quinta-feira, 30 de junho de 2016

Quinta-feira da XIII Semana do Tempo Comum

“Porque pensais mal em vossos corações?” A má língua. De todos os membros do corpo temos um que talvez seja dos mais letais de todos: a língua. Vivemos de julgamentos, de preconceitos e não nos damos ao trabalho para conhecer o Outro. Temos hoje muitas imagens que não correspondem à realidade. Ficarmos pela superfície e só pelas imagens que nos são apresentadas e por aquilo que nos dizem é uma vida muito redutora. Em bom rigor, vivemos de vidas redutoras, temos muito medo de sair dos nossos espaços de conforto para ir ao encontro do Outro. Na prática não falamos com um porque é homossexual, com outra porque é gorda, com outro porque é magro, com outra porque é comunista, com outro porque é gótico, com outra porque é fascista, com outro porque é calvo e assim sucessivamente, mas não nos damos ao trabalho para perceber que por detrás de todos estes preconceitos existem pessoas humanas que pensam, que têm sentimentos, que choram e que riem com nós. Durante o séc. XX foi proibido, proibir, o problema é que este proibido, proibir resultou e caiu numa sociedade que confunde autoridade com autoritarismo e que não percebe que para que exista liberdade é necessária responsabilidade e liberdade.



jjmiguel

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, apóstolos

“Apascenta as minhas ovelhas.” A Igreja convida-nos a contemplar estes dois pilares firmes nesta construção: Pedro e Paulo. Jesus deixou-lhes um mandato de ir e anunciar a Boa Notícia de Jesus Cristo que padeceu, morreu e ressucitou e que a morte deu lugar à vida, à esperança e ao Amor. Foi nisto que consistiu o seu ministério deixado por Jesus e que volvidos três milénios continuamos esse mandato de no meio de tantas más notícias, de uma mundo aos gritos, Jesus Cristo também pode ser notícia para a vida do Homem. Em boa verdade, vivemos hoje novos desafios, novas linguagens, novas ágoras que na verdade a Igreja não pode fechar os olhos, mas a Igreja aberta ao mundo novo provocado pela globalização não se pode colocar ao nível do Mundo, mas antes propor ao mundo uma mensagem clara do Evangelho de Jesus Cristo, sem medo e sem dramatismos. Os cristãos vivem com muito medo de ser uma minoria, não vejo qual é o problema... Antes uma minoria bem formada e sólida da sua fé, do que uma maioria mal formada e inconsistente e insegura da sua fé. Pedro e Paulo fizeram o mais dificil, e nós que temos tudo á nossa disposição para levar bem longe o nome de Cristo até aos confins da terra, o que nos falta? Porém, não nos percamos com verborreias, mas antes nos centralizemos no essencial da nossa missão: anunciar com a nossa vida Jesus Cristo, tudo o resto são distracções. E hoje vivemos demasiados distraídos com questões de “lana caprina.”



jjmiguel

terça-feira, 28 de junho de 2016

Terça-feira da XIII Semana do Tempo Comum

“Porque temeis?” Nós vivemos esta grande tempestade na nossa vida. Retirámos Deus da nossa vida. Muitas são as doutrinas que proliferam tentando afastar a religião da vida do Homem. O problema é que o homem acaba sempre por ir ao encontro da metafísica para dar resposta às suas perguntas últimas interiores, às quais a ciência não tem resposta. A crise que hoje nós vivemos é crise da metafísica (muitos já a esta conclusão). Durante muito tempo e actualmente continuamos e teimamos a querer explicar tudo pela luz da razão humana e tudo pela lógica do Mundo. O problema é que para explicar tudo pela óptica humana, vamos cair, numa vida sem sal, numa vida sem água, numa vida sem luz. A sociedade quer viver sem Deus e continua a achar que a fé é o ópio do Povo. Ora se a fé é o ópio do Povo, então porque é que outros movimentos fora do campo da religião tentam produzir outros ópios para que o Povo esteja adormecido? O silêncio que vivemos hoje perante um mundo em desgraça é resultado de um Povo que foi pulverizado com outro ópio que não o da religião, mas o da secularização. Um mundo que perdeu o sentido de identidade, perdeu o sentido e caiu na banalização da vida. É por isto que não consigo compreender como é cristãos (alguns até com responsabilidades pastorais...) são a favor do aborto, da eutanásia... Deixa-me a pensar se de facto há fé...  


