“Bendita
és tu.” Na Festa da Visitação de Nossa Senhora e final do mês de Maio, mês
dedicado em especial à Mãe de Deus, deixo-vos com esta bela peça de Ennio
Morricone que ficou célebre pelo filme “A Missão”.
terça-feira, 31 de maio de 2016
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Segunda-feira da IX Semana do Tempo Comum
“A pedra
rejeitada.” Deus está connosco. E nós estamos com Deus? Fazemos de Deus o
centro de toda a nossa vida? A caminhar perfeitamente às escuras, num mundo em
que cada vez mais nos apaga as luzes da nossa existência e que nos quer
formatar com as formas de um sistema que cada vez mais se percebe a sua ruína.
A Europa é hoje uma sociedade que perdeu a sua identidade. Perdeu a sua
identidade porque esqueceu as suas raízes. As raízes da Europa foram plantadas
com a semente do Cristianismo. Durante algum tempo estive na América Latina e
fiquei vislumbrado com o que por lá presenciei. Percebi que a Europa, e até eu,
europeu, me confesso, tantas e tantas coisas que já me tinha esquecido. Sim,
meus caros e minhas caras, está na hora da Europa fazer um “mea culpa”, e olhar
para os ventos que emergem de África, das Américas, da Ásia. Neste caminho a
Europa mais tarde ou mais cedo terá que ser recristianizada, por quem ela
própria cristianizou, e isso será um grande acto de humildade e simplicidade
que o continente europeu poderá dar ao mundo. Diria mesmo um testemunho
cristão, para se voltar de novo a erguer. A Europa necessita de cair do seu
cavalo para mergulhar nesta Fonte de água viva. É neste sentido como bem
entendo o Papa Francisco e por isso continuo a dizer que ele nada disse até
agora de novo, porque em boa verdade fomos nós, sociedade europeia. Falamos em
“Nova Evangelização”, mas a “Nova Evangelização” é direccionada para Europa,
porque o que se assiste em África, Américas, Oceânia e Ásia é sinal da presença
viva de Nosso Mestre e Senhor. A Europa está a ruir, às suas próprias mãos, e
por isso seria mais que tempo que os cristãos europeus soubessem ler os sinais
dos tempos e deixassem cair a sua soberba e a sua arrogância, porque o centro
de influência mundial cristão deixou de ser a Europa e estamos diante de um
Cristianismo à escala global. É por isso um tempo não para ficarmos no
pessimismo, mas pensarmos novos modelos e novas formas de anúncio e novas
linguagens, sem que seja colocado em causa o Evangelho do Nosso Mestre e
Senhor.
jjmiguel
domingo, 29 de maio de 2016
No IX Domingo do Tempo Comum
“Mas diz
uma palavra e o meu servo será curado.” O relato do evangelista Lucas é
precioso e todo ele está mergulhado no sentimento da esperança. O centurião
romano buscava curar o seu servo que estava doente. Neste centurião estamos nós
que buscamos a paz e a serenidade para os nossos conflitos interiores. Com
certeza que a resposta está em Jesus. A quem buscamos? Ele tem palavras de vida
eterna. E nós temos sede de vida. Notai a fé deste centurião. Na verdade ele
não queria que Jesus fosse a sua casa, pois bastava-lhe a palavra de Jesus para
que o seu servo fosse curado. O centurião tinha consciência da sua fragilidade, em bom rigor tinha vergonha do seu pecado e da sua miséria, e por isso não queria que o Deus da Vida entrasse na sua casa, mas percebe que só
este Deus pode derramar sobre ele a Sua graça. Foi exactamente para os débeis e frágeis que Deus se fez um de nós, tornando-se também Ele frágil como nós. Em profundidade é a fé que nos
move, que nos faz acreditar que tudo é possível na vida em Deus. Por outro
lado, é o Amor que é gerador desta vida, desta esperança. Jesus é a nossa esperança.
Depositamos em muitas coisas a nossa esperança, mas esquecemos de colocar
totalmente a nossa esperança Naquele que é a Luz, a Paz, a Justiça, a Alegria.
Jesus bem sabia o que este centurião e o seu servo necessitavam. Jesus entra
pelas nossas casas, ausculta bem o nosso interior e sabe bem do que necessitamos.
Por isso é necessário que estejamos de coração aberto à Sua altíssima vontade e
só Nele nos possamos confortar quando fazemos as experiências de deserto. Quando
o caminho da nossa vida atravessa a noite-escura. Mas da noite, vem o dia, da
morte, surge a vida, e por isso a nossa vida cristã terá que ser esperança
centrada em Jesus Cristo. Não deixemos que as vozes do mundo nos mergulhem em
verborreias, quando um só Verbo é eficaz. O Verbo que se fez carne e
habitou entre nós.
jjmiguel
sábado, 28 de maio de 2016
Vou fazer-vos só uma pergunta
“O
batismo de João era do Céu ou dos homens?” O evangelho de hoje levou-me para
uma questão que me parece pertinente para nossa reflexão pessoal. Desde o inicio do pontificado de Francisco temos sido bombardeados com afirmações tanto na imprensa
como na Internet de que o Papa Francisco é um papa reformador, que o Papa
Francisco é que é bom, que com o Papa Francisco é que a Igreja vai mudar.
Estando em causa o pontificado do Papa Bento XVI e outros pontificados,
também eles significativos na história da Igreja. Proferir certas afirmações
acerca do Papa Francisco e do seu papel reformador na Igreja é esquecer outros
pontificados bem mais reformadores e estou-me a lembrar por exemplo de João
XXIII, ou de Leão XIII. O desconhecimento da História é terrível! Pergunto, mas
afinal qual é a mudança que se quer na Igreja? A Igreja não muda, porque não há
nada para mudar. A Igreja permanece a fiel depositária do Evangelho do Nosso
Mestre e Senhor e a isso terá de ser fiel. Além disso, para quem acha que o Papa Francisco trouxe alguma
coisa de novo para a Igreja, eu simplesmente responderei que nada trouxe de
novo, porque basicamente o Papa Francisco tem-se baseado firmemente na mensagem
evangélica, porque a Igreja é Evangelho. Caríssimos e caríssimas, não é o Papa Francisco e a Igreja que necessita
de mudança somos nós que necessitamos de mudar. O que o Papa Francisco tem
falado, já Bento XVI, João Paulo II e outros tantos antecessores na cadeira de
Pedro o disseram. Não há papas verdadeiros, nem papas legítimos ou ilegítimos,
porque todos se firmam nas palavras de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra
firmarei a minha Igreja.” Claro está, que o Papa Francisco é o legítimo
sucessor de Pedro, como foi Bento XVI ou João Paulo II. Não há confusão, nem
separação. A Igreja não é uma instituição de partidos conservadores e
progressistas. Podemos discutir a forma de sentir de cada um dos sucessores de Pedro, mas perder tempo em discussões de “lana caprina” é desfocar do papel
fundamental da Igreja – anunciar o Evangelho a todos os povos. Aliás, a Igreja e o seu papel no mundo vai muito além dessas discussões de corredor. Além disso, o
Papa Francisco não tem firmado nada que tenha mudado a doutrina. Os recasados
não podem comungar; a Igreja é contra o aborto; a Igreja é contra a eutanásia;
o celibato sacerdotal continua; o papel das mulheres na Igreja é o que
conhecemos e bem que fazem esse papel – diria um verdadeiro sacerdócio; a
Igreja é contra a pedofilia e o casamento homossexual, além de ser contra tudo
o que é lei que coloque em causa a vida humana. E nada disto irá mudar! O Papa
Francisco tem aberto portas a outra coisa que nós estamos esquecidos: ao Amor!
