vos odeia.” O cristão é aquele que opta pela vida em Jesus Cristo e por isso imita em tudo Jesus Cristo, vive dentro de si as palavras de Jesus Cristo, quotidianamente. Perguntavam-me um dia como é que vivemos o ser cristão quotidianamente? A pergunta tem-se alastrado até hoje e penso que esse é um dos problemas que muito seriamente terá de ser encarado por todos nós. Viver no mundo, vivendo como Jesus viveu. Isto significa não viver com ambições, com orgulhos desmedidos, com egoísmos, com actos de soberba. Viver na humildade e num espírito de serviço aos outros. Ir ao encontro do Outro, ser misericordioso, entrar no coração do Outro, ainda que esse Outro eu não conheça. Dir-me-ão que é um acto de loucura entrar na vida do Outro. Sem dúvida, mas o Amor é esse salto que da loucura poderá levar à paz e à concórdia entre todos. Deixar cair as nossas máscaras e as imagens que queremos passar, só porque quero ser “bué fixe”, “bué cool” e a agradar a todos. Não podemos agradar a todos e quem de facto quer amar, pois que ame, mas ame de coração aberto e livre, e não porque agora é moda, ou porque como estamos no Ano Jubilar da Misericórdia, “fica bem”. Todos os anos, todos os meses, todos os dias deveriam ser de misericórdia. Com esta proclamação do Ano Jubilar da Misericórdia é esta a mensagem do Papa Francisco e esperemos que não fique só por ser mais um ano jubilar. É preciso de facto praticar a misericórdia e aí, sim, podemos partir para ir até às periferias existenciais de todo o Mundo e chamar outros que nunca viram e ouviram falar de Jesus Cristo.

jjmiguel

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Eu vos aliviarei

“Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos.” A Igreja convida-nos a celebrar a Festa de Santa Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja, padroeira da Europa. Catarina nasceu em 25 de Março de 1347. Foi uma mística que nasceu num período da História do Cristianismo Europeu em que o Papa se encontrava em Avinhão. A Igreja de então vivia o Cisma de Avinhão. Diante de grande oposição foi com grande empenho que conseguiu o restabelecimento da Cátedra de São Pedro novamente para Roma. Lutou até ao fim para que a injustiça do mundo fosse conpensada pela infinita justiça de Deus. Morreu com apenas 33 anos a 29 de Abril de 1380. Canonizada mais tarde por Pio II e proclamada doutora da Igreja por Paulo VI. Em boa verdade, quem diria que a filha do tintureiro do bairro de Fontebranda iria colocar uma pedra no charco e devolver para Roma, ao que a Roma lhe foi retirado. Em boa verdade, é na humildade e no serviço do dar-se nas mãos de Deus que está o verdadeiro poder. “Quem se humilha será exaltado, e quem se exalta será humilhado.”

jjmiguel

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Permanecei no meu amor

“Permanecei no meu amor.” O mundo hoje para os crentes tornou-se um deserto, em que cada crente deve ser um oásis num mundo em que busca e tem sede de Deus. Jesus exorta-nos a permanecer no Seu Amor. Por isso é por isso estar atento a que “amores” andamos nós à busca. Não procuremos o Amor nos outros, mas procuremos o Amor que brota de nós próprios, porque o nosso Amor pode gerar mais amor, assim como o nosso ódio, pode gerar mais ódio. Somos mais importantes do que pensamos para nós e para os outros e muitas vezes a nossa vida passa-nos ao lado pela nossa ganância do “ter”, enquanto deveríamos ser ganaciosos pelo “ser”. Encontrai em Jesus Cristo, a vossa vida, o Amor que vos sacia a sede e que vos restabelece à vida e vida em abundância. Só assim se poderá fazer Páscoa no vosso coração e falar em verdadeira Ressurreição.


jjmiguel

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A glória de meu Pai é que deis muito fruto

Dar fruto. Eis a  missão cristã. Damos fruto a partir do momento em que estamos ligados à árvore, por isso não entendo como é que se pode ser cristão sem viver, sem estar ligado a esta frondosa árvore que é Jesus Cristo e a Sua Igreja. Muitos de nós dizem: “Eu acredito em Jesus Cristo, mas não acredito na Igreja.” Ora o que eu depreendo desta afirmação de uma forma frontal é que as pessoas acreditam na mensagem de Jesus Cristo, mas não acreditam no que diz e faz a Igreja. O problema é que esta Igreja terrena é santa e pecadora ao mesmo tempo e ficar-se só por esta Igreja terrena é pouco para quem diz acreditar em Jesus Cristo. Acreditar em Jesus Cristo é acreditar na Sua Igreja. Não há “católicos não-praticantes”, esse termo é ambíguo. Ou se é católico, ou não se é católico. Gente morna, não poderá existir na vida em Jesus Cristo. Porém, esta Igreja terrena deve ser já porta para a Igreja celeste. Por isso se se de facto se quer construir uma Igreja aqui na terra que brote do coração de cada um, porque todos somos as pedras vivas deste templo que é a Igreja de Cristo. Deixemos a má-língua e passemos à acção, porque da reflexão terá de nascer a acção. O tempo já não é de reflexão, porque todos os problemas estão identificados, mas de acção...

jjmiguel

terça-feira, 26 de abril de 2016

Não se perturbe nem intimide o vosso coração

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.” A paz de Cristo! A paz que tanto ansiamos e que tanto procuramos. Num mundo em gritos, de atropelos, provocados por um querer agarrar uma salvação, muitas vezes ilusória, é dificil encontrar a paz. Não podemos viver de uma “falsa paz” e num vale tudo para conseguir encontrar essa paz. Encontramos muito frequentemente pessoas que mesmo que queiram transmitir essa paz não conseguem, porque percebe-se que há ali tudo menos paz. Os cristãos devem ser fortes para o combate da fé e todos os meios devem justificar para os fins, desde que esses fins sejam os fins da Paz de Cristo. O mundo necessita de paz, por isso os Cristãos devem ser embaixadores da Paz entre os homens. Nestes últimos tempos tenho sido em algumas intervenções muito forte no que penso e em algumas questões que coloco, mas seria inevitável não as colocar. Aliás, não escrevo para agradar aos homens, mas para agradar a Deus. Porquê fechar os olhos ao que todos sabemos que está mal? Porquê fechar os olhos à nossa desordem? Este tempo da Páscoa seja o tempo da verdadeira vida para que possamos restabelecer a ordem, a concórdia e a paz. Esta paz que tanto ansiamos...