jjmiguel

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Segunda-feira da XIII Semana do Tempo Comum

“O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” A vida cristã, é entrega e dádiva. Por este motivo muitas vezes a vida cristã é mal entendida. A vida cristã é vida de Jesus Cristo, se não for esta imitação de Cristo não é vida cristã. Não basta as devoções e as tradições que tanto animam as nossas comunidades, é na verdade, preciso mais. Na vida cristã é preciso que se viva o Evangelho e não nos ficarmos só pela piedade. Há mais vida para além da piedade. Por este motivo a vida cristã não é um cumprimento de rituais. Na verdade, importante participar na Eucaristia sobretudo dominical, mas participar na Eucaristia dominical como mera presença a mesma Eucaristia passa a ser um ritual social. E há bem mais vida para além dos rituais sociais. A vida cristã, deve ser alimentada pela vivência dos ritos, mas que os ritos sirvam para alimentar e viver e transbordar para fora a vida em Jesus Cristo com o meu Outro.


jjmiguel

domingo, 26 de junho de 2016

No XIII Domingo do Tempo Comum


A missão confiada aos discípulos é muito mais urgente e muito mais importante que a do próprio Eliseu. Toda a criação espera ansiosa, que apareça e se realize o Reino de Deus; está impaciente. Todos os instantes são preciosos. É como um doente que deseja que chegue depressa o medicamento que o pode curar: não quer que quem lho traz faça paragens pelo caminho a conversar com a gente que encontra, mesmo que sejam os seus pais. Nas nossa comunidades, perdemos com frequência muito tempo com problemas fúteis, com questões banais, enquantp o mundo tem urgente necessidade de anúncio!


Fernando Armellini                                                                                          

sábado, 25 de junho de 2016

Sábado da XII Semana do Tempo Comum

A saúde do corpo é um bem apreciável para a vida humana; o que interessa, porém, não é apenas conhecer as causas da saúde, mas viver com saúde. Na verdade, se alguém faz o elogio da saúde e depois come um alimento que lhe provoca má disposição e doença, de que lhe aproveitaram os elogios da saúde? No mesmo sentido deveremos entender esta afirmação do Senhor, ao proclamar bem-aventurado não aquele que conhece alguma coisa de Deus, mas o que possui a Deus em si mesmo.


Das Homilias de São Gregório de Nissa, bispo

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Na Solenidade do Nascimento de São João Baptista

João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem. O futuro pai de João não acredita que este possa nascer e é castigado com a mudez; Maria acredita, e Cristo é concebido pelo fé. Eis o assunto, que quisemos investigar e prometemos tratar. E se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério, por falta de capacidade ou de tempo, melhor vo-lo ensinará Aquele que fala dentro de vós, mesmo estando ausentes, Aquele em quem pensais com amor filial, que recebestes no vosso coração e de quem vos tornastes templos.


Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Quinta-feira da XII Semana do Tempo Comum

Ora a vida eterna consiste em ver a Deus. Mas por outro lado, as colunas da fé, João, Paulo e Moisés afirmam que ver a Deus é impossível. Compreendes agora a vertigem da nossa inteligência ao considerar a profundidade destas palavras? Se Deus é a vida, quem não vê a Deus não vê a vida. Mas tanto os Profetas como os Apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, testemunham que Deus não pode ser visto. Em que angústias se debate a esperança dos homens! Mas o Senhor levanta e sustenta esta esperança que vacila, como fez a Pedro quando estava em perigo de afundar-se: colocou os seus pés de novo sobre a água, como um pavimento sólido e consistente.


Das Homilias de São Gregório de Nissa, bispo

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Quarta-feira da XII Semana do Tempo Comum

Para nada ficardes a ignorar a meu respeito, devo dizer-vos que fui por muito tempo um pobre pecador e que, se fui retirado das trevas e da sombra da morte recebendo o sopro da vida, se pus as mãos ao arado e tomei a cruz do Senhor, necessito contudo das vossas orações para perseverar até ao fim. Será uma graça que se irá juntar aos vossos grandes méritos, se me ajudar, com esta intervenção, a levar a minha carga. O santo – não me atrevo a chamar-vos simplesmente irmão – que vem auxiliar quem precisa, será exaltado como uma grande cidade.