O Papa Francisco tem aberto portas ao Amor, ao acolhimento e nada mais que
isso. A Igreja e os cristãos devem ser por isso sinal do Amor fraterno, do
acolhimento e da misericórdia de Deus. Não será isso sinal da presença de Deus no Mundo? Tudo o resto o
que se diz por aí é mera ignorância e especulação de uma imprensa que quer
provocar o sensacionalismo. Deixo-vos uma pergunta: qual dos sucessores de Pedro é mais legítimo? Não se desvie as atenções do essencial: Jesus
Cristo!
jjmiguel
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Será chamada casa de oração
“Temiam
Jesus.” Os príncipes dos sacerdotes e os escribas do templo temiam Jesus. E
porquê? Porque Jesus confrontava, afrontava o sistema instituído. As suas
palavras eram fogo que fazia explodir com todos os padrões sociais da época.
Assim também terão que ser os cristãos... Não podemos calar perante ideologias
que procuram trazer a desordem e a anarquia. Está no ar uma certa inércia e
alienação perante tamanhas afrontas que vão contra todas as leis naturais da
vida. Tomo as palavras de Sua Eminência, o Card. Clemente de Lisboa: “Se as pessoas não podem ter filhos, há
outra maneira de exercerem esse gosto que têm. Há muita criança por adoptar, há
muita causa que precisa também de ser adoptada. Estar a contrariar aquilo que é
o desenvolvimento natural do ser humano e a separar as duas fases e afastar
esse ser que cresce no ventre de uma mãe para outra pertença abusivamente é
muito errado, é um contra-senso civilizacional.” Perante a legislação
aprovada pelo Parlamento português por estes dias, está evidente mais uma
golpada do poder à estrutura familiar. Tenho conhecimento de famílias que
procuram adoptar uma criança e chegam a levar dez anos para que a possam
adoptar, devido a processos burocráticos. Bem como outros casos que se torna um verdadeiro problema a quem deseja e procura erguer uma Família. Porém, a
sociedade opta pelo mais fácil. Aprovam-se e financiam-se abortos e agora
aprovam-se “barrigas de aluguer”. Mas o que faz o Estado para promover
políticas de planeamento familiar e de incentivo à natalidade? Será com
abortos? Será com “barrigas de aluguer”? Há quem ache que isto tudo é um sinal
colossal de modernismo e progresso... A História julgará este modernismo e progressismo.
Da minha parte poderão aprovar e criar as leis que quiserem, mas nunca poderão
alterar a lei natural a que todos nós, humanos, estamos submetidos. É por isso
que Jesus Cristo é temido, porque as suas palavras não estão com poderes e
ideologias instituídas. As suas palavras estão direccionadas para o Homem
enquanto tal e por isso também convinha aos estados terem no seu centro o Homem
e seu bem-comum. É por isso que os cristãos não podem cair em poderes
instituídos e em políticas facilitistas, mas políticas que sirvam o bem-comum. Precisamente os cristãos são convocados e chamados a levarem nos seus ambientes a ordem e o progresso desejados e que sirva o bem da comunidade.
jjmiguel
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
“Mandai-os
sentar.” Nesta solenidade somos convocados a sentar-nos à Mesa da Vida e a
comungar deste Pão e deste Vinho que são Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Em
cada Eucaristia, em cada Missa, actualizamos a Paixão, a Morte e a Ressurreição
do Senhor. “Fazei isto em memória de Mim...” diz-nos o Senhor! Durante um
retiro espiritual que tive o prazer de realizar, durante uma das meditações fui
confrontado com a denúncia de casos de algumas pessoas que se apresentam à
comunhão (dizem-se cristãos...) e guardam a hóstia consagrada para os actos
mais hediondos e escabrosos que possamos pensar. O pregador, fez questão de
relatar alguns casos como exemplo, mas não vou descrever aqui para não chocar quem possa ser
mais sensível. Sinceramente, fiquei chocado perguntava-me como é possível tal
coisa em pleno séc. XXI e como é possível isto acontecer pelas mãos de cristãos
batizados em alguns dos casos? O Pão e o Vinho são Corpo e Sangue de Jesus
Cristo pelo sacramento da Eucaristia pelas mãos do sacerdote. Por isso estamos
a falar de algo muito sério. Não podemos banalizar o que é Sagrado. Vivemos
hoje uma total e completa banalização do Sagrado, resultado de uma sociedade
pós-moderna secularizada. O que é Sagrado é sagrado e merece respeito. Por
isso, não percebo como muitas vezes são tratados os objectos litúrgicos, não
percebo porque se banaliza o papel e a função sacerdotal! Deixámos de ter a
noção do símbolo. O simbolo religa-nos, faz-nos transcender, faz-nos penetrar
no mistério de nós mesmos e por isso nos identificamos, e é por isso que é símbolo. Concordaria se a Santa
Sé declarasse obrigatório o uso do hábito eclesiástico, fosse de que forma
fosse. O sacerdote é um homem do sagrado e vive para o sagrado e deve
demonstrar e não ter vergonha de ser sinal do sagrado no mundo. A sua vida é de
Deus e para Deus. Assim como o hábito eclesiástico não é usado para impôr
autoridade, nem muito menos para ser reconhecido, nem muito menos por vaidade.
O hábito eclesiástico é usado em qualquer circunstância da vida do sacerdote,
esteja onde estiver, porque o sacerdote vive Deus na sua vida, vive o sagrado.
Ele deve inspirar e expirar do sagrado. Porém, não quero entrar em discussão
nessas discussões que muito frequentemente animam muitas conversas clericais.
Porém, digo e reitero, as pessoas têm necessidade de simbolos e de se
identificar com o que lhes possa dar sentido. O Pão e o Vinho, são muito mais
que símbolos do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, ou um faz de conta (como já
ouvi numa catequese), são a presença real de Jesus Cristo no meio do Mundo. Além disso,
damos muita importância ao acontecimento eucarístico, mas pouca importância ao
acontecimento da proclamação da Palavra. A Palavra também deve ser para nós
comunhão. Também dela nos devemos alimentar e muitas vezes muito pouca
importância lhe damos. Tudo na Eucaristia é Vida e Luz. Penetrar no mistério
eucaristico é deixarmo-nos mergulhar no Deus que faz parte da nossa história,
fazendo-se um de nós e deixando-nos um memorial que em cada Eucaristia
actualizamos à luz da nossa vida. Por isso, a Eucaristia, tal como a Palavra é
viva, eficaz e actual e não meros teatros do passado.
jjmiguel
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo
“Bebereis
do cálice.” Estamos a dispostos a beber do mesmo cálice de Jesus? Como cristãos
assumimos na nossa vida a vida de Jesus? Os cristãos devem ser imitadores de
Cristo até na Paixão, Morte e Ressurreição. Por isso, os discípulos são
chamados ao serviço na caridade do Outro no nosso irmão. Os cristãos não são
chamados a ficar nas suas conchas e muito menos a viverem permanentemente em
sacristias balofas. A alegria do Evangelho deve ser espelhada em cada rosto
cristão. Por isso é necessário testemunho. Os cristãos católicos em Portugal
estão a ser confrontados com algumas situações que deverão merecer a nossa
atenção. Falo neste momento da legislação que está para seguir em relação aos
colégios privados. Não irei discutir as questões de financiamento, nem outras
matérias. Será necessário dizer que uma boa fatia dos colégios privados em
Portugal estão na posse da Igreja. Se esta questão não é uma afronta à Igreja Católica,
então o que é? Por outro lado, os pais, responsáveis pela educação dos seus
filhos, se de facto têm possibilidades para colocar os seus filhos em colégios
privados, porque é que não o hão-de fazer? E se são colégios católicos, porque
é que os pais não poderão usufruir dessa educação e desses valores para os seus
filhos? Ora, se os pais, em muitos dos casos colocam os filhos em colégios
privados, seria justo perguntar-se como anda o ensino público em Portugal? Ao
que tenho conhecimento é uma vergonha. Basta perguntar a quem circula pelas
escolas públicas, porém ressalvar que existem parcas excepções. O Estado é
laico, mas não obriguem as pessoas a serem laicas, isso é retirar a liberdade.