jjmiguel

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Pregai o Evangelho

“Ide por todo o mundo”. Jesus incita os discípulos a irem a anunciar a boa notícia a todos os povos. Foi o que aconteceu desde Jerusalém até aos confins do mundo como hoje se consta. A boa notícia espalhou-se eficazmente e colossalmente. Hoje a Cristandade prolifera por todo o mundo. É essa hoje a finalidade deste blogue e de outros. Hoje o Evangelho não pode ficar mais encovilado dentro da sacristia, mas vir para fora, com a mesma liberdade. Ir até às periferias da nossa existência e para isso é necessário que todos nós, os Cristãos, possamos estar preparados e formados para este embate que é a era digital. Hoje a proclamação da palavra não passa e jamais passará somente pelo púlpito. A liberdade religiosa deverá ser hoje um imperativo para este anúncio. Somos cristãos, mas não podemos ser obrigados a ser laicos. Com estas palavras recordo o saudoso Beato Tiago Alberione, fundador da Família Paulista, que no início do séc. XX teve este rasgo de luz de anunciar o Evangelho através dos meios de comunicação social. Mas recordo tantos e tantos outros que neste momento aqui são anúncio das palavras do Verbo da Vida. Tenho consciência das minhas debilidades e fragilidades, mas como diria São Paulo, tudo faço pelo Evangelho e como diria São João, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos. Porém, não podemos silenciar um Cristianismo de vida e para a vida e não o seu contrário. Se as pessoas não vão à Igreja, é a Igreja que chega às pessoas. Não se impõe, mas propõe-se uma mensagem de vida e de esperança como resposta à vida das pessoas deste presente hodierno, em vista à construção de uma civilização do Amor.  

jjmiguel

domingo, 24 de abril de 2016

No V Domingo da Páscoa

“Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” O Amor. O que faz de nós discípulos de Jesus Cristo é o Amor. Hoje vivemos a plenitude da carência do amor. Amar é querer o bem do Outro. Quando olhamos ao nosso redor o que vemos é um puro atropelo das nossas relações com o Outro. Vivemos em ambições desreguladas de um querer mais e mais. Muitas vezes alinhamos na procura desmedida de fazer carreira a tudo o custo nem que para isso tenhamos de pisar outros à nossa volta. Na verdade, não há que apontar culpar porque estas atitudes convirá dizer que são resultado de uma sociedade capitalista virada para uma sociedade altamente vincada pelo poder do mérito. Perante isto ficamos cegos, surdos e mudos e não temos tempo para centralizar a nossa vida no essencial da nossa vida cristã - Jesus Cristo. Ora, tive conhecimento que as minhas reflexões e as minhas considerações, neste espaço, andam por aí a ser escrutinadas e parece que estão a causar algum mal-estar e má-disposição. Na verdade, não quero causar qualquer mal-estar em alguém, ou até que exista alguém escandalizado. Tudo o que tenho dito, é dito com base na minha experiência de vida cristã e de Igreja (e que se diga de passagem, já lá vão uns aninhos...) E por isso se necessário poderei fundamentar tudo o que afirmei, porque tudo parte da minha experiência de ver e ouvir. Amo Jesus Cristo, amo a Igreja, assim como sou fiel ao Vigário de Cristo na terra, seja ele o Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI, como o actual Papa Francisco, assim como serei a qualquer outro. Bem como, não sou nem da Direita, nem da Esquerda. Assim como não faço parte da Ala Progressista, nem da Ala Conservadora da Igreja. Assim como, não vivo minimamente interessado em alguns actos mesquinhos e que provocam a má-língua, bem como desfocam a nossa vida do essencial da nossa vida cristã – o amor em Jesus Cristo. Procuro sempre equilibrios, e de cada vez que escrevo é porque também muitas vezes oiço e escuto a todos sobre determinado tema. Sem dúvida, que hoje vivemos com muito medo. Medo de um futuro incerto, medo de um desconhecido, acima de tudo, com medo de amar. Vivemos afogados e asfixiados de preconceitos porque temos medo de ir ao encontro do Outro. Vivemos mergulhados nos nossos espaços de conforto e no nosso cómodo e quando surge alguma coisa diferente a nossa atitude é de nos fecharmos, mas é preciso dar um primeiro passo com vista a podermos desbravar aquele espaço que não conhecemos. O mundo pula e avança quando temos a capacidade de sair dos nossos espaços de conforto e ir ao encontro do Outro. Como podemos ir até às periferias da nossa existência se vivemos ainda mergulhados nos nossos espaços de conforto, no nosso cómodo?

jjmiguel
 

sábado, 23 de abril de 2016

Senhor, mostra-nos o Pai

“Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces?” Sem dúvida, hilariante! Há tanto tempo que conhecemos Jesus e não sabemos nada Dele. Temos tanta dificuldade em conhecer Jesus, em penetrar na Sua vida. Ser cristão é viver a vida de Jesus Cristo. Para viver a vida de Jesus é preciso e necessário conhecê-l’ O. Mas, sinceramente quando olho à minha volta vejo rostos amedrontados quando se faz o convite a conhecer o Verbo da Vida. O que há em Jesus Cristo que nos perturba e nos faz ter medo? “Acreditai-Me”, diz Jesus... Então porque é que não acreditamos? Teremos nós medo de amar? Porque Jesus Cristo ama-nos, e amar é querer o melhor para nós, porque Ele bem sabe o que é melhor para nós ainda que nós não reconheçamos que possa ser melhor, mas Ele não nos dá mais de que nós não tenhamos capacidade. O acreditar em Jesus retira-nos dos nossos espaços de conforto e faz-nos ir e partir. Partir, não esquecendo um passado. Partir, vivendo só num hoje. Partir, colocando só os olhos no amanhã. Jesus Cristo faz-nos partir para a nossa vida com os olhos do passado, do presente e no futuro, porque em última instância Ele é também Senhor do Tempo e da História. Por isso, acreditai, confiai, tudo o que Lhe pedirdes Ele vos fará, no entanto, cuidado, porque Jesus Cristo não é um banco nem muito menos a Igreja uma sucursal desse banco e o cristianismo não é um sistema capitalista, nem muito menos comunista. Simplesmente, acreditai, e estai atentos Ele falar-vos-á no momento oportuno.