Das Cartas de São Paulino de Nola, bispo

terça-feira, 21 de junho de 2016

Terça-feira da XII Semana do Tempo Comum

“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas”. Um dia pensei que devia ajudar toda a gente, porque achava que toda a gente precisava de ajuda. E é correcto pensar assim, porque todos somos filhos e logo irmãos no mesmo Deus e Pai que está acima de tudo e de todos. Porém, a certa altura perguntava-me até que ponto nos devemos entregar e dar? Porém, cheguei à conclusão que nos devemos dar de graça o que de graça recebemos ilimitadamente, no entanto que uma ressalva: é que existe quem necessite de ajuda, mas quer a nossa ajuda para nada, porque ao fim e ao cabo, não quer sair do seu espaço de conforto. Nestes casos, pergunto-me até que ponto devemos ajudar, porque muito provavelmente estaremos a dar pérolas a porcos, porque o comodismo e a cegueira poderá ser tão grande que há quem não veja a mão de Deus mesmo diante dos seus olhos e nestes casos, não podemos insistir, porque poderemos estar a desperdiçar forças. Vivemos hoje num mundo em que vivemos nos nossos espaços de conforto e de lá não queremos sair, porque nos é seguro. Se não saímos dos nossos espaço de conforto, então o que andamos a fazer e que mundo queremos contruir? A construção de uma civilização do Amor só se fará com a saída dos nossos espaços de conforto e ir ao encontro e prestar ajuda a quem de facto necessita, porque cuidado poderemos estarmos a gastar forças desnecessárias para o anúncio do Reino.


jjmiguel 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Segunda-feira da XII Semana do Tempo Comum

“Tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem.” Duas palavras que me sugerem o Evangelho de hoje: “julgar” e “ver”. Etimologicamente a palavra julgar provém do verbo latino “judico, -as, -aui, -atum, -are” que significa proferir sentença em juízo, avaliar, emitir opinião. Juridicamente é pronunciar uma sentença (de condenação ou de absolvição); sentenciar, por outro lado, julgar é também formar um conceito, emitir um parecer, uma opinião sobre alguém ou sobre algo. Em bom rigor é preciso, o verbo julgar, leva-nos ao verbo “ver” que etimologicamente provém do verbo latino “uideo, -es, uidi, uisum, -ere”, que significa perceber pela visão, olhar para, contemplar (-se), distinguir, tomar conhecimento, descobrir, fazer indagação, perguntar ou investigação sobre. Jesus alerta-nos para que primeiro possamos fazer um juízo tenhamos a visão de nós próprios. Normalmente apontamos julgamos o outro com a nossa visão das coisas do mundo e falamos dos outros segundo aquilo que nós somos interiormente. Neste sentido, é necessário cuidado como falamos dos outros, porque sem termos intenção poderemos estar a ver-nos num espelho. A forma como julgamos o outro muitas vezes pode voltar-se contra nós. Por isso, neste tempo em que falamos imenso de misericórdia, é mesmo preciso usar misericórdia e irmos ao encontro do outro. Não façamos do Ano da Misericórdia, um ano de compaixão mundana, da qual estamos cheios. É preciso olhar o outro nos olhos e perceber, ver mais do que imagens, é preciso ver o outro verbo “ser” no Outro, caso contrário de nada serve encher a boca com o Ano da Misericórdia.