Impressionante como ideologias que profetizam a liberdade, e em matérias de
liberdade religiosa tomam estas atitudes. Os católicos andam calados demais. Falar
de educação é falar de família. O que tem feito o Estado em prol da família?
Desestruturá-la, claro está... Oxalá o feitiço não se volte contra o feiticeiro!
jjmiguel
terça-feira, 24 de maio de 2016
A Deus tudo é possível
“Receberá
cem vezes mais.” Durante a semana passada deixei-vos alguns textos compilados
do Catecismo da Igreja Católica, bem como da Exortação Apostólica “Amoris
laetitia” sobre os sacramentos. Na verdade, foi uma iniciativa minha para
aproximar as pessoas do contacto com textos do Magistério, uma vez que é
manifesto o desconhecimento do muito pensamento da Igreja acerca de muitas
questões que são colocadas hoje um pouco por toda a sociedade e até pelos
cristãos. A Igreja não pode perder a perspectiva do Evangelho como esta boa
notícia. Uma boa notícia que pode ser denúncia do mal e que é gerador para um
mergulho no oceano do sofrimento. Jesus no Evangelho deste dia diz que “todo
aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por
minha causa e por causa do Evangelho receberá cem vezes mais, já neste mundo,
em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições.”
Jesus fala-nos numa recompensa em nome do Evangelho, mas fala do lado negro
desse dar a vida pelo Evangelho – as perseguições. As perseguições são a Cruz
para os cristãos. Ora viver uma vida cristã, sem Cruz, anunciar e falar de
Jesus Cristo sem a Cruz é como ser pão sem sal. Os cristãos são sal e devem
temperar o mundo. Se hoje o mundo não é temperado por este sal é porque os
cristãos também não estão a ser sal no mundo. Quem escolhe a vida de Jesus
Cristo, habilita-se a perseguições, porque a Igreja não pode perder a sua voz
profética, embarcando na torrente secularizante do mundo. A Igreja e os
cristãos devem ser presença e luz de Deus no mundo.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Ele vos guiará
“Vai
vender o que tens”. A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por
Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos:
é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o
episcopado, o presbiterado e o diaconado. A palavra Ordem, na antiguidade
romana, designava corpos constituídos no sentido civil, sobretudo o corpo dos
que governavam, Ordinatio designa a
integração num ordo. Na Igreja
existem corpos constituídos, que a Tradição, não sem fundamento na Sagrada
Escritura, designa, desde tempos antigos, com o nome de táxeis (em grego), ordines
(em latim): a liturgia fala assim do ordo
episcoporum – ordem dos bispos –,do ordo
presbyterorum - ordem dos presbíteros – e do ordo diaconorum –ordem dos diáconos. Instituído para anunciar a
Palavra de Deus e para restabelecer a comunhão com Deus pelos sacrifícios e a
oração, aquele sacerdócio é, no entanto, impotente para operar a salvação,
precisando de repetir sem cessar os sacrifícios, sem poder alcançar uma
santificação definitiva a qual só o sacrifício de Cristo havia de conseguir. Cristo,
sumo sacerdote e único mediador, fez da Igreja «um reino de sacerdotes para
Deus seu Pai». Toda a comunidade dos crentes, como tal, é uma comunidade
sacerdotal. Os fiéis exercem o seu sacerdócio baptismal através da
participação, cada qual segundo a sua vocação própria, na missão de Cristo,
sacerdote, profeta e rei. É pelos sacramentos do Baptismo e da Confirmação que
os fiéis são «consagrados para serem [...] um sacerdócio santo». O
sacerdócio ministerial ou hierárquico dos bispos e dos presbíteros e o
sacerdócio comum de todos os fiéis – embora «um e outro, cada qual segundo o
seu modo próprio, participem do único sacerdócio de Cristo» – são, no entanto, essencialmente diferentes
ainda que sendo «ordenados um para o outro». Em que sentido? Enquanto o
sacerdócio comum dos fiéis se realiza no desenvolvimento da vida baptismal –
vida de fé, esperança e caridade, vida segundo o Espírito – o sacerdócio
ministerial está ao serviço do sacerdócio comum, ordena-se ao desenvolvimento
da graça baptismal de todos os cristãos. É um dos meios pelos quais Cristo não
cessa de construir e guiar a sua igreja. E é por isso que é transmitido por um
sacramento próprio, que é o sacramento da Ordem. Todos os ministros ordenados
da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são
escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o
celibato "por causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12). Chamados a
consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a "cuidar das coisas do
Senhor", entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um
sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado;
aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus. Na
Igreja latina, o sacramento da Ordem para o presbiterado normalmente é
conferido apenas a candidatos que estão prontos a abraçar livremente o celibato
e manifestam publicamente sua vontade de guardá-lo por amor do Reino de Deus e
do serviço aos homens. Em virtude do sacramento da Ordem, os sacerdotes
participam das dimensões universais da missão confiada por Cristo aos Apóstolos.
O dom espiritual que receberam na ordenação prepara-os, não para uma missão
limitada e restrita, «mas sim para uma missão de salvação de amplitude
universal, "até aos confins da terra", «dispostos, no seu coração, a
pregar o Evangelho em toda a parte» Os presbíteros, elevados pela ordenação à
Ordem do presbiterado, estão unidos entre si numa íntima fraternidade
sacramental. Especialmente na diocese, a cujo serviço, sob o bispo respectivo,
estão consagrados, formam um só presbitério.
Do
Catecismo da Igreja Católica, nº 1533, 1537, 1540, 1546, 1547, 1565, 1568, 1579
e 1599
domingo, 22 de maio de 2016
Na Solenidade da Santíssima Trindade
“Tudo o
que o Pai tem é meu.” O Amado é o Pai que dá e entrega o Seu Filho à História.