jjmiguel

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Como podemos conhecer o caminho

Jesus é caminho para o Pai. A afirmação parece simples. O problema é que se tornou num cliché, em vez de ser vivido, sobretudo para nós cristãos. É tão bonito dizer “Jesus é caminho para o Pai”, mas viver esta frase? Viver no nosso quotidiano. Nós cristãos estamos cheios de clichés, de frases feitas que não pensamos nelas, mas “fica bem” dizê-las. Notai a pergunta de Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?” Este é o problema dos discipulos de Jesus: não conhecem Jesus, vivem mergulhados em faraísaimos ocos. No outro dia apreciava um grupo coral que cantava durante uma celebração, pela forma que cantavam perguntava-me se de facto os seus elementos tinham consciência do que cantavam. Num outro dia, apreciava alguém que proferia uma leitura durante uma Eucaristia e perguntava-me, pela forma que lia se de facto, sabia o que estava a ler. E estamos assim, não vivemos, tudo fazemos por fazer, como meros rituais em que nada entendemos. Como é que catequistas dão catequese sem ter o minimo de formação catequética e cristã? Como é que são aceites pelos párocos? Poderei perguntar mesmo qual o critério da Igreja para seleccionar um(a) catequista? E podia colocar tantas outras perguntas, que até à partida sei a resposta, mas não quero ir mais longe. Vivemos na ignorância silenciosa, mas sinceramente o que mais preocupa não é a ignorância, o que preocupa, mesmo dentro da cristandade é o indiferentismo. A pergunta de Tomé, é a nossa pergunta, ainda onde hoje: “Senhor não te conhecemos: como podemos Te conhecer?” E o problema é que não queremos conhecer, porque pensamos que já conhecemos tudo acerca de Jesus, quando Jesus é a fonte inesgotável de conhecimento.


jjmiguel 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Levantou contra Mim o calcanhar

“Quem come do meu pão levantou contra Mim o calcanhar.” Jesus cita uma frase da Escritura quando acabou de lavar os pés aos seus discípulos. Olhamos para a história da Igreja e tantos e tantas que comeram do pão de Jesus e levantaram contra Ele o calcanhar. Actualmente, tantos e tantas que comem do pão de Jesus e Lhe levantam o calcanhar... Sim, a começar por mim, porque pecador me confesso e humilde servo... Porém, olhemos à nossa volta e vemos quantos discipulos de Jesus que Lhe levantam o calcanhar. Olhemos para os casos de pedofilia, de homossexualidade, de faltas à castidade, à pobreza, à obediência. A tentação do poder, da ganância, da inveja, do orgulho, em tudo isto estamos nós, cristãos mergulhados. E somos todos, sem excepção! Somos todos uma Igreja de pecadores! E foi para esses pecadores que Ele veio para que pudessem ser justificados! Uma perfeita imundíce e porcaria... Vivemos assim uma vida cristã em plenitude? Podemos pensar que nos resta acreditar na misericórdia infinita de Deus. Mas o que será a misericórdia de Deus se não nos arrependermos e mudarmos de vida? Passamos a vida a dizer que vamos mudar de vida... Mas para quando essa mudança? É que agora vemos como um espelho e no final dos tempos O veremos face-a-face e aí só nos resta o arrependimento e nada mais...

jjmiguel

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Eu vim ao mundo como luz

Misericórdia e Justiça. Duas palavras que me sugerem as palavras de Jesus de hoje. Deus é misericordioso. Ele compadece-se. Mas Deus usa também de Justiça, porque Ele é também Justiça. Misericórdia é viver no coração do Outro a sua miséria, o seu sofrimento. No entanto, onde fica a Justiça? Neste Ano de Misericórdia, onde fica a Justiça divina. Tem passado uma mensagem que Deus está disposto sempre a perdoar as nossas faltas e os nossos pecados. Ora significa isto que podemos pecar infinitamente que Deus perdoa sempre. Significa isto que podemos cometer adultério, podemos proceder ao aborto, avançar com a eutanásia, ter inveja, ser orgulhosos, soberbos, viver na lúxuria, glutões, satisfazer todos os nossos desejos que Deus perdoa tudo, porque afinal até lemos em São Paulo e fica mais legitimado: “onde abundou o pecado superabundou a graça.” E aí temos os nossos pecados todos legitimados. Quanto mais pecarmos, maior é a graça. Quanto mais trevas, maior é a Luz. Bem se assim fôr, estaremos diante de uma verdadeira liberdade? E no meio disto tudo onde fica a Justiça? Se assim for, para que serviu a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo? Se assim for, para que serve o nosso arrependimento interior? A nossa conversão pessoal onde fica? Deus usa de misericórdia, para isso se fez homem e veio ao mundo, mas não esqueçamos a Justiça divina. A Justiça divina que nos coloca diante da nossa mudança de vida e da nossa conversão. Somos uma sociedade que vivemos muito de “culpas”, de “castigos”, mas não conhecemos o verdadeiro “castigo de Deus”, que se fundamenta no cair das nossas “culpas” e dos nossos “castigos” e nos quer somente devolver a liberdade. E daí não vale a pena pensar que Deus perdoa tudo se não nos arrependermos e mudarmos de vida. Perpetuar o pecado é fugir à justiça de Deus. Perdoar é amar. Perdoamos pouco, porque amamos pouco. Preferimos viver mergulhados nos nossos cómodos que sair dos nossos espaços de conforto e daí que até achemos que Deus perdoa sempre e quanto mais pecarmos maior é a graça. Uma fantasia e uma irrealidade que está a ser vulgarizada por aí e é preciso ser denunciada. Por outro lado, o pecador não é um “coitadinho”... O pecador somos todos nós, a começar por mim. O pecador também tem dignididade, porque é Deus que lhe confere essa dignidade. Uma dignidade ontológica de ser. A Igreja é feita de pecadores e não é uma sociedade perfeita e auto-suficiente e para isso ela terá que o reconhecer primeiro antes de falar em acolhimento dos pecadores. A Igreja não pode ser adúltera, mas ser o rosto e o reflexo do Seu esposo – Jesus Cristo. Por isso, ela tem de ser sinal de luz, vida e esperança na história do Mundo.

