sexta-feira, 25 de março de 2011

Palavras necessárias

Portugal vive dias quentes, de temperaturas altíssimas ao nível político, depois da demissão do Primeiro-Ministro.
Tudo evitável se houvesse entendimento entre PS e PSD. Mas esta bipolaridade quase doentia em Portugal é bloqueio ao desenvolvimento do país. Faz de Portugal um país quase ingovernavel. Esta dicotomia entre Esquerda e Direita e Direita e Esquerda. Um equilibrio cada vez mais longe...
Já muito foi escrito pelo papel e pela voz sobre esta matéria.
Este bipolarismo provém de 1820 com a divisão ideológica entre D. Miguel e D. Pedro IV. É este o problema pendente que Portugal tem para resolver. E permanece na História.
Uma velha dicotomia, entre Miguelistas e Liberalistas, Cartistas e Vintistas, Monarquia e República, Fascismo e Comunismo; actualmente, Esquerda e Direita. E que permanece...
A solução para esta questão passa por dois eixos: ou o conflito civil, como aconteceu no séc. XIX, (e foi pena não ter morto logo a questão) ou a negociação e o diálogo que poderão levar ao amis assustador para a sociedade portuguesa: o Bloco Central.
Na verdade, para Portugal o mais viável seria um Governo de Bloco Central, mas a perturbação de bipolarismo deste país é tremenda e não deixa o país progredir e desenvolver-se.
Por outro lado, Portugal tem outro problema na sua personalidade e este ainda é mais profundo, e que vem desde o seu nascimento - a sua identidade.
Portugal nunca foi um país que nasceu, porque quis nascer. Em boa verdade, um país que não nasceu da vontade popular, mas da vontade de um adolescente que queria provar à sua mãe que queria e era capaz de ser Rei. Quem vivia neste território nos sécs. XI/XII nunca se deu conta que estava prestes a ter um Rei e a ser Reino. E assim foi desde 1143 até 1974...
O Povo Português nunca foi visto nem achado em matérias de Poder, nem de Política, em nenhum tempo da sua História. Na verdade, esta é uma ideia que continua e perdura na mentalidade do Povo ainda hoje. Por isso, entende-se que 1974 e a ideia de participação do Povo na "res publica" seja algo muito estranho na mentalidade popular.
Além disso, a ideia de que somos um povo de miséria, pobre, de "coitadinhos de nós" está bem presente. O que denota um sinal de falta de identidade e sinal que sempre fomos um Povo de "súbditos de Sua Majestade."
Percebemos agora a ideia presente no Fado, o nosso embaixador no mundo. Não é por acaso...
Percebemos agora uma ideia messiânica de que virá um D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro para nos salvar, e que o Estado Novo foi exímio nesta ideia, e que se mantém neste Regime.
Percebemos agora porque somos tão submissos ao Poder e àqueles que são mais fortes que nós. Notai a subserviência de José Sócrates e Pedro Passos Coelho à Chanceler alemã (autênticos súbditos)
Portugal não tem que ser, não tem que ter. Portugal é...
Nesta linha como se pode pedir o diálogo entre Direita e Esquerda? Como se pode pedir ao Povo para assumir o seu destino? Há a tentação de pensar: "os políticos que decidam!" Mas não!
Portugal só será Portugal quando assumir nas suas mãos o seu destino. E essa resposta está na cabeça de cada português...