O Amante, o Filho, que obedece ao Pai e se faz carne para se encontrar com o
Homem e participar na história humana, num puro acto de amor. O Unificador é o
Espírito Santo que dá a liberdade de amar e tudo unifica. Porém, sem confusão,
nem separação, não podemos dissociar estas três pessoas. Pai, Filho, Espírito
Santo são uma só. As três são unidade numa só. As três pessoas são a unidade do
Homem. Como Tu, Pai, estás em mim e eu em
ti, que eles estejam em nós, para que o Mundo creia que Tu me enviaste… Eu
neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo
reconheça que me enviaste e o amaste como tu me amaste” (Jo. 17, 21.23). A
história da Páscoa é a história eterna do Amor. Deus fez-se presente na nossa
história pela encarnação do Seu Filho que sofreu e morreu por nós, e Deus o
ressuscitou ao terceiro dia, como sinal do amor, de vida e esperança a todos os
homens e mulheres de boa vontade. A questão trinitária foi durante muito tempo,
e ainda actualmente, motivo de muita discussão e produção de pensamento
teológico. Na Trindade contemplamos um só Deus, em três pessoas. Deus é
multiplicidade na unidade. Neste sentido não podemos contemplar a Santíssima
Trindade numa perspectiva de relação. Esta relação eleva-nos para o sentido de
paternidade e de filiação. O Pai só é pai pelo Filho e o Filho só é filho pelo
Pai, deste Amor brota o Amor que é o Espírito que os anima na relação. Neste
dia seja o mistério trinitário como contemplação para o Amor. Amar e ser amado,
eis a vocação humano que se conecta ao mistério da Trindade Divina: Pai, Filho
e Espírito Santo.
jjmiguel
sábado, 21 de maio de 2016
Deixai vir a mim
“Quem
não acolher o reino de Deus.” Na tradição litúrgica, tanto no Oriente como no
Ocidente, temos, desde os tempos antigos, testemunhos de unções de doentes
praticadas com óleo benzido. No decorrer dos séculos, a Unção dos enfermos
começou a ser conferida cada vez mais exclusivamente aos que estavam prestes a
morrer. Por causa disso, fora-lhe dado o nome de «Extrema-Unção». Porém, apesar
dessa evolução, a liturgia nunca deixou de pedir ao Senhor pelo doente, para
que recuperasse a saúde, se tal fosse conveniente para a sua salvação. Todas as
vezes que um cristão cai gravemente enfermo, pode receber a Santa Unção; e
também quando, mesmo depois de a ter recebido, a doença se agrava.
Do
Catecismo da Igreja Católica, nº 1512 e 1529
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira
“Quem
repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira.” As
palavras do Evangelho de hoje levam-nos para o Matrimónio, a questão do
divórcio e recasados. Para que não se viva com o que uma imprensa mal
intencionada afirma e que pode cair em más interpretações aqui ficam as
palavras do Santo Padre. Note-se perfeitamente bem que o Papa não fala na
questão sacramental do Matrimónio, o que significa que o Papa não diz que os
recasados devem ir à comunhão. Uma afirmação dessas é falsa e contraditória com
as palavras do Papa. Dito claramente os recasados não podem ir à comunhão, o
Papa fala de acolhimento e abertura por parte das comunidades cristãs a esses
casais e a esses casos. E esse é o problema... há comunidades cristãs que olham com
desdém os casais recasados, e em alguns casos a repulsa vem mais por parte dos leigos que parte do sacerdote. Felizmente, conheço algumas excepções... Portanto estamos diante de uma mudança de
mentalidade cultural, porém não quer dizer com isto que os recasados possam ir
à comunhão. Acolhimento e abertura é uma coisa, o acto de ir à comunhão é outra
e só pode ser entendida ao nível sacramental e doutrinal. Mas diz-nos o Papa:
“Acolho
as considerações de muitos Padres sinodais que quiseram afirmar que «os baptizados
que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na
comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião
de escândalo. A lógica da integração é a chave do seu acompanhamento pastoral,
para saberem que não só pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja, mas podem também
ter disso mesmo uma experiência feliz e fecunda. São baptizados, são irmãos e
irmãs, o Espírito Santo derrama neles dons e carismas para o bem de todos. A sua
participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais, sendo necessário,
por isso, discernir quais das diferentes formas de exclusão actualmente
praticadas em âmbito litúrgico, pastoral, educativo e institucional possam ser
superadas. Não só não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar
como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que sempre os acolhe,
cuida afectuosamente deles e encoraja-os no caminho da vida e do Evangelho.
Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus
filhos, que devem ser considerados o elemento mais importante«como irmão e irmã»
que a Igreja lhes oferece, assinalam que, se faltam algumas expressões de
intimidade, «não raro se põe em risco a fidelidade e se compromete o bem da
prole.» Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas,
como as que mencionamos antes, é compreensível que se não devia esperar do
Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a
todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável
discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer:
uma vez que «o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos», as
consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os
mesmos. Os sacerdotes têm o dever de « acompanhar as pessoas interessadas pelo
caminho do discernimento segundo a doutrina da Igreja e as orientações do
bispo. Neste processo, será útil fazer um exame de consciência, através de
momentos de reflexão e arrependimento. Os divorciados novamente casados
deveriam questionar-se como se comportaram com os seus filhos, quando a união conjugal
entrou em crise; se houve tentativas de reconciliação; como é a situação do
cônjuge abandonado; que consequências têm a nova relação sobre o resto da
família e a comunidade dos fiéis; que exemplo oferece ela aos jovens que se devem
preparar para o matrimónio. Uma reflexão sincera pode reforçar a confiança na
misericórdia de Deus que não é negada a ninguém». Trata-se dum itinerário de
acompanhamento e discernimento que «orienta estes fiéis na tomada de
consciência da sua situação diante de Deus. O diálogo com o sacerdote, no foro
interno, con corre
para a formação dum juízo correto sobre aquilo que dificulta a possibilidade
duma participação mais plena na vida da Igreja e sobre os passos que a podem
favorecer e fazer crescer. Uma vez que na própria lei não há gradualidade, este
discernimento não poderá jamais prescindir das exigências evangélicas de
verdade e caridade propostas pela Igreja. Para que isto aconteça, devem
garantir-se as necessárias condições de humildade, privacidade, amor à Igreja e
à sua doutrina, na busca sincera da vontade de Deus e no desejo de chegar a uma
resposta mais perfeita à mesma ». Estas atitudes são fundamentais para evitar o
grave risco de mensagens equivocadas, como a ideia de que algum sacerdote pode
conceder rapidamente « excepções», ou de que há pessoas que podem obter
privilégios sacramentais em troca de favores. Quando uma pessoa responsável e
discreta, que não pretende colocar os seus desejos acima do bem comum da
Igreja, se encontra com um pastor que sabe reconhecer a seriedade da questão
que tem entre mãos, evita-se o risco de que um certo discernimento leve a pensar
que a Igreja sustente uma moral dupla."
Franciscus
PP.
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Todos serão salgados com fogo
“O sal é
coisa é boa; mas se ele perder o sabor, com que haveis de temperá-lo?” A
Confirmação completa a graça baptismal; ela é o sacramento que dá o Espírito
Santo, para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos
mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja,
associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela
palavra, acompanhada de obras. A Confirmação, tal como o Baptismo, imprime na
alma do cristão um sinal espiritual ou carácter indelével; é por isso que só se
pode receber este sacramento uma vez na vida. O candidato à Confirmação, que
atingiu a idade da razão, deve professar a fé, estar em estado de graça, ter a
intenção de receber o sacramento e estar preparado para assumir o seu papel de
discípulo e testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nos assuntos
temporais.
Do
Catecismo da Igreja Católica, nº 1316, 1317 e 1319
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Quem não é contra nós é por nós
“Ninguém
pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de mim.” No centro da
celebração da Eucaristia temos o pão e o vinho que, pelas palavras de Cristo e
pela invocação do Espírito Santo, se tornam o corpo e o sangue do mesmo Cristo.
Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua a fazer, em memória d'Ele e até à sua
vinda gloriosa, o que Ele fez na véspera da sua paixão: «Tomou o pão...»,
«Tomou o cálice com vinho...». Tornando-se misteriosamente o corpo e o sangue
de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade
da criação. Os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a assembleia eucarística.