jjmiguel

terça-feira, 19 de abril de 2016

Já vo-lo disse, mas não acreditais

“Até quando nos vais trazer em suspenso? Se és o Messias, diz-nos claramente.” São afirmações dos judeus da época que fizeram a Jesus. Hoje nós cristãos dizemos o mesmo e não somos judeus. Lamenta-se que alguns cristãos, tal como os judeus, não vejam em Jesus Cristo, o Messias. Assim como lamenta-se que se espere ainda hoje por um  Messias, para que nos venha libertar e dar um sentido à nossa vida. Esperamos este Messias tal e qual como esperavam os judeus à época de Jesus. Tende cuidado, porque somos povo enxertado da oliveira brava e poderemos ser enxertados novamente. Aliás ficou bem explicito nos escritos do apóstolo Paulo. Cuidado, não esperemos um Messias à nossa medida e à nossa boa maneira que nos faça todas as nossas vontades e todos os nossos desejos. O Messias já veio e chama-se Jesus Cristo. Razão tinha Jesus quando respondeu a estas afirmações dos judeus: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.” Hoje, muito provavelmente diria o mesmo, e muito provavelmente diria-o para cristãos.

jjmiguel

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Se for um estranho, não o seguem

O Senhor adverte-nos e ensina-nos que devemos afastar-nos de tais homens: são cegos, diz, que guiam cegos, e se um cego guia a outro cego, ambos caírão no buraco (Mt. 15, 14). Na verdade há que afastar-se para muito longe e fugir de todo aquele que separou da Igreja: Este é um perverso e pecador que se condenou por si mesmo. Acaso pode estar com Cristo quem está contra os sacerdotes de Cristo, quem rompe com o clero e o seu povo? Este levanta as suas armas contra a Igreja, opõe-se às disposições de Deus. É inimigo do altar, rebelde ao sacrifício de Cristo, pérfido para a fé, sacrílego para a religião, servo desobediente, filho ímpio, irmão traidor que, despreciando os bispos e abandonando os sacerdotes de Deus, se atreve a levantar outro altar, a proferir pregações ilegítimas, a profanar o verdadeiro sacrificio do Senhor com falsos sacrifícios, sem dar-se conta que se opõe ao estabelecido por Deus é condenado com o castigo divino pelo seu temerário atrevimento.


Cipriano, bispo de Cartago

domingo, 17 de abril de 2016

No IV Domingo da Páscoa


Jesus fala-nos das ovelhas. Ele é o Bom Pastor. O Bom Pastor pelo qual todos os pastores devem tomar o exemplo. O problema é que existem pastores e pastores. Os pastores devem conhecer os seus rebanhos e nenhuma ovelha desses rebanhos deve ser desconhecida. A todas devem conhecê-las pelo nome. É por isso que eu acho útil que um pastor de almas conheça as suas almas, conheça as suas histórias, o contexto passado, presente e futuro em que vivem. O problema é que temos muitos pastores que passam pelos rebanhos e nem os vêem, nem conhecem e nem querem saber. E em boa verdade, se existem falta de vocações à pastorícia das almas, isto é porque muito provavelmente as ovelhas mais novas não conhecem o seu pastor, nem o seu exemplo, nem o seu terstemunho de vida e isto porque muitos pastores, passam pelos rebanhos e nem sequer se dão conta das ovelhas e dos problemas das suas ovelhas. Ora, Jesus diz que conhece as Suas ovelhas e que elas O seguem. Pergunta-se porque é que as ovelhas seguem Jesus, o Sumo Pastor, e porque é que Ele as conhece? Seguem Jesus porque Nele reconhecem um exemplo de vida e para a vida e Ele conhece-as porque vai ao seu encontro e não as deixa perdidas e sentido para a sua vida. Palavras para quê? Fico impressionado quando um pastor não tem tempo para as suas ovelhas. Fico impressionado quando um pároco não tem tempo para confessar, rezar e fazer direcção espiritual aos seus paroquianos. Pergunta-se se um pároco não está na paróquia para isto, está para o quê? Se um padre não está disponível para assumir o seu ministério público, então para que se ordenou? Sim, porque um padre é padre onde está, assim como o cristão é cristão onde está. Os sacerdotes com uma função mais acrescida porque eles são os ansiãos do povo, são os seus pastores. Ou será que já toda a gente se esqueceu do significa a palavra “presbiteroi”. Porém, dizemos muito mal dos nossos pastores, passamos a vida a exigir-lhe tudo e mais alguma coisa, mas muito provavelmente não somos capazes de rezar por eles, para que tenham força e coragem para se erguer no seu ministério de ansiãos e pastores, para que possam instruir o Povo de Deus na verdade da sua fé que é a Palavra da Vida do nosso Sumo Pastor – Jesus Cristo.

jjmiguel

sábado, 16 de abril de 2016

Também vós quereis ir embora?

“Isto escandaliza-vos?” perguntava Jesus aos seus discípulos. E também pergunta a nós hoje. A Cruz hoje é para nós ainda causa de escândalo? A este propósito gostaria de perguntar aos cristãos: sabem qual o verdadeiro significado da Cruz? A pergunta é básica, o problema é que há muito cristão que não sabe responder. Pior tem medo e vergonha da Cruz, da sua Cruz e se puder escapar dela tanto melhor. Os cristãos vivem Jesus Cristo, vivem a Sua Palavra, na sua vida quotidiana. O problema é que deixámos de viver a Palavra de Jesus Cristo na nossa vida e o pior é que já nem sabemos como se vive esta Palavra. Sinceramente mergulhámos num farisaísmo medonho. Não me assusta o Código de Direito Canónico, assim como também não me assusta o Magistério. O que me assusta é a partir do momento em que fazemos do Código de Direito Canónico e do Magistério, palavras dogmáticas que nos prendem e que nos retiram a liberdade. Muitos de nós nos insurgimos contra o Código Direito Canónico e o Magistério e achamos que tudo aquilo é mera burocracia e com razão o dizemos. Mas aquela burocracia à qual chamamos Código Direito Canónico e Magistério não servem para nos prender, mas para nos libertar. Porque a Lei liberta, e só assim poderá ser entendida a lei em sentido cristão. Porque se a Lei é causa de prisão então não estamos a viver a Fé. Por outro lado não há que fugir da Lei, nem interpretá-la a nosso belo prazer. O Código de Direito Canónico é só um e o Magistério da Igreja também e vale para toda a Igreja e não vale a pena contorná-lo e partir dali dar outras interpretações meio escabrosas, para justificar baptizados, casamentos ou outro tipo de sacramentos. Porque depois gera a confusão e ninguém se entende. É a partir daqui que vem aquelas velhas perguntas: “porque é que na paróquia de Vila Nova da Rabona o padre casou aqueles divorciados e aqui na paróquia da Aldeia do Troca o Passo o padre não casa os mesmos divorciados?” ou “porque é que o padre na paróquia do Lugar XPTO não baptizou o meu filho, porque sou pai-solteiro, e na paróquia do Lugar XYZ o padre desse lugar já baptizou?” Reitero o que disse o Código de Direito Canónico é só um e os textos do Magistério também, não se lhes dê as interpretações a nosso belo prazer, porque isso gera a confusão. Em todo o caso, aconselho a todos os Cristãos a consultarem e a lerem o Código de Direito Canónico e os textos do Magistério, como os textos do Concílio Vaticano II, Exortações Apostólicas, Encíclicas e demais textos que emanam da Igreja. Seria útil e a Igreja agradecia. “A quem iremos Senhor só Tu tens palavras de vida eterna!” Assim como se faz com os textos da Igreja, assim também os textos sagrados do Evangelho. Não se coloque palavras na boca de Jesus que Ele não as disse só porque não se quer ver a verdade verdadeira e que está no nosso interior. A Palavra de Jesus é viva, verdadeira e eficaz. Não se invente...