jjmiguel

domingo, 19 de junho de 2016

No XII Domingo do Tempo Comum

“E vós quem dizeis que Eu sou?” Jesus faz uma pergunta a todos nós. Quem é para nós este Jesus Cristo do qual vos falamos e que tem feito escrever e pensar tantos e tantas nestes três milénios de história do Homem. Assistimos hoje pela ciência e pela arte a vários rostos que nos são dados do Jesus Nazareno. Porém, há um rosto em Jesus que não podemos banalizar que é o rosto do próprio Deus. Em Jesus está presente o próprio Deus. Nos primeiros séculos os cristãos confrontaram-se com a pergunta se de facto Jesus era ou não o rosto de Deus e/ou se Jesus era mesmo o próprio Deus humanado. A verdade é que em Jesus Cristo se operou uma revolução divina. As divindades até então que faziam a crença e a cultura daqueles povos viviam lá no Alto inalcançável, que os homens e as mulheres nunca poderiam alcançar. Também assim o foi no Judaísmo. O Deus do Judaísmo era então o Deus inacessível. Em Jesus Cristo este muro foi derrubado e o véu do templo rasgou-se ao meio para que pudéssemos ver e contemplar na Cruz o Deus feito homem e que tinha dado a vida por Amor pela humanidade inteira. Por isso a vida cristã é uma vida de Cruz. Uma Cruz que não é de sangue, nem de sofrimento, mas de dádiva. Dar-se por Amor. Dar-se para dar vida. É por isso que Jesus nos diz: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.” Todos os dias na nossa relação com os outros somos chamados a morrer para nós em detrimento do Outro. Um Amor que não é submisso, mas que se entrega. São Paulo fala na submissão das mulheres aos maridos (frase muito contestada), mas a submissão, é a submissão da entrega a um Amor, por seu turno São Paulo também nos diz que os maridos devem amar as suas esposas tal como Cristo amou a Igreja. Significa então que o Amor não é submissão a nada, nem a ninguém, mas antes entrega e dádiva de si mesmo ao Outro e por isso se exige respeito e tolerância pelo Outro. Como é que dois seres que se amam, um dia acabam por andar à “paulada” um ao outro? Significa que então algo vai mal nas nossa relações humanas actualmente. “Amem e façam o que quiserem”, diz-nos Santo Agostinho de Hipona.


jjmiguel

sábado, 18 de junho de 2016

Sábado da XI Semana do Tempo Comum

Deus misericordioso, fortaleza dos que esperam em Vós, atendei propício as nossas súplicas; e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana, concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça, para que as nossas vontades e acções Vos sejam agradáveis no cumprimento fiel dos vossos mandamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Do Missal Romano

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sexta-feira da XI Semana do Tempo Comum

“Se a luz que há em ti são trevas, como serão grandes essas trevas.” Vivemos um tempo absorvidos por ventos de uma sociedade moderna que nos retirou a nossa capacidade de podermos perceber o que é importante. Vivemos imenso o “ter”. Para nós a qualidade de vida passa pelo “ter”. Muito habitualmente ouvimos muitos de nós dizer: “Eu tenho; Tu tens; Ele tem; Nós temos; Vós tendes; Eles têm”. Ter um carro, ter uma casa, ter um emprego, ter uma peça de roupa, ter, ter, ter... Colocamos a nossa felicidade nas nossas coisas materiais. Conto-vos uma história pessoal: Um dia entrei numa loja para comprar umas calças, mas via tantas calças bonitas que nem sequer sabia por onde escolher. De repente, reflectia do quanto estamos agarrados às coisas. Claro está que temos o que gostamos, mas Jesus alerta-nos para não nos agarrarmos aos tesouros deste mundo, mas antes acumularmos tesouros que nos conduzem à felicidade que tanto ansiamos. Por isso devemos valorizar mais o “ser” do que o “ter”. Que interessa ter muito dinheiro se não sou aquilo que eu queria ser? Que interessa ter um carro, se dentro de mim não existe sentido para a minha vida? Que importa ter um emprego que afinal não era o trabalho que eu queria fazer? Hoje vivemos uma profunda crise vocacional. Importa ser, porque o ter vem por acréscimo. Porque o ter é passageiro, o ser permanece para lá do tempo e do espaço. E por isso vejo tanta gente que ao olhar nos olhos me apetece perguntar que trevas são essas que te ofuscam essa luz do teu olhar? Jesus não te pergunta o que tens, Jesus pergunta-te quem és tu... E quem és tu? É por isso que muitas vezes fugimos da fé, porque nos preocupamos muito com o que temos, e muito menos com o que somos! Lembro que os bens deste mundo são todos fugazes, passageiros e de nada valem, porém os bens que estão para além deste espaço e deste tempo são eternos e duram para sempre. Não nos perguntemos o que temos, mas antes o que somos.


jjmiguel

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Quinta-feira da XI Semana do Tempo Comum