A sua cabeça está o próprio Cristo, que é o actor principal da Eucaristia. Ele
é o Sumo-Sacerdote da Nova Aliança. É Ele próprio que preside invisivelmente a
toda a celebração eucarística. E é em representação d'Ele (agindo «in persona
Christi capitis – na pessoa de Cristo-Cabeça»), que o bispo ou o presbítero
preside à assembleia, toma a palavra depois das leituras, recebe as oferendas e
diz a oração eucarística. Todos têm a sua parte activa na celebração, cada qual
a seu modo: os leitores, os que trazem as oferendas, os que distribuem a
comunhão e todo o povo cujo Ámen manifesta a participação.
Do
Catecismo da Igreja Católica, nº 1333 e 1348
terça-feira, 17 de maio de 2016
Tinham medo
“Quem
quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos.” O pecado é,
antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um
atentado contra a comunhão com a Igreja. É por isso que a conversão traz
consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que
é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e
Reconciliação.Só Deus perdoa os pecados. Jesus, porque é Filho de Deus, diz de
Si próprio: «O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados» (Mc
2, 10) e exerce este poder divino: «Os teus pecados são-te perdoados!» (Mc 2,
5) (35). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder
aos homens para que o exerçam em seu nome. Cristo quis que a sua Igreja fosse,
toda ela, na sua oração, na sua vida e na sua actividade, sinal e instrumento
do perdão e da reconciliação que Ele nos adquiriu pelo preço do seu sangue.
Entretanto, confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério
apostólico. É este que está encarregado do «ministério da reconciliação» (2 Cor
5, 18). O apóstolo é enviado «em nome de Cristo» e «é o próprio Deus» que,
através dele, exorta e suplica: «Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5,
20).
Do
Catecismo da Igreja Católica, nº 1440, 1441 e 1442
segunda-feira, 16 de maio de 2016
Eu creio
“Eu
creio, mas ajuda a minha pouca fé.” Ao ler as palavras do Evangelho de hoje um
pensamento me surgiu. Somos este pai que pede a Jesus para expulsar do seu
filho o espírito impuro. A nossa fé é muito pequena diante da Verdade da Vida.
Ao longo da meditação fui levado a pensar em relação a todos aqueles que hoje
são batizados e a forma como hoje é tratado o sacramento do batismo. Quando
pedimos o batismo à Igreja é porque na verdade queremos educar os nossos filhos
nas verdades e nos valores do Evangelho de Jesus Cristo e não por uma questão
de tradição ou de modismos. Significa isto que quando se é pai e mãe, vivendo
um matrimónio cristão, se tem o dever de educar os filhos na fé cristã, como
vem descrito no ritual do Matrimónio e não o contrário. O contrário será o
desresponsabilizar-se da educação cristã dos filhos e colocar essa
responsabilidade nas mãos do catequista ou da Igreja. Deste modo, não percebo
como é que se sendo casal católico se deixa nas mãos dos filhos a escolha da
religião. Bem como, também não percebo para que se é padrinho e madrinha de
batismo, quando a finalidade destes é ajudar a criança na sua formação e
educação cristã, afinal, não se é padrinho e madrinha de batismo porque “fica
bem”, ou por tradição, ou por outras razões quaisquer. Significa isto que os
pais, bem como os padrinhos devem acompanhar os filhos/afilhados na frequência
da Catequese, da Eucaristia, bem como, em casa, falar-lhes e dar-lhes a
formação e a educação cristã que no dia do Matrimónio e no dia do Batismo
juraram diante de Deus dar ao seu filho/afilhado. Se isto não acontece é se
mentiroso. Assim como não se pede o batismo à Igreja em adulto, pelo simples
facto de se poder casar pela Igreja, ou para se ser padrinho/madrinha de
batismo. Assim como também não se pede o batismo à Igreja porque é para se ser
protegido por uma força esotérica qualquer, ou para outros fins. Quando se pede
o batismo à Igreja é porque se acredita em Jesus Cristo e na Sua Igreja. No caso do pai ou da mãe ser solteira, ou em outras quaisquer circunstâncias, a palavra acolhimento, faz todo o sentido. Porém, deixai-me que diga em vez de se rejeitar o batismo a uma criança de pai ou mãe solteira, porque não se vê aí uma oportunidade para se falar desta Boa Nova que é o Evangelho a esses pais que pelas circunstâncias da vida estão sozinhos e que outro ser humano não tem culpa disso. Se um pai ou mãe solteira pede o baptismo à Igreja, seria uma boa oportunidade para a Igreja falar do Evangelho, e pelo contrário, como se sabe em alguns casos, de fechar portas. Abrir as portas, para quem não conhece o Evangelho. O tempo que se passa com discursos retrógrados e conservadores e de puro puritanismo balofo, ver nestas pequenas coisas oportunidades para anunciar a boa notícia do Evangelho seria uma uma boa oportunidade. Desculpai a frontalidade, mas acho que estamos num momento em que tem de
existir frontalidade em algumas questões doutrinais e não fechar os olhos. Os
cristãos não podem ter uma linguagem de “nim”, mas da sua boca ou sai “sim” ou
“não”. “Eu creio Senhor, mas ajuda a minha pouca fé.”
jjmiguel
domingo, 15 de maio de 2016
Na Solenidade de Pentecostes
A Paz.
Jesus saúda os discípulos com a Paz! Eis o desígnio daqueles que são baptizados
pelo fogo purificador do Espírito Santo. Os cristãos são sinal da Paz e esse
deve ser o seu testemunho no mundo actual. Felizes os pacificadores, felizes
todos aqueles e aquelas que são sinal da Paz e da Concórdia. Somos embaixadores
da Paz. Há no meio de nós, cristãos, alguns intrusos que são tudo menos sinal
de Paz. Há comunidades religiosas e paroquiais em que tudo abunda, menos a paz.
O cristão ou cristã, que não seja sinal da Paz no seu ambiente não é testemunha
desta Paz que é Jesus Cristo. Por isso a Igreja, deverá ser sinal desta Paz e
desta Concórdia. Na verdade, há quem goste de viver e ver outros em conflitos,
gostam dos conflitos, alimentam-se dos conflitos, como do pão para a boca, o
pior é que na sua boca se afirmam como discípulos de Jesus Cristo. Como se pode
ser discípulo do Senhor se não se é sinal de Paz e de Concórdia? Honra seja
feita à diplomacia vaticana que fez entrar pela ilha de Cuba, a Paz. Assim
foram reatadas as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Estado
Cubano. Porém, deixo um alerta: não se substitua o comunismo pelo capitalismo
na ilha cubana e não se mergulhe o mesmo estado no maior dos males do séc. XX:
numa sociedade de consumo, dando origem às ambições, à ganância, o que
certamente levará a ódios e por consequência à falta de paz, porque em boa
verdade, se o comunismo já provou não ser um modelo pacífico, o capitalismo
está a prová-lo que de Paz não tem nada. Neste Domingo de Pentecostes, possamos
rezar para que a Igreja de Cristo continue o seu trabalho pela Paz, em especial
na Síria e que possa pressionar a Comunidade Internacional no âmbito da
situação dos refugiados que estão a entrar pelo território europeu, deixando a
Europa sem uma capacidade de resposta. Neste sentido, deixemos que seja o
Espírito Santo de Deus a dirigir os nossos corações para a resolução da
situação mundial actual, para que os fins justifiquem os meios em nome da Paz e
do Amor entre os Povos.