jjmiguel

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Quem comer deste pão viverá eternamente

“Como pode Jesus dar-nos a sua carne a comer?” Esta é também a nossa pergunta hoje em muitas e muitas missas. Somos baptizados, muitos de nós até confirmados na fé pelo óleo da Crisma e não acreditamos. Até pensamos que “é um acto de mágica que o padre faz...” A Eucaristia não é mágica, nem ritual. A Eucaristia é vida. Comer da carne de Jesus é viver a vida de Jesus. Ser como Jesus, beber do seu cálice. Beber do seu cálice implica muitas vezes passar pela Cruz. Mas essa coisa de passar pela Cruz actualmente para alguns cristãos não dá. Para muitos cristãos é melhor esquecer a Cruz, o sofrimento e as tristezas e viver simplesmente na Ressurreição. O problema é que sem Cruz, não há Ressurreição. Então como se pode ser cristãos sem Cruz? Em boa verdade, os cristãos se perderam a sua identidade, é porque perderam o significado da Cruz. Ao passo que os muçulmanos sabem muito bem o significado do seu Quarto Crescente e erguem-no sempre que podem, porque para eles é a sua identidade, ao passo que nós cristãos vivemos com vegonha e com medo da Cruz. Já agora, beberíamos do mesmo cálice de Jesus?

jjmiguel

quinta-feira, 14 de abril de 2016

O pão que Eu hei-de dar é a minha carne

O pão é sinal de alimento. Jesus entitula-se como o “pão da vida”. Claro está que muitos de nós ainda pensamos que estamos a falar de um louco que procura actos de canibalismo. Aliás, os apóstolos e os cristãos foram nos primeiros tempos difamados de que eram canibais, porque acreditavam num louco que passava a vida a dizer que era “pão da vida” e quem comesse da sua carne nunca mais morreria. O problema é que são volvidos já muitos séculos e ainda há quem pense o mesmo. Aliás, de que pão está a falar Jesus? Esta é uma pergunta que deverá ser colocada não só aos não-crentes, mas também aos cristãos. Sabe-se e é conhecido que para alguns este pão, não passa simplesmente disso mesmo, de uma palavra. Certo é que estamos diante não propriamente de uma mera palavra, mas de uma palavra que é Vida, que vive e é eficaz! Por isso não percebo como é que existem cristãos que ainda acham que a transubstanciação do pão e do vinho é um mero e simples “faz de conta”. A transubstanciação não é teatro, nem muito menos a Eucaristia é um ritual social como ir ao cinema ou a uma festa social. Vamos à Eucaristia para nos alimentar das coisas do Espírito pela Palavra que escutamos e pelo Corpo e o Sangue de Jesus Cristo que tomamos. Ou também temos medo e vergonha que acreditamos que o Pão e o Vinho se transubstanciam em Corpo e Sangue de Jesus Cristo? Muito sinceramente acho que a segunda opção é o que se passa hoje...


jjmiguel

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Eu sou o pão...

“Embora tivésseis visto, não acreditareis.” E não! Em boa verdade, quantos e quantas dizem acreditar em Jesus Cristo e não acreditam na Ressurreição do último dia prometida pelo Nosso Mestre e Senhor? Afinal o que é isso de vida eterna? O que é isso de eternidade? Quantos e quantas de nós não consegue perceber esta terminologia de “Eu sou o pão da vida...” Há quem até ache que Jesus seria canibal! Desculpai a expressão, mas já a ouvi, por aí... Gente lenta de espírito, diria Jesus, como é possível terem passado quase dois mil anos e as perguntas serem as mesmas que faziam no tempo de Paulo de Tarso! Como é possível dizer que se acredita em Jesus Cristo e não se acredita na Sua Igreja? A Igreja enquanto instituição humana é pecadora, afinal para quem veio Jesus Cristo? Para os justos? Para os homens rectos? Jesus veio para os pecadores. Todos ficamos espantados com os escândalos de gente pecadora dentro da Igreja e até vamos para a Eucaristia ver e notar o que a outra faz ou vai fazer, ou de como o outro nosso irmão leu, cantou... Não foi para os justos que Jesus veio. Jesus veio para os pecadores, para que fossem justificados, para se tornassem justos e esse tornar-se justo está nas mãos de cada um, porque cada goza de liberdade. Mas cuidado, não transformemos a misericórdia em laxismo, ou num “coitadinhos dos pecadores”. Somos convidados, é-nos feita uma proposta. É necessária uma interior conversão de vida e não pensar que agora vamos todos pecar e Deus perdoa sempre. Deus perdoa sempre, mas também nos pede uma conversão e uma mudança de vida. Em boa verdade, se tivéssemos visto Jesus Cristo, como viram os apóstolos, não acreditaríamos, nem entenderíamos as suas palavras, como ainda hoje não entendemos, por mais simples que as possamos explicar... 

jjmiguel

terça-feira, 12 de abril de 2016

Que obras realizas?