“Quando orardes não digais muitas palavras”. Jesus ensina aos discípulos a oração que até hoje é para nós aquela que nos identifica enquanto cristãos. Nesta oração está condensada toda uma vida, para ser vivida na pessoa de Jesus. Falo-vos da oração do “Pai-nosso”. Muito frequentemente a dizemos banalmente sem muitas vezes termos a noção do que estamos de facto a dizer. Importa por isso hoje, em silêncio, e meditarmos sobre cada frase e palavra desta belissíma oração ensinada pela boca do Nosso Mestre e Senhor. Porém, importa também saber o que é rezar. Rezar não é uma negociata com Deus, como se Deus fosse o Banco Nacional e as igrejas umas sucursais. Rezar é dialogar e penetrar na mais profundidade intima com Deus. Dialogar com Deus tal qual como se Ele fosse um amigo intimo e confidente a quem contamos tudo. Porém não é necessário grande diálogo porque Ele nos penetra, porque Ele nos conhece e sabe bem do que precisamos, porque é Pai! Qual é o pai que não conhece o seu filho? Muito frequentemente vou até junto do sacrário na igreja ali me sento num profundo silêncio, sem dizer nada, sem pedir nada, porque sei que Ele sabe o que eu preciso e necessito para o caminho. Abrir o coração à Sua vontade, é isso que nos falta. Confiar, mesmo que às vezes diante de nós não saibamos porque acontecem ou para onde nos levam os factos da nossa vida. Porém, tudo tem um significado e nada acontece por acaso, mas antes porque Ele tem para nós uma missão e devemos estar atentos, porque Ele nos pede que sejamos os Seus braços, é por aqui que todos somos responsáveis uns pelos outros e por esta Casa Comum e que pela qual temos que cuidar dela.


jjmiguel

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Quarta-feira da XI Semana do Tempo Comum


“Ora a teu Pai em segredo.” Para sermos cristãos não precisamos de sinais corporais, nem materiais. Temos muito frequentemente a necessidade de mostrar, de enaltecer, de mostrar o que fazemos, o que somos. Nada disso é útil. Saibamos gozar do silêncio dos nossos corações. Na verdade, pensava eu no sacerdócio feminino durante o momento em que lia este Evangelho. Será que todos nós, homens e mulheres baptizados, não exercemos já o nosso sacerdócio? Então qual a necessidade de institucionalizar o sacerdócio para as mulheres, quando estas já exercem o seu sacerdócio em tantas e tantas obras na Igreja? Em bom rigor, precisamos nós de títulos institucionais para cumprirmos aqui neste mundo o mandato de Jesus Cristo que é o de anunciar o Evangelho? Esse anúncio do Evangelho não será já ele um sacerdócio? Antes de discutirmos o sacerdócio falta percebermos o nosso papel de cristãos no mundo e que importância tem o nosso baptismo e a nossa confirmação na fé para nós. Porque em boa verdade, todo o cristão já é sacerdote, o problema está em descobrirmos o nosso lugar neste Povo de Deus, Igreja sacerdotal. Seria bom que todos soubéssemos discernir o nosso lugar nesta Igreja que é de todos, porque todos somos e deveremos ser sinal da vida de Jesus com a nossa vida a partir do nosso baptismo.

jjmiguel

terça-feira, 14 de junho de 2016

Terça-feira da XI Semana do Tempo Comum

“Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” A pergunta é para nós hoje. Jesus faz-nos a nós esta pergunta. Amar aqueles que já amamos, o que tem isso de especial? Não fazemos nada a mais do que aquilo a que estamos chamados. Mas, amar aqueles que não nos amam? Somos capazes? Esse é o desafio para nós hoje. Muitas vezes parece que buscamos os conflitos, quando todos nós cristãos devemos ser os diplomatas da paz e da concórdia. Ser diplomata do Amor junto daqueles que já se ama, não estamos a exercer o nosso papel de diplomatas do Amor, porque estamos no nosso espaço de conforto. Jesus quer que exerçamos esse papel diplomático junto daqueles que não nos amam e que nos perseguem. E esse deverá ser o nosso papel. Não busquemos os conflitos, antes busquemos o diálogo pacífico. Perceber os porquês e dialogar. Mas há quem nem esteja para isso e prefira viver na cuscovelhice, na inveja, no orgulho e na soberba, muitas vezes dizendo que ama, subjugando os outros aos seus caprichos. E amar não é subjugar. Amar é libertar.


jjmiguel 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Segunda-feira da XI Semana do Tempo Comum

Os Apóstolos falavam conforme a linguagem que o Espírito Santo lhes concedia. Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme o que lhe parece! Há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como próprias, atribuindo-as a si mesmos. Desses e de outros como eles, fala o Senhor pelo profeta Jeremias: Eis-Me contra os profetas que roubam uns aos outros as minhas palavras. Eis-Me contra os profetas, oráculo do Senhor, que forjam a sua linguagem para proferir oráculos. Eis-Me contra os profetas que profetizam sonhos mentirosos,oráculo do Senhor, e, contando-os, seduzem o povo com mentiras e jactância, não os tendo Eu enviado nem dado ordem alguma a esses que não são de nenhuma utilidade para este povo, oráculo do Senhor.