jjmiguel
sábado, 14 de maio de 2016
Chamo-vos amigos
“Fui eu
que vos escohi e destinei.” Nesta colossal vinha foi o Nosso Mestre e Senhor
que nos escolheu. Por isso, relembro as palavras do nosso Papa Emérito, Bento
XVI, a quando da sua eleição como sucessor de Pedro: “Humilde servo...” Somos
todos humildes servos nesta vinha. A vinha não é nossa, e nada disto é nosso,
somos simplesmente servos, servindo a um só Senhor, e dessa forma é para Ele a
quem nos devemos dirigir quando os trabalhos e as canseiras da vinha não vão
bem. É escusado vivermos com tanta ansiedade, com tanta pressão no trabalho,
porque em última instância Ele tudo nos dá pelo poder da oração. Faz-nos falta
confiar mais, faz-nos falta uma relação íntima com Jesus no nosso coração. A
quem iremos quando nos faltam palavras que nos podem devolver a paz? Com
certeza, que todos recorrem a um bom amigo. Ora, Jesus, é esse bom amigo que
sempre espera por uma palavra nossa. De que vale procurarmos na nossa solidão
quem nos conforte, quando temos um amigo que a qualquer hora do dia e da noite
nos conforta e nos devolve a serenidade, a paz. Mas, como é isso, se não vemos,
se não ouvimos e se não tocamos nada à nossa volta? E o tempo que te consomes
histericamente com essa pergunta de que não vês, não ouves, não tocas, já
pensaste em fazer silêncio e sentir o Amor que Ele tem por ti? Vivemos hoje uma
sociedade em que temos tudo e tudo nos falta... Porquê? Porque nos faz falta
oração, silêncio e auscultar o que vai bem dentro de nós... Será que estamos
dispostos a isso? Hoje a Igreja coloca-se ao nosso dispôr um manancial de
tecnologia de comunicação para nos auxiliar à oração e ao silêncio interior,
será que utilizamos bem esses meios, em ordem à oração e ao nosso silêncio? Ou
será que é mais ruído? Se assim for de nada vale tanta tecnologia e tanto meio
de informação e comunicação.
jjmiguel
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora
Em
Portugal, por momentos o Mundo faz uns minutos de silêncio para contemplar e
venerar a imagem de Maria, a Senhora de Fátima. Por momentos deixemos que o
nosso espírito se possa ajoelhar na Capelinha das Aparições em Fátima e
meditemos nas palavras do Apóstolo: “Deus habitará com os homens: eles serão o
seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas
as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte, nem luto, nem gemidos, nem
dor, porque o mundo antigo desapareceu. Disse então Aquele que estava sentado
no trono: “Vou renovar todas as coisas.” Em pleno espaço sagrado rezemos unidos
pela Paz no Mundo, em especial pela Síria e Médio Oriente, pela concórdia dos
povos. Rezemos unidos por todos aqueles que por motivos de guerra e de outras
circunstâncias se refugiam em busca da Paz e do Amor, para si e para a sua
família, noutras terras. Rezemos pelo Santo Padre, o Papa Francisco, para que a
Mãe lhe possa dar força e coragem para conduzir a barca de Pedro, no meio das
tempestades internas e externas. Rezemos por toda a Igreja, para que seja sinal
desta Cidade de Deus junto dos homens e mulheres de boa vontade e todos juntos
possamos construir a civilização do Amor. Rezemos pela nossa sociedade, para
que o lugar da ganância, da ambição e do ódio, dê lugar à perserverança, ao
amor e à vida. Nas tuas mãos, Mãe, colocamos-te a nossa vida, o nosso
quotidiano: o meu irmão que sofre, o meu filho que não tem emprego, a minha
filha que se divorciou, aquele casal recasado, a minha sogra que me injuriou, a
minha colega de trabalho que difamou... Nas tuas mãos coloco-te o meu ser, sei
que às vezes posso ser sinal de ódio, de rancor... Sei que muitas vezes não sei
perdoar ao meu marido, à minha esposa, aos meus filhos, olho com desdém os
sem-abrigos e os refugiados, sei que muitas vezes tenho reacções xenófobas,
muitas vezes na minha descrença, cansado(a)... Olha os nossos pecados,
restitui-nos à graça para que obtenhamos a vida e faz-nos chegar ao teu Filho
Jesus Cristo... Nas tuas mãos, Mãe...
jjmiguel
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Por aqueles que vão acreditar em Mim
Neste
dia deixo-vos esta oração com palavras de paz, retiradas do Missal Romano, para
que possa ser um ponto de partida para o dia...
“Senhor
Jesus Cristo, que disseste aos vossos Apóstolos: Deixo-vos a paz, dou-vos a
minha paz: não olheis aos nossos pecados mas à fé da vossa Igreja e dai-lhe a
união e a paz, segundo a vossa vontade, Vós que sois Deus com o Pai na unidade
do Espírito Santo.” - Ámen
Do Missal Romano
jjmiguel
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Dei-lhes a tua palavra
“Não
peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” Jesus mantém-se em
oração. Neste dia de vida e de graça quero recordar as palavras de São João
Paulo II na sua chegada a Portugal que hoje de um modo muito especial quero
recordar, porque são para mim de benção e graça e para a minha vida e me
fizeram ser chamado para este combate da fé. Juntamente convosco que me
acompanhais e que rezais por mim, para que continue com esta força que Deus
semeou em mim naquele dia grande para Portugal e para o mundo. Aqui ficam as
palavras, que sejam de benção e graça para vós e para mim:
“Estes
valorosos missionários, servidores de Cristo e da sua Igreja e glória de
Portugal, que, com o seu ardor, a sua dedicação desinteressada e generosa,
levaram assistência espiritual a tantos irmãos espalhados pelo mundo, não
deixaram também de contribuir para o seu desenvolvimento, ajudando-os a
progredir na satisfação das carências fundamentais e a cultivar a dignidade da
pessoa humana. Assim, ao evangelizarem a Boa-Nova da salvação, prestaram-lhes
um serviço humano; e também por isso são credores da nossa admiração e reconhecimento.
E os
portugueses que ficaram não viveram sem dificuldades a sua caminhada histórica.
Mas ao longo dela, souberam dar mostras de qualidades não comuns de coragem, de
capacidade de resistir e suportar provações e riscos e da perseverança, que
denotam uma fibra moral e uma força espiritual que, hoje como ontem, hão-de
sustentar e animar os filhos desta Nação nas lutas do presente, de fronte
erguida, a olhar com pundonor e esperança o futuro.
Numa
participação responsável e com a generosa contribuição de todos para o bem
comum, a eliminação da pobreza, a ajuda aos marginalizados ou que se sentem
desenraizados, a perspectiva de emprego para todos – especialmente para os
briosos jovens desta terra – a estruturação de condições de vida, assistência e
segurança, nos campos económico e social, passando pela saúde, instrução,
trabalho, família e terceira idade, hão-de continuar a ser decididamente
empenho colectivo de um Povo consciente dos valores característicos da sua
comunidade e ufano de os testemunhar na sua vida política e social.
A
consciência histórica e a fé cristã dos portugueses, não disjunta da exigência
le uma relação honesta para com a verdade, como condição de liberdade
autêntica, hão-de continuar a convencê-los também hoje, certamente, de que, sem
excluir o legítimo pluralismo são e responsável, só o amor constrói; de que a
chave para a solução dos seus problemas e da sua prosperidade também é feita de
sentido humano e cristão dos valores, caldeada na justiça e temperada na
solidariedade, na fraternidade e no amor entre homens-irmãos.”