Passamos a vida a pedir, a pedir... Aliás muitas das nossas orações são pedinchas, autênticos negócios com Deus. A Fé não é um Banco Nacional e a Igreja uma sucursal de Deus. Passamos a vida a pedir milagres e sinais e não conseguimos ver nada ao nosso redor. Perceber que na nossa vida não há acasos, nem coincidências, mas tudo é obra das mãos Daquele que tudo pode e que é a vida! Chega de discursos pianinhos e de uma paz podre. O mundo está em guerra desde pelo menos 2001 e nós continuamos num perfeito silêncio. Quem é que disse que os cristãos não podem falar em política, em economia...? Isso são afirmações para nos alienar do mundo? Não podemos viver fora do mundo como se nada se passasse. Os cristãos estão no mundo e abrasam com o fogo purificador de Jesus Cristo a vida humana. Bem sei que muitos e muitas, muito provavelmente já me fizeram a ladaínha, mas eis chegado o momento para não calar. Vivemos mergulhados num mar com uma bussula às voltas e voltas, sem saber para onde ir, quando essa bussula tem um nome Jesus Cristo. Afinal a Palavra da Vida é ou não eficaz? É que se não é eficaz perda de tempo. A Palavra da Vida tem que furar por tudo o que seja buraco social. Ir até às periferias... Como se pode ir até às periferias se o núcleo está todo sujo? Primeiro temos que limpar o núcleo de toda a imundíce e depois partir para as periferias. Não comecemos uma casa pelo telhado, porque em boa verdade, não foi Moisés quem nos deu o Pão do Céu, foi Deus quem nos deu o Pão do Céu. Não confundamos as coisas!


jjmiguel

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Trabalhai...

Todos procuramos Jesus, não porque vimos milagres, mas porque fomos por Ele saciados. Temos fome e sede de Jesus, porém continuamos a procurar por Ele, porque não queremos assumir o nosso sofrimento e a nossa dor, não queremos assumir na nossa vida a nossa pobreza. Ai, tanta pobreza e miséria humana escondida por esse mundo fora. Pobreza envergonhada! Andamos a viver por viver. Chega de silêncios hipócritas, chega de uma Paz podre, de uma paz mundial que não existe! Chega! Temos fome, temos sede e permanecemos anestesiados, silenciados perante um mundo que neste momento está transformado num perfeito campo de concentração de Auchwitz, com muros de Berlim, com cemitérios a céu aberto. Olhemos para a Síria, para o Iraque, Paquistão, China, Coreia do Norte. Não escutamos os gritos e gemidos de África que ainda permanecem e rasgam o Universo? Afinal, quem defende os cristãos no Iraque, no Paquistão, na Síria? Estava na hora do Vigário de Cristo fazer uma visita àquela região... O mundo necessita de alimento para a alma. Onde estão os seus pastores? Chegarmos a uma paróquia e ouvir da boca do pastor da comunidade: “Não tenho tempo agora...!” É caso para dizer o que anda a fazer o pastor do rebanho daquela comunidade? Alimento, é o que o Mundo necessita, muito mais que misericórdia... Não tapemos os buracos com misericórdia! “Trabalhai não tanto pela comida, mas pelo alimento que dura até à vida eterna”, eis as palavras do Mestre... Trabalhai! Trabalhai!

jjmiguel

domingo, 10 de abril de 2016

No III Domingo da Páscoa

A pergunta de Jesus a Pedro: “Simão, filho de João, tu amas-me?” É a pergunta que Jesus faz a cada um de nós hoje. De facto amamos Jesus Cristo, ou somos como Pedro que negou por três vezes afirmando que não conhecia Jesus Cristo de lado nenhum? Nós somos Pedro... Negamos ter conhecimento de Jesus Cristo e da sua vida, porque temos vergonha, porque temos medo. Negamos a sua presença na Eucaristia e nos sacramentos, negamos a sua presença na nossa vida. Muitos de nós, somos perseguidos mesmo em casa de familiares e amigos e por vergonha dizemos não conhecer Jesus Cristo. Como é possível um(a) catequista ensinar e dar testemunho de Jesus Cristo aos mais jovens e ser a favor do aborto, da eutanásia? Como é possível? Como é possível casais cristãos (de missa dominical frequente) se amarem e depois tudo desembocar em altas cenas de pancada em casa? Como é possível o neto bater na avó? Como é possível o filho bater no pai? E depois dizemos todos que amamos Jesus Cristo... Tudo isto se encerra em muitos e muitas que hoje participam nas nossas assembleias eucarísticas e dizem que amam a Jesus Cristo! Como é possível permanecermos neste silêncio perante esta devassidão e imundice. Tudo isto é lixo e tem de ser limpo o mais rápido possível... No entanto, foi Pedro, que O negou, que Ele escolheu para conduzir a Sua barca... Parafraseando Bento XVI, a barca está porca e precisa urgentemente de ser limpa!


jjmiguel



sábado, 9 de abril de 2016

Como o vento soprava forte

Somos os discípulos diante de um mar agitado que estamos com medo do mundo, e então fechamos as nossas conchas a tremer de medo, porque temos medo de nos fazer ao largo. Temos medo das tempestades. A História da Igreja está cheia de exemplos de uma Igreja que perante as mutabilidades do mundo se escondia na sacristia com medo, com muito medo, com vergonha da Cruz. Neste momento estamos a viver com medo. Os cristãos estão com medo de afirmar que são contra o aborto, que são contra a eutanásia, que são contra a morte, que são pela vida e defendem a sua dignidade. Os cristãos estão com medo de dizer que são contra o divórcio e contra a comunhão dos recasados. Sim, estamos com medo... Temos medo e vergonha de afirmar bem alto que não queremos as cruzes retiradas das nossas escolas e locais públicos. Temos medo de dizer que adoramos um assassino suspenso numa Cruz e que ao terceiro dia ressuscitou. Estamos com medo de afirmar os valores cristãos diante de uma fortíssima tempestade contra nós e andamos todos aos gritos como os apóstolos na barca: uns gritando pela permanência das tradições eclesiásticas e pela doutrina, outros por seu turno a gritarem por uma Igreja progessista e cheia de liberdade. Estamos com medo, mas notai Jesus, simplesmente diz: “Não tenhais medo...” Em última instância temos medo das palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros...”

jjmiguel

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Uma grande multidão vinha ao seu encontro