Dos Sermões de Santo António de Pádua, presbítero

domingo, 12 de junho de 2016

No XI Domingo do Tempo Comum

“São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.” Jesus tinha sido convidado para comer em casa de um fariseu e uma mulher pecadora veio banhar-Lhe os pés, e chorava ao mesmo tempo que enxugava as lágrimas com os seus cabelos. O fariseu começou a murmurar como é que Jesus consentia que uma pecadora Lhe banhasse os pés e que Lhe tocasse. Então Jesus conta uma parábola para nos dar a revelar que a lógica de Deus não é a nossa. Vivemos numa sociedade farisaica. Uma sociedade cheia de códigos sociais em que nos esquecemos de amar. Jesus não veio para os que têm saúde, para aqueles que vivem em mundos perfeitos. A Palavra fez-se carne para nos libertar das nossas trevas, de tudo aquilo que não nos deixa caminhar. Temos muito, a começar por mim, a tendência para “apontar dedos”, mas esquecemos os nossos telhados de vidro. Muito frequentemente estamos a participar na Missa e temos exactamente as mesmas reacções que este fariseu. O mesmo acontece na nossa vida social em que na nossa boca todos à nossa volta têm defeitos e pecados, mas nós nem sequer nos damos ao trabalho de olhar para nós e para o nosso interior. Muito frequentemente preocupamo-nos muito com a vida dos outros, mas esquecemos a porcaria (para não dizer outra coisa...) de vida que é a nossa. Seria tempo de olharmos mais para a saúde do nosso interior, e preocuparmo-nos menos com a saúde interior dos outros. Na verdade, quando falamos dos outros, falamos de nós mesmos, porque o coração fala do que vive e de como vive. E quanta hipocrisia nós temos, não só nas nossas comunidades cristãs, como também em toda a sociedade. É por isso estar atento e colocar em diálogo com Deus as nossas falhas, porque se o diálogo com Deus é para falar dos outros, Deus sabe o que fazer com cada um. Nós, porém, devemos preocupar-nos connosco e com o nosso caminho espiritual.


jjmiguel

sábado, 11 de junho de 2016

Sábado da X Semana do Tempo Comum

O Senhor é o Sol de justiça; é com toda a razão, portanto, que chama aos seus discípulos luz do mundo, porque é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz da sua própria ciência; com efeito eles afugentaram do coração dos homens as trevas do erro, manifestando a luz da verdade. Iluminados por eles, também nós passámos das trevas à luz.



Dos Tratados de São Cromácio, bispo, sobre o Evangelho de São Mateus

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Sexta-feira da X Semana do Tempo Comum

Por isso, se nos é tão necessária a companhia familiar que se dignam ter connosco os Anjos, evitemos com todo o cuidado ofendê-los e exercitemo-nos com generosidade nas obras que sabemos serem do seu agrado. Há de facto muitas coisas que lhes agrada e deleita encontrar em nós: sobriedade, castidade, pobreza voluntária, frequentes gemidos e súplicas ao Céu, orações com lágrimas e de coração atento. Mas o que acima de tudo exigem de nós os Anjos da Paz é a união e a paz. Será, porventura, estranho que eles ponham as suas delícias principalmente nestas virtudes que reproduzem uma certa imagem da sua cidade e que lhes permitem admirar uma nova Jerusalém na terra? Digo-vos, portanto, que assim como aquela cidade santa forma tão belo conjunto pela sua perfeita unidade, assim também nós devemos manter a unidade de sentimentos e doutrina, afastando do meio de nós toda a espécie de cisma, para formarmos todos um só Corpo em Cristo.