Joannes
Paulus PP. II,
à nação portuguesa – 11 de Maio de 1982
terça-feira, 10 de maio de 2016
Tudo o que é meu é teu
“Manifestei
o Teu nome ao homens.” O Apóstolo apresenta Jesus em oração. Jesus prepara-se
para manifestar a revelação do Amor de Deus aos homens. Ser seguidor de Jesus
Cristo é manifestar o nome de Deus a todos os homens e mulheres de boa vontade.
É com o nosso testemunho de vida que podemos ser sinal de Deus. Da forma como
amamos, da forma como sofremos, da forma como nos alegramos, da forma como nos
compadecemos na nossa relação com os outros. E frequentemente é tão difícil
passar este testemunho de vida e de esperança da vida em Jesus Cristo. Vivemos
num mundo do “bota-abaixo” que sinceramente já não se sabe o que dizer, o que
falar... Resta-nos agarrarmo-nos à Cruz e pedir que nos dê força para que
possamos continuar este caminho da vida. Olhamos à nossa volta e vemos um mundo
de orgulhos, de ganâncias, de soberbas, em que parece que a vida humana se
tornou cada vez mais banal. Vivemos num mundo cheio de tecnologias, de
facilitismos que tudo nos parece fácil e que a felicidade para que é já “num
ali”... E sinceramente frequentemente vem aquela tentação de fazer como Pedro:
abandonar tudo, deixar tudo, porque passamos a vida toda a dizer o mesmo.
Falamos de Amor e Amor, de Vida e Vida, de Esperança e Esperança. Mas qual
Amor, qual Vida, qual Esperança? Tudo efémero neste mundo quando a nossa
verdadeira felicidade está simplesmente Naquele que nos conforta. No outro dia
numa reportagem da RTP, depois dos bombardeamentos à cidade de Alepo, na Síria,
vi uma criança que chorava e que lançava uma pergunta ao mundo: “Porque é que
nos fazem mal, nós não fizemos nada?” A pergunta furou-me o coração como um
espada e perguntava-me: “Onde estás, Tu? Onde estás? Porquê O Teu silêncio?” E
sinceramente questionava-me será que Tu existes de facto? Ou será que tudo não
passa de uma invenção nossa para nos apaziguar a alma diante de tanto
sofrimento. Mas ao mesmo tempo o silência diante de tanta revolta fazia-me
contemplar a Cruz do Nosso Mestre e Senhor e perguntava-me porque é que teve de
ser assim? Porque é que tiveste de morrer numa Cruz? E pensava no mal que brota
do coração do homem e não do coração de Deus. “Pai, perdoa-lhes porque não
sabem o que fazem?” Saber perdoar diante de todos estes gritos de angústia,
resultado de um mal que parte do homem e que nos impele para a luta, para
combater este bom combate e fazer prevalecer o Amor. Sim, meus caros e minhas
caras, só mesmo o Amor poderá vencer perante a dor da perda, a dor da doença,
as dores da vida. Há quem pense que existe vida sem dor. Que ilusão! Da dor,
renasce a vida e a esperança e por isso não tenhamos medo, porque da Cruz
rasgou-se o véu e irradiou a Luz. Por isso nesta hora, homens e mulheres de boa
vontade, crentes e não-crentes somos chamados à limpeza da nossa Casa Comum,
porque todos nós temos espaço no interior desta nossa Casa.
jjmiguel
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Eu venci o mundo
“Tende
confiança. Eu venci o mundo.” Jesus profere esta afirmação depois de ter dito
aos discipulos que tinha chegado a hora de se dispersarem e que O deixariam só,
mas o Pai estava com Ele. Porém alerta os discipulos que no mundo iriam sofrer
muitas tribulações. E deixa estas palavras de conforto: “Tende confiança. Eu
venci o mundo.” Na realidade, não há testemunhos de que “os Doze” tenham estado
junto à Cruz de Jesus, à excepção do Apóstolo, o que deixa em suspenso que
muito provavelmente o grupo dos Doze teriam abandonado Jesus e dispersado com
medo das represálias. Porém, esta palavra do Evangelho também poderá ter outra
leitura... Os discipulos de Jesus são enviados e dispersos a transportarem em
vasos de barro este tesouro de vida e de esperança que é a vida em Jesus
Cristo. Por isso, convém que os discipulos de Jesus não tenham medo do mundo,
mas vivam no mundo com todas as coisas boas e más que o mundo tem para
oferecer. Os discipulos tão pouco são franco-atiradores dispersos, mas antes
sinal desta colossal videira que é Jesus Cristo, que vivem em cada ambiente que
frequentam a vida do Seu Mestre e Senhor – Jesus Cristo. Muitas serão as
tribulações, mas é em Jesus Cristo que estará certamente a nossa força e a
nossa coragem, porque tudo podemos Naquele que nos conforta.
jjmiguel
domingo, 8 de maio de 2016
Na Solenidade da Ascensão do Senhor
A comunicação
tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo
assim a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher
cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a
memória ferida e construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes
entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece
tanto no ambiente físico como no digital. Assim, palavras e acções hão-de ser
tais que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que
mantêm prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de
mensagens de ódio. Ao contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a
comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais
o relacionamento e a comunicação.
Franciscus
PP.
sábado, 7 de maio de 2016
Ele vo-lo dará
“Saí de
Deus e vim ao Mundo.” Felizes os olhos que viram, felizes os ouvidos que
ouviram, felizes os que contemplaram diante de si Deus feito homem. Felizes,
nós, que não ouvimos, não vimos, não contemplamos, mas que continuamos a
acreditar Naquele que era a Palavra e o pensamento e que permaneceu diante de
nós. Connosco fez parte da nossa história, fez parte dos nossos espaços,
connosco convivei e nos transmitiu uma mensagem muito importante sintetizada
numa palavra: o Amor. Vivemos sedentos de Amor, de Paz, de Justiça e de
Alegria. Palavras que traduzem aquilo que é o Reino de Deus que deve começar no
coração de cada um de nós já aqui neste mundo delimitado por tempos e espaços,
para que nos possamos aproximar de um mundo onde não existe tempo, onde não
existe espaço e onde só o Amor permanece. Ao contacto com Jesus tudo retoma a
vida. Conheço alguns casos da vida mergulhados completamente em densas trevas e
que ao toque com a vida de Jesus tudo tomou nova cor e a Luz irradiou de uma vez
por todas as trevas. O Amor salva, meus caros e minhas caras! Não necessitamos
de profetas das desgraças, mas necessitamos de profetas que nos falem das
coisas do interior, porque Deus bem nos conhece por dentro e por fora. No
entanto, o mal terá que ser denunciado, para que possa se possa ser superado
com o bem. Não foi isso que aconteceu em Sexta-feira Santa? Não tinha que Jesus
morrer e ressuscitar, para que o mal fosse banido de uma vez para sempre e o
Amor tivesse a última palavra, porque só o Amor tem a última palavra no que diz
respeito à vida e à sua dignidade. A Cruz ainda nos escandaliza, porque não nos
queremos confrontar até onde pode ir o homem na arte do mal. Mas a Cruz não nos
pode escandalizar, porque ela terá de ser erguida para que possamos limpar os
nossos lugares existenciais pantanosos e aí fazer emergir um jardim onde reine
a Vida e o Amor, e assim contruir uma nova civilização – a Civilização do Amor.
jjmiguel
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria
“Chorareis
e lamentar-vos-ei”. O Papa Francisco certo dia deixou uma pergunta: “Porque é
que sofrem as crianças?” E continuava dizendo que “existe uma compaixão
mundana”, e com toda a razão o diz. Faz-nos falta chorar. Temos vergonha, temos
medo de chorar. Temos medo de partilhar afectos porque se partilhamos afectos
somos discriminados. Se damos qualquer expressão de afecto podemos ser
apontados. O Papa também nos diz que devemos aprender a chorar. Sinceramente,
espanta-me como é possível viver numa sociedade livre, numa sociedade em que
todos nós possamos expressar sentimentos e sejamos limitados nos sentimentos.