Jesus pergunta-nos hoje: “Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?” E qual a nossa resposta? Somos nós que temos de dar comer a um mundo sedento de fome e de sede de espírito. O cristão é aquele soldado que não tem pátria, mas é lhe confiada uma missão de ir e ser trigo para que muitos possam ser alimentados, esteja onde estiver. Quando vemos cristãos que não estão preparados para esta missão e de braços caídos, bem que Jesus pode perguntar onde é que vai arranjar pão para dar de comer a toda esta gente que vagueia sem um sentido na sua vida, que vagueia num mundo de trevas, de silêncios ruidosos, de gemidos de dor. Onde é que andam esses Cruzados militantes de Jesus Cristo. Onde é que estão os cristãos militantes, prontos para o bom combate da fé? Porventura estamos a tremer de medo perante a asfixia do anticlericalismo, do ateísmo, do relativismo, do capitalismo, do consumismo, do comunismo, do fascismo, do comunitarismo, do panteísmo, do hedonísmo...? Sinceramente e muito francamente se na verdade o bispo vestido de branco que caminhava numa cidade meio em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava no caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns atrás outros os Bispos, os Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com eles regavam as almas que se aproximam de Deus. Se isto é assim, estamos perante uma profecia revelada no terceiro segredo de Fátima, mas que ainda não foi cumprida. São João Paulo II teve a sua interpretação depois do atentado em 1981, mas sinceramente acho que estamos ainda diante de uma profecia já revelada, não compreendida e ainda por realizar, afinal ainda vivemos a Primavera do Cristianismo, caríssimos e caríssimas...

jjmiguel

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus

A língua é um dos códigos culturais que nos distingue uns dos outros. Falamos do que vivemos na nossa vida. Ora, muitas vezes escuto muitos cristãos que não sabem falar de Jesus Cristo e isto acontece porque na verdade não O vivem nas suas vidas. Como é que um papa, bispo, padre, diácono pode falar de Cristo, se não O vive na sua vida? Como é que um religioso pode falar do Filho do Homem, se não O vive na sua vida? Como é que um(a) catequista pode falar de Jesus Cristo se não O vive? Desgraçadamente os cristãos hoje falam de tudo menos de Jesus Cristo. Há uma ignorância silenciosa por toda a cristandade e isso reflecte-se exactamente na crise social que estamos a viver. Os cristãos devem irradiar o mundo com a Luz de Jesus Cristo. Se essa Luz não está a irradiar a sociedade então é porque falta fogo aos cristãos, e está na hora, e esta é a hora dos cristãos saírem para a rua e abrasarem o mundo com o fogo de Jesus Cristo. Não podemos suportar mais o vivermos enclausurados e silenciados dentro da sacristia. Cristãos de todo o mundo uni-vos!

jjmiguel

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A Luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas

A Luz e as trevas. Uma dicotomia bem presente nos escritos do Apóstolo. Somos tantas vezes arrastados para as trevas. Aliás, é muito fácil o caminho para a escuridão. Basta apagar a chama de fogo com um sopro, mas para que ela se acenda é necessário procurar nessa mesma escuridão a forma de reacendê-la. Foi essa chama que Jesus Cristo veio dar ao mundo. Jesus Cristo trouxe o fogo para irradiar a escuridão do mundo, para irradiar e abrasar com o seu fogo e dar vida. Jesus não veio para condenar ninguém, mas para libertar. Em Jesus Cristo, são quebradas as cadeias da morte, são iluminados os nossos lugares escuros. Por isso diante de Jesus somos muito mais que aparência, porque Ele penetra os nossos interiores escuros, as nossas noites escuras. E frequentemente não queremos que Ele por ali entre, porque nos deixa nús diante da nossa Verdade. A Verdade de que falhamos, porque somos humanos e queremos à força ser deuses. Donos de nós próprios e isso leva-nos à morte. Tantos e tantas de nós que estamos vivos, mas já morremos pelo nosso orgulho e pela nossa soberba, e tudo isto porque não temos, nem sabemos perdoar, nem muito menos amar. E por isso nos tornamos maus e enfadonhos. Temos muita dificuldade em entender porque somos limitados e prisioneiros da nossa carne. Jesus convida-nos a rasgarmos os nossos corações para que possa irradiar de uma vez para sempre com a sua Luz o lado negro da nossa Força. Afinal a resposta última para todas as coisas está no Amor. Como é que nós amamos hoje o nosso próximo?

jjmiguel

terça-feira, 5 de abril de 2016

O vento sopra onda quer

“Nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho.” As palavras são de Jesus. Por mais que possamos falar simples acerca das coisas do Céu, o mundo não entende. A pergunta que muitas vezes faço para mim é se o mundo não quer entender, ou faz para não querer entender. Frequentemente vou tendo conhecimento de situações que me interrogam se de facto o que vimos, o que ouvimos, o que tocámos, o que contemplámos acerca do Verbo da Vida nós de facto O aceitamos. O cristianismo é na verdade, subversivo, louco e revolucionário. Nós cristãos seguimos um assassino que foi morto numa Cruz e que ao terceiro dia ressuscitou. Notai que isto mais parece uma dessas histórias de filme, ou novela. Mas, como cristãos, sabemos que essa foi a realidade. Então porque é que ainda colocamos em causa? Muitas vezes, fecho os olhos e coloco-me na pele dos apóstolos que tinham diante de si, Jesus, o Deus feito homem. Eles que contemplaram, que tocaram, que viram e ouviram. E, em boa verdade, eles também não entendiam, por mais que Jesus explicasse de forma simples. Nós não ouvimos, não vimos, não contemplámos, não tocámos e ainda assim acreditamos. Mas acreditamos no quê e em quem afinal...? Num Jesus da política, da história, um revolucionário ou um visionário? Acreditamos que Aquele que foi elevado da terra entrou na nossa História, fez-se homem, agiu de misericórdia para connosco. O que nos falta para acreditar? Vivemos de sinais, de milagres, de fenómenos, mas não conseguimos contemplar a beleza do grande milagre que é a vida. A vida como dom de gratuidade. Damos de graça o que de graça recebemos. Oh admirável mistério...


jjmiguel

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Na Solenidade da Anunciação do Senhor