Dos Sermões de São Bernardo, abade

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Quinta-feira da X Semana do Tempo Comum

Todos os dias Vos abraçamos nos sacramentos e Vos recebemos no nosso corpo: tornai-nos dignos de sentir em nós mesmos a ressurreição que esperamos. Com a graça do Baptismo conservamos escondido no nosso corpo o tesouro que nos destes, esse tesouro que aumenta na mesa dos vossos sacramentos: fazei-nos viver sempre na alegria da vossa graça. Possuímos, Senhor, em nós mesmos o memorial que recebemos da vossa mesa espiritual: concedei-nos a graça de possuirmos, na renovação futura, a realidade plena que ele nos recorda.


Dos Sermões de Santo Efrém, diácono e doutor da Igreja

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Quarta-feira da X Semana do Tempo Comum

Quando foste agregado ao número dos catecúmenos e começaste a obedecer aos preceitos da Igreja, atravessaste o Mar Vermelho e, percorrendo as estações do deserto, todos os dias te entregas a aouvir a lei de Deus e a contemplar o rosto de Moisés, em que se revela a glória de Deus. E quando te aproximares da mística fonte baptismal e fores iniciado pela ordem sacerdotal e levítica naqueles venerandos e admiráveis sacramentos, que apenas conhecem aqueles a quem é lícito conhecê-los, então também tu atravessarás o Jordão, pelo ministério dos sacerdotes, e entrarás na terra prometida, na qual, depois de Moisés, te recebe Jesus, que será o guia do te caminho novo.


Das homilias de Orígenes, presbítero, sobre o Livro de Josué

terça-feira, 7 de junho de 2016

Terça-feira da X Semana do Tempo Comum

Nas vossas orações lembrai-vos da Igreja da Síria, que na minha ausênsia só tem a Deus por pastor. Só Jesus Cristo será o seu bispo, juntamente com a vossa caridade. Na verdade, envergonho-me de ser contado no número dos seus membros; não sou digno, porque sou o último de todos e como abortivo. Mas alcancei misericórdia, e serei alguém, se alcançar a Deus.



Da Carta de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, aos Romanos

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Segunda-feira da X Semana do Tempo Comum

Tudo conseguiu movido pela fé mais intrépida. Dizia-se: “Em Norberto brilha a fé, como em Bernardo de Claraval a caridade”; distinguia-se, além disso pela afabilidade no trato: “sendo grande entre os grandes e pequeno entre os pequenos, para com todos se mostrava amável”; enfim, era dotado de grande eloquência: contemplando e meditando assiduamente as realidades divinas, pregava com o maior desassombro “a palavra de Deus cheia de fogo, que queimava os vícios, estimulava as virtudes e enriquecia as almas bem dispostas com a sua sabedoria.”



Da Vida de São Norberto, bispo

domingo, 5 de junho de 2016

No X Domingo do Tempo Comum

“Deus visitou o seu povo”. Jesus compadeceu-se perante o sofrimento de uma mãe que tinha perdido o seu filho, e que já tinha perdido o seu marido. Aproximou-se do jovem morto e disse-lhe: “Levanta-te!” Somos esta viúva, somos este jovem. Tantos de nós que neste momento permanecemos a sofrer silenciosamente até à morte final. Tantos de nós que estamos vivos, e mortos para o nosso interior, mortos para a vida. Procuramos a verdadeira alegria da vida. São tantos e tantos os caminhos que tomamos dando-nos falsas ilusões, quando a nossa vida só tem um sentido: o caminho de Jesus Cristo. Frequentemente vivemos mergulhados em pequenas coisas que nos retiram o nosso olhar Daquele que é a verdadeira vida. Abri o vosso coração a Cristo. Podeis-me dizer que é tão difícil perdoar a quem nos faz mal. Assim como é difícil ver tantas crianças a sofrer com os flagelos da guerra na Síria. Ou como é difícil ver o cemitério em céu aberto no Mediterrâneo, sem que a comunidade internacional nada faça. Bem como podereis perguntar, como é possível alguém cometer as maiores atrocidades em nome de Deus. E eu responder-vos-ei: E o Amor? Já descobriste o Amor dentro de ti? Quando descobrirmos o Amor dentro de nós, descobrimos a vida e não precisaremos de mais mortes, nem de mais sofrimento, porque quando cada um de nós descobrir o verdadeiro Amor dentro de si é contagiante e manifesta-se nos outros, porque comportamento gera comportamento e precisamos de descobrir o comportamento do Amor para podermos na nossa fecundidade com Deus gerar vidas e vidas em abundância e isso é perpetuar a presença de Deus no Mundo. Não vos deixais ficar com o peso da Cruz, mas antes que esse peso seja força transfiguradora perante a morte e o sofrimento. Não se combate o mal com o mal, antes se combate o mal com Amor. E aqui está a verdadeira revolução que necessitamos para um mundo melhor.