Se agora estais tristes, a vossa tristeza será convertida em alegria. Muito
francamente, vivemos a vida a engolir doses colossais de sofrimento, porque
estamos a fazer uma grande força para não chorar. Chorai, chorai... porque isso
é sinal de que vos revolta as obras do príncipe deste mundo. Não tenhamos vergonha
de chorar, não tenhamos medo de expressar bem o que vai no nosso interior.
Tenhamos essa liberdade. Há uma ideia de que chorar é algo negativo, mas não o
é. Choramos de alegria, mas também podemos chorar por sofrer. E hoje diante de
um mundo em colossal sofrimento, não choramos o Mundo, porque parece que
estamos coniventes com o mal deste mundo. Chorar é sinal de que não estamos
coniventes com o mal, mas sinal de que queremos superar o mal. Está na hora de
chorar, para nos erguermos, para sairmos dos nossos campos de conforto para
dar. Dar, sem receber nada em troca. E isso é manifestar o mais divino de todos
os senimentos da obra do Criador – o Amor de onde brota a vida e a vida em
abundância.
jjmiguel
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Procurais entre vós compreender as minhas palavras
“Que
significa isto que nos diz...?” Jesus fala aos seus discípulos e diz que dentro
de pouco tempo já não O verão e que depois O voltarão a ver. Muito francamente,
colocar-Me-ia na pele dos discipulos de Jesus e também não entenderia o que Ele
queria dizer. Pensaria até que Ele estaria louco. Mas Jesus, tal como falava
com os seus discípulos e eles não O entendiam, também nós ainda não entendemos
a linguagem de Jesus para connosco durante este caminho que é a vida. Passamos
a vida descodificar uma linguagem encriptada que a maior parte das vezes temos
dificuldade em querer entender. E muitas vezes temos medo de entender. É esse
medo que nos desfoca por vezes do inevitável que é a nossa vida e que está
submetida muitas vezes a uma lei natural que nós teimamos em querer transformar
em lei positiva. Mas, no entanto, carissimos e carissimas, podemos mudar a lei
positiva, mas a lei natural jamais a poderemos mudar. Por isso, podemos chorar
agora, podemos agora agonizar, mas a nossa esperança é que um dia essa tristeza
se irá transformar em alegria, porque Ele venceu o Mundo, porque o Amor rasgou
o véu do templo em dois e emergiu a Luz da Vida por toda a terra. Saibamos
abrir o nosso coração...
jjmiguel
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Tenho ainda muitas coisas para vos dizer
“Quando
vier o Espírito da verdade.” Somos muitas vezes confrontados com muitas
situações na nossa vida que não sabemos o que dizer, o que fazer como discípulos do Senhor. Desde situações de sofrimento pleno, ou situações em que
pura e simplesmente não existe um rumo e um sentido. Por vezes o mal afoga-nos
e asfixia-nos. Nesses momentos muitos de nós colocamo-nos aos gritos, desesperados sem saber o que fazer... Por isso será importante o silêncio
orante, para que possamos escutar o Espírito da Verdade, para que nos possamos
erguer novamente e em nós possa renascer a vida e a esperança. O Silêncio num
tempo de gritarias loucas e de um mar imenso de informação também ele deveria
ser notícia, para que possamos abrir o coração ao Espírito da Verdade e Este
nos possa guiar para a verdade.
jjmiguel
terça-feira, 3 de maio de 2016
Senhor, mostra-nos o Pai
“Eu sou
o Caminho, a Verdade e a Vida.” Jesus é Caminho para Deus. Ele é Aquele a que
nos foi revelado o rosto de Deus, com rosto humano, porque não teríamos outra
forma de conhecer o caminho para Deus. Por isso, revelou-nos a Verdade das
nossas vidas. Vidas que se fazem de paixões, de sofrimentos e que são geradoras
de vida. Por isso olhar para a Cruz e ficarmo-nos pela morte, pelo sofrimento
não terá sentido algum. Assim como contemplar a Cruz como sinal do mal e
ficarmo-nos só pelo mal, não faz sentido. A Cruz deverá ser sinal de superação
do mal. A Cruz deverá ser superação do nosso pecado e do nosso sofrimento.
Desta forma os cristãos deverão ser sinal desta Cruz que é vida e esperança no
Mundo. O cristão é no mundo também ele este caminho, esta verdade e esta vida
que é Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida para o Pai, porque em tudo a
vida do cristão deverá ser a vida de Jesus Cristo.
jjmiguel
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Ele dará testemunho de mim
“Hão-de
expulsar-vos das sinagogas.” Em boa verdade, quando nos vemos confrontados com
a vida em Jesus Cristo, em muitas das situações tentamos fugir, porque a vida
em Jesus Cristo não é tudo uns quadros muito bem pintados. A vida em Jesus
Cristo em muitos dos casos trata-se de testemunho. Como testemunhamos nós esta
vida, na nossa vida quotidiana próximos dos nossos irmãos? Quantas vezes já
estivemos em grandes diálogos com ateus e muitas vezes tivemos dificuldades em
fazer valer os nossos argumentos. Tenho conhecimento de muitos e muitos casos
da vida prática seja em ambiente familiar, seja em ambiente de trabalho, de
cristãos que vivem uma perseguição silenciosa, porque fazem valer e são luz
desta vida que é Jesus Cristo. Na verdade, necessitamos de cristãos que
confessem, que edifiquem e que caminhem em Jesus Cristo crucificado e
ressuscitado.
jjmiguel
domingo, 1 de maio de 2016
No VI Domingo da Páscoa
Jesus é
a revelação de Deus ao Mundo. Num mundo em que cada vez mais se vive o poder da
Palavra, seria importante que a Palavra fosse de facto notícia. Vivemos e
escutamos hoje muitas e muitas palavras. Mas qual a verdadeira Palavra? A
verdadeira Palavra está pura e simplesmente em Jesus Cristo e no seu Evangelho.
Sinceramente, todos ficamos muito estupefactos com o que diz o Papa Francisco,
mas muito francamente que novidade tem? As palavras de Francisco são palavras
da novidade que é o Evangelho, mas que na gritaria da vida hodierna esquecemos
e temos sido arrastados por mensagens que nos desfocam do essencial e da
dignidade da nossa vida. Porém, desculpai, mas não coloquemos na boca de Sua
Santidade aquilo que muitas vezes poderá não ser a mensagem que o Santo Padre nos quer
transmitir. Palavras retiradas de contexto poderão dar muito jeito, mas podem
desviar-nos do essencial. É por isso que reitero que é importante que se leia
tudo o que é dito e afirmado pelo Santo Padre. Se damos tanta importância à
Comunhão durante a Eucaristia, porque não damos também importância à
proclamação da Palavra? Se a Comunhão nos alimenta, também a Palavra nos deverá
alimentar. Actualmente ligamos a televisão, a internet e vemos e escutamos muitas
palavras, mas uma só é a essencial – a Palavra da Vida e é essa que devemos
escutar para a podermos comungar e saborear no dom e na graça que é a nossa
vida em Jesus Cristo.
jjmiguel
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