Na Solenidade da Anunciação do Senhor, que hoje a Igreja nos convida a celebrar, podemos achar fora de tempo esta solenidade, uma vez que estamos em pleno tempo de Páscoa. Mas não é despropositada! A esta solenidade, vem-nos a pergunta porque é que Deus se fez homem? Tinha Deus necessidade de se fazer homem? Afinal somos assim tão importantes perante Deus ao ponto de Ele se ter feito um de nós e de ter habitado junto de nós? A resposta é sim. A justificação para o sim é que tal como entrou o pecado no mundo por um homem, também por um homem entrou a salvação e a vida. E eis-nos diante do mistério pascal. A história eterna do Amor.


jjmiguel

domingo, 3 de abril de 2016

No II Domingo da Páscoa

Hoje, como no passado temos tantos e tantas que se podem comparar ao Tomé. Temos que tocar para acreditar. Precisamos de sinais, milagres para acreditar no Verbo da Vida que caminha connosco. Ele morreu numa Cruz, foi contado entre os malfeitores, foi condenado como sendo um "serial killer", porque fazia o bem. São tantos “Cristos” que hoje nós condenamos com outras formas de condenação. Desculpai o desabafo, mas não consigo perceber como se é cristão e defende-se o aborto, a eutanásia e outras formas de dar a morte. O cristão é pela vida a toda a prova. O cristão não se fica pela morte. O cristão não se pode ficar só pela Cruz. A Cruz é para nós sinal de que aquele é o caminho para o renascimento da vida e vida em abundância. Notai que Cristo mesmo estando ressuscitado aparece com as chagas no corpo e isto significa que não pode existir vida se não existir sofrimento. Somos muitas vezes levados pelo mais fácil, que é o não acreditar, que é o ficarmos pela superficie dos nossos mundos. Mas Jesus Cristo, vai até ao fundo de nós próprios. Felizes somos todos nós que não vimos e acreditamos Naquele que não só é a vida, como a vida em si mesma.

jjmiguel 

sábado, 2 de abril de 2016

Estavam mergulhados em tristeza e pranto

Maria Madalena foi anunciar aos apóstolos que tinha visto o Senhor ressuscitado, mas eles não acreditaram, aliás o evangelista Marcos acrescenta ainda que viviam numa tristeza e num pranto com a morte do Senhor. A sua incredulidade fazia-os estar assim a viver nessa tristeza. A fé é vida e beleza. A morte gera a desordem e o caos. É assim que andamos mergulhados. Não temos fé, também não temos alegria, nem muito menos força para viver. Aliás, temos vivido um tempo que nos está a fazer tremer e temer o futuro. De que tendes medo, ainda não tendes fé? Queremos sinais, milagres, mas só um sinal e milagre nos foi dado: a Ressurreição de Jesus Cristo! Jesus Cristo que passa pela nossa desordem e nos restaura a ordem da nossa vida. Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja...

jjmiguel

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Lançai a rede

Não vos posso esconder que escrevo exactamente no dia dos atentados de Bruxelas. Escuto muito profundamente Thomas Tallis. Ao mesmo tempo que leio o Evangelho para este dia. Jesus apareceu aos discípulos junto ao mar de Tiberíades, mas os discípulos não O reconheceram. Porém Jesus exorta: "Lançai a rede..." O Apóstolo reconheceu de imediato que era Jesus. De imediato Pedro foi ter com Jesus. Depois de terem tido uma pesca bastante frutífera, Jesus convida: "Vinde comer." Destaco aqui estes dois convites. Temos medo de lançar a rede, assim como o convite de Jesus para comer também nos assusta. É impressionante como ainda volvidos tantos anos Jesus ainda nos assusta. O evangelista denota um pouco de receio e de dúvida que pairava sobre os apóstolos, pois relata ele que "nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar". Ora, se queriam perguntar era porque havia dúvidas. E também nós duvidamos. No meio de toda esta turbulência mundial perguntamos: "Onde está Deus?" Nesta perda de sentido, não conseguimos vislumbrar a presença de Deus. Perdemos a presença de Deus na nossa vida. A Europa esqueceu Deus. E por isso se esconde envergonhadamente e está atemorizada com o futuro, sobretudo com uma nova cultura com um sentido de identidade muito vincado. Os muçulmanos sabem quem foram, quem são e para onde vão. E esse é um choque civilizacional com o qual a Europa não consegue conviver, porque perdeu a noção da sua história, das suas raízes. A Europa foi construída à sombra do Cristianismo. A Europa e os europeus nunca deveriam ter esquecido isto. Muito provavelmente hoje entenderiam o que era a sã convivência com outras religiões. Deste modo não se fazem diálogos inter-religiosos forçados, porque "fica bem" fazer-se. Nem muito menos se fazem diálogos inter-religiosos fazendo perder o Cristianismo a sua identidade e mensagem evangélica. Porque falar de Jesus Cristo a outras religiões sem o estandarte da Cruz, é falar de um Cristianismo bacoco. Todas as religiões falam do Amor, da Paz, da Justiça, da Tolerância, mas o Cristianismo deve falar destes conceitos à luz da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus. O diálogo inter-religioso não pode, nem deve ser a universalização da religião, porque cada religião tem as suas especificidades. O que aconteceu hoje, 22 de Março de 2016, foi um sinal mais que evidente da debilidade do espírito europeu e cristão. E porquê...? Porque nós, europeus, não aceitamos a exortação de Jesus, nem muito menos aceitamos o convite de Jesus. Não conseguimos perceber a oportunidade de um tempo para o diálogo na defesa dos valores de direitos e deveres, na defesa da vida humana, na dignidade do ser humano. Antes preferimos ficar por aquilo que fizemos no passado que é a soberba e a arrogância de nos querermos impôr ao mundo culturalmente e civilizacionalmente. Querendo até universalizar e globalizar tudo pela bitola europeia. A Europa já deu muito ao mundo. Será tempo agora da Europa recolher as sementes que cultivou na História. As boas e as más. E para isso é preciso que esta não se envergonhe de onde veio, nem para onde vai. A Europa não se tem de envergonhar que nasceu de uma matriz em Jesus Cristo e é aí que tem de se agarrar, a bem da sua identidade, para que possa se manter de pé. A Europa deu mundos ao Mundo e agora tem de saber dialogar nesta aldeia global e para isso é preciso que a Europa caia do seu cavalo e entenda de uma vez que o Outro não pode ser a sua imagem e semelhança com o fez no passado. É tempo de lançar a rede, para que todos possam comer desta mesma Mesa, sem que para isso se tenha que aniquilar seja quem for, porque todos temos espaço nesta Casa Comum.


jjmiguel