jjmiguel

sábado, 4 de junho de 2016

Sábado da IX Semana do Tempo Comum

Vos sejam perpetuamente consagrados a Vós e ao vosso Coração Imaculado, ó Mãe nossa e Rainha do mundo: para que o vosso amor e patrocínio apresse o triunfo do Reino de Deus, e todas as gerações humanas, pacificadas entre si e com Deus, a Vós proclamem bem-aventurada; e convosco entoem, de um pólo ao outro da terra, o eterno Magnificat de glória, amor, reconhecimento ao Coração de Jesus, onde só podem encontrar a Verdade, a Vida e a Paz.


Pius PP. XII

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
por Cristo, nosso Senhor.

Elevado sobre a cruz,
com admirável amor deu a sua vida por nós
e do seu lado trespassado fez brotar sangue e água,
donde nasceram os sacramentos da Igreja,
para que todos os homens,
atraídos ao Coração aberto do Salvador,

pudessem beber com alegria nas fontes da salvação.

Do Missal Romano, Prefácio próprio da Solenidade

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Quinta-feira da IX Semana do Tempo Comum

“Amarás”. Amar a Deus e ao nosso Outro. Numa palavra o Amor. Temos muitas dificuldades em descobrir o Amor no Outro, sobretudo naquele que nos é diferente. Amar os que nos perseguem, amar os nossos inimigos, essa é a maior façanha de todos os cristãos. Por isso o Amor é revolucionário e muito menos não se acomoda. O Amor é por isso dinâmico, porque nos faz sair de nós mesmos para ir ao encontro do Outro. Vivemos hoje um momento em que temos medo de amar. Temos medo de transmitir afectos. Aliás, a cultura em que está mergulhada a nossa sociedade a isso nos leva. Em família não tempo para o Amor, no trabalho não há tempo para o Amor, em qualquer ambiente não há tempo para o Amor. A sociedade carece de Amor. Todos ficamos espantados com a frieza com que os jovens muitas vezes tratam os seus pais. Pergunto: como é que os pais educaram os seus filhos? A culpa dos jovens se terem tornado em alguns casos perfeitos “monstrinhos” não é culpa deles. A culpa é em última instância de quem os educou e educa. Se queremos uma nova civilização alicerçada no Amor, é às novas gerações que devemos dar Amor, para que estas novas gerações também amem e saibam amar. Estamos a contruir uma sociedade sem Amor, o que significa que dentro de poucos anos, o Amor é esse sentimento banal e que se pode considerar para uns líricos. Uma sociedade que cai na banalidade do Amor está claro de se ver o que vai acontecer a seguir. Porém, é com lamento que sinto que muitas vezes as palavras caem em “saco roto”... Por isso seria importante que conjugássemos hoje e sempre o verbo “Amar...”

jjmiguel

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Quarta-feira da IX Semana do Tempo Comum

“Andais muito enganados.” A frase é de Jesus. Nós temos quotidianamente de querer encarar as coisas de Deus à nossa medida, com os nossos limites. Mas Deus está para além dos nossos limites. Tudo o que podemos dizer acerca de Deus é limitá-lO naquilo que Ele é. Os saduceus não acreditavam na vida para além da morte. E nós acreditamos? Muito frequentemente em diversas circunstâncias mediante alguns discursos que oiço, mesmo de cristãos, fico com dúvidas se de facto acreditamos na vida para além da morte. Temos de perceber que existem realidades que não poderemos perceber, apenas nos são dadas a conhecer por pequenas revelações. Por isso é necessário estarmos atentos aos pequenos sinais que nos vão sendo dados ao longo deste caminho que é a nossa vida humana. Minimizamos muitas vezes a presença de Deus na nossa vida, mas Ele faz-se presente todos os dias nas nossas relações com os outros, em nós mesmos. Importa por isso o silêncio. O cristianismo é uma religião das pequenas coisas e não das grandes. Esperamos milagres... Mas um só milagre nós é dado: o milagre da nossa existência.

jjmiguel